Saudade: o que é, quando se torna prejudicial e como lidar

 

A perda deixa vazios em nossa existência, mas é possível preenchê-los ou aceitá-los ao nos abrir para a vida

O que é saudade
A saudade é um sentimento misto, pois podemos nos sentir nostálgicos e relembrar uma boa época com carinho, mas também um vazio melancólico por conta do que ficou no passado. A sensação pode impedir a nossa adaptação ao que temos no presente, pois a dor do que ficou para trás transborda em nossa rotina.O sentimento pode gerar distúrbios emocionais, como ansiedade e depressão, principalmente quando tentamos reprimir a falta.

Lidar com a saudade é difícil, entretanto, é importante e possível. Saiba como lidar com a sensação no luto, após o término de um relacionamento e se um dia a tristeza vai embora.

Diferença entre saudade e nostalgia
Apesar de serem sentimentos semelhantes, a saudade assume um caráter mais afetivo e pessoal. De acordo com a psicóloga Adriana de Araújo, o termo é utilizado com maior frequência para descrever a falta que sentimos de ex-namorados, amigos, parentes ou entes queridos que não estão conosco.

Já a nostalgia pode englobar situações, experiências ou tempos passados. Músicas, filmes ou locais podem nos fazer resgatar memórias, mas não necessariamente causar incômodos. Em geral, a falta de uma pessoa é mais intensa do que a de um momento perdido.

Quando a saudade se torna prejudicial
A saudade nos faz resgatar boas memórias, e pode trazer a sensação de gratidão pelos momentos vividos. Entretanto, quando acreditamos que o passado nos dava mais alegria que o presente, é necessário reavaliar nossos pensamentos.

Segundo Adriana, a saudade se torna prejudicial quando nos impede de reconhecer o que temos de bom no presente. “Desanimar-se com a possibilidade de viver melhor no agora também é um sinal de alerta”, diz a psicóloga.

Saudade e distúrbios emocionais
Quando a saudade é recorrente, e nós não conseguimos reduzir o impacto dela sobre a rotina, começamos a sentir tristeza em grandes níveis. A melancolia, além de retirar nossa energia, também nos deixa mais estressados por não conseguirmos nos adaptar ao presente.

Quando essa situação se torna constante, podemos desenvolver distúrbios emocionais como a ansiedade e depressão. Para evitar que isso aconteça, é importante ter o acompanhamento de um especialista que nos guie durante momentos difíceis.

Além da ajuda profissional, também devemos nos permitir sentir todas as nossas emoções, incluindo a falta. De acordo com Milena Lhano, quaisquer sentimentos quando reprimidos podem gerar quadros clínicos graves, como a síndrome do pânico.

A terapeuta Wanessa Moreira alerta que a repressão da saudade também pode causar o surgimento de vícios. “Acabamos desenvolvendo hábitos que preencham nossos vazios”, explica.

Segundo a especialista, precisamos viver toda a dor da falta, para aprendermos a lidar com esse tipo de situação. Caso o contrário, continuaremos a tentar mentir para nós mesmos para não sentir dor, o que apenas prolonga e intensifica o sofrimento.

Saudade é viver no passado?
A psicóloga Milena Lhano explica que pessoas que fazem comparações constantes com o passado, criticam o presente e têm dificuldades para construir planos para o futuro podem estar dominadas pelo saudosismo.

“Frases como ‘Na minha época não era assim’, ‘Antigamente as coisas eram melhores’, ou ‘o mundo está piorando’ são comumente utilizadas por indivíduos saudosistas”, sinaliza a especialista.

Estar dessincronizado com o agora traz a sensação de vazio, insatisfação permanente e despertencimento. Caso você se sinta dessa forma, é necessário refletir sobre suas motivações e iniciar um processo de autoconhecimento.

A saudade pode ser provocada por diversos fatores, como a partida de alguém que amamos ou um ciclo que chega ao fim. Entretanto, é necessário entender que a motivação da falta e a forma em que ela se reverbera dentro de nós são questões diferentes.

“O novo é sempre incômodo e desafiador. Ele nos tira da nossa zona de conforto e nos joga no desconhecido, e isso nem sempre é fácil”, afirma Milena Lhano. Apesar do passado trazer a melancolia, ele também traz acalento.

Isso acontece porque a falta está presente no agora. Viver no passado ou no futuro são bons mecanismos para evitar a realidade, e assim, diminuir a dor de encarar o vazio de algo ou alguém que foi embora.

Como lidar com a saudade profunda
Reprimir um sentimento é prejudicial, mas senti-lo em sua totalidade também nos atinge de maneira profunda. E nos momentos em que não vemos saída ou formas de aliviar a falta de algo, Milena Lhano indica que olhemos para o passado com gratidão.

“Ser grato por ter tido a oportunidade de vivenciar boas experiências e conhecer pessoas especiais pode ajudar”, explica. Relembrar não apenas um momento, mas o que ele significou para nós ameniza a tristeza.

A existência de bons momentos em nossa trajetória nos lembram de que todos os dias representam uma chance de encontrarmos felicidade novamente.

Ter consciência de que o sofrimento não é inútil também é uma forma positiva de encarar a saudade. “Toda a frustração nos ajuda a criar bagagem emocional para aprendermos a lidar com nossas próprias dores e encontrar as soluções que mais se adequem a quem somos. É um processo construído aos poucos, e por isso é importante senti-lo”, afirma Wanessa Moreira.

Como superar a saudade
Após perder alguém e vivenciar as fases da saudade, podemos querer nos fechar, para evitar novas frustrações. Entretanto, é importante que nos autorizar a conhecer novas pessoas e viver novas experiências.

“Tem uma frase minha que eu gosto muito: ‘Quando você encontra o seu lugar, a vida transborda para você’. Portanto, devemos focar no presente. Abrace o seu passado e agradeça por quem você é e todos que fizeram parte de sua jornada. Depois, volte para o agora”, conclui Wanessa Moreira.

Aspectos positivos da saudade
Adriana de Araújo afirma que, para vermos a saudade de maneira otimista, é necessário cultivar o sentimento de agradecimento por termos vivido uma parte de nossa jornada com alguém que nos inspirou.

Depois disso, precisamos encarar o que não temos mais, e compreender o que vivemos agora. A partir desse momento, é possível criar estratégias para retomar um modelo de vida que nos trazia alegria, ou então, viver o luto do que já foi.

Após seguir esse raciocínio, podemos nos preparar para experienciar novos cenários e capítulos em nossos caminhos. Por mais que a tristeza esteja presente, a saudade pode ser uma oportunidade de olharmos para dentro de nós e descobrir para qual direção queremos ir, com um maior autoconhecimento.

Saudade no luto
A saudade no luto é a mais intensa, pois a morte representa a impossibilidade de termos novos momentos de felicidade com a pessoa que amávamos. Entender e aceitar o desaparecimento da vida é um processo lento e doloroso, e não devemos nos sentir fracos por isso.

O luto envolve uma grande tristeza, e em alguns casos, até um sentimento de culpa. É comum que muitos de nós pensemos em tudo o que poderíamos ter feito por alguém quando sentimos saudades. Gostaríamos de não ter tido aquela briga, não ter dito aquelas palavras.

Wanessa explica que pensamos assim porque é uma forma de nosso cérebro manter o passado no presente. “Se eu tivesse feito isso ou aquilo, é uma maneira de dizer: ‘Preciso de mais tempo para lidar com isso'”, esclarece.

A psicóloga diz que esse raciocínio é como uma falha no sistema, pelo que nossos pensamentos não avançam. É como uma garantia de que a pessoa permaneça viva na história. Para lidar com essas situações, é necessário respeitar o próprio tempo e entender a dimensão da dor.

Entretanto, existem algumas dicas práticas: Wanessa indica escrever cartas com tudo o que gostaríamos de ter feito e então, imaginar elas acontecendo. “Essa pode ser uma forma de contar para o cérebro que a missão foi cumprida”, conta.

Perder alguém dói. Mas a finitude das coisas sempre será uma verdade a ser encarada. Resta a nós aproveitar o que temos agora, e entender que todas as decisões que tomamos hoje são feitas a partir de nosso repertório emocional. Os erros que cometemos são reflexos de quem éramos em determinada época. Porém, todos estamos buscando aprender a cada dia. O passado não nos define, apenas nos transforma.

Saudade vai embora?
Superar a falta não significa esquecer. Para Adriana de Araújo, a saudade sempre irá morar dentro de nós. Entretanto, com o tempo, ela perde o caráter melancólico, e transforma-se em alegria. Passamos a olhar para trás sem sentir o peso do que não temos.

“Quando você se lembra com carinho e suavidade do passado é o momento em que o sentimento está elaborado e mais leve”, aponta Milena.

Referências
Milena Lhano (CRP 102952), psicóloga clínica sistêmica, com vasta experiência no atendimento de questões familiares e amorosas
Adriana de Araújo, psicóloga especializada em Hipnose Ericksoniana, programação neurolinguística e Novo Código da PNL
Wanessa Moreira, terapeuta transpessoal, orientadora e Master Mentoring em Coaching Corpo e Mente.

Fonte: Minha Vida

Medo: como vencer e quando se torna fobia

O medo em excesso pode se transformar em fobia, que pode prejudicar a saúde

O que é medo
O medo é uma resposta do organismo a uma situação de ameaça. Quando precisamos enfrentar um evento estressante, o cérebro libera mais substâncias, o coração bombeia mais sangue, os músculos ficam enrijecidos e a força física aumenta substancialmente. Entre as causas mais comuns do temor, estão os insetos, altura, injeções e falar em público.

Segundo o psicólogo e professor Jair Kappann, da Unesp, o sentimento também está ligado à ansiedade gerada pela antecipação mental do perigo a ser enfrentado. Apesar de servir para a sobrevivência da espécie, o medo em excesso paralisa a pessoa e pode se transformar em uma doença na sociedade atual: a fobia.

Veja a seguir, como superar os medos e em que momento o nosso senso de ameaça se transforma em fobia.

O que é fobia
Segundo a psicóloga Neuza Corassa, membro da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental, o medo funciona como um sinalizador, ajudando a pessoa a se preparar para alguma situação, como, por exemplo, dar uma palestra. Entretanto, o medo além da medida é considerado fobia, que imobiliza as pessoas, fazendo elas se esquivarem do problema.

“Os medos considerados patológicos, que são excessivos e desproporcionais ao perigo enfrentados, foram nomeados com uma palavra grega, ou latina, acrescida do sufixo fobia”, ressalta o psicólogo Jair. Temos, como exemplo, agorafobia (medo de grandes espaços, multidões e do escuro), acrofobia (medo de lugares altos), claustrofobia (medos de lugares fechados) e muitas outras.

“O ataque de pânico, um medo tão intenso que paralisa o indivíduo, ocorre de forma espontânea e involuntária, sempre frente aos mesmos objetos ou situações”, diz a especialista.

Funciona assim: a pessoa canaliza toda a angústia, a ansiedade e o medo para um objeto ou determinada situação, que não causa o mesmo medo em quem não tem o problema. “Para a Psicanálise, esses medos têm uma origem comum e, na maioria dos casos, as causas estão em situações vividas na infância”, explica Jair.

O medo de altura, por exemplo, está relacionado à insegurança do bebê em dar os primeiros passos, enquanto a fobia de sair à rua, ao medo da criança de perder-se dos pais. Nessas situações extremas, qualquer adulto pode ter atitudes infantis, como fazer xixi nas calças, gritar e chorar.

De acordo com a psicóloga, a fobia pode surgir de três maneiras:

Por ouvir histórias ruins que fazem a pessoa ficar traumatizada com a situação
Por associação. Exemplo: A pessoa está ansiosa em um dia horrível, entra em um elevador e o associa ao momento ruim
Por ter passado pela experiência traumática com o objeto/situação de sua fobia.

Como surge a fobia social?
Todos nós temos certa ansiedade natural frente às outras pessoas e situações sociais desconhecidas, como falar em público, pedir aumento de salário, paquerar, entre outras. Essa sensação pode ser uma característica normal da personalidade da pessoa, considerada mais tímida que as demais.

“Em alguns casos, esse medo é exagerado e é descrito como fobia social, uma sensação difusa de angústia e apreensão acompanhada de várias sensações físicas de palpitações, sudorese, tremor, aperto no estômago e a nítida sensação de que vai morrer”, adverte o psicólogo Jair.

O ataque de pânico, um medo tão intenso que paralisa o indivíduo, ocorre de forma espontânea, involuntária e recorrente, sempre frente aos mesmos objetos ou situações que se tornam ameaçadores. Com medo de ter os ataques, o sujeito acaba se trancando em casa e tem dificuldade em ter uma vida normal, por ter medo de entrar em pânico.

Jair ainda explica que, sem um tratamento adequado, a pessoa vai enfrentar uma série de limitações na sua vida social, mesmo tentando conviver com a situação, que prejudicará a sua qualidade de vida e as relações com os outros.

Como superar o medo
Os especialistas recomendam tratamento psicológico que pode ser acompanhado do uso de medicamentos receitados por psiquiatras para amenizar os sintomas e evitar as crises.

De acordo com o psicólogo Jair, existem vários tipos de psicoterapia que podem ser utilizadas nesse caso. A Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) é a mais breve, pode durar só algumas sessões e eliminar totalmente os sintomas.

Já as psicoterapias mais profundas e de longa duração vão buscar as causas desses temores e, além de eliminar os sintomas, irão proporcionar um crescimento pessoal mais amplo e duradouro para o paciente, evitando o aparecimento de outros transtornos psicológicos ligados à mesma causa.

Se a pessoa já tem um medo acentuado, a família deve prestar atenção e ajudar a pessoa a enfrentar o problema com auxílio de um profissional. Segundo Neuza, a maior dificuldade para tratar a fobia é a pressa do paciente em melhorar.

No tratamento que a especialista utiliza em sua clínica, ela recomenda o exercício físico três semanas antes de se “expor” ao medo, para o relaxamento muscular e para produzir as endorfinas que neutralizam a noradrenalina em excesso que surge nas situações de fobia. Em seguida, ela ressalta a importância da respiração do diafragma porque, sem oxigenação no cérebro, a pessoa fica mais ansiosa.

De acordo com essa técnica, entre a quinta e a oitava sessão no consultório, os resultados começam a aparecer. “A exposição é feita aos poucos. No caso de fobia de elevador, por exemplo, a pessoa é levada até ele para observá-lo. Em um segundo momento, ela vai usá-lo até o primeiro andar e volta de escada, depois, usa até o segundo e volta de escada e por aí vai. No entanto, nada é forçado e nunca a pessoa é exposta a uma situação muito complicada”, explica.

Medo comum: deve ser tratado?
Se os medos que você sente estão te causando desconforto, problemas na vida pessoal ou profissional, é preciso buscar ajuda especializada.Também é preciso lembrar que toda pessoa, mesmo que não tenha um problema grave, pode ter benefícios em uma psicoterapia ou análise.

“Além de melhorar a saúde – já que 80% das doenças estão ligadas a causas emocionais – ela mudará o seu modo de pensar e as suas atitudes e proporcionará um desenvolvimento psicológico maior, favorecendo o crescimento pessoal e aumentando as chances de ter uma vida mais feliz”, conclui o especialista.

Fonte: Minha Vida

Práticas para o controle do estresse e da dor

O nosso sistema nervoso central (SNC) já foi considerado uma estrutura rígida e imutável mas após diversos estudos comprovou-se a sua plasticidade neural. Esta seria a capacidade que o SNC tem em modificar algumas das suas propriedades morfológicas e funcionais em resposta aos estímulos do ambiente. Sendo assim, consideramos que existe uma adaptabilidade do SNC às mudanças e lesões que venha a sofrer. Acreditando nisto a psicologia e outras ciências do comportamento humano acreditam que se o indivíduo sofreu um trauma, ou tem dificuldade de mudar a sua maneira de pensar e agir através de uma reestruturação cognitiva, ele pode modificar comportamentos não-adaptativos por adaptativos.

Nossa mente e nosso corpo estão intimamente ligados. Portanto na medida em que sentimos determinadas emoções ou nos submetemos ao estresse, eles reagem juntos. A reação por sua vez pode desencadear em uma psicossomatização.

Quando estamos submetidos a um alto nível de estresse e dor, o nosso sistema nervoso simpático produz uma resposta de “luta ou fuga”, utilizando suas energias para se proteger de um perigo iminente, sinalizando para as glândulas liberarem cortisol e adrenalina, hormônios responsáveis por acelerarem os batimentos cardíacos, aumentarem o nível de açúcar no sangue e dilatarem os vasos sanguíneos. Assim, o corpo fica submetido a um estresse crônico ocasionando em um adoecimento.

Nestas situações precisamos ativar o sistema nervoso parassimpático, responsável por relaxar e abaixar os níveis de estresse. Dentre as atividades mais reconhecidas e comprovadas cientificamente, a meditação é a mais utilizada, já que pode ser adaptada em qualquer situação.

Porém quando estamos estressados e ansiosos, temos dificuldade de fazer uma pausa e acreditamos que para conseguir meditar, precisamos esvaziar a cabeça. E nós sabemos que vivendo em meio a tantos estímulos estressores, é quase impossível tentar não pensar em nada. Mas atualmente tem se falado bastante da Mindfulness, uma meditação orientada e dirigida, que produz relaxamento, atenção plena e uma abertura para lidar com as emoções negativas e positivas.

A prática do Mindfulness favorece uma melhora na regulação da emoção, que é a capacidade que o indivíduo tem de lidar com situações adversas e estressantes, sem trazer prejuízos para a própria vida. Assim, associada a uma prática psicoterápica é possível aprender novas respostas adaptativas.

Além disso a Terapia baseada em Mindfulness ajuda a reduzir sintomas de ansiedade, depressão e dores crônicas. Diversas pesquisas evidenciam os benefícios da técnica em pacientes oncológicos, diminuindo efeitos colaterais das drogas quimioterápicas como por exemplo enjoo, dor e ansiedade, e permite que o paciente consiga levar a atenção para longe das preocupações e pensamentos negativos que potencializam o estado deprimido do paciente, reduzem o stress e aumentam a imunidade.

Além disso a prática do Mindfulness permite que o paciente possa, através da curiosidade, investigar o momento presente sem julgamentos para ao invés de reagir aos estímulos externos, poder aceitar o presente, perceber e acolher as emoções que surgem, mesmo que negativas e assim responder com assertividade ao meio.

Fonte: Dr. Juliana Orrico, Psicologia

É preciso reconhecer e respeitar o luto de idosos e crianças

Especialista alerta para os riscos de tentar poupar entes queridos da dor

A psicóloga Erika Pallottino é coordenadora do Instituto Entrelaços, o primeiro especializado em luto no Rio de Janeiro. Criado em 2012, tem inclusive um braço voltado para o atendimento de emergência a empresas: por exemplo, em casos de acidentes ou suicídios. Erika também coordena a pós-graduação em psico-oncologia da PUC-Rio e sua dissertação de mestrado diz tudo sobre sua área de atuação: “Discursos do silêncio: crianças doentes falam sobre a dor, a morte e a vida”. Aproveitei essa larga experiência para tratar do delicado (e recorrente) tema que é a decisão de “poupar” idosos e crianças de notícias duras sobre a doença e a morte de entes queridos.

“Na verdade, quando pensamos que estamos poupando as crianças e os velhos, acabamos não reconhecendo seu luto. Os teóricos batizaram essa situação de enlutamento não autorizado”, explica Erika, que acrescenta: “a realidade se apresenta de algum modo, porque a percepção de que algo mudou é concreta. É o que chamo de discursos do silêncio, porque as crianças sabem o que está acontecendo, inclusive quando estão gravemente doentes”.

A professora diz que sempre é possível preparar os mais frágeis para notícias ruins e que a pior alternativa é quando o silêncio se torna um protagonista: “para a criança, o que parece ser uma boa ação tem reflexos no futuro. Interfere em seu desenvolvimento cognitivo, na construção de laços de confiança, na autoestima. Para os pequenos e os mais velhos, tratar do assunto significa dizer que aquela pessoa tem a capacidade de entender, de lidar com aquilo, de dar conta da situação. Não se deve retirar a possibilidade da despedida, que é um facilitador do processo”.

Um contingente em expansão é o de idosos que perdem filhos adultos: “esses pais estão na casa dos 80, às vezes dos 90 anos, e carregam a culpa de continuarem vivos”, afirma a psicóloga. Para a pesquisadora americana Katherine Shear, especialista em complicações no luto, esse é um grupo de risco, como detalha Erika Pallottino: “o enlutado grave não consegue elaborar o processo, há um prolongamento daquela resposta aguda que pode se estender por anos. Trata-se de uma disfuncionalidade relevante, porque a pessoa não consegue lidar com o trabalho, cuidar dos filhos, ela se isola completamente”.

Ela enfatiza que a morte, súbita ou anunciada, é igualmente devastadora e cada família tem a sua própria história. Por isso os rituais de despedida são tão importantes, como desfazer a mesa de trabalho do ente querido que partiu, ou guardar lembranças para os filhos. “Há duas palavras que não se aplicam ao luto: já e ainda. É comum ouvir julgamentos do tipo: ‘fulano já está indo a festas, se divertindo?’. Ou ‘ela ainda não consegue sair de casa?’. Cada trajetória é única e deve ser respeitada, não há uma narrativa ‘correta’. A expressão do luto fala da história do encontro, do vínculo, do amor. Para cada vínculo rompido, há uma dor que precisa ser elaborada. Isso leva tempo e é absolutamente individual”, conclui.

Fonte: Bem Estar

Déficit de atenção: até 5% das crianças no mundo têm TDAH

Especialistas falam como os pais devem agir caso o filho seja diagnosticado com o transtorno.

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é mais comum em crianças e adolescentes e apresenta sinais típicos, como a dificuldade de concentração, impulsividade e inquietação, todos num nível acima do normal, trazendo prejuízos para a vida da criança e dos pais. Para o diagnóstico correto é preciso fazer entrevistas clínicas, relatórios psicopedagógicos e testes. Só depois disso é possível saber se os sintomas são normais ou indicam uma patologia. A boa notícia é que a maioria das crianças que tem TDAH melhora a partir da adolescência.

Veja alguns sinais de alerta:

Dificuldade em brincar silenciosamente;
Inquietação;
Desorganização;
Não completar tarefas.

TDAH NA FASE ADULTA?
Em 50% dos casos, o transtorno acaba na infância. Mas para descobrir quais crianças podem ter sintomas ainda na vida adulta, pesquisadores do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, em parceria cientistas dos Estados Unidos e do Reino Unido, desenvolveram um programa de computador para calcular o risco.

“A gente consegue chegar a uma aproximação e poder trabalhar com aquela família se a criança está no maior risco ou no menor risco de persistência e com isso, também é importante porque a gente consegue mobilizar mais a família em algumas situações para seguir o tratamento, aderir ao tratamento”, explica o diretor do programa de déficit de atenção e hiperatividade em crianças, Luis Augusto Rohde.

É preciso ressaltar que a calculadora de TDAH não dá o diagnóstico. O teste só mostra os riscos da criança ter TDAH na fase adulta, o que não quer dizer que isso irá acontecer. A calculadora serve mais como um alerta para os pais ficarem atentos ao comportamento do filho e tratarem o problema.

COMO AJUDAR A CRIANÇA COM TDAH
Além do tratamento com especialista, os pais podem estimular os filhos com brincadeiras e jogos infantis lúdicos, que exigem concentração e atenção, como quebra-cabeça, brincar de estátua, jogos da memória, jogos de tabuleiro, “seu mestre mandou”, “morto-vivo” etc.

Essas brincadeiras devem ser incorporadas à rotina da família e praticadas diariamente. Com isso, de forma divertida, os pais ajudam seus filhos a segurar os impulsos – aguardando até que uma ordem seja completada, ou parando subitamente o que estão fazendo; a prestar atenção – guardando e manipulando informações; e a controlar a inquietação motora – desenvolvendo o autocontrole.

Excesso de diagnóstico?

Prescrição do remédio mais utilizado contra o TDAH aumentam durante o período escolar, diz Anvisa. Doutor Daniel Barros, psiquiatra e consultor do Bem Estar fala sobre o papel da escola em casos do transtorno e se há exageros.

Fonte: BemEstar

Por que chorar às vezes faz tão bem?

Temos três tipos de lacrimejamento; um deles alivia níveis de estresse.

Às vezes, chorar faz você se sentir melhor?

Veja a resposta no vídeo: https://www.bbc.com/portuguese/geral-48759701

Nós produzimos três tipos de lágrimas.

O lacrimejamento reflexo ajuda a expulsar substâncias que tenham irritado nossos olhos;
O lacrimejamento basal mantém a córnea úmida;
E o que conhecemos como “choro”, o lacrimejamento de emoção com hormônios para aliviar a dor
Todas as lágrimas contêm enzimas e proteínas. Lágrimas de emoção, no entanto, diminuem o nível de estresse do corpo.

É verdade que o botão ‘soneca’ do despertador ajuda a se sentir melhor?

Adiar em alguns minutos o momento de sair da cama não vai nos proporcionar um sono mais reparador.

Dormir ou dormitar? Certamente você sabe a resposta, mas não é do seu agrado. É provável que a maioria de nós em algum momento da nossa vida utilizemos a função “repetição do alarme” do despertador. Só um pouquinho mais debaixo do cobertor, um momento para pôr os nossos pensamentos em ordem, não é mesmo? Embora essa enrolação possa parecer inofensiva, cabe a possibilidade de que não seja. Em primeiro lugar, é importante saber por que utilizamos o botão. Em alguns casos, trata-se de um costume que começou muito cedo, mas com frequência pode ser sintoma de um problema importante com o sono. Já ficou demonstrado que dormir mal tem relação com numerosos transtornos da saúde, entre eles a hipertensão, os problemas de memória e até o controle de peso.

Sou especialista em dor facial e estudei a fundo o sono e como ele influi nas afecções acompanhadas de dor. Fazendo exames, descobrimos que muitos de nossos pacientes afligidos por dor crônica sofrem também diversos transtornos do sono.

Como é um sono normal?
Se estivermos cansados quando o alarme toca, servirá de alguma coisa utilizar o botão da soneca? Embora não haja estudos científicos que abordem esta questão de maneira específica, a resposta provavelmente é não. Nosso relógio biológico natural regula as funções mediante os ritmos circadianos, como são chamadas as mudanças físicas, mentais e comportamentais que acompanham um ciclo diário.

A maioria dos adultos necessita de aproximadamente 7,5 ou 8 horas de bom sono por noite. Isto nos permite dedicar o tempo adequado aos estágios do sono, conhecidos como sem movimentos oculares rápidos (NREM, pela sigla em inglês) e com movimentos oculares rápidos (REM).

Costumamos passar de maneira cíclica dos três estágios NREM para o sono REM entre quatro e seis vezes por noite. Durante a primeira parte dela, prepondera o sono profundo NREM, enquanto que a última consiste sobretudo em sono REM.

Dormir bem é importante
Manter esta estrutura bem definida é fundamental para um bom sono reparador. Se o processo se alterar, normalmente despertamos cansados pela manhã.

Diversos fatores podem influir nos ciclos de sono. Por exemplo, se uma pessoa não respira bem enquanto dorme (ronca ou tem apneia do sono), isso afetará às sequências normais e fará que desperte com a sensação de não ter descansado. O uso de aparelhos eletrônicos ou o consumo de tabaco ou álcool antes de dormir podem diminuir a qualidade do sono. Até mesmo jantar logo antes de ir para a cama é uma possível fonte de problemas.

O uso do botão de repetição do alarme costuma começar na adolescência, quando os ritmos circadianos estão um pouco alterados, razão pela qual temos vontade de passar a noite em claro e acordar tarde no dia seguinte. Adiar em nove minutos o momento de sair da cama simplesmente não irá nos proporcionar mais sono reparador. De fato, segundo algumas hipóteses, poderia causar confusão no cérebro, que passaria a secretar mais quantidades das substâncias neuroquímicas indutoras do sono.

Em suma, parece que vale mais a pena pôr o alarme para uma hora determinada e se levantar assim que ele tocar. Se o cansaço matutino for habitual, consulte com um especialista do sono para averiguar a causa.

Steve Bender é professor clínico auxiliar de Cirurgia Oral e Maxilo-Facial da Universidade A&M do Texas.
Fonte: ElPais

Sexualidade: Especialista alerta sobre Viagra feminino

A aprovação de uma droga nos EUA para estimular a libido feminina promete mudar a vida das mulheres que buscam tratamento para o baixo interesse sexual. No entanto, a psicóloga e terapeuta sexual da Clínica Cuidarte, Kyslley Urtiga, alerta quanto a eficácia do medicamento.

O remédio, chamado Vyleesi, será vendido pela AMAG Pharmaceuticals e deve ser usado 45 minutos antes da relação sexual, por meio de uma caneta auto-injetável que é administrada na coxa ou no abdômen.

Para a especialista o tema em questão é delicado, uma vez a complexidade emocional da sexualidade feminina e os problemas derivados dessa condição não têm, com frequência, causas médicas, e medicamentos como Viagra feminino não serão usados pelas mulheres por vontade própria e sim por imposição para melhorar uma relação já falida.

“Existem questões muito mais profundas na disfunção de desejo feminino para serem resolvidas antes de lhe entregarem uma pílula mágica. As pessoas ainda focam em desviar dos reais motivos, e ficam mascarando soluções com pílulas mágicas que, obviamente, não são efetivas. É preciso desmistificar isso, pois uma queixa sexual envolve vários pilares que precisam ser investigados, e que ninguém vai dar uma solução rápida, assim como remédio ”, declara Kyslley.

A psicóloga destaca que a sexualidade deve ser sempre discutida e o tratamento da diminuição de libido exige não só uso de medicações, mas mudança de hábitos, de vida e, às vezes, é necessário também tratamento psicoterápico da mulher ou do casal.

“O estudo da Sexualidade Humana ainda é banalizado, porque o tema ainda é circuncidado por tabus, mas precisamos ajudar as pessoas a compreenderem que se deve encarar os problemas para ter uma vida sexual satisfatória”, finaliza a especialista.

Como ‘ensinar’ seu corpo a acordar cedo, segundo cientistas

Mudanças simples de hábito podem ajudar a ajustar o relógio biológico e melhorar o bem-estar, concluem cientistas na Austrália e no Reino Unido.

Mudanças simples de hábito podem ajudar a ajustar o relógio biológico e melhorar o bem-estar, concluem cientistas na Austrália e no Reino Unido. Os pesquisadores se concentraram nos chamados “corujões”, indivíduos que têm uma predisposição natural a ficar acordados até tarde da noite. Os participantes foram orientados a adotar técnicas simples, como horários regulares para dormir, redução do consumo de cafeína e exposição ao sol pela manhã.

Embora a abordagem pareça óbvia, pode fazer uma diferença importante na vida das pessoas, de acordo com os cientistas. Todo mundo tem um relógio biológico interno, que é influenciado pela variação da luz. Mais precisamente, pelo nascer e o pôr do sol. É por isso que dormimos à noite. Mas os “relógios” de algumas pessoas são mais atrasados do que outros.

Enquanto os indivíduos diurnos tendem a levantar da cama cedo, mas lutam para ficar acordados até tarde, os notívagos são o oposto, preferem acordar mais tarde e permanecem ativos até altas horas da noite.

Acordar tarde faz mal?
O problema para muitos “corujões” é se encaixar em um mundo baseado no horário comercial, de 9h às 17h, com o despertador tocando cedo, horas antes de seu corpo estar pronto. Não é à toa que pesquisas recentes mostram que ser notívago está associado a um risco maior de morrer de forma prematura, assim como de desenvolver doenças físicas ou mentais.

Os cientistas analisaram o comportamento de 21 “notívagos extremos” que costumavam ir dormir às 2h30 e só acordavam depois das 10h.

E deram aos participantes as seguintes instruções:

– Acorde 2 a 3 horas mais cedo que o habitual e pegue sol ao ar livre pela manhã.

– Tome café da manhã assim que possível.

– Pratique exercício físico apenas pela manhã.

– Almoce na mesma hora todos os dias e não coma nada depois das 19h.

– Corte a cafeína depois das 15h.

– Não tire cochilos depois das 16h.

– Vá para a cama 2 a 3 horas mais cedo que o habitual e reduza a iluminação à noite.

– Mantenha os mesmos horários de sono e vigília todos os dias.

Após três semanas, os participantes adiantaram com sucesso seus relógios biológicos em duas horas, conforme revelam as análises feitas pelas universidades de Birmingham e Surrey, no Reino Unido, e a Universidade Monash, na Austrália. Os resultados, publicados na revista científica Sleep Medicine, mostraram que as pessoas ainda conseguiam dormir as mesmas horas de sono.

Mas relataram níveis mais baixos de sonolência, estresse e depressão, enquanto os testes indicam que seus tempos de reação também melhoraram. “O estabelecimento de rotinas simples pode ajudar os notívagos a ajustar seus relógios biológicos e melhorar sua saúde física e mental”, afirmou Debra Skene, professora da Universidade de Surrey. “Níveis insuficientes de sono e desalinhamento circadiano [do relógio biológico] podem interferir em muitos processos corporais, aumentando o risco de doença cardiovascular, câncer e diabetes.”

Um dos principais sinais que o organismo usa para sincronizar seu relógio com o ciclo do sol é a luz – por isso a recomendação de expor o corpo mais à luz durante o dia e menos à noite. Ter horários de sono e vigília irregulares também pode atrapalhar o ritmo circadiano, ciclo fisiológico de aproximadamente 24 horas do organismo.

As técnicas adotadas podem parecer recomendações óbvias para um sono saudável, mas cada uma é usada para ajudar a treinar o relógio biológico. O que os pesquisadores não sabiam era se as pessoas programadas para dormir tarde reagiriam à mudança de hábitos.

“O que não é óbvio é se, no caso de notívagos extremos, é possível fazer algo a respeito?”, explica Andrew Bagshaw, da Universidade de Birmingham. “São coisas relativamente simples que qualquer um pode fazer e que causam impacto, e isso para mim é surpreendente.” “Ser capaz de ajudar uma boa parcela da população a se sentir melhor sem uma intervenção particularmente radical é muito importante”, completa.

Fonte: BBC

Problemas de sono podem sinalizar agravamento de tendências suicidas em jovens

Alterações do sono se diferenciam de outros fatores de risco porque são visíveis como um sinal de alarme, afirma pesquisadora.

Os problemas de sono podem sinalizar o agravamento de tendências suicidas em adultos jovens, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (28) pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, na revista “Journal of Clinical Psychiatry”.

O estudo aponta que o tratamento dos problemas relacionados à falta de sono pode aliviar a tendência suicida, a segunda causa de morte entre adultos jovens no país, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês).

“O suicídio é o resultado trágico de doenças psiquiátricas que interagem com múltiplos fatores de riscos biológicos, psicológicos e sociais”, destacou Rebecca Bernert, professora de Psiquiatria e Ciências do Comportamento de Stanford e uma das autoras da pesquisa.

“As alterações do sono se diferenciam de outros fatores de risco porque são visíveis como um sinal de alarme, ainda que não estigmatizem e sejam altamente tratáveis”, enfatizou Rebecca.

O estudo também apresenta uma importante colaboração para o tratamento deste problema, que causou a morte de 44 mil pessoas nos EUA em 2016, segundo a Fundação Americana para Prevenção do Suicídio.

A pesquisa recolheu tanto informações objetivas quanto reportadas pelos 50 participantes adultos com idades entre 18 e 23 anos e alto risco de suicídio, selecionados a partir de uma base de investigação de cerca de cinco mil estudantes universitários.

O sono dos participantes no estudo foi observado objetivamente durante uma semana, na qual um sensor especial instalado em seus pulsos – configurado para medir o sono – foi usado a fim de determinar se dormiam ou se estavam acordados.

Tanto no início da pesquisa como após 7 e após 21 dias, os participantes responderam questionários para medir a gravidade dos seus sintomas suicidas, insônia, pesadelos, depressão e consumo de álcool.

Aqueles que tinham um maior grau de variação do momento em que adormeciam durante a noite até a hora em que acordavam mostraram uma maior tendência a apresentar sintomas suicidas nas revisões dos 7 e 21 dias. Igualmente, aqueles que reportaram maior quantidade de horas de insônia e pesadelos mostraram tendências suicidas mais altas.

“Os transtornos do sono e as ideias suicidas são sintomas de depressão, por isso é fundamental destrinchar estas relações e avaliar os fatores que se sobressaem para prever o risco”, ressaltou Rebecca.

“Acreditamos que o estudo das perturbações do sono pode representar uma importante oportunidade para a prevenção do suicídio”, opinou.

Fonte: Bem Estar