Setembro Amarelo Cuidarte

Setembro Amarelo da Cuidarte

Esta semana, os profissionais da Cuidarte encontrarão esses chaveiros nos consultórios da Clínica. No chaveiro, há uma mensagem de perseverança. De acordo com a diretora da Cuidarte, Kyslley Urtiga, a ideia é entregar a cada um dos cliente com o objetivo de mostrar o cuidado e carinho. “ A ideia final é que nossos clientes elejam alguém e repasse o chaveiro, fazendo a mensagem chegar ao máximo de pessoas. Precisamos motivar as pessoas a espalhar cuidados”, destaca.

Essa ação da Cuidarte é por entender que a prevenção do suicídio é, antes tudo, um ato de comunicação.

Como a atividade dos neurônios produz essa sensação única de estar vivo e consciente?

Dados mostram teimosamente que todas as nossas peculiaridades —linguagem, matemática, moralidade, artes e ciências— estão enraizadas nas profundezas da evolução animal.

Ninguém nega que entender o cérebro é um dos grandes desafios da ciência e que a pesquisa tem sido intensa, brilhante e abundante. Sabemos hoje que a chave da nossa mente é a conectividade entre os neurônios, a geometria de seus circuitos. Conhecemos os intrincados mecanismos pelos quais um neurônio decide enviar, através de seu axônio (seu output), o resultado de um complexo cálculo que fez integrando as informações de seus 10.000 dendritos (seu input). Entendemos os reforços dessas conexões (sinapses) que estão na base da nossa memória e usamos as ondas de alto nível, resultantes da atividade de milhões de neurônios, para diagnosticar doenças mentais e pesquisar o grau de consciência dos voluntários. Porém, continuamos sem entender como o cérebro gera a mente. Quem disser o contrário é um ignorante ou faz parte de uma trama criminosa.

Apesar das repetidas e audaciosas tentativas de associar a especificidade humana a uma porção do cérebro radicalmente nova, com uma arquitetura original e inusitada na história do planeta, os dados nos mostram teimosamente que todas as nossas peculiaridades —linguagem, matemática, moralidade e justiça, artes e ciências— estão enraizadas nas profundezas abissais da evolução animal, um processo que começou há 600 milhões de anos com o surgimento das esponjas e águas-vivas.

Foram as águas-vivas, precisamente, que inventaram os olhos. Existe um gene chamado PAX6 que se ocupa de desenhar o olho primitivo desses cnidários e sua conexão com os neurônios primitivos deles. Esse mesmo gene (inicialmente descoberto na mosca), também é responsável pelo desenho do olho humano e de suas leves mutações, que causam doenças congênitas, como a aniridia, ou ausência de íris; além de outra dúzia de anomalias no desenvolvimento do olho e de seus neurônios associados. Em um sentido genético profundo, nossos olhos e nosso cérebro visual tiveram origem nas águas-vivas há 600 milhões de anos.

E isso é apenas o começo da longa, longa história da nossa conexão com as origens da vida animal. A partir do lobo óptico dos animais primitivos, que é precisamente o domínio de ação do PAX6, vem o nosso cérebro médio (ou mesencéfalo), essencial para a visão, a audição, a regulação da temperatura corporal, o controle dos movimentos e do ciclo de sono e vigília.

Outro dos nossos sentidos, o olfato, também ancora suas origens na noite dos tempos da vida animal. Ele vem do nosso córtex, a camada mais externa do cérebro, que nas espécies mais inteligentes —nós, os golfinhos, as baleias, os elefantes— cresceu tanto que não caberia no crânio se não tivesse se enrugado para produzir essa fealdade abjeta que, compreensivelmente, sentimos relutância em aceitar como nossa mente. E, no entanto, ela o é.

Do córtex e seus associados, esses frutos evolutivos do ancestral do nosso cérebro olfativo, emanam todas as assombrosas aptidões da mente humana, tudo o que nos torna tão diferentes e de que tanto nos orgulhamos. Essa camada externa e antiestética do cérebro gera —ou, mais precisamente, encarna— nossas sensações do mundo exterior, nossas ordens voluntárias para mexer a boca ou os braços e um enxame de “áreas de associação” onde os sentidos, as lembranças e os pensamentos são integrados para produzir uma cena consciente única, o tecido do qual nossa experiência é feita.

Todo o cérebro é um enigma, mas se fosse preciso escolher um problema supremo nessa floresta, seria o mistério da consciência. E há uma história científica que precisa ser contada aqui. Quando adolescente, um dos grandes cientistas do século XX, Francis Crick, se preocupava com o fato de que, quando se tornasse adulto, tudo já teria sido descoberto. Quando cresceu, a primeira missão do jovem Crick foi projetar minas contra os submarinos alemães. Depois da guerra, no entanto, Crick parou para pensar que havia grandes problemas a resolver na ciência. Decidiu que os enigmas essenciais eram dois: a fronteira entre o vivo e o inerte e a fronteira entre o consciente e o inconsciente. Seu primeiro enigma foi resolvido satisfatoriamente com a dupla hélice de DNA, que descobriu com James Watson em 1953. E o segundo nunca chegou a averiguar —isso teria feito dele o maior cientista da história—, mas foi capaz de estimular pesquisadores mais jovens e os gestores dos financiamentos da ciência norte-americana para que se concentrassem nesse pináculo pendente do conhecimento. O principal de seus colaboradores nessa exploração foi Christof Koch, atual diretor do Instituto Allen de Biociência, em Seattle.

Quinze anos após a morte de Crick, Koch continua cativado pelo problema da consciência. Como a atividade dos neurônios individuais, e dos circuitos formado por milhares ou milhões deles, produz a sensação única e global de ser consciente, de ter acordado, de estar vivo? Essa convicção de que somos diferentes de uma água-viva, de que somos uma entidade transcendente, capaz de compreender o mundo e distinta de todas as anteriores. Vejamos o estado atual dessa linha de pesquisa crucial. É ciência básica. As aplicações sempre vêm depois de um profundo entendimento, como demonstra a história da ciência.

“A consciência é tudo o que você experimenta”, escreve Koch. “É a canção que se repete na sua cabeça, a doçura de uma mousse de chocolate, o latejar de uma dor de dente, o amor feroz por seu filho e o discernimento amargo de que, no final, todos esses sentimentos acabarão”. Há dois campos científicos que aspiram a competir com os poetas na interpretação do mundo: a cosmologia e a neurologia. Tem toda a lógica. Uma boa equação sintetiza uma imensa quantidade de dados em um centímetro quadrado de papel, assim como um bom verso.

Para filósofos como Daniel Dennett, o problema da consciência é inseparável do enigma dos qualia: o que sentimos como a vermelhidão da cor vermelha, a doçura de um doce, a sensação de dor que nos causa uma dor de dente. Esses filósofos acreditam que o enigma dos qualia não pode ser resolvido, nem sequer abordado, pela ciência, porque esses sentimentos são particulares e não podem ser comparados, aprendidos ou medidos por referências externas. Essa ideia, no entanto, contradiz o princípio geral de que a mente equivale ao cérebro, como Alcmeão de Crotona adiantou há 2.500 anos.

Se tudo o que acontece em nossa mente é produto de —ou melhor, é idêntico à— atividade de certos circuitos neurais, a consciência não pode ser uma exceção, ou então retornaríamos ao animismo irracional, à crença em uma alma separada do corpo, aos fantasmas e ectoplasmas. Crick e Koch decidiram pular o suposto enigma dos qualia para se concentrar em procurar os “correlatos neurais da consciência”, isto é, os circuitos mínimos suficientes para que se produza uma experiência consciente. A estratégia deu frutos.

Tomemos o efeito bem conhecido da rivalidade binocular. Com uma montagem simples, você pode apresentar uma imagem ao olho esquerdo de um voluntário (um retrato de Maria, por exemplo) e outra ao olho direito (um retrato de João). Você poderia pensar que o voluntário veria uma mistura chocante dos dois rostos, mas se você perguntar a ele, verá que não é assim. Ele vê Maria durante um momento, então de repente vê João, depois outra vez Maria e assim por diante. Os dois olhos rivalizam para fazer chegar suas informações à consciência (daí “rivalidade binocular”). O que muda no cérebro quando a consciência passa de um rosto ao outro?

Experimentos desse tipo, combinados com modernas técnicas de imagem cerebral, como a ressonância magnética funcional (fMRI), apontam repetidas vezes para a “zona quente posterior”. É composta por circuitos de três lobos (partes do córtex cerebral): o temporal (acima das orelhas), o parietal (logo acima do temporal, em todo o alto da cabeça) e o occipital (um pouco acima da nuca). Isso é em si uma surpresa, porque a maioria dos neurocientistas teria esperado encontrar consciência nos lobos frontais, a parte mais anterior do córtex cerebral e a que mais cresceu durante a evolução humana. Mas não é assim. A consciência reside em áreas posteriores do cérebro que compartilhamos com os mamíferos em geral.

Outra descoberta recente é que as áreas envolvidas na consciência —a zona quente posterior— não são as que recebem os sinais diretos dos olhos e dos demais sentidos. O que acontece nessas áreas primárias não é o que o sujeito vê, ou está consciente de ver. A consciência está em áreas que recebem, elaboram e interconectam essa informação primária, tanto na vista como nos outros sentidos.

Uma prática cirúrgica tradicional nos oferece mais pistas valiosas. Quando os neurocirurgiões têm de remover um tumor cerebral, ou os tecidos que causam ataques epilépticos muito graves, tomam uma precaução lógica: com o crânio aberto, estimulam as áreas vizinhas com eletrodos para ver exatamente onde estão no mapa do córtex, e até onde convém chegar (ou não chegar) com o bisturi. Foi assim, de fato, que foi mapeado o homúnculo motor, essa figura humana disforme que temos acima da orelha e que controla todos os nossos movimentos voluntários. Estimule aqui e o paciente move uma perna; estimule ali e moverá o dedo médio da mão esquerda, ou a língua e os lábios.

Quando a zona quente posterior é estimulada, o paciente experimenta todo um leque de sensações e sentimentos. Pode ver luzes brilhantes, rostos deformados e formas geométricas, ou sentir alucinações em qualquer modalidade sensorial, ou vontade de mexer um braço (mas desta vez sem chegar a movê-lo). Em sua forma normal, esse parece ser o material com o qual nossa consciência é tecida. Quando parte da zona quente é danificada por uma doença ou acidente, ou removida pelos cirurgiões, o paciente perde conteúdos da consciência. Torna-se incapaz de reconhecer o movimento de qualquer objeto ou pessoa, ou a cor das coisas, ou se lembrar de rostos que antes lhe eram familiares.

A neurociência, portanto, não apenas demonstrou a hipótese de Alcmeão de Crotona –que o cérebro é a sede da mente– mas também encontrou o lugar exato em que reside a consciência.

Entender como essa porção do cérebro funciona é uma questão muito mais difícil, que algum dia merecerá um Prêmio Nobel. Mas a mera localização da consciência na parte posterior do córtex cerebral tem uma clara implicação. A marca distintiva da evolução humana é o crescimento explosivo do córtex frontal. O córtex posterior, incluída a zona quente, nós herdamos dos nossos ancestrais mamíferos e além. Muitos animais, portanto, devem ser conscientes: eles têm uma mente no sentido de Alcmeão. É uma ideia perturbadora, mas teremos de aprender a viver com ela e a administrar suas implicações.

Compreender o cérebro é, sem dúvida, um dos maiores desafios que a ciência atual enfrenta. Trata-se do objeto mais complexo de que temos notícia no universo, e a tarefa é formidável. Mas a recompensa será grande para a pesquisa e o pensamento. Talvez não falte tanto para isso.

Fonte: ElPais – Javier Sampedro

Profissional da Cuidarte promove curso Entendendo o Suicídio

Profissional da Cuidarte promove curso “Entendendo o Suicídio”

No último sábado (31), o curso “Entendendo o Suicídio: Aspectos Gerais e Manejo Clínico”, promovido pela psicóloga da Clínica Cuidarte, Ana Deyvis, discutiu comportamentos suicidas e especificidades no ciclo vital e prevenção. O curso foi ministrado para estudantes e profissionais da área de psicologia.

A psicóloga Naira Tavanny, mestre e doutorando em psicologia pela Universidade São Francisco (Campinas-SP) e membro da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS), que comandou o curso explicou como a Organização Mundial de Saúde (OMS) trabalha a questão do atendimento a pacientes com ideação ou tentativa de suicídio, a importância da atitude não julgadora e inserção de familiares no tratamento, dentre outros pontos.

De acordo com a coordenadora do curso, Ana Deyvis, a temática foi escolhida por estarmos no mês de Setembro e por este ser o mês mundial de prevenção do suicídio, chamado também de Setembro Amarelo. “Vamos dar continuidade a esse projeto de especializar profissionais e estudantes sobre diversos temas”. Este mês realizaremos outros cursos voltados para saúde mental “, ressaltou.

A importância do sono em todas as fases da vida

Nós devemos dormir quantas horas? Existe um padrão e um tempo total pré-definido?

O sono é um estado ativo do cérebro que prepara o corpo para enfrentar o dia seguinte de maneira eficiente. Ele é um momento de regeneração do corpo e de síntese de proteínas fundamentais para as funções dos nossos órgãos.

Mas nós devemos dormir quantas horas? Existe um padrão e um tempo total pré-definido? “Nós temos os pequenos dormidores e os grandes dormidores. Os pequenos dormidores são aqueles que precisam de menos de cinco horas por noite. Já os grandes dormidores precisam de mais de nove horas por noite. A maior parte da população precisa entre sete e oito horas”, explica a pesquisadora do Instituto do Sono Mônica Anderson.

O padrão de sono sofre mudanças constantes no decorrer da vida. Em recém-nascidos, o tempo total de sono é de cerca de 16 horas. Com o passar dos anos, esse tempo diminui e, em idosos, pode ser apenas cinco horas.

Dormir pelo tempo recomendado para cada faixa etária melhora a atenção, memória, comportamento, aprendizagem e controle emocional. Veja a recomendação por idade:

O sono para crianças e adolescentes
“A privação de sono pode provocar, por exemplo, menor atenção às aulas, menor concentração e maior chance de erros”, alerta a pesquisadora. Tanto na infância quanto na adolescência, dormir bem ajuda no desenvolvimento intelectual. Além disso, é durante o sono que o corpo libera os hormônios relacionados ao crescimento.

As crianças vivem em constante aprendizado, recebendo estímulos e passando por situações novas. Durante o sono, consolidamos a capacidade de falar, engatinhar, caminhas, comer e todas as outras tarefas.

Já a privação de sono na fase adolescente tem consequências para a saúde e para o desempenho escolar. Entre as consequências estão: aumento da sonolência diurna, distúrbio de humor, problemas comportamentais, uso de drogas, ganho de peso, propensão a acidentes e baixa imunidade.

Veja os riscos da falta de sono nas crianças e adolescentes:

Ganho de peso
Resistência baixa (ficam mais propensas a terem gripe e amigdalites)
Alteração de crescimento
Aumento da impulsividade
Agressividade
Desatenção
Dificuldades de aprendizado na escola
No adolescente, a falta de sono ainda pode piorar a acne e alguns estudos mostram que pode aumentar o risco de depressão

E como melhorar o sono do adolescente?

Jante cedo
Reduza luzes da casa
Reduza atividades físicas à noite
Leia um livro
E como melhorar o sono da criança?

Coloque a criança para dormir sempre no mesmo horário
Dê banho morno
Apague as luzes
Conte histórias com a criança de pijama na cama
Cante músicas de ninar
O sono para os idosos
“O sono ao longo da vida diminui. Na terceira idade, o tempo de sono gira em torno de cinco, seis horas por noite”, diz Mônica. Além de poucas horas dormidas, o sono na terceira idade não é reparador. Muitos deles ainda sofrem de apneia e insônia, comuns no idoso.

Veja os riscos da falta de sono no idoso:

Baixa imunidade
Aumenta o risco de quedas
Piora a memória
Alterações cardiovasculares
E como melhorar o sono do idoso?

Caso sinta vontade de cochilar durante o dia, prefira a soneca após o almoço e durma somente 20 minutos
Faça atividades durante o dia. Isso ajuda a sentir-se cansado para dormir.

 

Fonte: Bem-eSTAR

Redes sociais não fazem mal, desde que não substituam atividades mais saudáveis, diz estudo

Pesquisa entrevistou milhares de adolescentes em escolas inglesas e também revelou que meninas são mais vulneráveis a ‘cyberbullying’.

As redes sociais fazem mal para os adolescentes?

A pergunta que tira o sono de pais, educadores e cientistas em todo o mundo recebeu, por ora, uma nova resposta.

E ela é: as redes não prejudicam diretamente os mais jovens, mas podem tirar o tempo que eles gastam em atividades vitais e saudáveis, como dormir e se exercitar.

O alerta vem de pesquisadores do Reino Unido, que recomendam a proibição de celulares depois das 22h e incentivos a atividades físicas.

Segundo o estudo, as meninas são especialmente vulneráveis ​​ao cyberbullying, o que pode levar a problemas psicológicos.

No Reino Unido, nove em cada dez adolescentes usam redes sociais e há uma crescente preocupação com o seu impacto na saúde mental dos mais jovens.

Até agora, as conclusões das pesquisas são contraditórias devido à falta de estudos de longo prazo.

Neste estudo recente, publicado no na revista médica especializada “The Lancet Child & Adolescent Health”, mais de 12 mil adolescentes em idade escolar na Inglaterra foram entrevistados durante três anos, dos 13 aos 16.

Eles cursavam os anos 9, 10 e 11 (equivalentes ao 9º ano do ensino fundamental e 1º e 2º do ensino médio no Brasil) do sistema de ensino britânico.

O que o estudo fez?
Os adolescentes informaram com que frequência checavam redes como Instagram, Facebook, WhatsApp e Twitter diariamente, mas não quanto tempo gastavam usando-as.

No ano 9, a maioria (51%) das meninas e 43% dos meninos entraram em redes sociais mais de três vezes por dia; no ano 11, a frequência subiu para 69% entre os meninos e 75% entre as meninas.

Já no ano 10, os mesmos jovens preencheram um questionário sobre sua saúde mental e relataram experiências de cyberbullying, sono e atividade física.

No ano 11, os adolescentes avaliaram seus níveis de felicidade e ansiedade.

O que a pesquisa encontrou?
Os meninos e meninas que verificavam suas redes mais de três vezes por dia tinham pior saúde mental e maior sofrimento psicológico.

As meninas também parecem mais propensas a dizer que são menos felizes e mais ansiosas à medida que os anos avançaram, ao contrário dos meninos.

Os pesquisadores dizem que há indícios de um vínculo forte entre o uso de redes sociais e saúde mental.

Nas meninas, os efeitos negativos são revelados principalmente em perturbações do sono, ciberbullying e, em menor medida, falta de exercício.

Nos meninos, os fatores também têm um impacto, mas muito menor.

Os pais devem se preocupar?
O coordenador do estudo, Russell Viner, professor de saúde do adolescente do University College London, diz: “Os pais andam em círculos quando o assunto é o tempo que seus filhos passam nas redes sociais todos os dias.”

As redes sociais também podem ter um efeito positivo nos adolescentes e “desempenham um papel central na vida de nossos filhos”, acrescentou.

Também envolvida no estudo, a professora de psiquiatria infantil, Dasha Nicholls, da universidade Imperial College London, completa: “Não é o tempo na rede social em si, a questão é quando ela desloca os contatos e atividades da vida real.”

“A questão é encontrar um equilíbrio.”

É diferente para meninos?
A equipe de especialistas diz que, embora tenha observado diferenças no uso de redes sociais entre garotas e garotos, elas ainda não são bem compreendidas.

Também são necessários outros estudos para descobrir de que forma o uso das redes sociaiso pode influenciar o sofrimento psicológico dos meninos.

E quanto ao cyberbullying?
Nicholls diz que os pais devem monitorar as atividades de seus filhos para ter certeza de que não estão acessando conteúdo prejudicial, principalmente à noite.

“Com o cyberbullying, nem a nossa cama é um lugar seguro. Mas, se o seu celular estiver em outro cômodo da casa, você não pode ser intimidado em sua cama.”

Louise Theodosiou, do corpo docente sobre crianças e adolescentes do Royal College of Psychiatrists (organização profissional de psiquiatras do Reino Unido), diz: “Mais estudos são necessários para entender como podemos evitar os impactos mais negativos das redes sociais, particularmente em crianças e jovens vulneráveis.”

 

Fonte: G1

E se eu morrer hoje?

Pense nas providências que poderão facilitar a vida dos que ficam

O tema dessa coluna pode ser lúgubre, mas não tem nada de agourento ou assustador, uma vez que todos vamos morrer um dia. Se o tempo que nos resta é de semanas, meses, anos ou décadas, tanto faz: ninguém deveria se espantar com nossa finitude. A resistência em tratar de questões relacionadas à morte acaba tornando a vida dos entes queridos que nos rodeiam ainda mais difícil. No meio da dor da perda, com frequência eles têm que revirar papéis e tomar decisões num estado de grande fragilidade.

Uma amiga querida precisou fazer uma cirurgia delicada. Quando fui visitá-la, já totalmente recuperada, ela me disse que, na véspera da operação, pensou em contar para o filho onde estavam guardados documentos, registros de senhas e contatos com gerentes de banco. Acabou não fazendo, com medo de assustar o rapaz, que poderia achar que a mãe mentia sobre a gravidade da situação. Histórias semelhantes se repetem todos os dias, nem todas com um final feliz. Para quem ama os animais, a guarda de um bicho de estimação também é um assunto que deveria merecer atenção. São tristes os relatos de cães e gatos abandonados depois da morte do dono porque não havia ninguém para assumir a tarefa.

Deixar as coisas organizadas é demonstração de carinho pelos que nos rodeiam. Para começar, mantenha os documentos importantes numa pasta. Se precisar de mais de uma, identifique o conteúdo de cada uma com uma etiqueta. Senhas, informações sobre investimentos e telefones de pessoas que devem ser acionadas podem ficar anotados num caderno ou arquivados no computador, mas é indispensável que você explique ao pelo menos um ou dois do seu círculo íntimo como acessar esses dados.

Já tratei nesse espaço sobre a conveniência de fazer um testamento vital: o documento determina como diretivas antecipadas de vontade o conjunto de desejos, previamente manifestados pelo paciente, sobre cuidados e tratamentos que quer, ou não, receber no momento em que estiver incapacitado de expressar sua vontade. Ter um testamento evita desentendimentos quando há bens, principalmente se a pessoa se casou de novo e há filhos da primeira união. Embora 90% digam que é importante conversar sobre os cuidados e providências no fim da vida, apenas 27% dizem tê-lo feito. Além disso, 60% não gostariam de sobrecarregar os mais próximos com decisões difíceis, mas 56% não comunicaram seus desejos. Eu proponho o exercício. Pensar no fim da existência nos dá a dimensão do enorme prazer que é estar vivo.

Fonte: BemEstar/ Por Mariza Tavares

Sono reparador e exercício são essenciais para equilibrar a rotina

Dizem que quem faz atividade física, dorme melhor. Mas nem todo mundo tem tempo para fazer os dois. Encaixar a atividade física na rotina nem sempre é fácil.

Dizem que quem faz atividade física, dorme melhor. Mas nem todo mundo tem tempo para fazer os dois. Encaixar a atividade física na rotina nem sempre é fácil. Segundo a pesquisadora do Instituto do Sono Monica Andersen, o ideal é conciliar os dois.

É cientificamente comprovado que o exercício melhora o sono. Entretanto, se a pessoa estiver no dilema entre dormir mais um pouco ou privar o sono para se exercitar, é melhor dormir.

“A privação de sono mexe com a produção dos hormônios, aumenta o da fome e diminui o hormônio da saciedade”, explica a pesquisadora. Além disso, a privação de sono diminui a vontade para o exercício físico. A longo prazo, a tendência é desistir.

Outras formas de se exercitar
Para fazer alguma atividade física, você não precisa ir até a academia. Andar até o ponto de ônibus, preferir escada ao elevador, levantar da cadeira para beber água, dar uma volta durante o horário de trabalho, ir ao banheiro. São atitudes aparentemente pequenas, mas que já mexem com o corpo.

O preparador físico Márcio Atalla lembra que 30 minutos por dia de exercício já são suficientes para garantir os benefícios da atividade física, e um deles é o sono!

A atividade física ajuda a diminuir o estresse e, só por isso, já tem uma grande influência no sono. Fora isso, ela libera substâncias que contribuem para a indução do sono.

Fonte: BemEstar

Oito técnicas para parar de enrolar e completar suas tarefas

Como a psicologia pode nos ajudar a procrastinar menos e manter a motivação?

Todos nós temos o hábito de procrastinar, ou enrolar, antes de cumprir as nossas tarefas. Isso se torna um problema se faz parte de um padrão crônico de adiar tarefas, apesar das consequências que possam existir se você perder os prazos. A procrastinação crônica pode até ser ruim para sua saúde, colocando-o sob estresse prolongado com prazos prestes a vencer, fazendo adiar exercícios físicos ou a decisão de comer de forma mais saudável – ou até mesmo atrasando a visita ao médico quando começarem a aparecer sintomas.

Então, como a psicologia pode nos ajudar a procrastinar menos e manter a motivação?

1) Não confie apenas na força de vontade
Segundo Ian Taylor, psicólogo esportivo que estuda a motivação na Universidade de Loughborough, no Reino Unido, as pessoas geralmente acreditam que a força de vontade é a resposta. Isso pode funcionar ocasionalmente, mas, como ele disse, “força de vontade é um tipo de motivação, mas não é a melhor”. “A motivação é como o combustível que leva você ao resultado. Alguns combustíveis são muito bons, mas outros são de qualidade inferior.”

O problema de confiar apenas na força de vontade é que ela pode ajudar a atingir suas metas algumas vezes, mas é algo frágil, que nem sempre funciona. Em vez de confiar na força de vontade para tentar ignorar os aspectos desagradáveis de uma tarefa, considere-os uma parte importante e inevitável da conquista de sua meta. Imagine que você está correndo há 30 minutos. Até agora seus músculos estão doendo, mas isso não é necessariamente uma coisa ruim a ser combatida. É parte do processo de ficar em forma.

2) Procure os pontos positivos da tarefa que você está evitando
Uma maneira de descobrir se você é um procrastinador crônico é se perguntar se está deixando a tarefa de lado porque tem medo de fracassar. Após 15 anos de pesquisa sobre procrastinação, Fuschia Sirois, da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, descobriu que o problema da procrastinação não é simplesmente o da preguiça ou do mau gerenciamento do tempo – envolve dificuldades na regulação das emoções.

Se você está preocupado com o fracasso, pode acabar usando desculpas para adiar completamente a tarefa e evitar esses sentimentos desagradáveis de ansiedade. Temporariamente, isso pode até fazer você se sentir melhor. O problema surge quando você entra em um ciclo vicioso. Devido ao atraso, agora você tem menos tempo para realizar o trabalho, aumentando o risco de fracassar e fazendo com que você se sinta ainda mais ansioso e menos propenso a começar.

Para lidar com essas emoções, uma coisa que ajuda é procurar os aspectos positivos da tarefa. O ideal é que essas não sejam as recompensas que possam trazer no futuro, mas algo de bom no próprio processo. Talvez você aprenda alguma coisa ou talvez se sinta mais absorto na tarefa do que esperava ao começar.

3) Planeje com antecedência
Se você sabe que uma determinada tentação pode te levar a procrastinar, então pode ser uma boa ideia adotar a estratégia psicológica conhecida como “se/então”. A ideia é que você planeje com antecedência o que fará se encontrar uma tentação específica. Imagine que você se programou para colocar seus estudos em dia num determinado fim de semana, mas ao mesmo tempo sabe que um amigo seu pode te chamar para um churrasco no sábado à tarde.

Nesse caso, você pode se programar para sugerir a ele uma troca – ao invés de ir ao churrasco, vocês podem se encontrar à noite. Você pode decidir que, se alguém sugerir um encontro para um café no fim de semana, quando você souber que precisa acompanhar seus estudos, vai contrariar a sugestão deles com a opção de se reunir à noite.

Peter Gollwitzer, psicólogo americano, revisou 94 estudos sobre pessoas que usaram esta estratégia. Ele descobriu que eles eram duas a três vezes mais propensos a manter suas metas do que pessoas que não empregaram a estratégia.

4) Reduza o esforço
Você precisa facilitar o máximo possível para começar. O conceito de arquitetura de escolha é bem conhecido hoje em dia, e é empregado, por exemplo, nas lanchonetes de algumas empresas: elas colocam frutas perto do caixa, ao invés de chocolate. O objetivo é fazer com que os funcionários se alimentem de forma mais saudável.

Nós podemos fazer isso por nós mesmos também. Se você pretende correr no parque de manhã, vista sua roupa de corrida logo que levantar. Ou deixe seu material de trabalho aberto na mesa na noite anterior, para que a primeira coisa que você veja seja relacionada àquela tarefa que você precisa cumprir. Remova qualquer distração.

Desative os alertas na tela do computador, silencie o smartphone e, se você não conseguir resistir às redes sociais, evite ficar logado automaticamente nelas. O fato de ter de colocar sua senha todas as vezes, especialmente se você escolheu uma longa e complicada, pode ser o suficiente para empurrá-lo na direção certa.

5) Recompense a si mesmo
A procrastinação é atraente porque, se você adiar a tarefa difícil, você é imediatamente recompensado pelo fato de ter suprimido os sentimentos negativos a respeito dela. Para equilibrar isso, você precisa se recompensar com outros “prêmios”. A pesquisadora Kaitlin Woolley, da Universidade Cornell (EUA), mostrou que, como esperado, recompensas imediatas motivam as pessoas a se esforçarem mais do que as recompensas pelas quais elas precisem esperar. Você precisa encontrar uma recompensa imediata que faça tudo parecer mais fácil.

Em um estudo com o adorável título de Mantendo o Livro Jogos Vorazes Refém da Academia, a pesquisadora Catherine Milkman, da Universidade da Pensilvânia (EUA), descobriu que, se as pessoas recebessem audiolivros emocionantes para ouvir na academia (e somente na academia), era mais provável que elas voltassem aos exercícios para descobrir o que acontecia a seguir.

A trama do livro se tornou a recompensa imediata das pessoas. Houve até um teste de um curso online de duas semanas destinado especificamente a reduzir a procrastinação.

Marcus Eckert, da Leuphana University de Lüneburg (Alemanha), deu aos alunos vídeos diários e exercícios com estratégias que não apenas os ajudaram a planejar melhor seu tempo e a calcular os custos e benefícios de adiar tarefas diferentes, mas também os ajudou a tolerar sentimentos negativos que poderiam aparecer. O curso orientava os alunos a se lembrarem de sua resiliência no passado, por exemplo.

Eles também recebiam dois textos por dia, perguntando-lhes qual tarefa poderiam adiar naquele dia e considerando as possíveis consequências. Dois meses depois, os alunos que fizeram o curso online ainda estavam procrastinando menos.

6) Tenha uma visão mais realista do seu futuro
A maioria de nós acredita que, no futuro, teremos mais tempo. Acreditamos com otimismo que seremos versões mais organizadas de nós mesmos, vivendo uma vida em que nada nunca dá errado. Isso não vai acontecer necessariamente, é claro. E é por isso que muitas vezes subestimamos quanto tempo uma tarefa levará. Isto é chamado de falácia do planejamento.

Meu exemplo favorito da falácia do planejamento é a primeira edição do Dicionário Oxford da Língua Inglesa. Em 1860, os autores anunciaram que levariam dois anos para terminar a obra.

O dicionário só foi iniciado em 1879. Cinco anos depois, os autores só tinham chegado à palavra “ant” (“formiga”, em inglês). Em 1928, finalmente foi concluído, 68 anos depois. Mas aí o dicionário já estava desatualizado, e as revisões começaram imediatamente. Precisamos evitar criar essa versão irreal de nós mesmos no futuro. Caso contrário, podemos nos preparar para a decepção e ainda mais procrastinação.

7) Seja gentil consigo mesmo
Isto pode soar como a última coisa a fazer quando você está enrolando na internet durante metade do dia, quando deveria estar trabalhando. Mas na verdade, a pesquisa mais recente mostra que as pessoas que procrastinam têm níveis de auto-compaixão mais baixos que a média. Elas já são duras consigo mesmo, e claramente não está dando certo. Um estudo com alunos que não estudaram para suas provas mostrou que aqueles que se perdoaram por sua procrastinação foram mais propensos a estudar na próxima vez do que aqueles que se sentiram incapazes de se perdoar. As pessoas já se sentem mal com a tarefa que têm em mãos, por isso adicionar mais emoção negativa não vai ajudar.

8) Use a linguagem certa
Mesmo pequenas coisas como a linguagem que você usa podem fazer a diferença. Pouco antes das eleições presidenciais dos EUA em 2008, um estudo foi realizado na Califórnia. Os pesquisadores pediram às pessoas que se registraram para votar que preenchessem uma pesquisa sobre como se sentiam sobre “votar” ou como se sentiam sobre “ser eleitores”. A diferença na linguagem era sutil, mas quando chegou a hora de ir efetivamente às urnas, 95% no grupo do substantivo (“ser eleitor”) efetivamente votaram, comparado com 82% no grupo do verbo (“votar”). Simplesmente nos ver como um certo tipo de pessoa pode afetar nosso comportamento.

Então, se você pensa em si mesmo não como alguém que às vezes corre, mas como “um corredor”, você pode estar mais propenso a fazê-lo. Ou, em vez de ser alguém que segue uma dieta, você é “alguém que come de forma saudável”. Ian Taylor diz que a razão pela qual isso pode funcionar é que faz uma conexão entre você e o comportamento em questão. “Então, você não está mais fazendo o comportamento (esporadicamente), você está apenas vivendo sua vida do jeito que você quer.”

Fonte: BBC

‘Temos que nos livrar da carga negativa que envolve o fato de ser velho’, diz geriatra

Estereótipos e preconceitos podem inclusive levar a distorções nos tratamentos de saúde.

A médica geriatra Louise Aronson tem uma missão: incentivar a visão de que as décadas de vida depois dos 60 anos devem ser celebradas, em vez de temidas. Isso inclui as faculdades de medicina e os profissionais de saúde, que precisam entender e apoiar as muitas fases que compõem a velhice.

Afinal, se há diferentes abordagens para tratar um ser humano do nascimento à adolescência, o mesmo se aplica quando somos velhos. Essa é a tese do livro “Elderhood: redifining age, transforming medicine, reimagining life” (“Velhice: redefinindo idade, transformando a medicina, reimaginando a vida”, em tradução livre), lançado em junho.

Louise também é professora na Universidade da Califórnia, em São Francisco, e tem mais de 20 anos de experiência em geriatria, o que a transformou numa militante da causa de que devemos encarar o envelhecimento com outros olhos. No livro, ela se vale de História, literatura e antropologia para mostrar como o preconceito está impregnado em nossa cultura.

Dentro da medicina, aponta duas distorções graves. “Os estereótipos relacionados à velhice podem levar a excessos no tratamento (“overtreatment”) ou, na ponta oposta, a subtratamentos (“undertreatment”). Ela gosta de contar a história de um homem de 90 anos que, ao se queixar de dor num joelho, ouviu do médico que o problema era compatível com a sua idade.

“No entanto”, respondeu o paciente, “meu outro joelho tem a mesma idade e não me incomoda”. Um outro idoso foi levado às pressas para a emergência por causa de uma trombose, deixando para trás seu aparelho de surdez. No hospital, foi diagnosticado com demência porque não respondia às perguntas que, obviamente, não ouvia. “O sistema tem falhado com os mais velhos”, sentencia.

“Os corpos se comportam de outra forma com a progressão dos anos, o que deve ser levado em conta na hora da prescrição de medicamentos. O fígado e os rins mudam, o cérebro muda, o risco de efeitos adversos cresce. É essencial considerar o que o paciente quer e como a intervenção vai impactar em sua qualidade de vida”, afirma.

Uma de suas preocupações é o pouco treinamento que os médicos recebem para lidar com os mais velhos, embora eles representem 40% dos pacientes tratados por esses profissionais. Nos EUA, por exemplo, há cerca de 7 mil geriatras para 49 milhões de idosos. No Brasil, esse número não chega a 2 mil, para um contingente de 30 milhões. A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda um especialista para cada mil idosos, ou seja, temos um déficit de 28 mil profissionais.

Fonte: UOL
Texto:Mariza Tavares

Limites: você conhece e respeita os seus?

Entender quais são seus limites e expressá-los é necessário para ter uma vida mais saudável e real.

Você sabe quais são seus limites? Sabe dizer ou pelo menos sente quando foram ultrapassados? Você costuma respeitá-los ou extrapola seus limites com você mesmo, seu tempo, seu trabalho, com a sua família, suas finanças e nos seus relacionamentos? Você consegue dizer “não” para os outros, para o que não quer, não pode, não gosta? Se coloca em relações e situações que não tem como lidar no momento? Alguns acreditam que colocar limites é ser egoísta. Será que é isso mesmo?

Eu não saberia responder a estas perguntas há alguns anos atrás. Não saberia dizer quase nada sobre o que eram os meus limites. Até que comecei a entender que muitos dos meu problemas vinham da falta deles.

Dizer não pode ser uma tarefa difícil quando não sabemos porque, quando e como dizer. É preciso ter autoconhecimento para se entender, para saber o que vale o nosso sim e o que vale o nosso não. O que sentimos, o que queremos. E quando e como vale dizer: “Ei, não gostei, não quero, prefiro assim, que tal se… etc”.

Entender porque e pra que estamos dizendo não e depois como vamos dizer esse não – às vezes até sem precisar falar de fato a palavra “não” – vale demais a pena. Muda nossas vidas completamente.

Em alguns momentos vamos precisar saber dar um “não” firme, para nós e/ou para o outro. Em outros momentos cabe um não amoroso e generoso, cabe negociar, e principalmente cabe antecipar situações para não termos que chegar nos limites delas. Cada caso é um caso e cada passo dado é um treinamento, uma experiência somada onde vamos ganhando confiança e aprendendo a lidar com os desconfortos que vem de se apropriar e expressar os nossos nãos e nossa verdade. Desconfortos estes que evitamos tanto, e que por evitarmos, nos trazem desconfortos muito maiores, muitas vezes.

Limites x egoísmo

Sempre que falo sobre limites, uma das primeiras questões que aparecem é o egoísmo. E isso trata-se de um mito. Temos essa ideia de que colocar limite é ser egoísta, porque acreditamos estar privando uma pessoa de algo e que o amor não incluiria isso. Mas quando a gente coloca limites em nossa vida, podemos notar que é justamente o oposto.

Nosso amor pode ser infinito, mas nossas relações precisam de limites para prosperarem de forma uma saudável. Deixar nossos limites claros e respeitar o do outro é um cuidado com a nossas relações.

Se eu não coloco limites nas minhas relações, o que poderá acontecer é um grande desgaste. Eu vou me sentir ressentida quando o outro ultrapassar meus limites, e vou tentar conseguir o que quero de uma forma não clara e indireta, tentando manipular o outro, ou posso me tornar passivo-agressiva. O que gera muita toxidade numa relação e falta de confiança.

A clareza que vem dos limites é muito mais saudável, amorosa e gera muito mais intimidade e confiança numa relação, seja ela qual for. Claro que geram desconfortos e nos pedem para lidar com frustrações, mas isto faz parte de se relacionar e amadurecer.

Quando colocamos limites nas relações vamos também deixando mais claro nossos desejos e intenções e dando espaço para o outro fazer o mesmo. E assim, vamos permitindo que o outro nos conheça de verdade e deixando o outro se mostrar também, criando mais confiança. Afinal, se todos temos nossos limites, eles fazem parte de quem somos.

O que você preferiria: uma relação que tenha mais clareza, transparência e confiança ou uma relação com uma comunicação mais indireta, talvez bastante passivo-agressiva e imprecisa, onde as coisas ficam apenas subentendidas?

Acredito que quando a gente coloca esses dois pontos na balança, a maioria de nós começa a perceber: “Nossa, pode ser muito mais egoísta não colocar os meus limites e não comunicá-los de uma forma clara, deixando o outro no escuro, tentando adivinhar o que quero, privando-o de conhecer o que gosto e/ou não gosto e o que é importante pra mim”. E vice e versa.

A gente começar a perceber que colocar limites na verdade é cuidar da relação para não deixar ela chegar no ponto de desgaste, quando a gente perde muito mais a força de tomar decisões boas para todas as pessoas envolvidas.

E os limites nas relações familiares?

Nas relações familiares, bem sabemos, é muito comum que os limites de todos fiquem vulneráveis por conta da pseudo intimidade que existe entre seus membros. Essa aparente “liberdade” maior pode fazer um parente se sentir livre para nos tratar como desejar, opinar muito sobre nós e tentar controlar o que fazemos. Porém, é importante lembrar que intimidade não é sobre invasão, e sim, poder dizer como me sinto, poder me mostrar e ser vista de verdade.

Para estabelecer limites nas relações em família, comece a ter clareza do que você gostaria nestas relações e o resultado que deseja das interações que participar. Quando você sabe o que quer, até onde quer ir, você pode começar a expressar como quer ser tratado e como não gostaria de ser tratado. No começo pode não ser nada fácil pois é estranho, novo. Mas com pequenos passos, e com a linguagem adequada vamos tomando confiança.

Por exemplo, saiba se ao contar uma determinada coisa em família, o que deseja: opiniões, feedbacks, sugestões, empatia, apenas escuta, celebrar, etc. Depois disso seja pró-ativo, antes de começar, explique porque está contando aquilo e o que gostaria ou precisa: “Estou contando isso porque queria apenas dividir com vocês e celebrar isto”, diga que não está aberto a opiniões no momento se você não gostaria de receber a opinião/conselho não solicitado do outro. Assim o outro também se sente mais seguro.

Deixando as coisas mais claras nas nossas relações elas podem fluir muito melhor. E o outro entende mais como é que ele pode contribuir para a nossa situação, se for da vontade dele.

Todavia, as coisas não funcionam de uma maneira linear, e nem preto no branco. Ainda vão ter aqueles que se intrometem na vida alheia de forma impositiva, taxativa, constrangedora, etc, mesmo quando já foram alertados. Como colocar limites diante dessas situações?

Nesse caso, você pode estabelecer consequências caso essas ações continuem. Deixe claro para esta pessoa como você vai agir. Explique que se ela continuar você vai: se retirar, deixar de compartilhar estas questões com ela, etc. E caso esta pessoa volte a insistir, realmente faça o que prometeu, seja firme pois, desta forma, esta pessoa terá a oportunidade de sentir o impacto do comportamento dela. Muitas vezes é isso o que é necessário para que alguém comece a mudar seus comportamentos e a respeitar mais o limite dos outros.

É importante lembrar que intimidade não é invasão, e sim sobre poder dizer como me sinto, poder me mostrar e ser vista de verdade.

Além disso, quando conseguimos dar um basta, nos posicionar ou negociar situações que nos incomodam, vamos nos fortalecendo. Começamos a entender que podemos contar com nós mesmos para enfrentar desafios. E mesmo que tenhamos que lidar com culpa – pois no começo é muito provável que a gente vá sentir ela ao estabelecer nossos limites – sabemos que podemos cuidar dos nossos sentimentos pois temos alguém do nosso lado que nos protege e acolhe. E esse é alguém somos nós.

Limites nas finanças

Agora existem também outros limites nas nossas vidas. Diversas pessoas têm dificuldades para entrar em contato com limites, principalmente quando falamos de dinheiro. O que fazer? Uma das coisas mais belas sobre aprender limites é que isso nos obriga a estar em contato com a: realidade. Isso significa sair da fantasia e da ideia de que as coisas são infinitas. A palavra limites já diz: algo que é limitado. E o que é limitado? Nosso tempo, nossa energia, nossos recursos. E isso é estar em contato com a realidade.

Se nosso tempo e energia são limitados, não poderemos dizer sim para tudo, não conseguimos dar conta. E por isso precisamos priorizar as coisas baseadas nos nossos valores e objetivos mais importantes para nós.

Assim é também com a nossa vida financeira. Se sabemos que este é um recurso limitado (e cada um sabe das sua situação), podemos encarar a nossa realidade financeira pensando no quadro geral dela, revendo os gastos, dando prioridades. E isso não significa tirar o nosso prazer também. Apenas ter uma ideia clara do que será destinado a isso de acordo com o que podemos agora.

E é interessante pensar que quando realmente sabemos do que gostamos e nos dá prazer, podemos dizer não mais facilmente a muitas das gratificações instantâneas impulsivas que muitas vezes são ralos de escoamento que não nos permitem investir no que realmente importa: em criar uma vida boa para nós, com mais segurança, prazer e menos desespero.

Agora podemos também depender financeiramente de alguém, isso pode trazer várias questões para nossa vida também. Nestes casos limites também serão importantes. Se está é a nossa situação, o ideal é que possamos pensar na prevenção de futuros problemas deixando tudo sempre muito claro e acordado. Alinhe expectativas, deixe claro as suas e de todos os envolvidos.

Se tiver dúvidas, pergunte. Pergunte para a pessoa o que ela espera de você enquanto está te ajudando. Veja se isso funciona para você. Ao fazer isso, você estará estabelecendo um acordo entre vocês, e você se sentirá mais seguro entrando de forma mais tranquila e transparente nessa situação. Além de estar prevenindo muitos desgastes nesta relação.

E sim, é possível que você possa ficar decepcionado com algumas respostas, sempre que decide deixar as coisas mais claras. Entretanto sabendo do desejo e intenções do outro, e podendo expressar os seus, terá como negociar os quesitos desse acordo antes de ficar refém de situações ou sentimentos desconfortáveis.

E saiba: sempre existe a possibilidade de reconfigurar um acordo, checar como as coisas estão para todos e se existem formas de melhorar.

Para pôr limites é preciso que a gente entenda o que eles são, quais são os nossos e que temos direto a eles e os outros também.

Fonte: MSN
Texto: Ariana Schlösser