Veja dicas de como introduzir a meditação na sua rotina

Técnicas meditativas ajudam a trazer mais clareza mental para o seu dia a dia

Meditar não é difícil e você não precisa fugir para as montanhas para praticar, como um monge budista. Basta separar alguns minutos da sua rotina e ir implementando, aos poucos, a meditação na sua vida. Quem ensina é a professora de yoga, Patrícia Britto. “É possível usar técnicas meditativas para trazer mais clareza mental para o seu dia a dia. Isso ajuda a conhecer melhor como funciona sua mente, o que traz uma série de benefícios: redução da ansiedade, melhor gerenciamento das emoções, capacidade de sentir-se em paz independentemente das circunstâncias externas, mais habilidade de concentração, melhora do humor, entre outros”, diz.

Veja o passo-a-passo

image

Crie o hábito
Escolha um lugar e horário, de preferência pela manhã, para meditar todos os dias. Manter uma rotina ajuda a mente a entrar no estado meditativo quando a hora se aproximar. Procure um local silencioso para evitar distrações.

Comece aos poucos
Começar com 10 minutos por dia é suficiente e, depois de um mês, em média, você já pode começar a sentir os efeitos.

Espinha ereta
Sente-se em uma postura confortável, com a coluna ereta. Não precisa necessariamente cruzar as pernas em lótus e pode inclusive usar uma almofada, apoiar as costas ou se sentar em uma cadeira. Se a postura for desconfortável, sua atenção vai ser desviada para a dor e dificilmente você vai conseguir se concentrar por muito tempo.

Dica: Evite meditar deitado ou no ambiente onde você dorme. Se a mente ainda não está acostumada, quando você reduzir o fluxo de pensamentos terá mais chance de pegar no sono.

Mente quieta
Ao fechar os olhos, observe seu corpo e tente eliminar qualquer tensão física. Escolha o objeto da sua meditação: pode ser a respiração, um mantra, uma parte do corpo. Procure manter toda sua atenção concentrada neste objeto.

Coração tranquilo
Se vierem pensamentos, memórias ou sentimentos, simplesmente observe-os sem interferir, espere eles passarem e volte a se concentrar. É muito comum que os pensamentos voltem. Não lute contra eles, não se julgue nem desanime.

Dica: Se sentir vontade de se mexer ou se coçar, primeiro tente ignorar. Se a vontade persistir, mexa, coce, e volte a se aquietar quantas vezes for necessário

Treine
No início, é normal sentir desconforto. Manter uma atividade física regular ajuda a conseguir ficar parado por mais tempo sem sentir dor.

Fonte: Folha

Dormir tem função antioxidante, aponta estudo

 

Por que dormimos? Essa pergunta não encontra uma resposta muito clara na ciência pois, em termos evolutivos, parece um contrassenso um animal ficar em repouso por tanto tempo, à mercê de predadores. Além disso, quando dorme, um ser humano obviamente não obtém comida e acaba praticamente não interagindo com o meio ambiente.

Mas um novo estudo, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Columbia, de Nova York, e publicado nesta quinta-feira pela revista PLOS Biology, traz uma conclusão pertinente sobre a função do sono: dormir tem um efeito antioxidante no organismo.

Para chegar aos resultados, os cientistas utilizaram uma variedade mutante da drosófila, inseto mais conhecido como mosca-da-fruta, adaptada justamente para ter sono mais curto do que o normal – mantendo de modo intacto seus ritmos circadianos, no entanto. E encontraram novas evidências de como a falta de sono traz efeitos negativos para a saúde.

A conclusão principal foi que a privação do sono faz com que os animais tenham uma sensibilidade maior ao estresse oxidativo agudo – ou seja, uma noite bem dormida tem propriedades antioxidantes.

Para os pesquisadores, o entendimento da relação entre dormir e o estresse oxidativo pode ser um passo importante na compreensão de doenças humanas modernas – de distúrbios do sono a doenças neurodegenerativas.

“A maior parte dos animais dorme. Os seres humanos dormem quase um terço de suas vidas. E ainda hoje as funções fundamentais do sono permanecem desconhecidas”, afirma a pesquisadora Vanessa Hill, do Departamento de Genética da Universidade de Columbia, uma das autoras do estudo. “Utilizamos a drosófila de sono curto para descobrir o papel do sono na resistência ao estresse oxidativo. E observamos que quanto mais aumentávamos o tempo de sono das moscas, maior era essa resistência.”

Estresse prejudica o sono
Mas a análise não para por aí. Os pesquisadores descobriram que se trata de uma relação de mão dupla, ou seja, o estresse oxidativo também interfere no sono. “Quando reduzimos o estresse oxidativo em neurônios das drosófilas selvagens, observamos que elas reduziam seu tempo de sono”, explica Hill, indicando, portanto, que a necessidade do sono é decorrente do estresse oxidativo. “Isso sugere que o estresse oxidativo tem um papel regulador do sono.”

É uma relação intrigante: o estresse oxidativo desencandeia o sono, que então age como antioxidante tanto para o corpo como para o cérebro.

Estresse oxidativo é uma condição de quando o organismo apresenta um desequilíbrio entre a produção de reativos de oxigênio e sua remoção – por meio de sistemas enzimáticos ou não enzimáticos.

Em tese, todo organismo vivo precisa de um equilíbrio entre suas células. Perturbações desse sistema podem provocar a produção de peróxidos e radicais livres, o que acaba danificando os componentes celulares. De acordo com os pesquisadores de Columbia, esse estresse oxidativo, resultado do excesso de radicais livres, pode levar a uma disfunção orgânica. “Se a função do sono é defender-se do estresse oxidativo, o aumento do sono deve aumentar a resistência ao estresse oxidativo”, afirma Hill.

A atual pesquisa, portanto, mostra que sono tem propriedades antioxidantes, evitando justamente esses danos. Nos seres humanos, o estresse oxidativo é apontado como fator de predisposição a um espectro de doenças como Alzheimer, Parkinson, Huntington e aterosclerose.

Obesidade e falta de sono
Em linhas gerais, o estudo indica que, se há uma correlação entre os distúrbios do sono e tais doenças, a perda de sono pode tornar os indivíduos mais sensíveis ao estresse oxidativo e, consequentemente, às patologias. E o inverso também seria verdadeiro: o rompimento patológico da resposta antioxidante levaria à perda do sono. Um ciclo vicioso.

Privação de sono pode causar perturbações no organismo que levam à produção de peróxidos e radicais livres danosos às células

“Em geral, mudanças nos hábitos de sono estão sempre relacionadas a mudanças no comportamento metabólico do armazenamento de energia”, pontua Hill. “Em humanos e ratos, por exemplo, observamos que fatores como a obesidade estão relacionados com a perda de sono.”

As drosófilas utilizadas no estudo foram acondicionadas em tubos plásticos e monitoradas por computadores durante todo um ciclo de vida.

Sono ruim
De acordo com um levantamento realizado pela empresa Philips no início deste ano, 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionados ao sono. A mesma pesquisa foi realizados em outros 12 países – a média da América Latina é de 75%, com os mexicanos em pior situação (88%) e os argentinos, em melhor (64%).

Os principais problemas relatados são insônia, ronco, apneia (respiração que para e volta durante o sono) e a narcolepsia (sono súbito e inconsolável). Segundo a pesquisa, as causas apontadas para a dificuldade de dormir são preocupações financeiras, uso de tecnologias como o celular na cama e estresse decorrente de questões de trabalho.

De acordo com o Instituto do Sono, de São Paulo, ter horários regulares para dormir é um primeiro passo para conseguir ter uma boa noite de sono. Os médicos especialistas da instituição também aconselham que as pessoas se deitem somente na hora de dormir, justamente para não levar distrações para a cama. Álcool e café próximo ao horário de dormir são desaconselhados. Também é recomendável jantar moderadamente, e sempre no mesmo horário.

 

Fonte: BBC

Boas ações podem ter efeito ‘contagioso’, indicam estudos

Em 2014, vídeos em que celebridades e anônimos viravam baldes de água com gelo sobre as próprias cabeças inundaram as redes sociais. A campanha, que buscava incentivar doações para pesquisas sobre esclerose lateral amiotrófica, se espalhou por vários países como uma onda de boa ação e contribuiu para descobertas científicas importantes.

O sucesso do “desafio do balde de gelo” é um exemplo de como a generosidade pode ser contagiosa. Mas por que milhares de pessoas se submeteram a um banho gelado e ainda doaram seu dinheiro para pesquisas sobre uma doença rara, causa que dificilmente as beneficiaria de forma direta?

Esse é o tipo de pergunta que cientistas como Jamil Zaki, professor da Universidade Stanford (EUA), tentam responder por meio de pesquisas. Uma das maneiras de entender como as boas ações se disseminam pela sociedade, segundo Zaki, é pela ótica da conformidade, que é a tendência de alinhar atitudes e crenças às das pessoas ao redor.

“Fundamentalmente, somos uma espécie social. As pessoas são muito motivadas a serem parte de um grupo e compartilhar um senso de identidade”, diz o pesquisador. “Uma forma de fazer isso é imitando comportamentos, opiniões e emoções.”

Influência do entorno é chave
No passado, o conceito de conformidade ganhou uma fama ruim quando estudos começaram a constatar que a pressão social era capaz de induzir indivíduos a adotar comportamentos nocivos ou duvidar de seu próprio julgamento. Em um experimento clássico, o psicólogo polonês Solomon Asch mostrava a um voluntário dois cartões: um deles continha uma linha reta e o outro, três linhas retas de tamanhos diferentes.

O participante tinha de identificar qual delas tinha o mesmo comprimento da linha de referência. Quando outros participantes escolhiam a resposta claramente errada, o sujeito tinha mais chance de seguir a maioria, indo contra o que seus próprios olhos estavam vendo.

Zaki, por outro lado, estuda como a conformidade pode levar a comportamentos positivos. Em uma série de experimentos coordenados por ele, os participantes que observaram seus colegas fazerem doações generosas para instituições de caridade decidiram abrir mais a carteira do que os que observaram doações mesquinhas.

Os resultados, publicados pela revista Personality and Social Psychology em 2016, também mostraram que o impacto de se observar a generosidade alheia não se limitou a copiar suas boas ações. A influência positiva também fez os participantes se mostrarem mais solidários em relação aos outros participantes e com mais empatia diante de situações adversas.

Cientistas também conseguiram mapear o modo como atos de cooperação podem se multiplicar pela sociedade. Um estudo feito por pesquisadores de Harvard e da Universidade da Califórnia em San Diego mostrou que indivíduos beneficiados por doações durante um jogo repassaram a generosidade a outros participantes, que por sua vez beneficiaram um terceiro grupo.

A pesquisa, publicada em um artigo da revista Proceedings of the National Academy of Sciences em 2010, mostra que a gentileza inicial foi capaz de atingir pessoas com até três graus de separação em relação ao primeiro benfeitor.

Estratégia vitoriosa em termos sociais
Mas a decisão de cooperar com outros membros da sociedade não é apenas um ato de pura e desinteressada generosidade. É, sim, uma estratégia vitoriosa em termos evolutivos, de acordo com Martin Nowak, professor de Harvard e diretor do Programa de Dinâmicas da Evolução da universidade. Segundo o especialista, a cooperação – seja entre humanos, insetos ou células – quase sempre se dá quando existe uma expectativa de se obter algo em troca no futuro.

Nowak propõe cinco mecanismos que explicam, à luz da evolução, por que um indivíduo resolve colaborar com o outro. O primeiro é a reciprocidade direta: eu ajudo e você me ajuda.

O segundo é a reciprocidade indireta: eu ajudo você, por isso ganho uma boa reputação e outra pessoa me ajuda graças a essa reputação. O terceiro é a reciprocidade espacial: eu ajudo meus vizinhos e assim aumento minhas chances de ser ajudado.

O quarto é a seleção de grupos, que se baseia no fato de que grupos de “cooperadores” se dão melhor do que grupos de “egoístas”. O quinto é a seleção por parentesco: eu ajudo meus familiares porque tenho mais chances de compartilhar genes com eles e quero disseminar esses genes pela população.

“A cooperação – além da competição – está envolvida sempre que a evolução constrói algo novo, algo diferente”, diz Nowak. “Por isso, eu tenho chamado a cooperação de ‘arquiteta mestre’ do processo evolutivo.”

Comunicação é essencial
Além de experimentos em que os participantes têm de decidir se ajudarão ou não seus companheiros em diferentes circunstâncias, outro método para estudar como as pessoas cooperam umas com as outras é de forma teórica, por meio de modelos matemáticos.

Segundo Francisco C. Santos, professor do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, esses estudos teóricos são baseados em um ramo da matemática chamado teoria dos jogos.

“A teoria dos jogos é usar a matemática para estudar conflitos de interesse”, diz Santos. Por exemplo, se um indivíduo está disposto a pagar um custo para proporcionar um benefício a alguém, é possível usar esses dados para construir equações capazes de prever as dinâmicas que podem ocorrer em diferentes cenários.

“Se conseguirmos compreender quais são os mecanismos subjacentes da cooperação, esse conhecimento é útil para promovermos a cooperação onde ela não existe.”

Apesar das vantagens evolutivas de adotar uma atitude cooperativa, é fácil pensar em situações da vida real em que ninguém está disposto a ajudar as pessoas ao redor. Ou, pior, circunstâncias em que atitudes egoístas se espalham pela sociedade como um vírus. De fato, algumas pesquisas mostram que atos de indiferença podem ser tão contagiosos como quanto atos de altruísmo.

De acordo com Martin Nowak, a gentileza só se espalha pela sociedade quando os mecanismos que permitem essa disseminação são fortes o suficiente. Por exemplo, se o indivíduo que ajuda o próximo ganhar uma reputação boa o bastante para que outros decidam ajudá-lo, então, a gentileza se espalhará naquele grupo. “Se esse mecanismo não for forte o suficiente, a cooperação vai perder e a indiferença vai ganhar”, diz o pesquisador.

Um dos ingredientes essenciais para garantir que a onda de boas ações se espalhe, segundo Nowak, é a comunicação. “A ideia é que a reputação do indivíduo que colaborou seja conhecida. É importante disseminar informações sobre as decisões que os indivíduos tomaram em termos de cooperação.”

Experimentos já mostraram, por exemplo, que mais pessoas decidiram comparecer às urnas em uma eleição quando viram no Facebook que seus amigos fizeram o mesmo. Da mesma forma, no fenômeno do desafio do balde de gelo, o fato de os vídeos terem se tornado virais teve um grande papel na multiplicação das doações.

Intervenções
Francisco C. Santos e seus colegas têm utilizado os modelos matemáticos para encontrar soluções para situações em que a falta de cooperação é notável, como a busca de um acordo para prevenir mudanças climáticas.

Ele observa que, sim, os seres humanos são propensos à cooperação. Mas isso ocorre principalmente em pequenas comunidades. Quando o assunto são mudanças climáticas, é preciso cooperar com o mundo inteiro. “Esse é um problema global, não local, o que faz com que seja tão difícil promover a cooperação nesses contextos.”

Essa é justamente a premissa de um livro que Jamil Zaki deve lançar em breve nos Estados Unidos (The War for Kindness: Building Empathy in a Fractured World, ou A guerra por gentileza: construindo empatia num mundo estilhaçado, em tradução livre e sem previsão de lançamento no Brasil).

De acordo com Zaki, os humanos evoluíram para ser socialmente conectados e inclinados a ter empatia. Mas essa evolução ocorreu quando vivíamos em pequenas comunidades, ao redor de pessoas parecidas conosco e onde todos dependiam uns dos outros.

“Hoje, vivemos em um mundo gigante, somos conectados a milhares de pessoas, algumas das quais veremos só uma vez na vida, e possivelmente ao redor de grupos que nos ameaçam”, diz Zaki.

Segundo o pesquisador, as regras sob as quais nós evoluímos para sermos empáticos foram quebradas. “Vivemos em um momento em que é muito mais difícil ter empatia, por isso vemos um crescente de ódio, desconexão e isolamento.”

O cenário parece desolador. Mas Zaki garante que é possível reverter a situação se adotarmos estratégias para treinar o nosso “músculo empático”. Ele cita estudos que concluíram que uma variedade de intervenções – como a leitura de obras literárias ou o uso de técnicas de dramatização – são capazes de aumentar o grau de empatia dos participantes. Para ele, a esperança de vivermos em um mundo mais cooperativo está em exercitarmos ativamente nossa empatia.

 

Fonte: BBC

Riso ajuda no desempenho no trabalho

 

Cientistas dizem que dar risada com os colegas pode estimular a inovação e favorecer a colaboração entre os membros da equipe no ambiente corporativo.

O riso pode ser um atalho para formar equipes de trabalho mais fortes e criativas?

Muita gente acha que rir no escritório pode dar a impressão de que está “faltando serviço”. Discussões que até pouco tempo eram presenciais, realizadas na mesa de um colega, acontecem cada vez mais por e-mail ou programas de troca de mensagens instantâneas.

Nesse contexto, o bate-papo pode, muitas vezes, parecer desnecessário.

Mas e se, em vez de sinalizar ociosidade, rir com os colegas for algo que favoreça a colaboração da equipe e estimule a inovação?

Depois de anos sem dar muita atenção ao riso, os cientistas estão começando a chegar a essa conclusão.

Ciência divertida

Para começar, o que é o riso?

Nas últimas duas décadas, muitos estudos sobre o tema foram conduzidos pelo neurocientista Robert Provine, professor de psicologia na Universidade de Maryland, em Baltimore, nos Estados Unidos.

“A risada é um sinal social humano por excelência. Rir é se relacionar”, diz um trecho do livro Laughter: A Scientific Investigation (“Risada: uma investigação científica”, em tradução livre), de sua autoria.

Provine descobriu que somos 30 vezes mais propensos a rir quando estamos com outras pessoas do que quando estamos sozinhos.

“Tendemos a ignorar o fato de que a evolução do riso se deve ao seu efeito sobre os outros, e não a algo para melhorar nosso humor ou saúde”, argumenta.

A pesquisa mostrou que, no ambiente de trabalho, o riso é desencadeado principalmente por conversas triviais a partir de comentários como: “vamos dar um jeito nisso”, “acho que já terminei” ou “pronto, aqui está”.

Quem não se lembra de situações no trabalho em que um simples bate-papo tenha acabado em risada? Não são piadas, mas momentos de conexão com os colegas.

O riso é um sinal subconsciente de que estamos em um estado de relaxamento e segurança, afirma a professora Sophie Scott, da University College London (UCL), no Reino Unido. Por exemplo, muitos mamíferos manifestam reações semelhantes ao riso, mas podem ser interrompidos por causa de certos estados emocionais.

“Os ratos param de rir quando se sentem ansiosos”, diz ela. “Humanos fazem a mesma coisa. Se as pessoas estão rindo, é um sinal de que não estão em estado de ansiedade. É um indicador de que o grupo está indo bem.”

Em outras palavras, se os membros de uma equipe estão rindo juntos, isso significa que eles baixaram a guarda.

Isso é importante, pois há pesquisas indicando que, quando nossos cérebros estão relaxados, conseguimos associar livremente as ideias com mais facilidade, o que pode potencializar a criatividade.

Lampejos de inspiração

Os cientistas John Kounios, da Universidade Drexel, na Pensilvânia, e Mark Beeman, da Universidade Northwestern, em Illinois, fizeram um experimento para ver se o riso ajudava um grupo a resolver complicados testes de lógica.

Inicialmente, os pesquisadores exibiram cenas de comédia do ator Robin Williams. E, na sequência, apresentaram as questões. O objetivo era analisar se o riso facilitaria o surgimento de insights no giro temporal superior anterior dos participantes – parte do cérebro localizada acima da orelha direita, associada à conexão de ideias distantes.

O estudo mostrou que uma breve gargalhada aumentava em 20% a taxa de resolução dos testes. Mas, por quê? Segundo Kounios e Beeman, provavelmente a aparente falta de concentração relacionada ao riso permite à mente manipular e conectar conceitos de uma forma que a concentração estrita não conseguiria.

Talvez dar risada nos ajude a eliminar o estresse nos locais de trabalho. Teresa Amabile, professora em Harvard, nos EUA, passou 40 anos tentando entender quando somos mais criativos.

Suas reflexões – algumas das mais citadas no campo da psicologia do trabalho – revelam que um ambiente de trabalho positivo é mais criativo do que estressante. O estresse é inimigo da inovação.

“Quando a criatividade é ameaçada de morte, geralmente acaba sendo assassinada”, declara Amabile em um de seus estudos mais conhecidos.

Predisposição ao riso

O riso tem, portanto, múltiplas funções. Nos faz sentir mais conectados como equipe e, como consequência, reduz nosso bloqueio criativo, levando a uma geração maior de ideias.

E como podemos aproveitar esses benefícios?

Provine sugere adotar uma postura de “predisposição ao riso”, o que significa simplesmente estar mais aberto a dar risada.

“Você pode escolher voluntariamente rir mais, ao diminuir seu limiar para diversão. Apenas esteja disposto e preparado para rir”, diz.

Ele também recomenda às empresas organizarem mais eventos sociais – reuniões corporativas destinadas apenas a juntar os funcionários, em vez de exibir 30 slides no PowerPoint.

Para Alex ‘Sandy’ Pentland, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), nos EUA, os escritórios modernos devem a maior parte de sua produtividade às formas mais antigas de interação.

“O email tem muito pouco a ver com produtividade ou criatividade”, afirmou Pentland, em uma palestra na sede do Google, em 2014.

Já não se pode dizer o mesmo das discussões presenciais, por exemplo.

“As conversas correspondem a 30%, e às vezes 40%, da produtividade nos grupos de trabalho”, estima o especialista.

A ideia de priorizar o debate e o riso dentro de uma equipe pode parecer supérflua e trivial para alguns. Mas lembre-se de que a ciência está do seu lado. E talvez, na próxima vez em que você rir, a inspiração apareça.

*Bruce Daisley é vice-presidente europeu do Twitter. Ele comanda o “Eat Sleep Work Repeat”, um podcast semanal sobre como melhorar a cultura de trabalho.

Fonte: Bem Estar

Bedtime fadin, técnica para bebês pegarem no sono rápido

Um estudo australiano, publicado recentemente no periódico Sleep Medicine, acaba de mostrar um novo caminho para melhorar o sono dos pequenos.

O método, chamado de bedtime fading, consiste em adiar um pouco o horário de deitar para que a criança chegue na cama já bem sonolenta. A ideia é que, ao aumentar o tempo acordado e restringir um pouco a oportunidade de dormir, o sono venha mais fácil e o relógio biológico entre nos eixos.

Para testá-lo, os pesquisadores acompanharam durante dois anos 21 crianças com idades entre 1,5 e 4 anos e seus pais, que receberam instruções sobre os mecanismos do sono e instruções para aplicar a técnica em casa.

Depois de duas sessões de treinamento ao vivo e duas semanas de exercício em casa, melhoras imediatas foram observadas no descanso dos pequenos. Por exemplo, o tempo para pegar no sono, que ficava entre 23 e 11 minutos, caiu para uma faixa de 13 e 7 minutos. Já os episódios de birra semanais caíram de até 3 para menos de 1. Os benefícios se mantiveram por até dois anos depois do treino, período acompanhado pelos especialistas.

Como fazer o bedtime fading

Veja o passo-a-passo:

  1. Escolha um horário para seu filho acordar. Ele deve ser o mesmo em todos os dias da semana.
  2. Por algumas noites, atrase o horário de ir deitar em 15 minutos. Por exemplo, se ele vai para a cama às 20h, espere até 20h15.
  3. Nesse período, mantenha-o acordado com atividades leves, nada muito estimulante como TVs e jogos eletrônicos ou brincadeiras intensas demais.
  4. Se ele ainda demorar para pegar no sono, atrase mais um pouco a hora de dormir, de 20h15 para 20h30, em nosso exemplo.
  5. Faça isso até que ele adormeça mais facilmente e passe a noite toda dormindo. Depois, mantenha horários regulares para dormir e acordar.

Fonte:  Bebê.com.br

Perdoar promove bem-estar

Quem não perdoa fica com uma ferida aberta, liberando o tempo todo hormônios do estresse que podem fazer mal para o coração.

Existem dois tipos de perdão, o racional e emocional. Estudos que mostram que quando a gente perdoa racionalmente – não vou mais pensar nisso, talvez eu estivesse errado – diminui um pouco a carda negativa, mas é o perdão emocional – abrir mão das sensações negativas – que traz o benefício real para o corpo. É melhor para a diminuição do estresse, cortisol, e com isso melhora a saúde do coração.

A capacidade de perdoar é muito requintada, e por isso precisa ser treinada, repetida como um mantra. Não perdoar pode deixar o sistema de alerta sempre ligado. A constante liberação de hormônios do estresse, como adrenalina e cortisol, no nosso corpo faz mal, atrapalha o sono, aumenta a pressão arterial, a frequência cardíaca e a glicemia.

Pedir perdão não é fácil. Perdoar também não. Quando perdoamos, o estresse associado ao ressentimento diminui a ponto de suas consequências serem notáveis fisicamente. Diversos estudos mostram redução da pressão arterial, da frequência cardíaca, da tensão muscular. Quem perdoa também experimenta maior relaxamento, mais bem-estar e sensação de controle.

O perdão aumenta oxitocina, hormônio do relacionamento. Melhora a imunidade e a sensação de bem-estar, aumenta a liberação de serotonina e dopamina, neurotransmissores que melhoram o humor.

Fonte : Bem Estar

Seu filho manda em você? Saiba o que é a `Síndrome do Imperador´

Para a especialista, o problema começa quando os pais têm medo de frustrar os filhos e querem, a qualquer custo, fazer com que as crianças sejam felizes a qualquer custo.

Os pais dão tudo para ele, de festa ostentação em buffet infantil a brinquedos de última geração, mas ainda assim a criança está insatisfeita. Para ela, limites e regras não existem. Para os pais, o que fica é o sentimento de frustração de nunca conseguir agradar o filho. Apesar de parecer apenas um exemplo do que chamaríamos de “mimado”, o caso pode ser mais sério, definido como “Síndrome do Imperador”. Apesar de não ser reconhecido pelo DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais), o problema atinge muitas famílias brasileiras e, de acordo com especialistas, exige tratamento psicológico, tanto dos pais quanto das crianças.

O que define um pequeno tirano em casa é simples. “Basta você comparar com um bebê, que realmente demanda atenção. Mas não é normal quando a criança cresce e precisa de um superinvestimento dos pais, que, geralmente por serem frustrados com a própria infância, criam uma criança sem bordas, sem limites, sem noção da realidade”, explica a psicóloga e psicanalista Gabriela Malzyner.

Para a especialista, o problema começa quando os pais têm medo de frustrar os filhos e querem, a qualquer custo, fazer com que as crianças sejam felizes a qualquer custo.

Nossos avós não tinham o menor problema em frustrar os filhos, mas agora, com uma sociedade imediatista, que precisa ter tudo e que vê uma felicidade deturpada nas redes sociais, os adultos não conseguem dizer não às crianças, como se isso fosse garantir a felicidade do filho.

Gabriela Malzyner

Por que isso é um problema?
A questão é que uma criança que não tem capacidade de lidar com a frustração é infeliz o tempo todo. “Uma pessoa que não é treinada a esperar, a criar, a ter compaixão e ser flexível, sofre toda hora”, diz Leo Fraiman, psicoterapeuta, escritor e palestrante.

Além disso, quando essa criança ou adolescente encontra uma dificuldade, como uma amizade desfeita, um vestibular ou não ser escolhida para o time da escola, ela desiste. “E também, por isso, tarefas escolares costumam ficar por último, porque aí tudo que dá trabalho não é interessante. A pessoa que é viciada em prazeres acaba tendo uma vida que, para ela, fica sem graça. E, assim, ela acaba desgraçando aqueles que estão à sua volta.”

O sofrimento dos pais também não é pequeno. Irritabilidade, confronto entre os cônjuges, culpa, constrangimento, estresse e ansiedade são apenas alguns dos problemas causados pela síndrome. De acordo com os especialistas, tanto os pais quanto as crianças devem procurar ajuda de terapeutas, mas os adultos precisam entender por que é tão difícil lidar com angústias e frustrações.

Normalmente, os pais destas crianças são pessoas que sofreram com pais muito autoritários, grosseiros, agressivos e que tentam compensar essa falta de afeto, essa carência deles na superproteção dos filhos.

Leo Fraiman

À medida que os pais escondem a própria angústia, eles fazem com que os filhos também não saibam como lidar com esse sentimento. E frente ao sofrimento das crianças, os adultos não sabem o que fazer. “É um ciclo de sofrimento”, diz Malzyner.

Pais e filhos precisam de ajuda
Por ser um problema causado pelos pais, eles também devem procurar ajuda profissional. Segundo os especialistas, é possível reverter o quadro, mas leva tempo. “Se uma criança durante dez anos cresceu com a ideia de que ela é uma imperatriz e dona do mundo, vai levar de um a dois anos o tratamento dela e dos pais”, conta Fraiman.

Para a criança, é indicada a terapia cognitiva comportamental, que ajuda a mudar crenças, valores, posturas de mundo e consegue auxiliá-la a encontrar um novo estilo de vida. Com os pais, são sessões de orientação familiar, empoderando-os para que eles se tornem capazes de serem os adultos da casa, os que têm a palavra final nas questões essenciais que dizem respeito à educação, saúde e respeito.

O ideal é que os pais parem de acreditar nessa história de dar felicidade ao colocar o filho em uma bolha. “Todos nós somos frustrados, é inevitável”, diz Malzyner. “Todos somos castrados, temos limitações e sempre desejamos mais do que somos capazes de realizar, mas isso faz parte da vida e é necessário para termos compaixão e respeito pelo outro. A criança vai ganhando noção disso à medida que o tempo passa.”

Como saber se meu filho tem essa síndrome?
Se com alguma frequência a criança apresentar esses sinais, é bom procurar ajuda.

– Irritabilidade;
– Mostra-se ingrata;
– Come só o que quer, na hora que quer e do jeito que quer;
– Não tenta objetivos frequentes na vida acadêmica;
– Reclama dos outros;
– Não entende os motivos do incômodo alheio;
– Não tem empatia, solidariedade, compaixão com os demais;
– Não aceita os ‘nãos’;
– Está constantemente ansiosa pelo novo e pelo ‘quero mais’.

Fonte: UOL

Saiba como a postura pode influenciar seu humor

Pouco movimento e posições erradas podem nos deixar mais abatidos

Preste atenção no seu corpo. Você está lendo este texto de costas curvadas, ombros caídos, deitado na cama, coluna inclinada? Tais posturas não apenas refletem desânimo, mas podem ser a origem de abatimentos.

Estudo realizado em 2012 pela San Francisco State University, nos Estados Unidos, concluiu que a forma como andamos ou sentamos está diretamente ligada a nosso ânimo. Os pesquisadores reuniram um grupo de 110 jovens e pediram que eles andassem, por alguns minutos, com os ombros para frente, e, depois, com as costas retas. Questionados sobre como se sentiam após a experiência, os participantes relataram ter ficado mais descontentes e com menos energia ao andar com as costas curvadas, mas que melhoraram de humor ao mudarem a postura.

A descoberta reforça a ideia de que o modo como a pessoa “carrega” seu corpo influencia diretamente sobre a saúde e a qualidade de vida.

– A má postura deprime e, neste caso, com facilidade pode levar ao estresse, à contratura e, por fim, à dor – explica o ortopedista e traumatologista Carlos Alberto Macedo, professor na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Funcionamento dos órgãos

Fisicamente, a má postura interfere no funcionamento dos órgãos, impedindo que a “engrenagem” do corpo trabalhe 100%. Para começar, a postura ereta permite uma respiração mais profunda, que faz com que todas as partes do corpo sejam oxigenadas. Sentar ereto e relaxado expande o peito, de forma que a pessoa absorva mais fôlego, aumentando a energia e o foco.

– No momento em que você tem uma curvatura na coluna, não está oxigenando partes dos seus órgãos. A energia circula pelo sangue rico em oxigênio. A falta de circulação de energia traz a tensão – explica a terapeuta corporal Mariane Sabosa.

Sentar ou caminhar de forma torta afeta até mesmo a posição de órgãos internos, abrindo caminho para algumas doenças. Se você projeta seu ombro para frente e curva a coluna, o que caracteriza uma cifose (ou corcunda), alguns órgãos serão “esmagados” e não vão funcionar como devem.

– São situações mais extremas, mas, por exemplo, as deformidades torácicas e as da coluna determinam pressões e compressões nos pulmões. Cifoses muito acentuadas diminuem a ventilação pulmonar, e um sujeito que expande menos o pulmão tem mais chance de contrair uma pneumonia – afirma Carlos Alberto Macedo.

Por isso, segundo o médico, ao melhorar a postura, você corrige coisas que nem sabe que estavam lhe prejudicando ou que precisavam ser melhoradas. Inclusive o humor.

 

Fonte: Zero Hora

Efeitos do barulho no dia a dia

Quase todos nós evitamos os instantes de pausa. Os mais jovens, vítimas da ansiedade, fogem deles apavorados. O barulho, seja mental, visual ou acústico, só aumenta.

Enfrentar o silêncio não é fácil. Que dirá encontrá-lo. E ainda menos em meio a essa cacofonia em que a vida hiperconectada se transformou. Por isso a história de Erling Kagge, um homem em permanente procura pelo silêncio, nos deixa sem palavras. O editor, escritor, advogado e explorador norueguês, de 55 anos, decidiu em 1992 radicalizar sua exploração da quietude. Ele se mudou à Antártida, supostamente o local mais silencioso do planeta, para enfrentar o vazio. E rumou em direção ao sul. Durante 50 dias conviveu somente com o ruído de suas pisadas sobre o gelo. Abandonou no avião que o levou ao Polo Sul as pilhas do rádio que o recomendaram levar, queria ficar completamente só. Caminhou, um dia após o outro, em meio a uma paisagem branca e vazia, aparentemente plana. Ele se envolveu no (suposto) nada, enfrentou o (grande) silêncio.

Diz que a experiência teve seus momentos difíceis, que chegou a chorar de frio, mas que sentiu que se fundia com a natureza, que seu corpo passava a fazer parte do ar, do sol, do frio. Afirma que hoje em dia vivemos instalados em uma permanente fuga do silêncio. E o fazemos para fugir de nós mesmos. Fechamos tudo com barulho. Somente enfrentando o silêncio (e sem chegar a experiências tão extremas como a sua) conseguiremos nos conhecer. É a chave, afirma, a uma existência plena.

Existimos em meio ao barulho. Acústico, visual, mental. Muita informação fervendo simultaneamente e chegando por vários canais. Estamos permanentemente ocupados, sempre procurando algo a fazer. Com listas de coisas pendentes. Com o rádio ligado quando chega um pouquinho de silêncio. Com a música tocando, a tevê ligada, mesmo que ninguém esteja vendo; enfurnados em nosso celular, artefato que dá a incerta promessa de nos afastar do vazio. Tudo para não enfrentarmos a vertigem da ausência de som, a aversão produzida por uma interrupção, por menor que seja, desse zumbido constante que nos acompanha no dia a dia, o da vida moderna, o que existe e que, com entusiasmo e disposição irrefletida, alimentamos. Medo do silêncio.

O barulho que nos cerca aumenta. Cada vez somos mais e todos carregamos um celular no bolso. Já existem mais linhas de celular do que pessoas no planeta – 7,8 bilhões de cartões SIM para 7,6 bilhões de pessoas, de acordo com o relatório Mobile Economy da GSMA, a associação que organiza o Mobile World Congress de Barcelona. O catálogo de barulhinhos, silvos e melodias de baixa frequência se une à sinfonia das já consagradas linhas musicais dos comércios, os rugidos e buzinas do trânsito, os alarmes…

Em meio a essa paisagem dissonante emergem vozes suaves, pausadas, como a de Erling Kagge, que pedem um passo atrás, um reencontro com o silêncio. Livros como Solidão, de Michael Harris; análises como Ensaios sobre o Silêncio, de Marcela Labraña; filmes silenciosos e que prestam homenagem à quietude, como o recém-estreado 100 dias de Solidão.

Nossa aversão à falta de barulho não é coisa nova. Pascal já falava sobre isso no século XVII: “Tudo o que acontece de ruim aos homens vem de uma só coisa, a saber, não serem capazes de ficar quietos em um quarto”. O filósofo e matemático francês afirmou que todos nós vivemos, de certa forma, atormentados pelo momento presente. O desassossego é algo natural, procurar algo a fazer, apagar o silêncio da inatividade, evitar esse vazio, é humano. Mas nossa fuga à frente foi além com o passar do tempo; até alcançar limites que convidam a uma reflexão.

Kagge afirma que o caos é o estado natural do cérebro. E que através do silêncio é possível acalmá-lo. Em conversa por telefone dos escritórios de sua editora em Oslo, o editor norueguês relata que um dos motivos que o levou a escrever O Silêncio na Era do Barulho, livro em que conta suas experiências e reflexões, foi ver como suas três filhas, de 13, 16 e 19 anos, eram incapazes de suportá-lo. “Os adolescentes não sabem o que é o silêncio, precisam de barulho constante ao seu redor, distrações permanentes”.

Vivem em um carrossel de emoções carregadas de expectativas e frustrações, o tempo todo. “Muitos dos problemas de nossa sociedade têm sua origem no barulho”, afirma. “É só ver a indústria dos aplicativos: Snapchat, Instagram, Facebook, Twitter… Todo o barulho que causam só faz com que a vida das pessoas seja mais difícil; fazem com que as pessoas se sintam mais sozinhas, mais inquietas, mais frustradas, que pensem que sua vida é triste. E tudo isso é baseado nessa necessidade de barulho”.

Grande parte da experiência dos mais jovens, hoje em dia, é medida pela tecnologia. Eles convivem com a referência sistemática e instantânea do que os outros fazem. Esses dois fenômenos preocupam muito o professor David Harley, psicólogo que estuda o silêncio, especializado na interação entre humanos e computadores. “As pesquisas mostram que muitos jovens experimentam medo e ansiedade quando desconectam de suas redes; quando, por exemplo, seu telefone fica sem bateria e não há wi-fi”, explica da Universidade de Brighton, onde leciona.

Harley, que há seis anos organiza sessões silenciosas com os alunos para que descubram o poder do silêncio, considera que precisamos muito da calma e do silêncio. “A prova é o estado da saúde mental dos jovens, que obedece, em grande parte, às dinâmicas causadas pela tecnologia”, afirma. “Essas dinâmicas de competitividade, de produtividade são fonte de ansiedade”, diz. “A tecnologia introduz a produtividade e a eficiência nas relações sociais”. Não só entre os jovens, obviamente.

A possibilidade de se conectar com qualquer um, a qualquer momento, em qualquer lugar do mundo, e o fato de que tudo deve ocorrer imediatamente causou uma espécie de compressão da noção do tempo. “O silêncio”, diz Harley, “é o antídoto contra essa compressão do tempo”.

O escritor Pablo D’Ors possui uma linha de pensamento semelhante. Escreveu Biografia do Silêncio, livro que vendeu mais de 120.000 exemplares e no qual reflete sobre nosso “vertiginoso” modo de vida para oferecer a meditação como ferramenta paliativa. “O celular é o que causa mais barulho”, afirma em seu silencioso apartamento no bairro de Tetuán, Madri. “É o grande símbolo de nossa sociedade, a grande ficção de estarmos conectados, a forma de esconder nossa solidão”.

D’Ors, que além de escritor é um padre católico pouco convencional, admirador declarado de Buda, afirma que 99% das mensagens enviadas pelo WhatsApp não tem nenhum conteúdo (“são puros inputs de autoafirmação pessoal, por isso fazem tanto sucesso”). Puro barulho. Que é preciso somar ao das redes sociais, infladas de pretensos “amigos” – “a amizade não é outra coisa do que a intimidade com o outro”, diz D’Ors – que, de tanto compartilhar (o que?), não fazem (fazemos) outra coisa a não ser acrescentar decibéis à cacofonia.

O pensador e teólogo que medita todos os dias uma hora pela manhã e meia hora de noite estima que nosso medo ao silêncio se reflete no fato de que somos incapazes de estar atentos. “Pulamos de uma mensagem a outra, já não somos capazes de ler dois parágrafos seguidos, vivemos em uma total dispersão”. Para detê-la, precisamos do silêncio, poderoso instrumento que ajuda a deter o caos em que, cada vez mais, vivem nossos cérebros.

O silêncio é capaz de nos transformar, afirmam seus defensores. Somente quando se experimenta sua força a pessoa se dá conta dele. Serve para serenar a mente e é necessário para ser criativo: as melhores ideias vêm quando desconectamos, quando estamos em silêncio. Erling Kagge conta em seu livro o caso de Mark Juncosa, uma das mentes por trás do SpaceX, o megaprojeto aeroespacial do magnata Elon Musk. Juncosa confessa que, em seus extenuantes dias de trabalho, só consegue desconectar do barulho do mundo em quatro contextos: quando faz exercício, surf, na privada e no chuveiro. “É aí que aparecem as melhores soluções.

O editor norueguês descreve o próprio Elon Musk, com quem teve vários encontros, como um homem que venera o silêncio, que frequentemente o utiliza para estimular sua mente. O intrépido visionário gosta de ouvir. E costuma insertar silêncios na conversa. “Antes de falar, fica alguns segundos pensando”, explica Kagge. “É quando você vê que sua mente está trabalhando”. Em silêncio.

Frequentemente, as palavras sobram. O pensador francês David Le Breton define o silêncio por oposição ao barulho e ao excesso de falatório. E nisso concorda com Ludwig Wittgenstein, que começou a refletir sobre a questão como reação à conversa que escutava nos salões da burguesia decadente da Viena do começo do século XX. “Do que não se pode falar, é preciso calar”, escreveu o influente filósofo austríaco no Tractatus Logico-Philosophicus, a única obra que publicou em vida.

Le Breton argumenta em Silêncio: Aproximações que a dissolução e inflação mediática causaram um barulho insuportável diante do qual a reivindicação do silêncio se transforma em um ato de galhardia contracultural. Ele o defende como antídoto contra esse vazio conformista que se dissolve no barulho incessante de meios e redes.

Diante da proliferação de agressões externas as quais a pessoa hiperconectada se vê exposta, o silêncio, tão frequentemente retratado como incômodo, aparece como um fenômeno dotado de propriedades calmantes, curativas, até como algo, simplesmente, fascinante.

As sessões silenciosas que o professor Harley organiza na Universidade de Brighton começaram como parte de sua pesquisa. O fato de não existir uma grande tradição científica no campo do silêncio sempre chamou a atenção do psicólogo britânico, de 50 anos. A psicologia, ao que parece, com o perdão da boutade, também tem medo do silêncio.

Sua proposta inicial consistia em compartilhar semanalmente, em grupo, 20 minutos de silêncio em uma sala para, no final, conversar sobre a experiência. Após um ano, as pessoas já pediam só a sessões silenciosas, pulavam a conversa. Por volta de 50 pessoas continuam comparecendo, intermitentemente, ao encontro. Uns praticam meditação, outros mindfulness (atenção plena), alguns deitam no chão, outros olham pela janela… Harley conta que é curioso como as hierarquias entre colegas desaparecem quando se compartilha o silêncio.

“No âmbito pragmático, o silêncio me permite aterrissar, prestar atenção, me dá uma certa distância em relação aos imperativos da mente”, explica Harley. “Ainda que só por cinco ou dez minutos, ajuda a ver as coisas com maior perspectiva. E pode ser muito útil em um dia de trabalho. Frequentemente nos vemos arrastados por essa necessidade de ser produtivos e, possivelmente, não somos tão criativos, nos dedicando a perseguir objetivos que não são essenciais e frutíferos”. Perdidos no barulho.

David Harley afirma que essa necessidade de rumor contínuo que criamos responde a algo genético. Não é algo que nasce conosco, o aprendemos. “Esquecemos o valor do silêncio”.

Erling Kagge defende que podemos encontrá-lo a qualquer momento, em qualquer lugar, e que a questão é sermos conscientes e aproveitá-lo quando aparece diante de nossos narizes. O editor norueguês “cria” seus silêncios ao subir uma escada, ao arrumar um armário e concentrando-se na respiração. “A riqueza potencial de ser uma ilha para nós mesmos”, escreve, “devemos levá-la sempre dentro de nós”.

Talvez devêssemos tomar consciência da necessidade do silêncio para ajudar a construí-lo. É hora de dar o silêncio como resposta.

FUGIR DO BARULHO
JOSEBA ELOLA

O barulho, no sentido mais literal da questão, é um problema muito mais grave do que pensamos. É no que acredita Julio Díaz, pesquisador que publicou 40 trabalhos científicos que demonstram que a poluição sonora é tão prejudicial quanto a atmosférica. “O barulho é um autêntico agressor”, afirma o doutor em Física, chefe do Departamento de Epidemiologia da Escola Nacional de Saúde da Faculdade de Saúde Carlos III. “Quem o sofre sente que é atacado. E o organismo precisa repelir esse ataque”. De acordo com seus estudos, o barulho debilita o sistema imunológico. É um exacerbador de doenças como o Parkinson, a demência e a esclerose múltipla. Aumenta a mortalidade por “causas respiratórias, cardiovasculares e diabetes”. Em dias com picos de barulho na cidade, diz, os partos prematuros aumentam.

A necessidade de escapar do barulho é um fato. Alguns apostam nos retiros. Organizados ou pessoais. Outros, como José Díaz, transformam a experiência em uma aventura. Em 2015, decidiu se retirar a sua cabana no parque natural de Redes (Astúrias) durante 100 dias. Em completo isolamento. Relata sua vivência no documentário 100 Dias de Solidão.

Díaz confessa que há tempos precisa escapar de seu trabalho no setor da construção para descomprimir. Todas as semanas se refugia por dois dias na cabana, localizada próxima à nascente do rio Nalón. “Por ter mais contato com a natureza, sou muito sensível aos barulhos da cidade”, afirma em conversa por telefone, “me incomodam mais do que aos outros”.

O silêncio vai abrindo passagem, pouco a pouco. No Reino Unido são organizadas reuniões de leitura silenciosa, refeições silenciosas, encontros silenciosos. Cresce a oferta de destinos turísticos que vendem o silêncio como seu maior tesouro, como um luxo. Porque, de fato, o é. É muito mais difícil de se conseguir em uma casa à beira de uma avenida do que em um condomínio residencial fora da cidade. O silêncio, um luxo.

Fonte: El País

Ter bons relacionamentos é importante para a saúde física e mental

A ciência já sabe que chave da longevidade envolve uma combinação de bons genes com hábitos como exercício físico, alimentação saudável, zero tabagismo e consumo controlado de álcool. Mas um novo componente tem conquistado espaço nessa equação: o cultivo de laços sociais. Construir relacionamentos de qualidade é bom não só para a saúde mental, mas também física. É o chamado “efeito aldeia”: ter amigos, família e vizinhos por perto é, além de prazeroso, ótimo para a saúde.

O conceito foi proposto pela psicóloga canadense Susan Pinker no livro The Village Effect: How Face-to-Face Contact Can Make Us Healthier and Happier (O efeito aldeia: como o contato presencial pode nos deixar mais saudáveis e felizes, em tradução livre), publicado em 2014. A pesquisadora viajou a uma das cinco zonas azuis (comunidades com grande número de centenários) espalhadas pelo mundo — mais especificamente, na ilha da Sardenha, na Itália, onde há 10 vezes mais idosos com mais de cem anos do que a média da América do Norte. Ela descobriu que a população era extremamente unida e que os velhinhos desfrutavam de posição de prestígio. Hoje, ela advoga para que cultivemos mais intimidade com as pessoas.

— A interação protege mais a saúde do que perder peso ou parar de fumar. Há milhares de estudos mostrando a importância de fazer exercícios para a longevidade, mas é mais importante não estar sozinho — argumentou Susan, em entrevista por e-mail.

Para você colocar a teoria do “efeito aldeia” em prática, separamos oito dicas para você se conectar mais. Confira:

1 — Se sua rotina é atribulada, foque em almoços: o intervalo para comer é obrigatório mesmo, então, por que não fazê-lo com alguém que você não vê há um tempo?

2 — Não troque o encontro ao vivo pela interação digital.

3 — Faça uma lista de pessoas que você quer ver regularmente. O encontro não precisa exigir grande preparação nem durar horas a fio. Se você ficaria uma hora na rua esperando um compromisso, que tal aproveitar para um café com um amigo?

4 — Cultive relacionamentos no trabalho. Estudos mostram que quem tem amigos na empresa é mais realizado profissionalmente e, inclusive, rende mais. Invista no cafezinho na cozinha da firma.

5 — Deixe o celular no bolso enquanto você está com alguém. O cérebro presta menos atenção na conversa se existe a possibilidade de você mudar o foco para uma notificação de aplicativo. Com isso, o engajamento e a empatia são menores.

6 — Foque em atividades de lazer de acordo com seus interesses. Clubes de leitura, grupos de corrida, voluntariado e reuniões para debate são boas formas de conectar-se a um propósito comum ao lado de outros.

7 — Seja um bom ouvinte. Escute o problema do outro e não o compare com o seu. Cada um sente a dor de uma forma peculiar, que tem sua importância. Se o ouvinte diz que enfrenta um obstáculo, não responda “Pelo menos você tem…”. Invista em: “Como isso te incomoda?”. Às vezes, o importante não é ouvir uma resposta, só falar já ajuda.

8 — Foque em refeições em família. Para crianças, é um bom momento de incrementar o vocabulário.


Fontes: Mental Health America e Mayo Clinic