Veja dicas de como introduzir a meditação na sua rotina

Técnicas meditativas ajudam a trazer mais clareza mental para o seu dia a dia

Meditar não é difícil e você não precisa fugir para as montanhas para praticar, como um monge budista. Basta separar alguns minutos da sua rotina e ir implementando, aos poucos, a meditação na sua vida. Quem ensina é a professora de yoga, Patrícia Britto. “É possível usar técnicas meditativas para trazer mais clareza mental para o seu dia a dia. Isso ajuda a conhecer melhor como funciona sua mente, o que traz uma série de benefícios: redução da ansiedade, melhor gerenciamento das emoções, capacidade de sentir-se em paz independentemente das circunstâncias externas, mais habilidade de concentração, melhora do humor, entre outros”, diz.

Veja o passo-a-passo

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Crie o hábito
Escolha um lugar e horário, de preferência pela manhã, para meditar todos os dias. Manter uma rotina ajuda a mente a entrar no estado meditativo quando a hora se aproximar. Procure um local silencioso para evitar distrações.

Comece aos poucos
Começar com 10 minutos por dia é suficiente e, depois de um mês, em média, você já pode começar a sentir os efeitos.

Espinha ereta
Sente-se em uma postura confortável, com a coluna ereta. Não precisa necessariamente cruzar as pernas em lótus e pode inclusive usar uma almofada, apoiar as costas ou se sentar em uma cadeira. Se a postura for desconfortável, sua atenção vai ser desviada para a dor e dificilmente você vai conseguir se concentrar por muito tempo.

Dica: Evite meditar deitado ou no ambiente onde você dorme. Se a mente ainda não está acostumada, quando você reduzir o fluxo de pensamentos terá mais chance de pegar no sono.

Mente quieta
Ao fechar os olhos, observe seu corpo e tente eliminar qualquer tensão física. Escolha o objeto da sua meditação: pode ser a respiração, um mantra, uma parte do corpo. Procure manter toda sua atenção concentrada neste objeto.

Coração tranquilo
Se vierem pensamentos, memórias ou sentimentos, simplesmente observe-os sem interferir, espere eles passarem e volte a se concentrar. É muito comum que os pensamentos voltem. Não lute contra eles, não se julgue nem desanime.

Dica: Se sentir vontade de se mexer ou se coçar, primeiro tente ignorar. Se a vontade persistir, mexa, coce, e volte a se aquietar quantas vezes for necessário

Treine
No início, é normal sentir desconforto. Manter uma atividade física regular ajuda a conseguir ficar parado por mais tempo sem sentir dor.

Fonte: Folha

5 sinais de que seu filho não está dormindo o suficiente

Se você costuma perder as contas das horas diárias de sono, é bom ficar atento aos sinais de cansaço

Além de importante para o nosso bem-estar, sabemos que o sono é fundamental para a saúde. Inúmeros estudos comprovam, afinal, o quanto é preciso dormir bem – e na quantidade ideal – para uma criança crescer e se desenvolver adequadamente. Por isso, os pais devem estar atentos à quantidade recomendada de horas diárias de sono e alguns sinais clássicos de que as crianças não estão dormindo o suficiente:

1. Apresenta queda de rendimento na escola, hiperatividade ou déficit de atenção.

2. Fica com cara de cansado, com olheiras, bocejando muito durante o dia, esfrega ?os olhos, coça a orelha.

3. Chora aparentemente sem motivo, fica nervoso e tem dificuldade de manter-se acordado durante o dia.

4. Perde ou deixa de ganhar peso, uma vez que o cansaço faz com que as crianças fiquem sem força ou ânimo para se alimentar adequadamente.

5. Tem dificuldade para adormecer, ronca ou tem muitos pesadelos.

Fonte: Crescer

Por que quanto menos você dorme, mais curta será sua vida

Você provavelmente está farto de ouvir líderes políticos e empresários falarem o tempo todo que dormem muito pouco. O problema é que isso não é uma característica admirável: a falta de sono é muito prejudicial para nossos corpos e cérebro.

Matthew Walker, professor de neurociência e psicologia da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, explica por que você deveria parar de admirar pessoas que dormem pouco. Walker é autor de Por Que Dormimos, um livro com o potencial de mudar (e estender) sua vida

Aqui, ele explica tudo o que você deve saber sobre o sono e como desenvolver hábitos de vida mais saudáveis.

Por que dormir é importante

As descobertas da ciência até agora apontam que quanto menos tempo de sono, mais curta será a sua vida. Então, se você quer chegar à velhice de maneira saudável, deve investir em uma boa noite de sono.

De fato, dormir é tão benéfico que Walker começou a pressionar os médicos a prescreverem isso a seus pacientes.

No entanto, essa indução ao sono tem de acontecer naturalmente. Muitos estudos relacionam remédios para dormir a um aumento do risco de câncer, infecção e mortalidade.

Garoto segura a cabeça pensativoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionNosso corpo e nossa mente não funcionam direito se a noite foi mal dormida

O que acontece com nosso corpo e nossa mente se não dormimos?

Muitas das doenças de que sofremos têm uma ligação significativa com a falta de sono – por exemplo, o mal de Alzheimer, câncer, doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, depressão, ansiedade e até mesmo tendências ao suicídio.

É que, durante o sono, ocorre uma espécie de “revisão” de todos os sistemas fisiológicos importantes do nosso corpo e de cada rede ou operação da mente. Se você não dorme o suficiente, essa revisão é prejudicada e seu corpo será afetado.

Após 50 anos de pesquisa científica, a questão na cabeça dos cientistas não é mais “o que o sono faz pela gente?” e sim “o que não faz o sono pela gente?”.

Mulher dormindo na camaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA vida moderna nos faz usar mais do tempo durante o dia para atividades e compensar com menos horas dormidas

Quantas horas devemos dormir para nos sentir bem?

Você deve dormir pelo menos de sete a nove horas por dia. Se dormir menos de sete horas, seu sistema imunológico e seu desempenho cognitivo começarão a ser afetados.

Depois de estar acordado 20 horas seguidas, você se sentirá tão incapacitado quanto se estivesse bêbado – tanto que um dos problemas com a privação de sono é que você não percebe de imediato o dano que ela causa.

É como um motorista bêbado em um bar que pega as chaves do carro e diz: “Estou bem, posso dirigir”. Mas todo mundo ao redor sabe que ele está incapacitado para assumir a direção de um veículo.

Cada vez dormimos menos. Por quê?

Se analisamos os dados das nações industrializadas, notamos uma tendência clara: nos últimos cem anos, o tempo que dormimos diminuiu.

Se dormimos menos, é mais difícil entrar na fase REM (movimento rápido dos olhos, na sigla em inglês), o ciclo em que sonhamos. E qualquer interferência na fase REM é muito prejudicial, pois ela é crucial para a nossa criatividade e saúde mental.

Bebê dormindo com cachorro do ladoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionHá um estigma sobre quem dorme 8 horas ou mais, mas não com bebês, porque sabe-se que o sono é importante para eles

Existem várias razões pelas quais as pessoas dormem cada vez menos, segundo Walker:

1 – Falta de conhecimento: A comunidade científica sabe como é crucial dormir bem, mas, até agora, não foi capaz de comunicar efetivamente isso para o público em geral. A maioria das pessoas não entende por que o sono é importante.

2 – Ritmo de vida: Em geral, estamos trabalhando mais horas e passamos mais tempo indo e vindo do trabalho. Saímos de casa muito cedo e voltamos para casa tarde da noite e, naturalmente, não queremos deixar de passar tempo com a família e com os amigos. Estar com a família, sair com os amigos, assistir TV… no final, sacrificamos horas de sono.

3 – Atitudes e crenças: O sono não é bem visto pela sociedade. Se você disser a alguém que dorme nove horas, pensarão que você é preguiçoso. Então, estigmatizamos o sono, e muitas pessoas se gabam de quão pouco dormem todas as noites. Isso nem sempre foi assim. Ninguém vai chamar de preguiçoso um bebê dormindo, porque sabemos que o sono é essencial para seu desenvolvimento. Mas essa noção muda quando atingimos a idade adulta. Não apenas abandonamos a ideia de que o sono é necessário, mas também punimos as pessoas por dormir quando precisam.

4 – Falta de luz natural: Não gostamos de ficar sem luz quando escurece. Mas a escuridão é necessária para liberar um hormônio essencial que nos ajuda a dormir, chamado melatonina. Infelizmente, um dos efeitos colaterais da modernidade e seus avanços tecnológicos é que estamos constantemente sob luz artificial. Isso piorou com a chegada das telas de LED, que projetam uma poderosa luz azul que bloqueia a produção da melatonina.

5 – Temperatura: Outro efeito colateral inesperado da modernidade é não mais experimentarmos o fluxo natural de frio e calor durante o período de 24 horas. Todos queremos lares quentes, mas também precisamos de um pouco de ar fresco para dormir bem. Nosso cérebro e nosso corpo precisam reduzir essa temperatura central, aproximadamente 1°C mais baixa, para que possamos relaxar de maneira natural. A maioria de nós coloca o aquecimento em nível muito alto: se você quiser dormir bem, programe seu termostato a 18ºC à noite.

Menino dormindo em frente ao laptopDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA maior exposição das pessoas a fontes de luz artificial, como telas, atrapalham a produção do hormônio do sono

Por que não recuperamos as horas de sono perdidas

Identificados os erros, mas será que o dano pode ser revertido?

Uma das grandes mentiras é que, se você não dormiu bem, pode “recuperar o sono”. Não pode. O sono não é como um banco, em que você pode acumular uma dívida e depois pagá-la.

Mas é o que muitas pessoas fazem: dormem pouco durante a semana e querem se recuperar durante o final de semana. Isso é chamado de jet lag social ou até mesmo bulimia do sono. O que você pode fazer, na verdade, é mudar seus hábitos.

Estudos mostram que pessoas que antes dormiam mal, mas mudam sua rotina e começam a dormir mais, evitam a deterioração degenerativa e o mal de Alzheimer por mais de dez anos, em comparação com pessoas que mantiveram um padrão de sono insuficiente.

Por que não podemos armazenar o sono?

Imagine quão maravilhoso seria se pudéssemos armazenar horas de sono e usá-las como gostaríamos.

Há um precedente na biologia chamado de célula adiposa. A evolução nos deu essa célula, graças à qual podemos armazenar energia em tempos de abundância que nos permite sobreviver em tempos de fome.

Então, por que não desenvolvemos um sistema semelhante para armazenar o sono?

Porque somos a única espécie que, deliberadamente, se priva do sono sem motivo aparente.

É por isso que mesmo uma única noite de sono ruim pode afetar nosso corpo e nosso cérebro.

 

Fonte: BBC

Boas ações podem ter efeito ‘contagioso’, indicam estudos

Em 2014, vídeos em que celebridades e anônimos viravam baldes de água com gelo sobre as próprias cabeças inundaram as redes sociais. A campanha, que buscava incentivar doações para pesquisas sobre esclerose lateral amiotrófica, se espalhou por vários países como uma onda de boa ação e contribuiu para descobertas científicas importantes.

O sucesso do “desafio do balde de gelo” é um exemplo de como a generosidade pode ser contagiosa. Mas por que milhares de pessoas se submeteram a um banho gelado e ainda doaram seu dinheiro para pesquisas sobre uma doença rara, causa que dificilmente as beneficiaria de forma direta?

Esse é o tipo de pergunta que cientistas como Jamil Zaki, professor da Universidade Stanford (EUA), tentam responder por meio de pesquisas. Uma das maneiras de entender como as boas ações se disseminam pela sociedade, segundo Zaki, é pela ótica da conformidade, que é a tendência de alinhar atitudes e crenças às das pessoas ao redor.

“Fundamentalmente, somos uma espécie social. As pessoas são muito motivadas a serem parte de um grupo e compartilhar um senso de identidade”, diz o pesquisador. “Uma forma de fazer isso é imitando comportamentos, opiniões e emoções.”

Influência do entorno é chave
No passado, o conceito de conformidade ganhou uma fama ruim quando estudos começaram a constatar que a pressão social era capaz de induzir indivíduos a adotar comportamentos nocivos ou duvidar de seu próprio julgamento. Em um experimento clássico, o psicólogo polonês Solomon Asch mostrava a um voluntário dois cartões: um deles continha uma linha reta e o outro, três linhas retas de tamanhos diferentes.

O participante tinha de identificar qual delas tinha o mesmo comprimento da linha de referência. Quando outros participantes escolhiam a resposta claramente errada, o sujeito tinha mais chance de seguir a maioria, indo contra o que seus próprios olhos estavam vendo.

Zaki, por outro lado, estuda como a conformidade pode levar a comportamentos positivos. Em uma série de experimentos coordenados por ele, os participantes que observaram seus colegas fazerem doações generosas para instituições de caridade decidiram abrir mais a carteira do que os que observaram doações mesquinhas.

Os resultados, publicados pela revista Personality and Social Psychology em 2016, também mostraram que o impacto de se observar a generosidade alheia não se limitou a copiar suas boas ações. A influência positiva também fez os participantes se mostrarem mais solidários em relação aos outros participantes e com mais empatia diante de situações adversas.

Cientistas também conseguiram mapear o modo como atos de cooperação podem se multiplicar pela sociedade. Um estudo feito por pesquisadores de Harvard e da Universidade da Califórnia em San Diego mostrou que indivíduos beneficiados por doações durante um jogo repassaram a generosidade a outros participantes, que por sua vez beneficiaram um terceiro grupo.

A pesquisa, publicada em um artigo da revista Proceedings of the National Academy of Sciences em 2010, mostra que a gentileza inicial foi capaz de atingir pessoas com até três graus de separação em relação ao primeiro benfeitor.

Estratégia vitoriosa em termos sociais
Mas a decisão de cooperar com outros membros da sociedade não é apenas um ato de pura e desinteressada generosidade. É, sim, uma estratégia vitoriosa em termos evolutivos, de acordo com Martin Nowak, professor de Harvard e diretor do Programa de Dinâmicas da Evolução da universidade. Segundo o especialista, a cooperação – seja entre humanos, insetos ou células – quase sempre se dá quando existe uma expectativa de se obter algo em troca no futuro.

Nowak propõe cinco mecanismos que explicam, à luz da evolução, por que um indivíduo resolve colaborar com o outro. O primeiro é a reciprocidade direta: eu ajudo e você me ajuda.

O segundo é a reciprocidade indireta: eu ajudo você, por isso ganho uma boa reputação e outra pessoa me ajuda graças a essa reputação. O terceiro é a reciprocidade espacial: eu ajudo meus vizinhos e assim aumento minhas chances de ser ajudado.

O quarto é a seleção de grupos, que se baseia no fato de que grupos de “cooperadores” se dão melhor do que grupos de “egoístas”. O quinto é a seleção por parentesco: eu ajudo meus familiares porque tenho mais chances de compartilhar genes com eles e quero disseminar esses genes pela população.

“A cooperação – além da competição – está envolvida sempre que a evolução constrói algo novo, algo diferente”, diz Nowak. “Por isso, eu tenho chamado a cooperação de ‘arquiteta mestre’ do processo evolutivo.”

Comunicação é essencial
Além de experimentos em que os participantes têm de decidir se ajudarão ou não seus companheiros em diferentes circunstâncias, outro método para estudar como as pessoas cooperam umas com as outras é de forma teórica, por meio de modelos matemáticos.

Segundo Francisco C. Santos, professor do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, esses estudos teóricos são baseados em um ramo da matemática chamado teoria dos jogos.

“A teoria dos jogos é usar a matemática para estudar conflitos de interesse”, diz Santos. Por exemplo, se um indivíduo está disposto a pagar um custo para proporcionar um benefício a alguém, é possível usar esses dados para construir equações capazes de prever as dinâmicas que podem ocorrer em diferentes cenários.

“Se conseguirmos compreender quais são os mecanismos subjacentes da cooperação, esse conhecimento é útil para promovermos a cooperação onde ela não existe.”

Apesar das vantagens evolutivas de adotar uma atitude cooperativa, é fácil pensar em situações da vida real em que ninguém está disposto a ajudar as pessoas ao redor. Ou, pior, circunstâncias em que atitudes egoístas se espalham pela sociedade como um vírus. De fato, algumas pesquisas mostram que atos de indiferença podem ser tão contagiosos como quanto atos de altruísmo.

De acordo com Martin Nowak, a gentileza só se espalha pela sociedade quando os mecanismos que permitem essa disseminação são fortes o suficiente. Por exemplo, se o indivíduo que ajuda o próximo ganhar uma reputação boa o bastante para que outros decidam ajudá-lo, então, a gentileza se espalhará naquele grupo. “Se esse mecanismo não for forte o suficiente, a cooperação vai perder e a indiferença vai ganhar”, diz o pesquisador.

Um dos ingredientes essenciais para garantir que a onda de boas ações se espalhe, segundo Nowak, é a comunicação. “A ideia é que a reputação do indivíduo que colaborou seja conhecida. É importante disseminar informações sobre as decisões que os indivíduos tomaram em termos de cooperação.”

Experimentos já mostraram, por exemplo, que mais pessoas decidiram comparecer às urnas em uma eleição quando viram no Facebook que seus amigos fizeram o mesmo. Da mesma forma, no fenômeno do desafio do balde de gelo, o fato de os vídeos terem se tornado virais teve um grande papel na multiplicação das doações.

Intervenções
Francisco C. Santos e seus colegas têm utilizado os modelos matemáticos para encontrar soluções para situações em que a falta de cooperação é notável, como a busca de um acordo para prevenir mudanças climáticas.

Ele observa que, sim, os seres humanos são propensos à cooperação. Mas isso ocorre principalmente em pequenas comunidades. Quando o assunto são mudanças climáticas, é preciso cooperar com o mundo inteiro. “Esse é um problema global, não local, o que faz com que seja tão difícil promover a cooperação nesses contextos.”

Essa é justamente a premissa de um livro que Jamil Zaki deve lançar em breve nos Estados Unidos (The War for Kindness: Building Empathy in a Fractured World, ou A guerra por gentileza: construindo empatia num mundo estilhaçado, em tradução livre e sem previsão de lançamento no Brasil).

De acordo com Zaki, os humanos evoluíram para ser socialmente conectados e inclinados a ter empatia. Mas essa evolução ocorreu quando vivíamos em pequenas comunidades, ao redor de pessoas parecidas conosco e onde todos dependiam uns dos outros.

“Hoje, vivemos em um mundo gigante, somos conectados a milhares de pessoas, algumas das quais veremos só uma vez na vida, e possivelmente ao redor de grupos que nos ameaçam”, diz Zaki.

Segundo o pesquisador, as regras sob as quais nós evoluímos para sermos empáticos foram quebradas. “Vivemos em um momento em que é muito mais difícil ter empatia, por isso vemos um crescente de ódio, desconexão e isolamento.”

O cenário parece desolador. Mas Zaki garante que é possível reverter a situação se adotarmos estratégias para treinar o nosso “músculo empático”. Ele cita estudos que concluíram que uma variedade de intervenções – como a leitura de obras literárias ou o uso de técnicas de dramatização – são capazes de aumentar o grau de empatia dos participantes. Para ele, a esperança de vivermos em um mundo mais cooperativo está em exercitarmos ativamente nossa empatia.

 

Fonte: BBC

Riso ajuda no desempenho no trabalho

 

Cientistas dizem que dar risada com os colegas pode estimular a inovação e favorecer a colaboração entre os membros da equipe no ambiente corporativo.

O riso pode ser um atalho para formar equipes de trabalho mais fortes e criativas?

Muita gente acha que rir no escritório pode dar a impressão de que está “faltando serviço”. Discussões que até pouco tempo eram presenciais, realizadas na mesa de um colega, acontecem cada vez mais por e-mail ou programas de troca de mensagens instantâneas.

Nesse contexto, o bate-papo pode, muitas vezes, parecer desnecessário.

Mas e se, em vez de sinalizar ociosidade, rir com os colegas for algo que favoreça a colaboração da equipe e estimule a inovação?

Depois de anos sem dar muita atenção ao riso, os cientistas estão começando a chegar a essa conclusão.

Ciência divertida

Para começar, o que é o riso?

Nas últimas duas décadas, muitos estudos sobre o tema foram conduzidos pelo neurocientista Robert Provine, professor de psicologia na Universidade de Maryland, em Baltimore, nos Estados Unidos.

“A risada é um sinal social humano por excelência. Rir é se relacionar”, diz um trecho do livro Laughter: A Scientific Investigation (“Risada: uma investigação científica”, em tradução livre), de sua autoria.

Provine descobriu que somos 30 vezes mais propensos a rir quando estamos com outras pessoas do que quando estamos sozinhos.

“Tendemos a ignorar o fato de que a evolução do riso se deve ao seu efeito sobre os outros, e não a algo para melhorar nosso humor ou saúde”, argumenta.

A pesquisa mostrou que, no ambiente de trabalho, o riso é desencadeado principalmente por conversas triviais a partir de comentários como: “vamos dar um jeito nisso”, “acho que já terminei” ou “pronto, aqui está”.

Quem não se lembra de situações no trabalho em que um simples bate-papo tenha acabado em risada? Não são piadas, mas momentos de conexão com os colegas.

O riso é um sinal subconsciente de que estamos em um estado de relaxamento e segurança, afirma a professora Sophie Scott, da University College London (UCL), no Reino Unido. Por exemplo, muitos mamíferos manifestam reações semelhantes ao riso, mas podem ser interrompidos por causa de certos estados emocionais.

“Os ratos param de rir quando se sentem ansiosos”, diz ela. “Humanos fazem a mesma coisa. Se as pessoas estão rindo, é um sinal de que não estão em estado de ansiedade. É um indicador de que o grupo está indo bem.”

Em outras palavras, se os membros de uma equipe estão rindo juntos, isso significa que eles baixaram a guarda.

Isso é importante, pois há pesquisas indicando que, quando nossos cérebros estão relaxados, conseguimos associar livremente as ideias com mais facilidade, o que pode potencializar a criatividade.

Lampejos de inspiração

Os cientistas John Kounios, da Universidade Drexel, na Pensilvânia, e Mark Beeman, da Universidade Northwestern, em Illinois, fizeram um experimento para ver se o riso ajudava um grupo a resolver complicados testes de lógica.

Inicialmente, os pesquisadores exibiram cenas de comédia do ator Robin Williams. E, na sequência, apresentaram as questões. O objetivo era analisar se o riso facilitaria o surgimento de insights no giro temporal superior anterior dos participantes – parte do cérebro localizada acima da orelha direita, associada à conexão de ideias distantes.

O estudo mostrou que uma breve gargalhada aumentava em 20% a taxa de resolução dos testes. Mas, por quê? Segundo Kounios e Beeman, provavelmente a aparente falta de concentração relacionada ao riso permite à mente manipular e conectar conceitos de uma forma que a concentração estrita não conseguiria.

Talvez dar risada nos ajude a eliminar o estresse nos locais de trabalho. Teresa Amabile, professora em Harvard, nos EUA, passou 40 anos tentando entender quando somos mais criativos.

Suas reflexões – algumas das mais citadas no campo da psicologia do trabalho – revelam que um ambiente de trabalho positivo é mais criativo do que estressante. O estresse é inimigo da inovação.

“Quando a criatividade é ameaçada de morte, geralmente acaba sendo assassinada”, declara Amabile em um de seus estudos mais conhecidos.

Predisposição ao riso

O riso tem, portanto, múltiplas funções. Nos faz sentir mais conectados como equipe e, como consequência, reduz nosso bloqueio criativo, levando a uma geração maior de ideias.

E como podemos aproveitar esses benefícios?

Provine sugere adotar uma postura de “predisposição ao riso”, o que significa simplesmente estar mais aberto a dar risada.

“Você pode escolher voluntariamente rir mais, ao diminuir seu limiar para diversão. Apenas esteja disposto e preparado para rir”, diz.

Ele também recomenda às empresas organizarem mais eventos sociais – reuniões corporativas destinadas apenas a juntar os funcionários, em vez de exibir 30 slides no PowerPoint.

Para Alex ‘Sandy’ Pentland, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), nos EUA, os escritórios modernos devem a maior parte de sua produtividade às formas mais antigas de interação.

“O email tem muito pouco a ver com produtividade ou criatividade”, afirmou Pentland, em uma palestra na sede do Google, em 2014.

Já não se pode dizer o mesmo das discussões presenciais, por exemplo.

“As conversas correspondem a 30%, e às vezes 40%, da produtividade nos grupos de trabalho”, estima o especialista.

A ideia de priorizar o debate e o riso dentro de uma equipe pode parecer supérflua e trivial para alguns. Mas lembre-se de que a ciência está do seu lado. E talvez, na próxima vez em que você rir, a inspiração apareça.

*Bruce Daisley é vice-presidente europeu do Twitter. Ele comanda o “Eat Sleep Work Repeat”, um podcast semanal sobre como melhorar a cultura de trabalho.

Fonte: Bem Estar

Falta de sono pode prejudicar controle dos movimentos do corpo

“Jetlag social” causado por privação de sono no dia a dia pode provocar problemas de atenção em tarefas simples

A falta de sono no dia a dia também pode causar problemas de atenção e concentração em pessoas aparentemente saudáveis, fenômeno conhecido como “jetlag social”, comprova pesquisa com participação da Escola Politécnica (Poli) da USP. Em testes realizados com estudantes, o desempenho em tarefas simples que exigem controle dos movimentos do corpo era melhor às segundas-feiras, após as horas de sono compensadas no final de semana. A descoberta pode ajudar a entender quais as áreas do cérebro são afetadas pela privação de sono, comprometendo o controle corporal.

O professor Arturo Forner Cordero, que coordenou a pesquisa, conta que o Laboratório de Biomecatrônica da Poli estuda a modelagem do controle motor humano para a aplicação em robôs e exoesqueletos. “Para isso, são realizadas experiências de controle motor, como, por exemplo, simular tarefas de aprendizado, controle dos movimentos das mãos, em caminhadas e de postura”, diz. “Esses testes costumam ser realizados com alunos de graduação. Em determinados períodos, como no final dos semestres letivos, porém, o desempenho dos estudantes era ruim e não havia ideia do motivo.”

Os pesquisadores realizaram um experimento com alunos do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, em Barbacena. “Os estudantes utilizaram durante nove dias um actímetro, um relógio de pulso que mede a atividade física e distingue os períodos de sono, repouso, vigília e atividade, os quais são registrados em um gráfico”, explica o pesquisador Guilherme Umemura, que integrou o grupo de estudos. “Também foram aplicados questionários sobre hábitos diários, para complementar a avaliação sobre restrições de sono.”

Nas sextas e segundas-feiras foram realizados testes de controle postural. “Os participantes eram instruídos a ficarem em cima de uma plataforma e eram submetidos a vários desafios estáticos e dinâmicos, como abrir e fechar os olhos”, diz Umemura. “O corpo humano, quando está em pé, nunca está totalmente parado, ele se movimenta em várias direções, e isso envolve mecanismos de controle do cérebro, como os da visão e da audição, por isso é importante o controle postural”, explica o professor.
“Jetlag” social

Os experimentos mostraram que o desempenho no controle postural era melhor na segunda-feira, depois do final de semana. “Acredita-se que as obrigações sociais reduzem os períodos de sono, o que pode levar a problemas de atenção e concentração, além de mudanças abruptas nos horários de dormir e sonolência. Esse fenômeno é chamado de ‘jetlag social’”, aponta Umemura.

“Nos finais de semana, em geral há uma compensação das horas de sono e, coincidentemente, o desempenho nos testes era melhor”, ressalta o pesquisador. “As comparações entre as respostas dos questionários e os gráficos de atividade e repouso revelaram uma diferença de aproximadamente duas horas entre o tempo de sono considerado ideal pelos alunos e a quantidade de sono apurada nos gráficos.”

De acordo com o professor, a hipótese para explicar o problema é que as áreas do cérebro mais sensíveis à privação do sono são as responsáveis pela cognição e pela integração sensorial. “Essas áreas são o córtex pré-frontal, responsável pela cognição e o planejamento motor; o tálamo, que da integração sensorial, que teria sua atividade diminuída”, descreve, “e o cerebelo, que faz o controle em tempo real do movimento; em resumo, todos esses processos possivelmente estão envolvidos no déficit motor.”

Forner Cordero alerta que é surpreendente encontrar problemas de controle postural em pessoas jovens e saudáveis, mas que não percebem a privação de sono. “Este não foi um estudo em que as pessoas ficam sem dormir, elas pensam que estão dormindo bem, mas a diferença no controle postural é significativa”, ressalta. “Também não são pessoas com restrições declaradas de sono, como trabalhadores de turnos. O estresse na qualidade e na quantidade do sono possivelmente traz malefícios ainda piores, como o aumento do risco de quedas, acidentes laborais e de trânsito.”

O estudo é descrito no artigo Social jetlag impairs balance control. Escrito por Guilherme Silva Umemura, João Pedro Pinho, Bruno da Silva Brandão Gonçalves, Fabianne Furtado e Arturo Forner Cordero, o texto foi publicado na revista Scientific Reports em 21 de junho. Além dos testes relatados no estudos, outros experimentos para avaliar desempenho motor e aprendizagem em pessoas com restrições de sono estão em andamento.

Fonte: Jornal.usp

Bedtime fadin, técnica para bebês pegarem no sono rápido

Um estudo australiano, publicado recentemente no periódico Sleep Medicine, acaba de mostrar um novo caminho para melhorar o sono dos pequenos.

O método, chamado de bedtime fading, consiste em adiar um pouco o horário de deitar para que a criança chegue na cama já bem sonolenta. A ideia é que, ao aumentar o tempo acordado e restringir um pouco a oportunidade de dormir, o sono venha mais fácil e o relógio biológico entre nos eixos.

Para testá-lo, os pesquisadores acompanharam durante dois anos 21 crianças com idades entre 1,5 e 4 anos e seus pais, que receberam instruções sobre os mecanismos do sono e instruções para aplicar a técnica em casa.

Depois de duas sessões de treinamento ao vivo e duas semanas de exercício em casa, melhoras imediatas foram observadas no descanso dos pequenos. Por exemplo, o tempo para pegar no sono, que ficava entre 23 e 11 minutos, caiu para uma faixa de 13 e 7 minutos. Já os episódios de birra semanais caíram de até 3 para menos de 1. Os benefícios se mantiveram por até dois anos depois do treino, período acompanhado pelos especialistas.

Como fazer o bedtime fading

Veja o passo-a-passo:

  1. Escolha um horário para seu filho acordar. Ele deve ser o mesmo em todos os dias da semana.
  2. Por algumas noites, atrase o horário de ir deitar em 15 minutos. Por exemplo, se ele vai para a cama às 20h, espere até 20h15.
  3. Nesse período, mantenha-o acordado com atividades leves, nada muito estimulante como TVs e jogos eletrônicos ou brincadeiras intensas demais.
  4. Se ele ainda demorar para pegar no sono, atrase mais um pouco a hora de dormir, de 20h15 para 20h30, em nosso exemplo.
  5. Faça isso até que ele adormeça mais facilmente e passe a noite toda dormindo. Depois, mantenha horários regulares para dormir e acordar.

Fonte:  Bebê.com.br

Perdoar promove bem-estar

Quem não perdoa fica com uma ferida aberta, liberando o tempo todo hormônios do estresse que podem fazer mal para o coração.

Existem dois tipos de perdão, o racional e emocional. Estudos que mostram que quando a gente perdoa racionalmente – não vou mais pensar nisso, talvez eu estivesse errado – diminui um pouco a carda negativa, mas é o perdão emocional – abrir mão das sensações negativas – que traz o benefício real para o corpo. É melhor para a diminuição do estresse, cortisol, e com isso melhora a saúde do coração.

A capacidade de perdoar é muito requintada, e por isso precisa ser treinada, repetida como um mantra. Não perdoar pode deixar o sistema de alerta sempre ligado. A constante liberação de hormônios do estresse, como adrenalina e cortisol, no nosso corpo faz mal, atrapalha o sono, aumenta a pressão arterial, a frequência cardíaca e a glicemia.

Pedir perdão não é fácil. Perdoar também não. Quando perdoamos, o estresse associado ao ressentimento diminui a ponto de suas consequências serem notáveis fisicamente. Diversos estudos mostram redução da pressão arterial, da frequência cardíaca, da tensão muscular. Quem perdoa também experimenta maior relaxamento, mais bem-estar e sensação de controle.

O perdão aumenta oxitocina, hormônio do relacionamento. Melhora a imunidade e a sensação de bem-estar, aumenta a liberação de serotonina e dopamina, neurotransmissores que melhoram o humor.

Fonte : Bem Estar

Seu filho manda em você? Saiba o que é a `Síndrome do Imperador´

Para a especialista, o problema começa quando os pais têm medo de frustrar os filhos e querem, a qualquer custo, fazer com que as crianças sejam felizes a qualquer custo.

Os pais dão tudo para ele, de festa ostentação em buffet infantil a brinquedos de última geração, mas ainda assim a criança está insatisfeita. Para ela, limites e regras não existem. Para os pais, o que fica é o sentimento de frustração de nunca conseguir agradar o filho. Apesar de parecer apenas um exemplo do que chamaríamos de “mimado”, o caso pode ser mais sério, definido como “Síndrome do Imperador”. Apesar de não ser reconhecido pelo DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais), o problema atinge muitas famílias brasileiras e, de acordo com especialistas, exige tratamento psicológico, tanto dos pais quanto das crianças.

O que define um pequeno tirano em casa é simples. “Basta você comparar com um bebê, que realmente demanda atenção. Mas não é normal quando a criança cresce e precisa de um superinvestimento dos pais, que, geralmente por serem frustrados com a própria infância, criam uma criança sem bordas, sem limites, sem noção da realidade”, explica a psicóloga e psicanalista Gabriela Malzyner.

Para a especialista, o problema começa quando os pais têm medo de frustrar os filhos e querem, a qualquer custo, fazer com que as crianças sejam felizes a qualquer custo.

Nossos avós não tinham o menor problema em frustrar os filhos, mas agora, com uma sociedade imediatista, que precisa ter tudo e que vê uma felicidade deturpada nas redes sociais, os adultos não conseguem dizer não às crianças, como se isso fosse garantir a felicidade do filho.

Gabriela Malzyner

Por que isso é um problema?
A questão é que uma criança que não tem capacidade de lidar com a frustração é infeliz o tempo todo. “Uma pessoa que não é treinada a esperar, a criar, a ter compaixão e ser flexível, sofre toda hora”, diz Leo Fraiman, psicoterapeuta, escritor e palestrante.

Além disso, quando essa criança ou adolescente encontra uma dificuldade, como uma amizade desfeita, um vestibular ou não ser escolhida para o time da escola, ela desiste. “E também, por isso, tarefas escolares costumam ficar por último, porque aí tudo que dá trabalho não é interessante. A pessoa que é viciada em prazeres acaba tendo uma vida que, para ela, fica sem graça. E, assim, ela acaba desgraçando aqueles que estão à sua volta.”

O sofrimento dos pais também não é pequeno. Irritabilidade, confronto entre os cônjuges, culpa, constrangimento, estresse e ansiedade são apenas alguns dos problemas causados pela síndrome. De acordo com os especialistas, tanto os pais quanto as crianças devem procurar ajuda de terapeutas, mas os adultos precisam entender por que é tão difícil lidar com angústias e frustrações.

Normalmente, os pais destas crianças são pessoas que sofreram com pais muito autoritários, grosseiros, agressivos e que tentam compensar essa falta de afeto, essa carência deles na superproteção dos filhos.

Leo Fraiman

À medida que os pais escondem a própria angústia, eles fazem com que os filhos também não saibam como lidar com esse sentimento. E frente ao sofrimento das crianças, os adultos não sabem o que fazer. “É um ciclo de sofrimento”, diz Malzyner.

Pais e filhos precisam de ajuda
Por ser um problema causado pelos pais, eles também devem procurar ajuda profissional. Segundo os especialistas, é possível reverter o quadro, mas leva tempo. “Se uma criança durante dez anos cresceu com a ideia de que ela é uma imperatriz e dona do mundo, vai levar de um a dois anos o tratamento dela e dos pais”, conta Fraiman.

Para a criança, é indicada a terapia cognitiva comportamental, que ajuda a mudar crenças, valores, posturas de mundo e consegue auxiliá-la a encontrar um novo estilo de vida. Com os pais, são sessões de orientação familiar, empoderando-os para que eles se tornem capazes de serem os adultos da casa, os que têm a palavra final nas questões essenciais que dizem respeito à educação, saúde e respeito.

O ideal é que os pais parem de acreditar nessa história de dar felicidade ao colocar o filho em uma bolha. “Todos nós somos frustrados, é inevitável”, diz Malzyner. “Todos somos castrados, temos limitações e sempre desejamos mais do que somos capazes de realizar, mas isso faz parte da vida e é necessário para termos compaixão e respeito pelo outro. A criança vai ganhando noção disso à medida que o tempo passa.”

Como saber se meu filho tem essa síndrome?
Se com alguma frequência a criança apresentar esses sinais, é bom procurar ajuda.

– Irritabilidade;
– Mostra-se ingrata;
– Come só o que quer, na hora que quer e do jeito que quer;
– Não tenta objetivos frequentes na vida acadêmica;
– Reclama dos outros;
– Não entende os motivos do incômodo alheio;
– Não tem empatia, solidariedade, compaixão com os demais;
– Não aceita os ‘nãos’;
– Está constantemente ansiosa pelo novo e pelo ‘quero mais’.

Fonte: UOL

Como as brigas dos pais podem afetar as crianças?

Ainda que discussões entre o casal sejam parte da vida, conflitos constantes são danosos para a saúde mental, para o desenvolvimento cerebral e para os relacionamentos futuros dos filhos; veja orientações de especialista britânico para lidar com isso de modo saudável.

O ambiente doméstico tem um grande impacto sobre a saúde mental e o desenvolvimento de longo prazo das crianças – e não apenas por causa da relação entre pais e filhos.

A dinâmica de relacionamento entre os próprios pais também desempenha um papel crucial no bem-estar das crianças, em sua performance acadêmica e até em seus relacionamentos futuros.

Antes de mais nada, é preciso destacar que, na maioria das vezes, pequenas discussões cotidianas são parte da vida e têm um impacto nulo ou muito pequeno nos pequenos. O que realmente afeta as crianças são comportamentos como gritos e demonstrações mútuas de raiva diante dos filhos, ou quando um cônjuge ignora o outro constantemente.

Uma recente revisão de pesquisas internacionais, conduzidas ao longo de décadas e analisando comportamentos domésticos e o desempenho de crianças ao longo da vida, sugere que, a partir dos seis meses de vida, crianças expostas a conflitos tendem a ter batimentos cardíacos mais acelerados e níveis mais altos de estresse – o que, por sua vez, prejudica a formação de conexões neurais nos cérebros infantis.

Conflitos interparentais severos ou crônicos podem, portanto, provocar consequências como interrupções no desenvolvimento cerebral, distúrbios do sono, ansiedade, depressão, indisciplina e outros problemas graves em bebês, crianças e adolescentes.

Efeitos similares são observados em crianças expostas a brigas menos intensas, porém contínuas, em comparação com crianças cujos pais resolvem seus conflitos e negociam entre si de modo construtivo.

Do divórcio a trocas afetivas

O que realmente afeta as crianças pode causar surpresa.

Muitos adultos acreditam que o divórcio – ou a decisão dos pais de deixarem de morar juntos – tenha efeito duradouro e danoso nos filhos. No entanto, um estudo publicado em 2012 pela Universidade de Cardiff, no País de Gales, constatou que são provavelmente as discussões ocorridas antes, durante e depois do divórcio que causam danos às crianças, e não a separação em si.

Ao mesmo tempo, muitas vezes se atribui à genética a forma como as crianças respondem a conflitos. Mas o ambiente doméstico e a qualidade das trocas afetivas dentro de casa têm um papel central nessa equação.

Além disso, é possível que riscos genéticos para problemas mentais sejam potencializados – para bem ou para mal – pelo cotidiano familiar.

A qualidade do relacionamento entre os pais é um elemento central, independentemente se os pais moram juntos ou não, se os filhos são biológicos ou adotivos.

Brigas sobre crianças

Que lições os pais podem tirar disso tudo?

Primeiro, é preciso reiterar que é perfeitamente normal que pais e cuidadores discutam ou discordem entre si. O problema é quando eles mantêm conflitos constantes, intensos e mal resolvidos.

E isso se agrava quando as brigas ocorrem por causa das crianças. Nesses, casos, elas costumam se sentir culpadas e achar que elas são responsáveis pela discussão interparental.

Como resultado, elas desenvolvem dificuldades para dormir, têm o desenvolvimento cerebral impactado, maior risco de sofrer de ansiedade e depressão, de desenvolver mau comportamento, de ir mal nos estudos e de se deparar com riscos bastante sérios – como o de se automutilar.

Já se sabe há décadas que a violência no ambiente doméstico é bastante danosa para as crianças envolvidas. O que se descobriu mais recentemente é que, mesmo na ausência de comportamento violento, quando os pais passam a se ignorar ou a deixar de demonstrar respeito mútuo, também colocam em risco o desenvolvimento emocional, comportamental e social dos filhos.

E os problemas não param por aí: as crianças criadas em ambientes emocionalmente frágeis tendem a perpetuar esse comportamento, o que faz com que ele passe de geração em geração.

É um ciclo que precisa ser quebrado se queremos que a atual geração de crianças (e a futura geração de adultos) tenha vidas felizes e relacionamentos positivos.

Como agir – e como discutir?

Pesquisas mostram que, com dois anos de idade e até antes disso, as crianças são astutas observadoras do comportamento dos pais.

Eles frequentemente percebem as discussões, mesmo quando os pais acham que estão brigando “escondidos”.

O que importa é o modo como a criança interpreta e entende as causas e potenciais consequências desses conflitos domésticos.

Vai ser com base nessas experiências que as crianças vão avaliar se o conflito pode aumentar, envolvê-las ou colocar em risco a estabilidade familiar – algo que deixa os filhos pequenos especialmente preocupados.

las também podem ficar com medo de seu próprio relacionamento com o pai e a mãe piorarem por ausa das brigas.

Pesquisas indicam que meninos e meninas podem reagir de modo distinto – sendo que as meninas têm risco maior de desenvolver problemas emocionais, enquanto os meninos tendem a desenvolver problemas disciplinares.

Com frequência, projetos sociais voltados à saúde mental juvenil focam em amparar as crianças. Mas é possível que amparar os pais na resolução de seus conflitos tenha um grande impacto nessas crianças no curto prazo, além de dar a elas mais ferramentas emocionais para formar relacionamentos saudáveis com outras pessoas no futuro.

Pais que estejam preocupados quanto ao impacto de suas discussões nas crianças precisam saber que as crianças, na verdade, respondem bem quando os pais explicam e resolvem suas discussões de modo apropriado.

Ao verem os pais solucionarem seus desentendimentos de maneira saudável, os filhos aprendem lições importantes que os ajudarão a entender suas próprias emoções e a se relacionar para além do círculo familiar.

Ajudar os pais a entender como seu comportamento mútuo afeta o desenvolvimento dos filhos cria as bases para formarmos crianças saudáveis hoje – e famílias mais saudáveis no futuro.

*Gordon Harold é professor de Psicologia da Universidade de Sussex (Reino Unido) e coautor do estudo sobre os impactos de conflitos interparentais nas crianças, recém-publicado no periódico “The Journal of Child Psychology and Psychiatry”

Fonte: g1