A escolha profissional na adolescência deve ter a cara de que a faz e refletir seus desejos e projeto de vida
A adolescência é o período da vida em que o jovem busca definir sua identidade, adquirir a imagem corporal e consolidar sua personalidade. O adolescente tem, portanto, como tarefa primordial, nessa etapa da vida, a definição de identidade pessoal: sexual, ideológica, religiosa e profissional.
O momento da tomada de decisão em relação a que profissão seguir pode gerar muita ansiedade, pois envolve aliar: interesses, aspirações, medos, exigências familiares, sociais e do mercado de trabalho.
A tomada de decisão que sempre foi um processo complexo no contexto atual parece ainda mais difícil, uma vez que é preciso “escolher” uma carreira em um mundo de incertezas e inversão de valores.
O ato de escolher reflete nosso desejo, nosso modo de ser e agir, nossa perspectiva de um futuro de realização e conquistas, daí a importância e significação na definição do nosso projeto de vida, projeto que deverá ter a nossa cara – a cara do adolescente.
Torna-se cada vez mais necessário aprender a tomar decisões e fazer transições manejando situações diversas e inesperadas na vida, o que é válido para adolescentes e adultos.
E é para intervir nas situações de angústias, incertezas, dúvidas e pressões vivenciadas pelo adolescente, que o orientador profissional deve estar preparado.
A Orientação Vocacional/Profissional configura-se como o campo de atividades que dispõe de conhecimentos teóricos e práticos destinados a facilitar o processo de “escolha” profissional e elaboração de projetos futuros, sobretudo, do adolescente.
A Orientação Profissional como área das ciências humanas precisa dispor cada vez mais de conhecimento teórico e prático em cada contexto social, político e econômico, considerando as diferentes de situações. As estratégias utilizadas nos procedimentos de intervenção, assim como a avaliação dos instrumentos, dos processos e dos resultados, requerem pesquisas contínuas e divulgação das mesmas no âmbito científico e, principalmente, no prático.
Na intervenção o orientador pode utilizar-se de diversos recursos, objetivando facilitar a reflexão e a tomada de consciência, por parte do orientando, das condições internas e externas que influenciam a “escolha” de uma profissão, assim como os graus de liberdade dessas escolhas.
Técnicas de entrevistas, técnicas psicodramáticas, de grupo operativo, entre outras técnicas grupais, podem ser utilizadas de acordo com o referencial teórico e prático que fundamenta a intervenção. Instrumentos de avaliação, tais como inventários de interesse, baterias de aptidões, testes de inteligência e de personalidade, técnicas gráficas, projetivas e expressivas também podem ser utilizados como recursos complementares tendo em vista a facilitação da escolha e desde que os profissionais conheçam os construtos teóricos e as normas para aplicação e interpretação dos resultados obtidos por meio dos instrumentos. Mas, principalmente, que tenham a clareza do por que, com quem e em que momento inserir alguma técnica, teste ou escala.
Usualmente, o processo de escolha profissional baseia-se em três grandes momentos: inicialmente, propõem-se a busca do autoconhecimento, o significado das escolhas na vida do indivíduo e os determinantes dessas escolhas. O segundo momento, representa o conhecimento da realidade profissional, com levantamento de informações sobre a atividade profissional, o mundo do trabalho e as formas de se capacitar para exercer a profissão. Por último, no terceiro momento, o orientando deve realizar uma síntese a partir dos diferentes elementos levantados ao longo do processo para tomar sua decisão, manifestando as condições que o levaram a decidir e as conseqüências imaginadas a curto e médio prazo de sua decisão.
Entendendo a dinâmica da adolescência no contexto cultural em que se desenvolve, busca-se identificar os fatores determinantes na construção e idealização de um projeto de vida, tendo por referência a dinâmica das relações estabelecidas, seja com a família seja na sociedade.
Portanto a Orientação Profissional é criar condições para que a pessoa submetida ao projeto reflita sobre o processo e o ato de escolha profissional bem como o ingresso em uma atividade onde tais ações se processam.
Renata Forte
Psicóloga Clínica e Orientadora Profissional e Vocacional
*Da equipe Cuidarte