Sobre a autoestima e cirurgia plástica

Uma pequena reflexão sobre a imagem refletida no espelho que cada um tem em casa.

Free Pik
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Outro dia fui convidada para um bate-papo sobre o padrão estético da atualidade, na FM Universitária. No programa Educando Consciências conversamos sobre autoestima e os procedimentos estéticos, bem como sobre o alto índice de cirurgia plástica em nosso país. Trago nesse texto um resumo.

Sabemos que o Brasil é campeão em plásticas. Não vejo o procedimento como algo ruim, mas tem de existir limite, um senso de realidade. O fato é que hoje a plástica é usada como solução mágica para problemas de autoestima; e sabemos que esta passa, sobretudo, pela aceitação de si mesmo. Um trabalho de autoconhecimento e ressignificação de emoções e sentimentos, em terapia, pode trazer resultados duradouros e eficazes.

Lembremos que a autoestima é a avaliação que faço de mim em termos de gostar ou não gostar de algo na minha imagem, de avaliar como positivo e negativo alguma característica. Essa avaliação pode ter como base algo real ou imaginário.

Se a pessoa tem orelha de abano, por exemplo, ela tem um motivo real para a avalição sobre si, que pode ser negativa. Nesse caso, a decisão por uma plástica vai ajudar na autoestima. A cirurgia pode conferir autoconfiança a pessoa. Ela terá coragem de andar com o cabelo amarrado ou para trás das orelhaa; terá mais segurança para estabelecer relações.

O problema da plástica é quando a escolha se banaliza e o recurso é visto como solução mágica para um defeito imaginário. Não há cirurgia plástica no mundo que ajude na minha autoestima se não trato a cabeça, pois posso me submeter ao procedimento, mas continuarei olhando para minha imagem com uma avaliação negativa dela.

Temos na modernidade o comportamento do aparentar ser mais importante do que ser o que se é. Talvez por isso essa corrida pelo aparentar uma boa imagem em vez de ter uma imagem calcada na realidade e ser feliz com ela, sem ser pausterizada pelas exigências estéticas do momento. As pessoas pensam ser mais fácil resolver um problema pela cirurgia do que trabalhar suas emoções e sentimentos.

Na cirurgia, o médico faz o procedimento e não há implicação do paciente no sentido subjetivo. Já na psicoterapia, ele precisar se implicar, trabalhar com sofrimento, para passar a se gostar. Isso é um processo que leva tempo e exige esforço, talvez por isso algumas pessoas prefiram as soluções mais rápida.

Hoje as relações, via de regra, são efêmeras e baseadas na imagem. Então aparentar em vez de ser, é o que rege esse tipo de relação superficial. É interessante pensarmos se queremos viver no mundo das aparências ou se preferimos mergulhar em nós mesmos para descobrirmos nossa essência e vivermos em paz com a imagem refletida no espelho.

Por Adriana Lemos
Psicóloga e jornalista