Abuso contra criança gera mudança no comportamento

Os sintomas de abuso vão de apatia ao risco de suicídio. Saiba identificar os sinais.

No último dia 18 de maio foi lembrado o Dia Nacional de Luta o Abuso e a Exploração Sexual Infantil. A psicóloga Kislley Sá Urtiga, coordenadora da Cuidarte Terapias Integradas, foi ouvida sobre o assunto em uma reportagem do Portal Cidade Verde, assinada pela jornalista Caroline Oliveira, onde ela pontuou que as crianças não tendem a denunciar esse tipo de violência porque os sofrimentos e danos as elas causados são feitos por quem deveria dar proteção, mas os infrigem.

Essas crianças tendem a apresentar diversas mudanças de comportamento. “Os sintomas variam desde apatia, ansiedade, depressão, timidez, agressividade, sexualidade exacerbada, ansiedade, depressão, distúrbio de personalidade, uso de drogas, risco de suicídio, falta de apetite, isolamento, comportamentos hostis, fadiga crônica, medo, insônia, baixa autoestima, somatização de doenças, falta de expectativas no futuro, entre outros”, destacou a psicóloga.

 

Veja entrevista com a psicóloga sobre os traumas que a violência pode provocar numa criança:

 

1. Por que as crianças tendem a não contar o fato?

Porque geram sofrimentos e danos a criança, exercidos, geralmente, por adultos que deveriam ser, a princípio, os responsáveis pela segurança, supervisão e proteção. No entanto, falham nessas tarefas, não estabelecendo relações recíprocas e apresentando desequilíbrio nas funções relativas ao poder.

 

2. É possível perceber que a criança sofre de abuso sexual? Como? Há mudança de comportamento, especifica?

A violência sexual corresponde aos atos de natureza sexual impostos a uma criança ou adolescente por um adulto que explora seu poder hierarquicamente superior, sob a forma de assédio verbal, invasão de limites corporais ou psicológicos com toques ou palavras e relações sexuais genitais, orais ou anais. No abuso sexual, as atividades sexuais não estão sintonizadas com o nível de desenvolvimento do adolescente, o qual é incapaz de dar o seu consentimento.

O abusador poderá envolver a vítima em situações de estupro, incesto e exploração sexual. A violência pode desencadear uma ou mais reações específicas nas pessoas envolvidas e no contexto nas quais estão inseridas. O comportamento mais observado, são pessoas frustradas e vulneráveis, a expressar agressividade.

Os sintomas variam desde apatia, ansiedade, depressão, timidez, agressividade, sexualidade exacerbada, ansiedade, depressão, distúrbio de personalidade, uso de drogas, risco de suicídio, falta de apetite, isolamento, comportamentos hostis, fadiga crônica, medo, insônia, baixa autoestima, somatização de doenças, falta de expectativas no futuro, entre outros.

 

3. Que traumas essa criança pode ter após sofrer abuso sexual?

São atos de hostilidade e agressividade que podem influenciar na motivação, na autoimagem e na autoestima. Podendo ser associado no futuro a graves disfunções sexuais.

 

4. Como tratar esse trauma?

Devem ser trabalhados aspectos relacionados à autoestima, autoimagem, bem-estar emocional, de acordo com o grau de severidade e de comprometimento da vítima da violência;

Atendimento psicológico familiar, com o objetivo de trabalhar as crenças, mitos, segredos familiares, autoestima dos membros da família e fortalecê-la para resolver seus conflitos e estabelecer a comunicação entre os membros;

Além das propostas citadas anteriormente, cabe aos psicólogos desenvolverem uma visão estratégica, isto é, ter ações eficazes para a valorização dos potenciais individuais.

 

5. As sequelas ficam para a vida toda? Essa criança pode se tornar um pedófilo?

O abuso sexual deve ser analisado em relação à sua frequência, intensidade, severidade e duração. Se a criança é submetida, desde cedo, a situações de abuso, maior será o comprometimento em relação ao seu desenvolvimento.

A pedofilia é um desvio sexual, o qual, a maioria dos crimes envolvendo atos sexuais contra crianças são realizados por pessoas que não são consideradas clinicamente pedófilas, já que não sentem atração sexual primária por crianças. Mundialmente, apenas um quarto dos abusos sexuais de crianças é praticado por pedófilos. Esses abusos sexuais são praticados por pessoas que simplesmente acharam mais fácil fazer sexo com crianças, seja enganado-as ou utilizando de intimidação ou força.

 

6. Qual deve ser o comportamento dos pais/responsáveis após a descoberta do crime para com a criança?

Comunicar a autoridades policiais para que investigue e tomem as medidas legais cabíveis.

 

*Entrevista originalmente publicada no portal Cidadeverde.com
**Edição Adriana Lemos