O desejo sexual entre pessoas com deficiência intelectual é uma realidade que, durante muito tempo, foi reprimida por familiares e pela sociedade. Receosos de que seus filhos manifestem a sexualidade em público ou de que sejam vítimas de abuso, muitos pais ainda refreiam um instinto natural a todo o ser humano.
De acordo com a terapeuta sexual, Kyslley Urtiga, com as mudanças na concepção geral sobre a sexualidade e a criação de organizações sociais voltadas para a inclusão de pessoas com deficiência intelectual, surgiram significativas alterações na visão sobre elas, deixando de focar exclusivamente em sua limitação e passando a considerá-la em sua totalidade, como indivíduos que possuem desejos e necessidades como as demais pessoas.
“O deficiente intelectual, como qualquer outra pessoa, tem necessidade de expressar sua sexualidade. A falta de informações relacionadas à educação sexual pode levar a problemas de interação social e de construção de uma identidade social. Uma educação sexual adequada pode auxiliar as pessoas com deficiência intelectual a encontrarem formas saudáveis de satisfazer seus impulsos, além de diminuir radicalmente os riscos de abuso sexual, comportamentos socialmente inadequados, gravidez indesejada e incidência de doenças sexualmente transmissíveis ”, disse.
Kyslley salienta que a influência familiar é determinante no processo de integração social dos indivíduos com DI, podendo atuar de maneira facilitadora ou impeditiva de sua autonomia e identidade, definindo o quão satisfatório será seu desenvolvimento psicossocial e sexual. “Muitas mães encaram seus filhos com deficiência intelectual como sexualmente infantis, afirmando a ideia de que apenas os adultos economicamente independentes têm direito a uma vida sexualmente ativa”, pontua a especialista.
A vivência sexual dos jovens com deficiência intelectual, quando bem conduzida, melhora o desenvolvimento e o equilíbrio afetivo, incrementa a capacidade de estabelecer contatos interpessoais, fortalece a autoestima e contribui para a inclusão social. Conversar, orientar e construir no interior da família uma relação de confiança é primordial para ajudar esses jovens a lidar com sua sexualidade. “Os pais têm total condição de estabelecer esse vínculo e, caso acreditem que a situação é um pouco mais complexa, devem procurar um profissional especializado”, esclarece.