Quando não há limite no ato de comprar

O comprador compulsivo precisa comprar para se sentir bem

A novela Salve Jorge, atualmente no ar pela rede Globo de televisão, traz uma personagem bem sucedida na profissão: a delegada Helô, mas que no seu íntimo sofre e tem compulsão por compras, muitas das quais ela nem chega a abrir o pacote; os guarda como recebeu na loja. O enredo aponta que tem alguma coisa fora do lugar na vida da personagem, alguma carência ou falta. Então fica a indagação sobre a motivação do ato de comprar compulsivamente.

Para começo de conversa vamos entender o que é a compulsão. De forma simples, é um ato repetitivo, algo que não se consegue parar de fazer. A compulsão quer seja por compras, jogos, comida, sexo ou por outra coisa qualquer funciona como um alívio de tensões, ansiedades. Nas fases iniciais o ato proporciona prazer, mas depois pode surgir culpa e arrependimento.

Há teóricos que dizem ser a compulsão uma dor emocional não vivenciada, que não queremos entrar em contato, que gera baixa autoestima, por exemplo. Então a compulsão por compras pode ser um modo de compensar a falta de algo (de ser amado, aceito, admirado, etc.). Nesse sentido a compulsão seria uma gratificação emocional e normalmente um alívio da angustia.

Existe uma correlação pontecial da compulsão por compras com outros transtornos do humor, como o transtorno obsessivo-compulsico (TOC) e o e transtornos de impulso.

É importante destacar que compulsão por compras não é a mesma coisa que comprar por impulso. Todo mundo está sujeito uma vez ou outra comprar um objeto sem pensar, simplesmente por impulso (e a propaganda/marketing muitas vezes nos pega nisso e nos faz comprar). Só é compulsão quando o ato de comprar prejudica a vida financeira/emocional da pessoa que tem o transtorno.

Sobre as causas da compulsão por compras não há nada estabelecido. Fala-se em vulnerabilidade e predisposições, seja de elementos familiares, tais como hábitos consequentes à extrema insegurança e aprendidos no seio familiar, seja por razões individuais e relacionadas a vivências do passado e ao dinamismo psicológico pessoal. Também são consideradas questões biológicas de acordo com o funcionamento orgânico e mental do indivíduo.

Por fim, a pessoa que sofre com esse transtorno necessita do acompanhamento de um profissional de saúde mental psiquiatra/psicólogo. E a meta é fortalecer o lado emocional do sujeito para que ele possa conter o impulso em comprar. A avalição de um médico psiquiatra também pode ser necessária para o uso ou não de medicação em conjunto com a psicoterapia.

Por Adriana Lemos – Jornalista e psicóloga
*Da equipe Cuidarte