Saiba tudo sobre autismo e como tratar o transtorno

Em 2 de abril  aconteceu o dia mundial do autismo para conscientizar acerca do tema

 

O autismo caracteriza-se por um comportamento aparentemente alheio ao ambiente social, uma tendência a movimentos e vocalizações repetitivas, uma resistência variável, mas sempre presente, a mudanças na rotina e dificuldades típicas de aprendizagem de habilidades sociais e de autocuidados, cuja precocidade é impeditiva, causando um empobrecimento generalizado do repertório de conduta das pessoas afetadas pelo transtorno.

Esses problemas afetam praticamente todas as áreas do desenvolvimento e em diferentes intensidades.

Para compreender como se dá a intervenção comportamental, é necessário entender que princípios estão por trás da teoria. B.F. Skinner, um dos teóricos da Análise do Comportamento.

Ele defendia o estudo do comportamento com objetivos de prevenção e controle e propunha uma tecnologia do comportamento, assim com um planejamento cultural da sociedade.

Essas propostas coincidem com a influência da teoria darwiniana da seleção das espécies sobre a Análise do Comportamento. Partindo do pressuposto de que, assim como as espécies, os comportamentos e as culturas passam por processos de variação e seleção, cujos efeitos retroativos sobre os organismos e os grupos se mantêm na medida em que contribuem para sua sobrevivência.

É importante esclarecer que, para a Análise do Comportamento, o comportamento de uma pessoa é controlado por sua história genética e ambiental, sendo o próprio comportamento humano uma forma de controle. O controle sempre está presente, e é em grande parte social.

A ABA (Applied Behavior Analysis ou Análise do Comportamento Aplicada), como o próprio nome diz, é a aplicação da Análise do Comportamento ao estudo e à intervenção de comportamentos socialmente relevantes e em ambiente natural.

Ela utiliza-se de métodos baseados em princípios científicos do comportamento para construir repertórios socialmente relevantes e reduzir repertórios problemáticos.

Os pressupostos básicos são os comportamentos observados  passíveis de serem modificados, e a emissão de comportamentos considerados inadequados não são vista como sintoma de uma doença; todo comportamento possui uma função (causa); a emissão de comportamentos pode produzir diversas consequências, e baseado na análise funcional, podemos investigar o que mantém tal comportamento.

Dentro da perspectiva da Análise do Comportamento pode-se afirma que as pessoas com autismo apresentam dificuldade em responder a estímulos discriminativos sociais, ou seja, relativos aos comportamentos de outras pessoas. Muitos reagem a estímulos incondicionados em magnitude e latência diferentes da média das outras pessoas

A ABA se baseia em quatro passos: “1) avaliação inicial, 2) definição dos objetivos a serem alcançados, 3) elaboração de programas (procedimentos) e 4) avaliação do progresso”.

As avaliações iniciais estabelecem uma linha de base dos comportamentos do paciente, através de sua observação, da investigação periódica dos possíveis reforçadores. A partir daí são estabelecidos os objetivos, e o planejamento das tarefas é feito.

Um dos objetivos dessa abordagem é identificar as relações funcionais entre comportamentos problemáticos e eventos ambientais específicos e propor alternativas para se conseguir a mesma consequência com um comportamento diferente.

O analista do comportamento também prepara o ambiente para que novas habilidades possam ser aprendidas, não sem antes identificar as habilidades do paciente e as que precisa aprender.

Habilidades básicas tais como contato visual, sentar independente, seguir instruções simples e imitação motora devem ser ensinadas, se necessário, antes de se introduzir habilidades descritas em um currículo mais intermediário, tais como reconhecimento de objetos, nomeação, reconhecimento de números, atividades da vida diária (por exemplo: escovar os dentes ou lavar as mãos) e, finalmente, as habilidades pertinentes a um currículo mais avançado, tais como gramática, conceitos matemáticos, emoções.

É importante ressaltar que as intervenções se dão através de reforçamento positivo. O processo é lento, dividido em pequenos passos e constantemente avaliado, verificando-se a eficácia ou não do programa.

 

Flávia Barros
Psicóloga Comportamental
*Da equipe Cuidarte