O disléxico precisa de uma aprendizagem diferenciada

A psicopedagoga e psicoterapeuta desfaz os mitos sobre dislexia e afirma que um processo de aprendizagem cinestésico e integrativo auxilia muito a melhorar o desempenho do aluno que sofre desse tipo de distúrbio.

Atividades como a leitura servem como porta de entrada e chave de acesso a uma série de conhecimentos ao longo da vida. Contudo, um grande número de crianças e adolescentes enfrenta dificuldades para ler e, hoje, uma das causas mais frequentes de mau desempenho nos estudos é a dislexia. Trata-se do transtorno de aprendizagem mais comum entre a população escolar, sendo referida uma prevalência entre 5 e 17,5%.

A psicopedagoga, psicoterapeuta e especialista em Medicina Comportamental, Lou de Olivier, dedicou praticamente toda sua vida ao estudo, pesquisas e tratamento da dislexia. Ela faz questão de ressaltar a grande quantidade de mitos e equívocos que envolvem o distúrbio, o que acarreta, inclusive, em uma quantidade significativa de diagnósticos errados.

“São tantos os equívocos que nem tenho como citar todos. A maioria surgiu em pesquisas científicas, mas que foram descontinuadas. Quero afirmar, com isso, que alguns pesquisadores defendem um tema com um determinado enfoque e, na sequência, abandonam o tema ou por terem seguido outros ou por perceberem que estavam errados ou por diversos outros motivos. Nesse ritmo, cria-se um mito que vai se perpetuando e quem mais sofre com isso é o paciente, que acaba submetido a tratamentos ineficientes, obsoletos e, quase sempre, fundamentados em uma única tese inicial”, revela Lou.

Ela também é multiterapeuta, bacharel em Artes Cênicas e Artes Visuais, além de pioneira na prospecção da dislexia adquirida e criadora do método terapia do equilíbrio total/universal.

Quais são os principais mitos que envolvem a dislexia, por que surgiram e o que fazer para desmistificá-los?

Lou: São muitos os mitos em relação à dislexia. Os mais comuns são: hereditária/genética – isso coloca a dislexia como sendo de um único tipo, ocorrendo em famílias propensas. De fato, esse tipo de dislexia existe, mas é um dos diversos tipos. Há outros tipos e classificações, que dependem, inclusive, da linha de pesquisa da neuropsicologia, da psicopedagogia, da multiterapia, entre outras. Entre os diversos tipos que são renegados no Brasil está a adquirida. Apesar de ser aceita oficialmente pela Ciência da Saúde, ainda é questionada e até mesmo desconhecida pela maioria dos profissionais de saúde no país. Outro grande mito é a “troca de letras”, supostamente característica da dislexia.

Cita-se a troca “p” com “b” ou “d” com “q”, quando, na verdade, há ausência de identificação e não troca de letras. Há quem cite omissões e outras características mais próprias da dislalia como sendo dislexia. Embora a dislalia seja uma dificuldade/disfunção na linguagem oral, ela pode interferir na aquisição da leitura/escrita. Então, a criança faz omissões e/ou substituições e/ou distorções e/ou acréscimos de sons. Isso é característico de dislalia, mas tem sido divulgado como dislexia. Há quem confunda sintomas da síndrome de Irlen com dislexia. Há também a afirmação equivocada sobre a maior incidência em meninos pela questão da testosterona. Essa afirmação já foi descartada na década de 1980, mas ainda é citada. São tantos os equívocos que nem tenho como citar todos. A maioria surgiu em pesquisas científicas, mas que foram descontinuadas. Quero afirmar, com isso, que alguns pesquisadores defendem um tema com um determinado enfoque e, na sequência, abandonam o tema ou por terem seguido outros ou por perceberem que estavam errados ou por diversos outros motivos. Nesse ritmo, cria-se um mito que vai se perpetuando e quem mais sofre com isso é o paciente, que acaba submetido a tratamentos ineficientes, obsoletos e, quase sempre, fundamentados em uma única tese inicial. Para desmistificá-los, penso que os interessados, ou seja, pais, professores, estudantes e profissionais de saúde, devem buscar informações seguras e filtrá-las. Não acreditando em tudo que está publicado ou divulgado.

Quais as causas psíquicas que contribuem para o desenvolvimento da dislexia?

Lou: No passado, acreditava-se que a dislexia causasse alteração hemisférica, com o hemisfério direito “maior” que o esquerdo. Esse é outro mito dos mais bizarros. No ano 2000, comprovei que, na verdade, havia apenas maior excitação ou inibição dos hemisférios e isso podia ser medido e equilibrado por aparelhos sofisticados em uso inclusive no Brasil. Ou seja, era a chance dos disléxicos se submeterem a exames e tratamentos muito mais sofisticados e eficazes. Apesar de receber apoio de importantes médicos que receberam muito bem minhas teorias, também dessa vez fui muito criticada pela “maioria” e tive restrições às minhas pesquisas. Mesmo assim, consegui provar a questão da maior ou menor excitabilidade hemisférica. E o comprometimento de algumas áreas cerebrais no processo alterado de leitura (dislexia). Em 2003, publiquei um livro chamado Distúrbios de Aprendizagem/Comportamento – Verdades que Ninguém Publicou, que trazia muitas novidades importantíssimas na detecção e tratamento da dislexia. Esse livro continua a ser editado, com o título Distúrbios de Aprendizagem e de Comportamento. Hoje, o que se aceita é que há, basicamente, três caminhos neurais para a leitura, localizados tanto na parte anterior quanto posterior do cérebro, sendo responsáveis pelo reconhecimento, análise e forma das palavras. Além disso, há um quarto “canal”, que pode ser acionado em situações que exigem articulação e análise simultânea das palavras. Esses caminhos constituem um sistema em que cada “canal” tem sua função na leitura e é ativado de acordo com a necessidade do leitor. Os disléxicos apresentam falha nesse circuito. Enquanto os considerados leitores “normais” utilizam as partes anterior e posterior do cérebro, o disléxico apresenta uma inibição ou subativação de caminhos neurais da parte posterior e uma excitação ou superativação da parte anterior do cérebro. O resumo é que essa falha na parte posterior do cérebro causa a incapacidade de transformar as letras em sons, ao analisarem as palavras, e o não reconhecimento rápido e automático das palavras.

Você é pioneira no estudo da dislexia adquirida. O que difere esta da dislexia convencional?

Lou: Preciso afirmar que, hoje, é aceita oficialmente, pela Ciência da Saúde, a dislexia adquirida por infarto da artéria cerebral posterior e outras doenças cerebrais. Entendo isso como uma vitória, depois de quase 40 anos que afirmo essas ocorrências. Ainda defendo a dislexia adquirida por anoxia perinatal/hipoxia neonatal e geral, mas creio que em breve também serão aceitas oficialmente. O que falta é essa informação chegar ao maior interessado que é o paciente e, também, aos profissionais que atuam tratando dislexia e outros distúrbios de aprendizagem. Em relação às diferenças, a convencional pode ser considerada possivelmente hereditária/genética, que faz com que algumas famílias sejam propensas ao distúrbio, ou seja, se o pai ou a mãe tem dislexia, os filhos têm mais probabilidade de apresentar dislexia. A adquirida é considerada quando há uma lesão ou choque (trauma) causados por acidente (pode ser um AVC, anoxia perinatal/hipoxia neonatal ou geral etc.). Outra diferença é na forma como se manifesta. A considerada convencional causa dificuldade ou ausência de aquisição de leitura. A adquirida causa perda da capacidade de leitura, ou seja, o indivíduo que antes lia com facilidade perde essa habilidade por causa de um acidente (lesão/choque). Aqui, cabe uma explicação: eu considero dislexia apenas distúrbio de leitura, e não de leitura e escrita, como alguns pesquisadores classificam. Penso que para definir distúrbio de escrita já há a disgrafia e a disortografia.

Adaptado do texto “O disléxico precisa de uma aprendizagem diferenciada”

*Lucas Vasques é jornalista e colabora nesta publicação.

Fonte: psiquecienciaevida

Psicólogo Flávio Jr aponta mitos sobre suicídio

O psicólogo Flávio Júnior da Clínica Cuidarte abordou os mitos sobre o assunto. Confira!

O Setembro Amarelo é uma campanha voltada para a prevenção ao suicídio em todo o mundo, promovida pela Associação Internacional para Prevenção do Suicídio (Iasp), e, no Brasil, pela Associação Brasileira de Psiquiatria, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Centro de Valorização da Vida (CVV).

 

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Meditação ajuda a reduzir dor crônica, diz estudo

Indivíduos com maior facilidade de praticar a atenção plena têm menor sensibilidade à dor e maior desativação de circuitos cerebrais específicos

Você já ouviu falar na técnica de meditação atenção plena? O método tem sido usado para ajudar as pessoas a manterem o foco no presente – o que acontece ao seu redor naquele momento –, procurando esvaziar a mente por algum tempo. A atenção plena melhora o desempenho no trabalho e na vida, pois busca apurar o poder de concentração dos indivíduos. Além disso, a estratégia pode ser uma importante aliada no combate à dor crônica, caracterizada por dores intensas e persistentes que duram semanas ou até meses. Pelo menos é o que indica um novo estudo, publicado na revista Pain.

Sabe-se que algumas pessoas têm uma atenção plena natural maior que outras. Essas pessoas também parecem ser mais resistentes à dor. Para testar essa hipótese, pesquisadores do Centro Médico Wake Forest Baptist, em Winston-Salem, avaliaram 76 pessoas saudáveis, sem histórico de prática meditativa.

A capacidade de atenção plena dos participantes foi avaliada pela Freiburg Mindfulness Inventory (FMI), uma ferramenta de análise de percepção de comportamento. Em seguida, os pesquisadores administraram estimulação dolorosa ao calor e estimulação não dolorosa (como placebo), ao mesmo tempo que em monitoravam a atividade cerebral dos voluntários por meio de ressonância magnética funcional. A atenção plena está associada à desativação do córtex cingulado anterior, região cerebral responsável pela regulação das funções autônomas, como pressão sanguínea; e cognitivas, como emoção e aprendizado.

Capacidade de concentração
A equipe constatou que os indivíduos com maior predisposição à atenção plena tinham baixa sensibilidade à dor e maior desativação de um circuito cerebral conhecido como rede neural padrão. Esse mecanismo compreende várias áreas do cérebro que estão interconectadas e ativas durante o repouso, ou seja, quando a atenção está voltada para o mundo interior da pessoa e não para o mundo exterior.

Já os participantes que relataram sentir dor tinham essa região do cérebro menos ativa. “A rede neural padrão é desativada sempre que você está realizando qualquer tipo de tarefa, como ler ou escrever”, explicou Fadel Zeidan, principal autor do estudo. Portanto, esses indivíduos não foram capazes de se libertar das distrações exteriores, ao contrário dos que não relataram dor.

Novos tratamentos
Diante dos resultados, os cientistas concluíram que pessoas com alta capacidade de concentração no momento presente experimentam menos dores. Com a descoberta, eles esperam desenvolver novas formas de terapia que trabalham essa região específica do cérebro para ajudar pacientes que sofrem de dor crônica. “É importante ressaltar que este trabalho mostra que devemos considerar o nível de atenção plena ao calcular por que e como a pessoa sente menos ou mais dor”, salientou Zeidan.

De acordo com o estudo, essa forma de meditação é ainda mais eficaz que o tratamento-padrão da dor crônica. Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED) em 2016 mostrou que 37% da população brasileira sofre com o problema, que atinge principalmente mulheres das regiões Sul e Sudeste, com idade média de 41 anos.

Fonte: Veja

Psicóloga realiza palestra a convite do IASPI

Kyslley Urtiga falou sobre a campanha Setembro Amarelo.

A fim de alertar a população, bem como ressaltar a necessidade e as formas de prevenção ao suicídio, a diretora e psicóloga da Clínica Cuidarte, Kyslley Urtiga, ministrou manhã desta quarta-feira (26), no Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos do Estado do Piauí (IASPI), palestra alusiva à campanha nacional Setembro Amarelo.

Kyslley Urtiga falou sobre a campanha Setembro Amarelo.

O que é setembro amarelo?

Setembro amarelo é uma campanha do Centro de Valorização da Vida que busca trazer o diálogo sobre o suicídio para a sociedade. Desde 2015 o mês busca a conscientização e a prevenção do suicídio.

No mundo todo, aproximadamente uma pessoa se mata a cada 40 segundos. Só no Brasil, o suicídio é a quarta causa mais comum de morte de jovens. O assunto é um tabu. Não falamos dele. A mídia evita por medo de aumentar os números, as pessoas evitam por medo do assunto em si e com isso, acabamos cortando o diálogo necessário.

Por que o Setembro amarelo é importante?
O Setembro Amarelo é uma campanha que busca trazer o diálogo e prevenir o suicídio. 90% dos suicídios poderia ser evitado com ajuda psicológica. A maioria deles é causada por doenças mentais que não são tratadas porque muita gente nem sabe que precisa de tratamento. Aproximadamente 60% das pessoas que morrem por suicídio não buscam ajuda.

Já pensou se isso se aplicasse a outras doenças? Imagine se 60% das pessoas com fraturas não fosse ao médico ou se 60% dos pacientes com apendicite não se tratasse e você vai perceber que é estranho que tanta gente não busque ajuda. Isso porque nós, como sociedade, não falamos do assunto, não informamos as pessoas.

Cerca de 17% dos brasileiros já pensou seriamente em suicídio. 4,8% deles já elaboraram um plano para isso.

 

Felicidade está firmada em colecionar bons relacionamentos e paz interior

É certo que não há receita para a felicidade e, também, não se podem generalizar as formas de se evitar o contrário: a infelicidade. No entanto, existem determinados procedimentos específicos que podem ajudar nesses dois quesitos. Essa é a especialidade da psicóloga Maria Tereza Maldonado.

“Podemos aprender a ser mais felizes, mesmo em épocas difíceis da vida! Felicidade não é ausência de problemas. O estado consistente de felicidade serena pode ser mantido mesmo quando enfrentamos perdas e dificuldades. É uma habilidade que pode ser treinada por meio das escolhas conscientes que fazemos a cada dia, de nossas ações, da qualidade dos pensamentos que nutrimos e dos relacionamentos que cultivamos”, afirma Maria Tereza.

Nas pesquisas sobre satisfação é muito comum observarmos uma grande quantidade de pessoas que garantem estar satisfeitas com a vida que levam. É difícil assumir a infelicidade? As pessoas tendem a achar que ser infeliz é um fracasso pessoal? Por quais razões?

Maria Tereza: Há pessoas realmente satisfeitas com a vida que levam. Constatei isso na pesquisa que fiz para o livro, pois entrevistei 190 pessoas entre 12 e 96 anos, em diferentes cidades em todas as regiões do Brasil. Os depoimentos de muitas pessoas que vivem uma vida simples, nas camadas populares em cidades do interior, em contato com a natureza e com tempo para cultivar bons relacionamentos, revelam genuína satisfação com a vida. Mas, sim, há pessoas que escondem infelicidade por temer que isso signifique fracasso, especialmente quando se apresentam nas redes sociais.

Você acha que hoje estamos vivendo sob a ditadura da felicidade?

Maria Tereza: Em alguns contextos, observo essa ênfase na busca permanente da felicidade, porém muito ligada a noções equivocadas, tais como imaginar que isso poderia ser um eterno clima de festa, ganhos materiais ou sucesso profissional sempre em ascensão. Nesses casos, perde-se a noção de que a construção da felicidade é um trabalho interior, de treinar a mente por meio das escolhas conscientes que fazemos a cada dia, de nossas ações, da qualidade dos pensamentos que nutrimos e dos relacionamentos que cultivamos.

A infelicidade diz alguma coisa da nossa época?

Maria Tereza: Sim, principalmente quando criamos a expectativa de que a felicidade depende de condições externas (“só vou ser feliz quando conseguir comprar uma casa”), o que dificulta valorizar e saborear os bons momentos da vida presente. O consumismo, que cria desejos incessantes e estimula a ganância, a competição desenfreada de ter que derrotar os outros para poder se destacar, a sensação de inferioridade que se acentua quando a pessoa passa horas nas redes sociais, reforçando a ideia de que a vida dos outros é muito melhor do que a sua, são alguns dos aspectos da cultura vigente que colaboram para a tecelagem da infelicidade.

Você saberia dizer se a infelicidade é uma das principais ocorrências no atendimento clínico de saúde mental?

Maria Tereza: Sim, a infelicidade sob a forma de insatisfação crônica, ansiedade, depressão, revolta. Sob essas camadas de sentimentos, percebem-se hábitos mentais que prejudicam a saúde emocional, como, por exemplo, apegar-se ao passado, ter medo de mudar e nutrir excessiva preocupação com o futuro.

Qual a importância da infelicidade?

Maria Tereza: Para perceber o dia é importante perceber a noite. Ninguém vive o tempo inteiro em um “mar de rosas”. Problemas são oportunidades de desenvolver recursos para viver melhor. Mergulhar em si mesmo para perceber o “recado” da infelicidade pode abrir caminhos para sair desse estado, vendo o que é preciso desenvolver em si mesmo e nos seus relacionamentos mais significativos.

Na sociedade contemporânea, um dos elementos que mais provocam infelicidade e angústia é o cyberbullying. Como você observa esse fenômeno recente?

Maria Tereza: Esse é um problema sério, que surge da deficiência de uma educação em valores fundamentais para construir um bom convívio baseado no respeito pelos outros e pela diversidade das pessoas. Surge também da confusão do conceito de liberdade de expressão, ignorando que o estímulo às redes de ódio, às agressões desmedidas e à perseguição implacável não é conduta aceitável.

Maria Tereza é mestre em Psicologia pela PUC-Rio, membro da Associação Brasileira de Terapia Familiar (Abratef) e palestrante. É autora de 40 livros publicados, a maioria discutindo temas relacionados à felicidade, relações familiares, desenvolvimento pessoal, gestão de conflitos e construção da paz. Entre eles, Construindo a Felicidade. A Ciência de Ser Feliz Aplicada no Dia a Dia, A Face Oculta – uma História de Bullying e Cyberbullying e Bullying e Cyberbullying. O que Fazemos com o que Fazem Conosco?

No mais recente, Construindo a Felicidade. A Ciência de Ser Feliz Aplicada no Dia a Dia (Ideias e Letras Editora), Maria Tereza entrevistou 190 pessoas, de 12 a 96 anos, em diversas cidades de todas as regiões do Brasil. Além disso, analisou os resultados de pesquisas e conceitos teóricos de estudiosos de muitos países sobre a construção da felicidade e do bem-estar em diversas áreas, tais como tradições milenares, Psicologia Positiva, Antropologia, Neurociência, Filosofia e Economia.

Adaptado do texto “Fábrica de frustrações”

*Lucas Vasques é jornalista e colabora nesta publicação.

Fonte:Psiquecienciaevida

Psicoterapia funciona melhor pela manhã

Níveis altos do cortisol são fator importante para a superação de medos irracionais, e com a elevação natural desse hormônio pela manhã, é mais fácil vencer a ansiedade ao se expor a uma situação temida

Imagine um coelho sedento que para em um riacho para sorver alguns goles de água e, quando menos espera, recebe um bote de uma raposa. Desesperado, o coelho corre e consegue fugir do predador. Seu coração dispara freneticamente e seu corpo é sacudido pela resposta de luta ou fuga, que nesse caso salvou sua vida ao mobilizar um conjunto de reações que são adaptativas em emergências.

Agora imagine o mesmo coelho ao beber água novamente nesse riacho. Dessa vez, ele já foi alertado pela sua memória de que existe perigo de vida e que é melhor estar em alerta. Essa é uma função importante do aprendizado e memória, nos alertar sobre riscos. Por essa razão, quando temos reações emocionais fortes, é importante lembrar do que aconteceu para evitar os perigos e sobreviver melhor.

De forma geral, o aprendizado e memória em eventos de emoção são aumentados, em função dos hormônios que são liberados sob estresse. Quando o nível emocional é muito elevado, como em situações de estresse traumático, pode ocorrer uma reação contrária, com diminuição da memória consciente e aumento da memória inconsciente.

Os hormônios de estresse em grandes quantidades, em especial o cortisol, podem reduzir a atividade do hipocampo, estrutura do cérebro que registra memórias conscientes, e aumentar a atividade da amígdala, que armazena memórias emocionais inconscientes. Faz sentido, pois as memórias conscientes do trauma são devastadoras, enquanto as memórias inconscientes não produzem tanto sofrimento mental, mas fazem o organismo se comportar de forma adaptativa.

Em situações de emoção normal, que não seja traumática, o cortisol facilita a formação de memórias e leva o sujeito a aprender mais facilmente. Nesse caso, se o aprendizado é corretivo, isto é, visa reaprender uma nova resposta perante uma circunstância encontrada anteriormente, o cortisol também facilita a aquisição do novo aprendizado.

No caso de pacientes que têm transtornos de ansiedade, uma das técnicas mais eficazes é a terapia de exposição, na qual o sujeito é levado a permanecer em contato com um estímulo inofensivo que aprendeu a temer até que seu cérebro registre que aquilo não é de fato perigoso.

A exposição é usada no mundo todo e considerada uma das mais eficazes técnicas de psicoterapia. Como exemplo, podemos citar uma pessoa que tem fobia de avião (aviofobia) e que pode pensar que vai perder o controle, ter falta de ar e uma ataque de ansiedade intolerável.

Permanecendo dentro do avião por um tempo prolongado, a pessoa vai aprendendo que o que teme não ocorre e gradualmente o nível da ansiedade começa a cair até normalizar. O que acontece é um reaprendizado, ou aprendizado corretivo, de que aquele contexto ou ambiente não é, na realidade, perigoso.

*Marco Callegaro é psicólogo, mestre em Neurociências e Comportamento, diretor do Instituto Catarinense de Terapia Cognitiva (ICTC) e do Instituto Paranaense de Terapia Cognitiva (IPTC). Autor do livro premiado O Novo Inconsciente: Como a Terapia Cognitiva e as Neurociências Revolucionaram o Modelo do Processamento Mental (Artmed, 2011).

 

Fonte: psiquecienciaevida

Relacionamentos ‘ioiô’ prejudicam a saúde mental

Quanto mais um casal termina e ‘faz as pazes’, maiores são os riscos da aparição de transtornos mentais como depressão e ansiedade

Conhecidos “ioiô” ou “ping-pong”, relacionamentos em que os casais terminam e voltam com frequência podem ter impacto negativo na saúde psicológica das pessoas, aponta estudo publicado recentemente na revista Family Relations. Segundo especialistas, terminar o namoro e depois de pesar os prós e contras reatar nem sempre é ruim; na verdade, a separação pode ajudar os parceiros a perceberem a importância do relacionamento, contribuindo para uma união mais saudável e comprometida.

No entanto, se esta atitude é corriqueira, pode indicar que algo não vai bem e pode ser extremamente tóxico para a saúde emocional e mental. “As descobertas sugerem que as pessoas que terminam a relação e voltam a ficar juntas precisam analisar a situação mais de perto para determinar o que e por que não está funcionando”, explicou Kale Monk, professor da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, ao Medical Daily.

Reflexo emocional
Os relacionamentos amorosos exercem grande efeito no bem-estar dos indivíduos, assim como o término está associado ao sofrimento psicológico, que pode ser pontual e de curta duração. Entretanto, quando esse ciclo se repete com o mesmo parceiro, pode facilitar a aparição de problemas mais graves, como a depressão.

Para comprovar cientificamente esta realidade, os pesquisadores avaliaram 545 participantes – 266 estavam em relacionamentos heterossexuais e 279 se relacionavam com pessoas do mesmo sexo. A escolha dos relacionamentos homossexuais foi um proposta da equipe para identificar as disparidades existentes entre os diferentes tipos de relações amorosas.

 

Fonte: Veja

Nunca fomos tão infelizes, mostra pesquisa do Instituto Gallup

A condição, que afeta países pobres e ricos, está associada ao estresse, problemas financeiros e violência

A população mundial está menos feliz em 2018, é o que aponta pesquisa publicada pelo Instituto Gallup. A queda nas taxas de felicidade no mundo está relacionada, em especial, ao aumento do estresse originado pelas mais variadas razões. O levantamento revelou que humor global enfrenta seu pior momento desde que a primeira sondagem do tipo foi realizada em 2006. “Coletivamente, o mundo está mais estressado, preocupado, triste e sofrido hoje do que jamais vimos”, comentou Mohamed Younis, editor-gerente do grupo, em relatório.

O documento apontou que o país mais infeliz é a República Centro-Africana, devido a conflitos internos sangrentos que prejudicam o acesso de grande parte da população ao básico. Como a maior parte do território está fora do controle do governo, cerca de três em cada quatro moradores disseram ter sentido dor e preocupação nos últimos meses. Outros países com baixo registro de felicidade foram Iraque, Iêmen e Afeganistão – os dois últimos enfrentam guerras.

Segundo a BBC, o Relatório Mundial da Felicidade da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado no início do ano, mostrou que a felicidade no Brasil também sofreu uma queda, caindo seis posições no ranking em relação à última pesquisa: agora ocupamos o 28° lugar numa lista com 156 países. Corrupção, questões financeiras e violência foram alguns dos itens que podem ter contribuído para o declínio.

Riqueza não traz felicidade

De acordo com a nova pesquisa, mesmo os países mais ricos não ficaram imunes à mudança de humor. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de metade dos entrevistados afirmou estar estressado – esse número foi muito similar às proporções registradas na República Centro-Africana.

Jan-Emmanuel de Neve, economista e professor da Universidade de Oxford, no Reino Unido, comentou que verificar essa piora no humor global é perturbador, especialmente quando há crescimento do progresso material no mundo. “Provavelmente existe um indicador mais estrutural ligado ao fato de a riqueza crescente não ser suficientemente inclusiva”, disse.

Apesar de não estar entre os países mais ricos, o Paraguai liderou a tabela das nações mais positivas: os moradores revelaram-se descansados, foram tratados com respeito, se divertiram ou aprenderam algo no dia anterior.

E o Brasil?

O relatório da ONU apontou que no Brasil, assim como em outros países da América Latina, a percepção de corrupção generalizada, as dificuldades econômicas – para 36% dos brasileiros os rendimentos financeiros não são suficientes para cobrir as necessidades – e os índices de violência contribuem para uma perda na satisfação da população em relação à própria qualidade de vida. Entre entrevistados do Brasil, Equador, Peru e Venezuela, 15% disseram ter sido vítimas de algum crime em 2017.

Onde está a felicidade?
Na Finlândia. O país conseguiu desbancar a Noruega, que apareceu em primeiro lugar na pesquisa anterior. Enrre alguns dos itens medidos pela pesquisa estavam o PIB per capita, o apoio social, a expectativa de vida, a saúde, a liberdade social, a generosidade e a ausência de corrupção.

Para os finlandeses, o acesso à natureza, à segurança, às boas creches e escolas e à assistência médica gratuita de qualidade estão entre os melhores pontos do país. Nem mesmo os invernos intensos foram capaz de reduzir a felicidade na Finlândia. Outros países onde o índice de felicidade é elevado são: Dinamarca, Islândia, Suíça, Holanda, Canadá, Nova Zelândia e Austrália.

Fonte: Veja

Kyslley Urtiga participa de congresso internacional em sexualidades

 

A Clínica Cuidarte esteve representada no I Congresso Internacional Multidisciplinar em Sexualidades (CIMSEX), realizado entre de 12 a 14 de setembro, em Campinas (SP). A diretora da Cuidarte, psicóloga e terapeuta sexual Kyslley Urtiga, participou do evento, que reuniu profissionais de diversas áreas de atuação na discussão aprofundada de temas relacionados à diversidade e expressão comportamental e sexual humana.

Para Kyslley Urtiga, o Congresso oportunizou o compartilhamento de experiências, o entendimento das transformações sociais e das possibilidades de expressão da sexualidade. Além da orientação de como os profissionais devem lidar com as mudanças que estão ocorrendo. “Esse evento ampliou muito a minha visão em relação a atender cada vez melhor às diferentes demandas, os novos casais, as novas famílias, a questão da transformação de gênero – transexualidade. Como orientar, ajudar os transexuais, inclusive na inserção no mercado de trabalho”, destaca a profissional.

Ainda de acordo com a terapeuta, o Congresso abordou as mais diferentes linguagens contemplando o mesmo tema, em um momento muito deliciado no país, de profunda intolerância. “Foram vários temas que levam a ampla discussão sobre a atuação que vou ter sobre o trabalho que desempenho. Como lidar com a angústia das pessoas homoafetivas, e nessa busca de uma nova construção dentro da terapia sexual de casal, as dificuldades que mais ocorrem entre os casais, apontando novas técnicas que favorecem o diálogo”, pontua Kyslley.

O evento teve como palestrantes Oswaldo M. Rodrigues Jr., psicólogo e psicoterapeuta sexual e de casais do InPaSex e presidente do I CIMSEX em conjunto com Carla Zeglio e Rodolgo Pacagnella; Ana Carolina Borges, advogada e membro da Comissão da Diversidade Sexual e Combate à Homofobia da OAB/SP; e Luis Pérez Flores, presidente da Asociación Latinoamericana de Análisis y Modificación del Comprotamiento y Terapia Cognitivo (ALAMOC); Roberto Banaco, psicólogo; Dennis Zamignani, psicólogo; Daniel Sócrates, psiquiatra, dentre outros.

 

No ‘setembro amarelo’, redes sociais lançam ferramentas de prevenção ao suicídio

Campanha inclui vídeos e recursos automatizados produzidos por youtuber, cineasta e especialista em suicidologia. Twitter lançou iniciativa em parceria com o CVV.

O Facebook Brasil lançou, nesta quarta-feira (12), uma ferramenta para auxiliar na prevenção do suicídio. Batizado de #EuEstou, o projeto foi idealizado pelo youtuber PC Siqueira juntamente com o cineasta M. M. Izidoro, e tem consultoria da psicóloga Karen Scavacini, especialista em suicidologia e cofundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio. A iniciativa é a segunda a ser lançada por redes sociais dentro do “setembro amarelo”, que é uma campanha de prevenção ao suicídio iniciada em 2015. Durante todo o mês, orgãos de saúde e empresas são convidados pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina e pela Associação Brasileira de Psiquiatria a fazer projetos para evitar doenças como a depressão, um dos principais catalisadores de um pessoa que pensa em se matar.

Na última segunda-feira (10), Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, o Twitter anunciou parcerias para a prevenção do suicídio. A rede social passou a oferecer um novo serviço de notificação, o #ExisteAjuda, em parceria com o CVV. O objetivo é promover um suporte aos usuários que estão em uma situação de risco de suicídio ou de automutilação.

Estratégia no Facebook
No Facebook, a campanha vai oferecer aos usuários da rede e do Instagram uma série de vídeos educativos voltados a pessoas que estejam passando por problemas de depressão ou com comportamentos suicidas, mas também é voltada a pessoas que tenham parentes ou amigos nessa situação. O projeto surgiu de uma conversa entre PC e M.M. sobre suas próprias experiências pessoais. “Eu já passei por situações parecidas, já fiz um monte de vídeos sobre o tema”, afirmou o youtuber.

Com mais de 2,3 milhões de seguidores no YouTube, ele afirma que sua abordagem sobre o assunto fez com que muitas pessoas passassem a procurá-lo para falar sobre o tema, mas que nem sempre é possível ajudar a todos. “É frustante pra mim, é frustrante pras pessoas”, explicou ele. Juntos, os dois decidiram elaborar uma campanha para oferecer conteúdo a todos interessados em buscar ajuda.

Conteúdo voltado para jovens
A dupla procurou Karen Scavacini para produzir o conteúdo e passou seis meses trabalhando com uma equipe de criação do Facebook, que encampou o projeto. A ideia, segundo Karen, é unir as pesquisas científicas que mostram as melhores maneiras de abordar o assunto e os canais capazes de atingir o público jovem que, segundo ela, também é um dos mais vulneráveis quando o assunto é a saúde mental.

Outro público-alvo da campanha são os pais, que, segundo Karen, também enfrentam dificuldade em aceitar que os problemas de seus filhos podem se tratar de uma doença, e não de frescura. Além disso, a campanha pretende mostrar aos usuários das redes sociais mantidas pelo Facebook onde encontrar tratamento gratuito nas cidades brasileiras, como os centros de atendimento psicossocial do Sistema Único de Saúde (SUS) e as faculdades de psicologia pelo país.

Segundo M.M., a campanha incluiu a produção de mais de 30 vídeos que serão distribuídos em formato vertical no Instagram e quadrado no Facebook. Também estão em produção tirinhas sobre o tema, redigidas por Fabio Yabu e Adélia Jeveaux e desenhadas por Bruna Saddy.

A linguagem, segundo Karen, segue os princípios da Organização Mundial da Saúde (OMS) e segue critérios que já tiveram efeito comprovado na mudança de como as pessoas enxergam a depressão e o suicídio. A psicóloga afirma que o conteúdo passa por três etapas: a conscientização, a competência e o diálogo.

Ajuda automatizada

A campanha #EuEstou também oferece recursos automatizados para os usuários. Dois endereços de e-mail foram criados para enviar informações e números de telefone tanto para pessoas apresentando comportamento suicida como para quem quer ajudar alguém com problemas. Para pedir informações sobre como buscar ajuda emergencial, é preciso enviar uma mensagem para meajuda@euestou.com . Caso o usuário queira informações sobre como ajudar alguém em perigo, o endereço é queroajudar@euestou.com .

M.M. explica que as informações são sigilosas e que o sistema não guarda o endereço ou os dados pessoais dos remetentes, além de enviar automaticamente uma resposta com as informações para quem precisa.

A campanha ainda pretende lançar outras duas ferramentas: um manual para influenciadores que queiram aprender sobre como falar com pessoas que estão expressando sintomas de depressão, e a adesão de instrumentos do WhatsApp, como os grupos, para auxiliar as pessoas em necessidade.

Setembro amarelo
No Twitter, o #ExisteAjuda funciona assim: tuiteiro que fizer uma busca com palavras associadas ao tema receberá um primeiro resultado como a seguinte frase: Você pode obter ajuda. O projeto é uma parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV). Em abril deste ano, o Ministério da Saúde ampliou o rede de apoio pelo número 188. Agora, ele está disponível de graça na maioria dos estados brasileiros.

“São mais de 30 brasileiros mortos diariamente vítimas do suicídio, o que demonstra que ações como esta do Twitter são urgentes e necessárias. O CVV atua gratuita e voluntariamente há 56 anos, e sabemos muito bem que quebrar os tabus em relação ao suicídio exige coragem e força de vontade”, afirma Adriana Rizzo, voluntária e porta-voz do CVV.

O #ExisteAjuda também está disponível nos Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Irlanda, Reino Unido, Hong Kong, Coreia do Sul, Japão e Austrália.

O Twitter também disponibiliza um formulário para pessoas que identificarem alguém que pode estar em situação de risco. As denúncias são avaliadas por uma equipe de profissionais, que entra em contato e fornece recursos disponíveis e incentiva a procura por apoio.

Fonte: G1