Para além do sintoma de TDAH

Pais  devem ficar atentos  à generalização e rotulação de crianças ditas com TDAH

 

Conforme  Tovar Tomaselli, TDA ou TDAH, seja como for, a nosso ver constitui-se cada vez mais uma espécie de “certeza diagnóstica” muitas vezes infundada. Acaba sendo o resultado de uma espécie de “transtorno” de atenção, muitas vezes acompanhado de uma hiperatividade dos cuidadores e profissionais, que acabam muitas vezes não sabendo o que fazer com aquilo que é sintoma e não causa de situações conflitantes inter e intra-psíquicas.

Muito se tem falado em Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), sendo este um tema de muito interesse hoje, principalmente para os pais. Pois o indivíduo dito com “TDAH” precisa de uma atenção especial da parte dos cuidadores. O que ouvimos hoje é que o sujeito que tem “TDAH” é inteligente e criativo, mas não consegue desenvolver todo seu potencial em função do transtorno que tem três características principais: desatenção, impulsividade e hiperatividade. Apresenta dificuldade em assistir uma palestra, ler um livro ou permanecer em atividades que exijam concentração sem que desvie sua atenção para bem longe e se perca numa imensidão de pensamentos. É comum cometer erros por falta de atenção a detalhes e faz várias coisas ao mesmo tempo, ficando com várias tarefas por terminar. Estas são algumas das características que já são rotuladas como sendo comportamento do TDAH.

Devemos ficar atentos à generalização e rotulação de crianças ditas com “TDAH”. Tal olhar descartar a subjetividade humana e impossibilita a elaboração de suas questões, tornando o sujeito cada vez menos capacitado de opinar sobre o seu próprio percurso.

Sendo assim é importante ressaltar sobre o diagnóstico e tratamento corretos, pois se tratados de forma errada podem causar grandes prejuízos ao indivíduo nas várias esferas da sua vida (profissional, pessoal, social).

Portanto é importante um “diagnóstico” que compreenda a complexidade do agir das crianças nas suas diversas interfaces a fim de possibilitar um atendimento clínico ampliado e o tratamento correto que respeita a singularidade de cada um, não rotulando em características ou sintomas. Em alguns casos faz-se necessário o uso de medicamento, mas o que se observa é uma medicalização generalizada. A psicoterapia de base psicanalítica se coloca como importante aliada, uma vez que os sintomas secundários ao “transtorno” não são minimizados com a medicação. A psicoterapia psicanalítica com o sujeito dito com “TDAH” propõe o resgate do sujeito na cena, possibilitando que ele se encarregue daquilo que é seu, desenvolvendo possibilidades de lidar com conflitos em um nível que envolva também o intrapsíquico e não apenas o intersubjetivo. Tirando assim, o sujeito de uma posição de impotência e passividade frente à situação.

 

Polliana Melo – Psicóloga

*Da Equipe Cuidarte