Inteligência é flexibilidade

As melhores decisões são aquelas que mantêm mais portas abertas.

Meus cursos de neuroanatomia começam sempre com uma discussão aberta com os alunos até chegarmos a uma definição, empregada no restante do curso, sobre o que é comportamento: qualquer ação que pode ser observada e descrita. Bactérias, fungos, amebas e quaisquer outras células que se movem em direção ao alimento, ou umas às outras, ou se dividem e seguem seus rumos respectivos, exibem comportamento. Se não é preciso ter cérebro para ter comportamento, então para que serve trazer um na cabeça?

Ando pensando um bocado a respeito, por conta da preparação de artigos, livros, aulas e palestras para leigos interessados em neurociência, e cheguei a uma conclusão que finalmente me deixa satisfeita: um cérebro dota o comportamento de flexibilidade. Eu costumava acrescentar “complexidade” à lista, mas até ela cabe na conta da flexibilidade. Eu explico.

Cérebros são feitos de neurônios, células que ativam umas às outras espontaneamente mas também ao sabor dos acontecimentos, e portanto sua atividade representa eventos. Mas não é só isso: toda atividade de um neurônio modifica sua atividade futura, inclusive como ele reagirá a novos eventos. Ou seja: neurônios guardam uma memória do seu passado. Com isso, ações no presente são sempre temperadas pelas ocorrências do passado de cada um, e dois seres dotados de cérebro, ao contrário de duas amebas, podem reagir de modos diferentes ao mesmo evento.

Mas essas memórias também podem ser evocadas (como lembranças) ou mesmo antecipadas (como previsões) —e assim o passado cria um futuro, que passa a servir de norte. Pronto: tem-se a base do comportamento flexível, que leva em conta não só o presente mas também o aprendizado passado e as possibilidades vislumbradas para um futuro que depende da ação tomada.

Flexibilidade para valer, contudo, é o que se ganha com um córtex cerebral, com sua circuitaria maleável que nos permite novas associações e assim gera possibilidades sobre possibilidades. Xadrez mental só joga quem tem um cérebro, e de preferência um córtex cerebral cheio de neurônios.

Se decisões inteligentes são aquelas que mantêm o maior número de portas abertas —minha definição favorita, do físico Alex Wissner-Gross—, então a essência da inteligência é a flexibilidade: de decisões (conforme o passado), de opiniões (conforme novos fatos), de desejos (conforme os futuros vislumbrados). Ser inteligente é ser flexível, e se manter flexível.

Suzana Herculano-Houzel
Bióloga e neurocientista da Universidade Vanderbilt (EUA).
Fonte: FSP

A importância de se ter amigos e como mantê-los sempre perto

Ter amizades sólidas é tão importante que estudos mostram que a falta de amigos é comparável a problemas provocados por obesidade, abuso de álcool e consumo de 15 cigarros por dia.

“Eles são a família que escolhemos”, diz o ditado popular. E é isso mesmo: além da família, os amigos são as pessoas com quem vamos estabelecer vínculos mais significativos e duradouros durante a vida. E, em cada etapa dessa jornada, eles têm um papel importante para o nosso desenvolvimento psíquico e social.

“Enquanto na infância eles ajudam na socialização do indivíduo, na adolescência eles são importantes para ajudar o indivíduo a construir sua identidade e formar uma imagem de si”, explica a psicóloga Natália Tavares Pavani Araújo, psicóloga do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Já para os idosos, eles são fundamentais para combater a solidão, o que pode influenciar até mesmo na saúde dele.”

Sim, ter amigos é fundamental para viver uma vida mais saudável e até mais longa —e há inúmeros estudos a respeito disso. Por exemplo, uma revisão de 148 estudos feita nos Estados Unidos por especialistas da Brigham Young University e da University of North Carolina mostrou que pessoas com amizades sólidas tinham 50% mais chances de sobrevivência.

Mais que isso: os autores concluíram que os efeitos da falta de amigos são comparáveis aos problemas provocados pela obesidade, pelo abuso de álcool e pelo consumo de 15 cigarros por dia.

Mais recentemente, um estudo da American Cancer Society concluiu, após analisar dados de mais de 500 mil adultos, que o isolamento social aumentava os riscos de morte prematura por qualquer causa.

As amizades também são fundamentais para que possamos externalizar sentimentos e demonstrar afeto e amor, o que é fundamental para a nossa saúde mental. “É um tipo de relacionamento que nos ajuda a ser mais humanos em nossas vidas”, afirma Cristina Borsali, psicóloga da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo

Seja no trabalho, na escola ou na vida, fazer conexões é algo tipicamente humano —como seres sociais que somos, precisamos dessa interação para nos sentirmos validados e acolhidos. “Eles são a nossa biografia viva, são testemunhas do que vivemos”, diz Araújo.

Ao longo da vida, no entanto, é comum que os caminhos sigam por rotas diferentes e muitas amizades fiquem no passado. Em 1993, o antropologista Robin Dunbar, da Universidade de Oxford, ficou famoso por dizer que, cognitivamente, cada pessoa seria capaz de ter, no máximo, 150 relações sociais estáveis —o dado ficou depois famoso e conhecido como “número Dunbar”.

Mas o próprio Dunbar reconheceu, anos depois, que as redes sociais poderiam ser responsáveis por aumentar esse limite, permitindo uma maior interação com pessoas com quem falaríamos pouco por conta de questões geográficas, por exemplo.

Seja como for, a amizade, como qualquer relacionamento, também precisa ser cultivada para que permaneça viva. Confira a seguir algumas formas de ter seus amigos em sua vida por mais tempo:

Mantenha contato

Parece óbvio, mas, na rotina corrida que levamos, é bastante comum deixarmos para marcar um encontro, fazer uma ligação ou mesmo enviarmos uma mensagem para depois —só que esse depois nunca chega. “Ambos têm que investir na relação e isso inclui abrir espaço na agenda para um café, um momento para conversar, desabafar ou pedir conselhos”, diz Araújo.

O(a) amigo(a) mora longe? Agendem uma conversa pela internet ou marquem de se falar ao telefone em algum momento em que os dois possam dialogar com calma. Tente fazer isso de forma regular sem esperar um grande motivo, pois isso pode demorar a acontecer.

Conecte-se emocionalmente

Uma vez que vocês tenham marcado um momento para conversar, esteja lá. Isso quer dizer deixar o celular de lado e voltar toda a atenção para aquele momento. “Preste atenção ao que a pessoa está falando naquele momento e seja empático”, diz Araújo.

Além de mostrar que se importa com a vida da pessoa, você ainda cria um ambiente de acolhimento. “Nós precisamos abrir e até rir de nós mesmos, e só fazemos isso quando nos sentimos confortáveis”, explica a especialista.

Participem da vida um do outro

Estar próximo é essencial em uma amizade, especialmente quando estamos celebrando algo importante —e queremos dividir a emoção do momento— ou vivendo um momento difícil —e precisamos saber que não estamos sozinhos.

É o que uma pesquisa da Universidade de Puget Sound, nos EUA, chamou de “apoio à nossa identidade social”. Ou seja, queremos amigos que entendam quem somos e validem nossa importância na sociedade, aumentando nossa sensação de pertencimento e favorecendo a construção da autoestima.

“Estar presente não é apenas comemorar o aniversário ou apoiar um luto”, explica Borsali. “É preciso compartilhar mais momentos pelo simples fato de gostar daquela pessoa, da companhia dela”, diz.

Conserve o respeito e a confiança

Se o amigo fez algo que desagradou ou está passando por uma fase problemática, não vá falar mal da pessoa para outro colega. “Um dos princípios básicos da amizade é a lealdade e a sensação de proteção que esse relacionamento gera em nós”, diz Bosali. “Se aconteceu alguma coisa desagradável, o melhor é procurar o amigo para conversar, demonstrar preocupação e abrir o jogo sobre como aquilo o fez se sentir”, acredita a especialista.

Isso também vale para quem acha normal espalhar fofocas ou sair contando os problemas ou segredos que foram confiados a você. Do contrário, você corre o risco de fazer com que o amigo se sinta traído.

Mantenha o coração aberto mesmo nas discussões

Desentendimentos são absolutamente normais, especialmente em amizades muito longas. Nesse momento, vale respirar fundo e tentar conversar para chegarem a um acordo. Vale ainda focar no que importa: o carinho e os bons momentos que passaram em toda a história de vida juntos.

“Quando divergimos, tendemos a desqualificar qualquer coisa que a pessoa fale”, afirma Araújo, que reforça a importância de sermos mais tolerantes e saber ouvir os argumentos do outro de coração aberto. “Não existe relação em que duas pessoas concordam 100% das vezes”, diz.

Esse exercício é um dos motivos que tornam a amizade fundamental para o desenvolvimento psicológico do ser humano. “Isso gera um amadurecimento pessoal muito importante”, afirma Bosali.

Fonte: UOL
Edição: C.S.

Saiba lidar com as incertezas

Já faz algum tempo que atuo como jornalista autônoma, sem carteira assinada. Por isso, estou em constante atualização da caixa de entrada para saber se há novos e-mails com encomendas de texto. Estar à mercê das propostas de trabalho e fora de um ambiente controlado faz com que, entre uma reportagem e outra, exista incertezas em abundância acompanhadas de seu derivado mais comum, a ansiedade.

O exercício diário é entender, com paciência e confiança, que esse é um processo nem um pouco definitivo e cheinho de múltiplas possibilidades. Como ainda estou aprendendo com esse cenário onde prevalece a ausência das certezas, quero aproveitar esse ponto em que nada é certo para começar a trilhar o texto que segue.

Em um ano de tantas mudanças nos diversos cenários, ao nosso redor e no universo particular, o ensinamento mais presente é de que é preciso saber lidar com algo intangível. O fato de que nada é totalmente certo. Afinal, apesar do falso controle sobre o plano das coisas previstas, a certeza é algo que escapa a todos, como um amontoado de dentes-de-leão já assoprados. E tudo bem. Mesmo.

Imprevisibilidades em alto grau

O movimento das incertezas tem um fluxo contínuo. Na maior parte do tempo se comporta de forma sutil e delicada, mas às vezes se faz abrupto, impondo-se a nós. Não é assim?

A verdade é que temos de lidar, percebendo ou não, com um alto grau de imprevisibilidade o tempo todo, desde as incertezas mais duras de encarar aquelas miudezas do dia a dia, que também nos fazem sofrer. Grávida do primeiro filho, a escritora e cantora Olivia Byington preparava um quarto com lençóis de linho branco para o berço e bordados feitos à mão.

Mas as coisas não aconteceram de acordo com o roteiro preestabelecido e ela precisou superar algo inesperado. O primogênito nasceu com síndrome de Apert, uma desordem genética que causa um desenvolvimento anormal da caixa craniana, entre outros problemas. A aparência de João não era de um bebê perfeito, como almejava Olivia. “Foi triste entrar no quarto que havia sido preparado para ele viver o dia a dia de uma nova realidade que contrariava todos os sonhos e as expectativas cultivadas nos meses anteriores. Eu dava um passo de cada vez na direção de aceitar, compreender e amar o novo filho imperfeito, o novo destino”, escreve ela.

A história de Olivia e João é contada em O Que É Que Ele Tem (Objetiva), onde ela descreve medos, aprendizados e a caminhada de incertezas.

Algo que não se pode prever

Outro exemplo é o da escritora Joan Didion e seu bonito relato em O Ano do Pensamento Mágico (Nova Fronteira), no qual ela divide com o leitor a morte do marido. Joan fala sobre o “instante comum” em que tudo se transforma: “A vida muda num instante. Você senta para jantar e a vida que você conhecia acaba de repente”, escreve ela. A morte talvez seja a incerteza em sua forma mais radical. Nela cabe a contradição de que o nosso fim está previsto, mas, ao mesmo tempo, não se pode prever.

Dar um passo de cada vez na direção de aceitar e compreender, como descreve Olivia em um trecho cheio de delicadeza já nas primeiras páginas de seu livro, talvez seja a melhor solução para os casos em que as incertezas surgem de maneira tão dilacerante: “Eu passava horas numa cadeira de balanço, com a luz apagada, pensando no porquê daquilo tudo, me sentindo escolhida, com um estranho presente do destino no colo que eu não sabia que fim teria. Começava a me dedicar a ele como qualquer mãe se dedica a seu filho. Num cotidiano bem diferente do planejado. Eu estava em construção. Estava diante do mistério da vida. Sem saber, eu já fazia parte da grande comunidade de pessoas fora do padrão, com a chance de arregaçar as mangas e buscar a alegria de novo”.

Incertezas no dia a dia

As incertezas, claro, não são sempre extremas, feitas por rompimentos que nos colocam em terreno desconhecido. Existem outras pequenas expressões de sua presença com as quais precisamos também aprender a conviver. Repare bem. Enfrentamos uma sequência de “ses” em considerações que nos põe em dúvida e deixa a sensação de estagnação ou impotência – pode ser o país e suas indefinições o que nos preocupa, o emprego instável, o dinheiro que talvez não dê para o mês, um relacionamento de inseguranças ou o corriqueiro “o que fazer agora?” das mais diversas situações.

A soma dessas incertezas externas, mesmo quando passam despercebidas ou não são processadas em sua inteireza de forma consciente, exerce grande influência em nós, estabelecendo uma intensa troca de sensações que acaba afetando não apenas a gente mesmo mas as pessoas ao redor. “Há uma vertigem na incerteza que assusta e por isso podemos querer fugir dela”, comenta Mauro Amatuzzi, filósofo, psicólogo e doutor em educação. “Mas, se suportamos o incômodo, ela pode abrir caminhos e oferecer criatividade, porque passa pela sensibilidade aos sentidos”, completa ele sobre a oposição entre uma realidade que julgamos conhecer e outra em que predomina o desconhecido, mas que pode significar liberdade em potência e fazer brotar daí inspirações bacanas para seguir em frente. Ou seja, encarar tempos ou situações de incerteza é também saber aproveitar as oportunidades que a vida nos dá para fazer diferente.

No entanto, é preciso coragem para enfrentar esse vazio, “o espaço da liberdade” onde o voo acontece, em vez de preferir as gaiolas, “o lugar onde as certezas moram”, conforme recomenda o escritor Fiódor Dostoiévski em seu romance Os Irmãos Karamázov (Editora 34). Não há o que temer se estivermos abertos para reconhecer a energia construtiva nessa aparente fragilidade do desconhecido, e seguir “apesar de”.

Os dias se sucedem uns aos outros

Mas por que tememos aquilo que não é certo? Porque aprendemos a olhar a vida desse jeito. O enredo que nos contam é de que é preferível perseverar em busca de uma certeza absoluta em vez de aceitar a natureza da vida, incerta em essência. O detalhe que excluem dessa narrativa é que ocupar um lugar bem distante da zona de conforto pode ser positivo à medida que nos impulsiona a encontrar recursos dentro da gente para lidar com as novas situações.

Afinal, a realidade é feita da convivência com as impermanências que surgem numa alternância desassossegada: assim que nos satisfazemos com a resolução de alguma questão que nos atormenta, logo vem outra pedindo a nossa atenção. Para complicar só mais um pouco, os questionamentos geralmente não vêm em fila, cada um por vez, mas vão se apresentando de forma aleatória e nos submetendo a seu ritmo caótico. Então, mais uma vez, precisamos ser flexíveis e nos dedicar à adaptação a uma nova ordem recém-estabelecida que vai durar só até a próxima novidade que já vem chegando.

Incertezas e a modernidade líquida

Esse tipo de sensação de que nunca estamos pisando em chão firme, pois haverá sempre uma nova instabilidade, é objeto de interesse do sociólogo Zygmunt Bauman. Aposentado, ele se debruçou na teoria do que chamou de modernidade líquida, esta condição de mudança constante à qual estamos sujeitos e que nos afeta diretamente porque traz consigo o sentimento de não sabermos o que surgirá em seguida.

Tudo é fluido, frágil e instável. E isso tem a ver com o consumismo, com o menor envolvimento nas relações, num excesso de individualismo. Conforme escreve: “Nós somos responsáveis pelo outro, estando atentos a isso ou não, desejando ou não, torcendo positivamente ou indo contra, pela simples razão de que, em nosso mundo globalizado, tudo o que fazemos (ou deixamos de fazer) tem impacto na vida de todo mundo, e tudo o que as pessoas fazem (ou se privam de fazer) acaba afetando nossa vida”.

Numa interpretação livre, tendo a acreditar que uma das chaves para lidar com as incertezas seja, provavelmente, ir na contramão disso e nos aproximarmos uns dos outros, o que trará novamente a sensação de que não estamos sozinhos e que podemos atravessar tudo isso juntos.

Empatia com o novo

Fábio Mariano Borges, sociólogo especializado em cultura e comportamento, fala sobre um ciclo natural que intercala fases de aquecimento e euforia com etapas de estabilização, de frequências diferentes. Para ele, “o período atual é de intensas transformações num cenário que pode ser alterado a qualquer instante”, em aspectos econômicos, culturais, sociais, políticos, ambientais e até mesmo emocionais, o que gera “a única certeza de que tudo é incerto”.

Para atravessar esse período, ele sugere que a gente reconheça a instabilidade a partir de uma atitude de empatia e de compreensão diante do novo, com reflexões mais cuidadosas sobre os nossos valores e comportamentos e o cultivo de uma relação mais generosa com o outro.

Como insiste Borges, “as fórmulas antigas não funcionam mais”. Foi nesse momento que surgiu, por exemplo, o projeto Imagina.vc, um espaço que instiga as pessoas a experimentar novos modelos de mundo. Na prática, a plataforma virtual sugere temas considerados incômodos, como aborto, maioridade penal, cyberbulling ou representatividade negra na infância.

O objetivo é trazer esses temas à tona e pensar em caminhos práticos para modificar a situação. Isso é feito através de textos produzidos por especialistas na área, conversas ao vivo e outras propostas que surgirem. O que o Imagina.vc faz é provocar “o potencial de transformação das pessoas” redirecionando a energia para as ações concretas e assim mudar o que não está legal.

Futuro de incertezas

Mas será que vamos ter de andar sempre nessa corda bamba? Calma, não é bem assim. Existe um momento em que tudo ganha nova forma e você volta a se sentir seguro ou confortável.

Nassim Nicholas Taleb, pesquisador e financista, autor de A Lógica do Cisne Negro (Record), elaborou uma teoria para explicar as características em comum desses momentos extraordinários que acontecem de supetão, como reviravoltas, crises ou até mesmo tragédias: são “inesperados” (nada do que aconteceu antes apontava para essa probabilidade); têm “grande impacto” (nos encontram desprevenidos e capturam a nossa atenção); e geram “explicações” (pelo temor da incerteza, eventos assim exigem argumentos que os justifiquem). Cisnes negros são mais comuns do que podemos supor. Se prestarmos atenção, podemos em breve testemunhar um deles.

Afinal, o momento de poucas certezas, sobretudo no cenário político e econômico, quando tudo parece tão inacabado, pode significar a construção de uma nova realidade. Ainda não conseguimos antecipar, mas seguramente está em andamento – é que as mudanças estão em curso antes de serem percebidas como resultado.

Além disso, a rotina embaça a nossa capacidade de enxergar. E, então, só a partir de certa perspectiva sobre os fatos, responsável por dar-lhes sentido, é que vamos conseguir reconhecer a nova ordem das coisas.
A beleza está, enfim, na disposição em seguir mesmo não conhecendo o fim da história. Ou seja, continuar mesmo tendo de lidar com as incertezas do caminho e tentando encontrar propósito no cotidiano.

Amanhã há de ser outro dia

A arte contemporânea também está preocupada em refletir sobre as atuais condições de vida. O tema de uma Bienal de São Paulo foi exatamente sobre isso, Incerteza Viva. A apresentação assinada pela curadoria diz que as artes “sempre jogaram com o desconhecido”, considerando a intervenção da incerteza nesse processo ao explorar a imaginação, a criação, a ambiguidade e a contradição como narrativa: “A arte se alimenta do acaso, da improvisação e da especulação. Ela dá espaço ao erro, à dúvida e cria brechas mesmo para as apreensões mais profundas, sem evitá-las ou manipulá-las”.

O cientista social Rafael Araújo, que pesquisa arte e tecnologia, ressalta a naturalidade da imprevisibilidade. Já que “a arte está sempre atrelada à sua época e busca refletir a dinâmica das incertezas na atualidade” e, em síntese, fala sobre “a concepção da condição humana”.

A convite da Bienal, o escritor Mia Couto preparou um texto para o material educativo com o título Escrever e Saber. E nesse texto ele explora a ideia de que escreve justamente porque não sabe e confessa gostar dessa “certa ignorância”. “A construção de uma narrativa implica estar disponível. E para estar completamente disponível há que deixar de saber, há que deixar de estar ocupado por certezas. […] Esse tempo primordial de indefinição, essa travessia pelo desconhecido é um dos mais saborosos momentos do labor da escrita. Esse é o momento divino em que tudo pode ainda ser”, declara. “Talvez seja hoje necessário fazer um elogio faccioso a favor do que é incerto. Ao fim e ao cabo, a incerteza é um abraço que damos ao futuro. A incerteza é uma ponte entre o que somos e os outros que seremos”, completa ele.

Não podemos controlar tudo

Ao expandir a nossa percepção, talvez a gente aprenda que os resultados nada mais são do que a intensa elaboração de suas partes, uma a uma. Coisas acontecem apesar de a gente querer ou não. Não há como controlar isso.

Mas, para reconhecer a inteligência por trás dos acontecimentos e aprender a apreciar a beleza do mistério, é preciso não se apegar tanto na ordem pretensamente estabelecida pelo controle. E, assim, aceitar a liberdade que a incerteza, obstinada, está disposta a nos oferecer a cada dia. “Vamos?”, ela nos convida, sem antecipar o destino.

Sem o inconveniente das certezas desajeitadas, conseguimos finalmente perceber que a sucessão dos dias está em plena atividade e o quanto tudo isso pode nos surpreender e trazer as repostas que tanto buscávamos. As surpresas que nos cabem estão sempre à espreita.

Fonte: Vida Simples
Texto: Laís Barros
Edição: C.S. 

Estamos programados para a preguiça

Exercício é saúde, mas as campanhas que nos encorajam ao movimento não têm resultados espetaculares. Por que nos custa tanto estar fisicamente ativos mesmo quando temos a intenção de fazê-lo?

Se você tem dificuldades para se levantar do sofá e realizar uma atividade física, não se preocupe, não é o único. Há décadas, vemos campanhas de comunicação que nos encorajam a fazer exercício. Por volta de 30% dos adultos, entretanto, não realizam atividade física suficiente. E a porcentagem só aumenta em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 3,2 milhões de óbitos são atribuídos à falta de atividade física todos os anos, o que significa uma morte a cada 10 segundos. Esse fato coloca uma pergunta: por que somos incapazes de ser fisicamente ativos mesmo tendo a intenção de fazê-lo?

O conflito entre a razão e as emoções

Para explicar essa luta que ocorre entre nossas intenções saudáveis e os impulsos contrários, foram criadas teorias científicas como os modelos de processos duplos. Nesses modelos, os mecanismos que explicam nosso comportamento se dividem em duas categorias: os mecanismos racionais, geridos pelo sistema reflexivo, e os mecanismos emocionais, regidos pelo sistema impulsivo. Esse último sistema organiza a parte automática e instintiva de nossos comportamentos. Pode facilitar, ou, pelo contrário, impedir o sistema reflexivo de colocar em prática nossas intenções.

Essa segunda suposição é ilustrada claramente com um estudo que realizamos e cuja finalidade é compreender a eficácia das mensagens que fomentam a atividade física. Dito de outra maneira, tentamos determinar se a reflexão pode vencer nossos impulsos quando se trata de motivar-se para ser mais ativo fisicamente.

Em primeiro lugar, os participantes viram uma apresentação em que eram feitas recomendações em relação a atividades físicas saudáveis (30 minutos de exercício diário, divididos em sequências de no mínimo 10 minutos, a maioria dos dias da semana). Para medir sua tendência impulsiva a se aproximar dos comportamentos sedentários, na sequência, realizaram uma tarefa experimental: o jogo do manequim.

Tal tarefa consiste em movimentar um avatar em uma tela de computador através do teclado. Em uma das partes da experiência, o participante deve aproximar o avatar o mais rapidamente possível de imagens que representam uma atividade física (correr, andar de bicicleta, natação…) e afastá-lo de imagens que representam uma atividade sedentária (televisão, rede, escada rolante…). Em outra parte, se realiza o contrário: o avatar deve se aproximar das imagens que evocam sedentarismo e se afastar das imagens que representam exercício. Quanto mais rápido o participante se aproximar das imagens sedentárias em vez de se afastar delas, se considera que sua tendência impulsiva ao sedentarismo é mais forte.

Após essa tarefa, os participantes receberam um acelerômetro para registrar sua atividade física diária e foram para casa. Uma semana depois, os resultados foram recolhidos e comentados.

Tais resultados revelam que as mensagens sobre saúde bem formuladas podem ser eficazes para suscitar uma intenção. Efetivamente, os participantes que receberam a mensagem que fomentava a atividade física tiveram intenção mais forte de praticar exercício do que aqueles que receberam a mensagem que promovia uma alimentação saudável. Mas a intenção de fazer exercício físico não significa realmente que iremos realizá-lo e nem todos os participantes conseguem transformar a intenção em comportamento.

Somente aqueles com uma baixa tendência impulsiva a se aproximar a comportamentos sedentários conseguiram fazê-lo. E o inverso: os participantes com uma forte tendência a esses comportamentos não foram capazes de transformar a intenção em atos. Dito de outra maneira, a intenção consciente de ser ativo perdia a luta contra uma tendência automática de procurar comportamentos sedentários.

Por que esses comportamentos sedentários são tão atrativos se são prejudicais à nossa saúde?

A lei do menor esforço, uma herança incômoda da evolução.

Ainda que essa atração ao sedentarismo pareça paradoxal atualmente, é lógica quando se examina do ponto de vista da evolução. Quando era difícil conseguir alimentos, com os comportamentos sedentários era possível economizar energia, algo fundamental à sobrevivência.

Essa tendência a reduzir ao mínimo os esforços inúteis pode explicar a pandemia da falta de atividade física atual, já que os genes que permitem sobreviver aos indivíduos são mais suscetíveis de estar presentes nas próximas gerações.

Em um estudo recente, tentamos avaliar se nossa atração automática aos comportamentos sedentários estava registrada em nosso cérebro. Os participantes desse estudo também tinham que realizar o jogo do manequim, mas, dessa vez, eletrodos registravam a atividade cerebral.

Os resultados dessa experiência demonstram que, para se afastar das imagens de sedentarismo, o cérebro deve utilizar recursos mais importantes do que para se afastar das imagens de atividade física. Consequentemente, na vida diária, para se afastar das oportunidades de sedentarismo onipresentes em nosso entorno moderno (escadas rolantes, elevadores, carros…) é preciso superar uma atração sedentária que está muito arraigada em nosso cérebro.

Eficientes, não preguiçosos

Não devemos, entretanto, acreditar que evoluímos unicamente para reduzir ao mínimo os esforços inúteis, e sim que o fizemos também para ser fisicamente ativos. Há aproximadamente 2.000.000 de anos, quando nossos ancestrais passaram a um modo de vida de caçadores-coletores, a atividade física se transformou em uma parte inerente de sua vida diária, já que à época percorriam em média 14 quilômetros por dia.

A seleção natural, portanto, favoreceu aos indivíduos capazes de acumular uma grande quantidade de atividade física, ao mesmo tempo que dosificavam a energia. Nesses indivíduos, a atividade física estava ligada à secreção de hormônios que combatiam a dor, ansiolíticos e até mesmo euforizantes.

A boa notícia é que esses processos hormonais continuam estando presentes em nosso corpo e estão somente à espera de que recorramos a eles. O primeiro passo a um modo de vida ativo é sermos conscientes dessa força que nos impulsiona à minimização dos esforços. Com essa conscientização, poderemos resistir melhor às inúmeras oportunidades de sedentarismo que nos cercam.

Por outro lado, e uma vez que, da mesma forma que nossos ancestrais, a grande maioria de nós não pratica uma atividade física a menos que seja divertida e necessária, o melhor modo de fomentá-la é torná-la agradável. Consequentemente, é necessário (re)estruturar nossos entornos para favorecê-la, especialmente durante nossos deslocamentos diários.

As políticas públicas, por exemplo, deveriam desenvolver infraestruturas e espaços públicos abertos, seguros e bem mantidos para favorecer o acesso a entornos adequados para correr, andar de bicicleta e realizar qualquer outra atividade física. A arquitetura dos novos edifícios também deveria fomentar nossa atividade física ao longo do dia, dando prioridade ao acesso às escadas, aos locais de trabalho a pé etc.

Depois seremos nós os responsáveis por saber aproveitar essas oportunidades para reduzir nosso sedentarismo. Dessa forma, anime-se e coloque os tênis esportivos!

Fonte: ElPais

Adotar um cachorro faz bem para a saúde

Adotar um cachorro é muito mais do que conquistar um amigo leal, trazendo responsabilidade, alegria e amor para a sua vida. Já é comprovado cientificamente que o ato faz bem fisicamente para o corpo. Aliás, pesquisas já registraram melhora em pacientes cardíacos

Além disso, estudos apontam que pessoas que adoraram um animal de estimação reduziram o colesterol com mais facilidade, assim como o nível dos triglicérides. Dessa forma, as chances de ataques cardíacos diminuem.

Atividade física

O simples fato de levar o cachorro para passear todos os dias já ajuda a eliminar o sedentarismo. Aliás, o ato elimina a desculpa da falta de motivação para a prática de atividade física, pois se transforma em uma atividade prazerosa.

O fato de passar mais tempo com o amigo também ajuda a tratar sintomas de ansiedade e depressão. Isso porque aumentam os níveis de serotonina, responsável pela sensação de prazer. Além disso, as pessoas costumam adquirir mais paciência, evitando assim perder o equilíbrio emocional em situações estressantes do dia a dia.

Felicidade

O ato de possuir um companheiro de quatro patas em casa também é responsável por promover a felicidade, arrancando sorrisos diariamente com mais facilidade. Imagine a cena: ao chegar em casa, após um dia estressante de trabalho, o seu cachorro te recepciona na porta transbordando felicidade. Essa troca combina fatores que deixam os seres humanos mais amorosos.

Por falar nisso, um animal de estimação traz benefícios também para quem mora sozinho. Afinal, não tem nada melhor para sua saúde do que saber que aquele amigo estará ao seu lado em todos os momentos sempre oferecendo muito amor.

 

Fonte: Estadão Conteúdo

Idosos estão cada vez mais vulneráveis à depressão

A depressão pode atingir pessoas de qualquer idade. Entretanto, estudos mostram que cada vez mais os idosos sofrem da doença. No Brasil, essa é a faixa etária que mais atingida, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São 11,5 milhões de brasileiros. Desse total, 11,1% são idosos.

Desde 2005, a Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que os casos tenham aumentado mais de 18% no mundo. Atualmente, 322 milhões de pessoas no planeta estão depressivas.

A facilidade com que os idosos desenvolvem a doença acontece por diversas causas. Entre elas, o próprio fato de deixar de trabalhar e “ter uma função”, na cabeça dos mais velhos. Não sentir útil é um dos principais fatores que levam a desenvolver a doença.

Em situações assim, o mais importante é a rede de relações. A família pode ajudá-lo a desenvolver hobbies, como manter coleções e praticar esportes. Tudo isso auxilia no combate contra a doença. Atividades ao ar livre e em grupo também são essenciais para que a pessoa não fique sozinha, construindo até mesmo novas amizades.

Sintomas

É preciso ficar atento. A família pode perceber alguns sinais do idoso, como a diminuição drástica do interesse em atividades que antes eram prazerosas. Falta ou aumento do apetite também é um sinal, assim como a insônia ou sono excessivo.

Outro fator é o complexo de perseguição ou medo exagerado de doenças graves. Além disso, outros sinais são a redução na capacidade de concentração e a fadiga, agitação ou retardo psicomotor (capacidade cognitiva mais lenta).

 

Fonte: Estadão Conteúdo

Kyslley Urtiga ministra palestra sobre a morte

“Vamos tomar café e falar sobre a morte?” Foi através deste convite que os funcionários da Superintendência do Banco do Brasil em Teresina levaram à mesa um tema universal que as pessoas geralmente não tem estímulo ou oportunidade de abordar.

A diretora da Clínica Cuidarte, psicóloga Kyslley Urtiga, foi a facilitadora do Café, e destacou que
falar sobre a morte, sobre o luto por alguém querido, ou sobre a nossa própria finitude é a única forma possível de tornar essa realidade ou perspectiva menos assustadora e ao mesmo tempo tranquilizadora e inspiradora.

‘Bate-papo esclarecedor. Tomamos café e falamos sobre morte. Agradeço a Superintendência do BB pelo convite e confiança. Lisonjeada com os depoimentos pós encontro. Sensação de dever cumprido. Aceitar a finitude, falar sobre anseios, medos, expectativas e desejos, passamos a viver melhor e nos preparar para nossa morte e a partida de entes queridos com mais tranquilidade”, disse Urtiga.

 
Apesar de ter como tema a morte, a conversa no café também falou sobre a vida, sobre como as pessoas desejam viver mais plenamente, e como podem compartilhar seus desejos, medos e escolhas com as pessoas que amam.

Sono insuficiente: 58% das crianças e 78% dos adolescentes dormem menos do que deveriam

17Seis dicas para evitar o problema, que está relacionado com a obesidade nessas fases da vida.

Já é sabido que uma duração mais curta do sono está associada a vários problemas de saúde, entre eles diabetes, hipertensão arterial e sobrepeso nos adultos. No entanto, novos estudos mostram que o sono insuficiente também nas crianças e adolescentes está relacionado com uma maior taxa de obesidade. E, infelizmente, a obesidade na adolescência é altamente prevalente. Cerca de 58% das crianças em idade escolar e 78% dos os adolescentes em idade escolar tem sono insuficiente.

Além disso, foi observada uma diferença entre os sexos: dormir mais tarde, especialmente nos finais de semana, foi associado a maior massa gorda nas meninas. Esses resultados indicam que o tempo de sono precisa ser considerado para a prevenção e tratamento da obesidade em adolescentes, principalmente entre as mulheres.

Esse estudo mostra também que a modificação do sono pode ser fator independente para o sobrepeso e, portanto, alvo de tratamento e atenção dos pais e profissionais da saúde. Quanto menor a duração do sono em crianças, maior a probabilidade do sobrepeso. No entanto, ainda é dúvida para muita gente se o sono pode ser alterado. Os estudos existentes são focados na redução dos problemas do sono, ao invés de melhorar a duração do sono.

Como então melhorar o sono da criança e prevenir as alterações metabólicas?

1. Evite uso de telas após determinado horário (celulares, tablets, televisões e computadores);
2. Evite alimentos estimulantes após as 18h (ex: bebidas com cafeína, açúcar, erva mate, chocolate e outros estimulantes);
3. Invista na prática de exercícios diariamente no período da manhã (exercícios físicos no período da noite podem elevar o cortisol e prejudicar o sono);
4. Evitar as sonecas diurnas pode ser uma aliada importante;
5. Tenha uma “rotina do sono”, com horários certos para dormir;
6. Use aromaterapia para ajudar na latência do sono (ex: lavanda, manjericão, sândalo…).

Fonte: G1

Como as relações sociais afetam a imunidade?

Tom Jobim já dizia, em sua famosa canção “Wave”, que “é impossível ser feliz sozinho”. E a ciência está aí para assinar embaixo dos seus versos. Um estudo das universidades da Califórnia e de Chicago, nos Estados Unidos, comprovou que as relações sociais impactam, sim, na imunidade.

Foram avaliadas 141 pessoas por uma década – um quarto delas se declarava socialmente isolado. Os experts coletaram amostras de sangue e urina dos participantes no quinto e no décimo ano da pesquisa para medir diversos parâmetros relacionados às células de defesa.

Os solitários apresentavam maior atividade de genes promotores de inflamação, enquanto certas proteínas antivirais se encontravam escassas. “Na solidão, predomina a tristeza. Por isso, a falta de proximidade com os outros alavanca as taxas de cortisol e rebaixa as de dopamina, hormônio do humor e do bem-estar”, analisa Esdras Vasconcellos, professor do Instituto de Psicologia da USP.

Fonte: M de Mulher

Música e meditação pelo bem do cérebro

Estudo afirma que essa dupla é capaz de combater o declínio de funções cognitivas, relacionado a demências

Assim como os músculos, o cérebro precisa de treino para se manter saudável ao longo dos anos e, assim, retardar o chamado comprometimento cognitivo leve (CCL), uma forma branda de demência que pode evoluir para o Alzheimer. E o que estimularia a memória, a atenção e outras habilidades cognitivas? A epidemiologista Kim Innes e seus colegas da Universidade de West Virginia, nos Estados Unidos, apostaram na meditação e na música.

Eles recrutaram 60 voluntários e testaram o raciocínio e a capacidade de guardar recordações de cada um. Em seguida, durante três meses, essa turma foi incentivada a dedicar 12 minutos por dia à musicoterapia (canções ou melodias relaxantes utilizadas em contexto clínico) ou à Kirtan Kriya (meditação que envolve exercícios de respiração, mantras, movimentos com os dedos e visualização). Os participantes ainda poderiam dobrar o período destinado a essas práticas, totalizando um semestre antes de passar por outra avalição, se desejassem.

Ao fim da experiência, as duas técnicas proporcionaram melhoras significativas quanto ao desempenho de funções cognitivas e da memória operacional (ligada à percepção e a coordenação motora). Vale ressaltar que essas duas habilidades mentais são prejudicadas já nos primeiros estágios de uma demência.

O artigo, publicado no Journal of Alzheimer’s Disease, também ressalta que tanto a musicoterapia quanto a meditação reduzem o estresse e favorecem o humor e a qualidade do sono, o que é benéfico até para casos de Alzheimer em estágio avançado. A primeira, inclusive, pode ser empregada para auxiliar os pacientes a relacionarem o que ouvem nas sessões com acontecimentos importantes, ativando mecanismos da memória de longo prazo. E o melhor: ambas são muito prazerosas.

Fonte: Saúde Abril