Oniomania, quando as compras viram doença

Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas em Saúde, em Taiwan, compararam indivíduos que iam ao shopping com outros sem esse costume e observaram, no final, que os amantes das vitrines não só viviam mais como tinham uma maior capacidade cognitiva.

“Atitudes como saber o que está na moda, negociar e sociabilizar com outras pessoas estimulam o cérebro”, explica a psicóloga Tatiana Filomensky, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Mas é importante não deixar o hábito de ir às compras passar do ponto – do contrário, você pode acabar caindo na oniomania.

Oi? Oniomania é o nome dado pelos especialistas ao impulso incontrolável e constante de adquirir produtos e mais produtos. “A pessoa às vezes até percebe que está exagerando, porém não consegue parar. Essa situação a deixa ansiosa e, em certos casos, depressiva“, relata Tatiana. Para não chegar a esse ponto, o jeito é ficar atento a indicativos como os colocados abaixo.

Sinais de que é melhor fechar a carteira:

• Comprar itens desnecessários sem ter dinheiro sobrando;

• Frequentar – e esvaziar – lojas desacompanhado;

• Possuir familiares com histórico de compulsão, seja ela qual for.

Não há um levantamento no Brasil, mas, nos Estados Unidos, 5,5% da população tem oniomania. Ou seja, a compulsão por compras está longe de ser uma raridade. E pode provocar estragos enormes, tanto nas finanças quanto na saúde mental. Se sentir que está perdendo o controle, não deixe de consultar um profissional.

Este texto foi publicado originalmente no site de SAÚDE.

Remédios para dormir provocam dependência e devem ser prescritos com bastante cautela

Nenhum medicamento consegue reproduzir perfeitamente o sono fisiológico, os médicos chamam esse sono de farmacológico. Os medicamentos para dormir causam dependência, perdem o efeito com o tempo e precisam ser prescritos com bastante cautela.

Sedativos, hipnóticos, antidepressivos, relaxantes. A lista de medicamentos para dormir é imensa e a de efeitos colaterais também. Mas tem gente que realmente precisa!

Onze milhões de brasileiros tomam remédios para dormir! Será que vicia? O pneumologista do sono Dr. Geraldo Lorenzi tira essa dúvida. E o que acontece com as pessoas que trocam o dia pela noite? Dr. José Cipolla Neto, endocrinologista, explica.

Saiba mais

Melatonina – A melatonina é um hormônio e, entre outras funções, regula o sono. À noite, quando começa a ser produzida, ela sinaliza para o sistema nervoso central que é hora de acabar com o período de atividade e começar o período de repouso. Para isso, alguns mecanismos fisiológicos são acionados e o principal é o sono. Enquanto a melatonina é produzida normalmente, ela garante um sono saudável.

Alguns fatores podem interferir e até bloquear a produção da melatonina: a luz (principalmente a azul, proveniente dos celulares, tablets e televisão), remédios e a idade, pois a produção de melatonina cai com o passar dos anos. Aos 70/80 anos, a gente produz 20% menos melatonina que quando jovem.

No Brasil, a melatonina é vendida em farmácias de manipulação e a sua ingestão deve ser orientada por um médico. É preciso saber a dose correta, formulação adequada e o horário certo para tomar. Se tomado de maneira errada, o hormônio desregula todo o organismo: metabolismo, sono e vigília, sistema cardiovascular e imunológico.

Relógio biológico – Dr. José Cipolla explica que é a partir da informação do tempo, se é dia ou noite, que o nosso relógio biológico prepara o corpo para um dos períodos. DIA: a gente acorda, ficamos ativos, nos alimentamos, interagimos, o metabolismo está ativo e aproveita o que comemos, a pressão e a temperatura do corpo estão mais altas. NOITE: dormimos, estamos em repouso, o metabolismo garante o jejum, o sistema nervoso se recupera, os músculos se recuperam, a pressão e a temperatura do corpo permenecem mais baixas.

De acordo com o Dr. Geraldo, cada um tem um relógio biológico diferente, são os cronotipos. Algumas pessoas são vespertinas, outras matutinas e outras noturnas. Por conta disso, há muita confusão entre privação de sono e insônia. Por exemplo: uma pessoa que é vespertina, tem problemas para conseguir dormir cedo e acorda com muito sono. Essa pessoa vai ao médico e diz que tem insônia, mas na verdade, ela só não está respeitando o relógio biológico interno e tem privação de sono. Com o tempo, é possível flexibilizar esse relógio biológico, mas algumas pessoas têm mais dificuldade.

Remédios – Existem dois tipos de insônia: a inicial e a dificuldade de manutenção de sono. Os remédios agem dependendo da insônia de cada um, mas todos eles agem no sistema nervoso central com diferentes mecanismos.

Segundo Dr. José Cipolla, nenhum dos medicamentos consegue reproduzir perfeitamente o sono fisiológico, os médicos chamam esse sono de farmacológico. Apenas a melatonina é capaz de induzir ao sono naturalmente.

Dr. Geraldo alerta que os medicamentos para dormir causam dependência, perdem o efeito com o tempo e precisam ser prescritos com bastante cautela.

Tratamentos não-medicamentosos – O tratamento mais difundido é a terapia cognitivo-comportamental, que envolve a higiene do sono: horários regulares para dormir, evitar cafeína, evitar ir para cama sem sono, não ficar na cama após acordar.

Uma das peças-chave é diminuir o tempo de cama: pessoas vão para a cama às 21h e ficam até 9h. Mas quando você pergunta quanto tempo ela dormiu, foram só 4h ou porque enrolou para dormir ou porque enrolou depois de acordar, isso não é saudável.

Além da higiene do sono, tratar a causa da insônia é o recomendado, principalmente no caso de distúrbios como a apneia. Quando descoberta a causa, os remédios serão menos necessários.

Privação de sono e o álcool – Um estudo publicado na Nature mostrou que não dormir o suficiente tem um impacto no cérebro semelhante ao do abuso do álcool. Dr. José Cipolla explica que a privação de sono afeta o sistema nervoso central de forma a diminuir o desempenho durante a vigília. É um princípio diferente do álcool, mas os efeitos são semelhantes: diminuição dos reflexos, aumento no tempo de resposta a um estímulo, dificuldade de compreensão, lapsos de memória.

Fonte: Bem Estar

Artigo: Compulsão por compra, um mal que custa caro

Comportamento amplamente disseminado no âmbito capitalista, adquirir bens está relacionado a diversos tipos de expressões emocionais: alegria, tranquilidade, satisfação e orgulho.

Quem não gosta de fazer compras? Porém, da mesma forma que podemos nos beneficiar com a aquisição de diversos produtos, também é possível entrar em um grupo patológico que gera profundo desconforto e sofrimento a esses compradores: o transtorno do comprar compulsivo.

Será que o hábito de comprar é novo? De acordo com Tavares et al. (2008), o ato de comprar desenvolveu-se na Grécia Antiga, onde a emergência do dinheiro alterou os valores culturais e morais. O poder era determinado não pelo nome de família, mas pelo comércio, que aumentou muito pela adoção dos sistemas monetários. Contemporaneamente existe um distinto contexto para a realização das compras, porém, como visto, parte desta população pode estar adoecida com essa prática. Dessa forma, tem-se considerado o comportamento exagerado como uma patologia de dependência, agrupado com os transtornos de uso de álcool e drogas. Outros estudiosos consideram-no como parte do espectro dos transtornos obsessivo-compulsivos, ou do humor. Essa é uma categoria que foi proposta e que combina dependências comportamentais e inclui o jogo patológico, a cleptomania, a piromania, a dependência de internet e o comportamento sexual compulsivo.

Um estudo desenvolvido por Trotzke et al. (2015) investigou os diferentes fatores de vulnerabilidade para o transtorno do comprar compulsivo e determinou se a compra patológica on-line estava relacionada a algum tipo de dependência de internet específico. De acordo com o modelo de dependência de internet, fatores de vulnerabilidade podem consistir em uma predisposição à excitabilidade para comprar. Além disso, a experiência de fissura também deve ser um fator para as compras on-line de forma patológica. Os pesquisadores testaram, em uma mostra de 240 mulheres, o nível de excitabilidade para comprar através da exposição de imagens relacionadas a compras. Os resultados do estudo demonstraram que o uso inadequado de internet e a alta expectativa de comprar estão relacionados a um comportamento desadaptativo de compras. O estudo sugere que sujeitos que utilizam excessivamente a internet e apresentam o comportamento de comprar fora da internet podem também comprar excessivamente on-line.

Em relação ao perfil desse compradores, Tavares et al. (2008) mencionaram que a experiência de comprar é quase sempre solitária e, embora as compras sejam geralmente para eles mesmos, os compradores compulsivos podem gastar excessivamente em compras para seus parceiros ou cônjuges, filhos ou amigos. O transtorno pode ocorrer em qualquer tipo de estabelecimento comercial, desde lojas de departamentos luxuosas a brechós ou pequenas lojas. Compras pela internet e por catálogos são também populares entre os compradores compulsivos. Rose e Dhandayudham (2014) relatam que a literatura em relação ao comportamento problemático e compras on-line é limitada e ainda é discutida dentro do contexto de dependência de internet de outras dependências (alguns pesquisadores reforçam a relação dessa problemática como sendo essencialmente circunscrita á dependência de internet). Apesar dessas diferenças de posicionamentos, há um ponto em comum: a instabilidade emocional e o materialismo apresentam efeitos positivos nesse tipo de comportamento inadequado. A dificuldade de controle comportamental torna-se um forte elemento determinante no comprar compulsivo.

Segundo Tavares et al. (2008), não há tratamento padrão para esse tipo de transtorno e muito do que tem sido descrito reflete a orientação teórica do autor. Há vários estudos de caso com relação ao tratamento de compradores compulsivos, cada um deles enfatizando a importância das experiências iniciais da vida. Apenas mais recentemente foram desenvolvidos modelos cognitivo-comportamentais para o transtorno. Ainda de acordo com pesquisadores, outras abordagens também têm sido descritas. Livros de autoajuda estão disponíveis e podem ser úteis. Os Devedores Anônimos, criado sob o padrão dos Alcoólicos Anônimos, podem ser também úteis. É um grupo voluntário, dirigido por leigos, que proporciona uma atmosfera de apoio e encorajamento mútuos para aqueles que têm dívidas substanciais.

Em suma, trata-se de um problema contemporâneo que deve ser visto de forma singular e que tratamentos cada vez mais eficazes sejam desenvolvidos para uma população que adoece com frequência cada vez maior na era da cibercultura.

Fonte: Revista Psique Ciência e Vida

Autor do Artigo: Igor Lins Lemos é doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental Avançada pela Universidade de Pernambuco (UPE). É psicoterapeuta cognitivo-comportamental, palestrante e pesquisador das dependências tecnológicas.

Celular antes de dormir afeta sono, hormônios e desenvolvimento infantil

Crianças que têm acesso a eletrônicos, como celulares e tablets, na hora de dormir, estão sujeitas a desenvolver uma série de problemas de comportamento e de saúde.

Crianças que têm acesso a eletrônicos, como celulares e tablets, na hora de dormir, estão sujeitas a desenvolver uma série de problemas de comportamento e de saúde. Uma pesquisa do King’s College, de Londres, reuniu dados de 125.198 crianças e adolescentes entre 6 e 19 anos de idade, em diversos países, e detectou efeitos negativos do uso do aparelho no período de descanso em diferentes graus de gravidade. Os pesquisadores verificaram de má qualidade do sono a doenças como obesidade e depressão infantil.

E não são só pesquisadores e pais que têm se preocupado com o assunto. Neste fim de semana, dois grandes grupos de investidores com US$ 2 bilhões em ações da Apple pediram, em carta aberta, que a empresa desenvolva softwares que limitem o uso de smartphones por crianças. Os acionistas citam justamente estudos mostrando o impacto negativo do celular e das redes sociais em excesso na saúde física e mental dos jovensa para justificar o apelo. A Apple ainda não respondeu a eles.

Impactos
O modo como os jovens têm usado a tecnologia têm sido diversos e cada vez mais intenso, segundo o estudo do King’s College. E, para cada uso, há variados impactos gerados na vida deles. A médica Roberta Magalhães, no Rio de Janeiro, quase todos os dias precisa chamar a atenção da filha Roberta, de 9 anos, para desligar o celular na hora de dormir.

“Com certeza atrapalha. Ela fica horas navegando na internet, no Instagram, WhatsApp, Musical.ly, assistindo vídeos no YouTube. Depois demora a dormir. Fica rolando na cama”, conta. Roberta diz ainda não ter observado impactos negativos na rotina, mas observa atentamente: “Se interferir, tiramos o celular na hora.”
Na casa da professora carioca Rovana Machado, a situação na hora de dormir não é diferente com o filho Theo, de 14 anos. “Ele fica fissurado olhando a tela. Acho que atrapalha bastante e, quando vejo, mando desligar, mas adolescente é fogo. Fazem as coisas escondidos e temos que repetir mil vezes.”

Além dos efeitos sobre o sono e a propensão a desenvolver doenças, os pesquisadores mostraram que deixar o celular ou o tablet no quarto das crianças, mesmo que eles não os utilizem, também afeta o período de descanso. A mera expectativa de receber mensagens nas mídias sociais deixava as crianças e adolescentes em estado de alerta.

“Esse tipo de estudo endossa o que as pessoas de bom senso já sabiam. Os eletrônicos dão uma sossegada nas crianças por um tempinho mas, no médio e longo prazo, são muito ruins para o organismo”, observa o neurologista Leonardo Ierardi Goulart, médico especialista em doença do sono do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde também recebe crianças e adolescentes com problemas de sono e relatos de uso de eletrônicos à noite.

O estudo do King’s College observa que o distúrbio do sono na infância é conhecido por causar danos à saúde mental e física. Isso incluiria obesidade, queda do sistema imunológico, crescimento atrofiado e problemas mentais como depressão e tendência suicida. Em 2016, um estudo da Sociedade Real para Saúde Pública (RSPH, na sigla em inglês), na Grã-Bretanha, foi além e alertou que dormir pouco ou mal é um dos fatores que levariam a doenças graves como câncer e ataques cardíacos.

A importância do sono
Para a neurologista Anna Karla Smith, do Instituto do Sono, de São Paulo, o descanso é tão importante para o desenvolvimento e bem-estar da criança quanto a nutrição e a atividade física. “O sono é um estado em que há uma série de processamentos, onde há a fabricação de alguns hormônios muito importantes para o corpo”, comenta a médica. “Nas crianças existe o GH, o hormônio do crescimento, essencial para o desenvolvimento do corpo. Esse hormônio é liberado durante o sono profundo que a criança entra poucos minutos depois de adormecer. Nessa fase há o pico de sua fabricação.”

A neurologista explica que se a criança vai dormir tarde, por exemplo, os hormônios ainda serão liberados, mas de maneira antifisiológica. “Ela está indo contra a sua natureza. A quantidade de hormônio do crescimento produzida pode ser pouca ou até inexistente em casos extremos se houver patologia. A própria distribuição do hormônio do crescimento estará alterada ao longo do dia”, explica a especialista.

A liberação de outros hormônios também é prejudicada, segundo a médica, já que em diferentes etapas do sono há a produção da leptina (hormônio da saciedade), do cortisol (que ajuda a manter estabilidade emocional, controla inflamações e alergias) e do TSH (estimulador da tireóide).

Como o uso de eletrônicos atrapalha?
O simples fato de ligar o celular ou tablet para brincar com um jogo faz com que a criança, por exemplo, atrase sua hora de ir para cama e durma menos. Em segundo lugar, diz o estudo da King´s College, o conteúdo pode ser muito estimulante – e gerar uma excitação que atrase o início do relaxamento. Em terceiro lugar, a forte luz emitida pelas telas dos dispositivos gera um impacto no corpo, afetando o relógio biológico e a percepção do cérebro do que é noite ou dia.

A chamada “luz azul” já foi alvo de diversos estudos nos últimos anos. O mais recente, da Universidade de Haifa, em Israel, constatou que a luz azul, presente nas telas de celulares, tablets e computadores, inibe a secreção da melatonina, o hormônio que avisa o nosso corpo que está na hora de dormir. O organismo também não ativa seu mecanismo natural que reduz a temperatura corporal. O normal é que a temperatura do corpo caia durante a madrugada e volte a subir quando estamos prestes a despertar. Isso, contudo, não ocorre se o cérebro recebe a mensagem que ainda estamos em estado de vigília.

Prejuízos
De acordo com a neurologista, no curto prazo, os “prejuízos, às vezes, não são perceptíveis”. Mas a falta de sono “pode interferir no rendimento cognitivo porque o processamento de memória, que ocorre na segunda metade da noite, provavelmente não aconteceu ou não aconteceu de maneira satisfatória”. “Em curto prazo, pode afetar a consolidação de informações recém-aprendidas porque vai ter um sono mais superficial, mais fragmentado e não reparador”, afirma Leonardo Ierardi Goulart, médico especialista em doença do sono do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ele explica que as atividades cerebrais que assimilam os conhecimentos adquiridos durante uma aula, por exemplo, ocorrem durante o sono profundo. É nesse momento que o cérebro processa, revisa e armazena a memória.

Em longo prazo, porém, os riscos são maiores. “Não é uma insônia, de dois, três, seis meses”, destaca Anna.
No longo prazo, ela explica, há uma “bagunça de hormônios” que controlam, por exemplo, a saciedade. Se não produz esse hormônio, a leptina, cuja liberação ocorre ao longo da noite e no início da manhã, o indivíduo vai comer mais, podendo ficar obeso e diabético.

 

Fonte: BBC

Artigo: Exercícios combatem transtornos de humor

Aumento progressivo desses distúrbios, chegando a 20% da população mundial, pode ser evitado pelos efeitos benéficos que as atividades físicas exercem sobre o sistema nervoso central.

Nas últimas décadas observou-se um progressivo aumento da prevalência de transtornos de humor na população adulta mundial. As últimas estimativas mundiais para a preponderância desses transtornos são significativamente altas cerca de 20%. Isso significa que um grande número de pessoas experimentará algum tipo de transtorno de humor ou ansiedade em algum período da vida, de maneira contínua ou recorrente. Algumas condições como estresse, ansiedade, depressão, fobias, transtornos compulsivos e pânico compreendem uma boa parte dos transtornos mentais observados.

O estresse e a ansiedade excessiva são os componentes-chave ou sintomas comuns em quase todas essas condições. O estresse é frequente em adultos relativamente saudáveis e tem sido associado a consequências negativas na saúde, absenteísmo e redução na produtividade profissional. Uma compreensão mais ampla da etiologia dos problemas relacionados ao estresse inclui uma multiplicidade de fatores: biológicos, psicológicos e sociais; todos mediados por fatores de risco e proteção.

O tratamento atual para transtornos de humor inclui intervenções terapêuticas e farmacológicas, ambas embasadas por grande quantidade de evidências empíricas através de estudos controlados. No entanto, muitos indivíduos acometidos por esses transtornos acabam não procurando ajuda profissional, o que indica a necessidade de criação de autoestratégias complementares apropriadas e confiáveis.

Além disso, tanto pacientes quanto pesquisadores concordam em dois pontos: não é satisfatório passar uma vida inteira fazendo uso de medicamentos e as estratégias terapêuticas tradicionais podem ser extremamente custosas, se realizadas durante longo período. Ensaios clínicos vêm demonstrando que tanto drogas ansiolíticas quanto antidepressivos têm eficácia limitada em longo prazo, causam dependência e sonolência, afetam cognição e memória e produzem disfunção sexual.

Existe uma diversidade de abordagens terapêuticas tradicionais para o tratamento de transtornos mentais, mas muitas vezes os pacientes preferem procurar intervenções complementares por diversos motivos, tais como efeitos adversos da medicação, falta de resposta ao tratamento, alto custo das psicoterapias ou simplesmente preferência por alguma intervenção complementar específica.

As últimas duas décadas de estudos vêm demonstrando que os resultados neuroquímicos observados podem ser traduzidos em melhorias nas funções cognitivas e na saúde mental, tanto de indivíduos saudáveis quanto de pacientes acometidos por transtornos mentais. O efeito significativamente benéfico do exercício no sistema nervoso central e o fato deste representar uma completa reformulação do estilo de vida, e uma ação efetiva de promoção de saúde e prevenção de doenças, fazem do exercício a estratégia terapêutica mais promissora no tratamento de transtornos mentais.

Depressão

A depressão é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. Sua incidência é estimada em aproximadamente 20% da população mundial. Além disso, somente 30% a 35% dos pacientes depressivos respondem ao tratamento com psicofármacos. Estudos mostram que o tratamento farmacológico reduz em cerca de somente 50% os sintomas relacionados, e que o exercício pode ser considerado eficaz no tratamento da depressão.

Estudos que utilizaram o exercício como intervenção terapêutico na depressão concluíram que o grupo que pratica exercício apresenta maior recuperação e menor recaída do que os outros, e quanto maior for o tempo gasto com exercícios, menores serão os níveis de depressão. Embora apresentem resultados significativos no tratamento da depressão os mecanismos pelos quais a atividade física proporciona efeitos antidepressivos são ainda especulativos. Os benefícios são similares àqueles alcançados com antidepressivos e são dependentes da “dose”, ou seja, melhorias mais significativas estão associadas a maiores níveis (frequência) de exercício.

Pessoas com depressão apresentam alterações no fluxo sanguíneo e no metabolismo do córtex pré-frontal, aumento do metabolismo de glicose na amígdala (aprendizado emocional/ medo e ansiedade), secreção aumentada de cortisol e alterações cognitivas como comprometimento na atenção, memória, velocidade de processamento, função executiva e emoção. Um dos fatores que podem explicar o déficit de memória na depressão é a alteração na atividade hipocampal, em consequência do excesso do excesso de cortisol, da redução de fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) e da neurogênese.

O exercício físico contribui para o desenvolvimento da neurogênese no hipocampo através do aumento na produção de BDNF, IGF-1 e VEGF e da potencialização de longa duração (consolidação de memórias). Além disso, também está comprovadamente relacionado ao aumento na liberação de endorfinas, serotonina, dopamina e noradrenalina. Todos esses fatores contribuem para a manutenção e reparação de saúde mental. De modo geral, e tendo em vista os benefícios físicos e psicológicos do exercício, é possível concluir que sua prática por indivíduos depressivos é capaz de prevenir e reduzir significativamente os sintomas de depressão.

O efeito do exercício na saúde mental e nas funções cognitivas fez com que os pesquisadores voltassem a atenção ao possível impacto da atividade física no cérebro de pacientes acometidos por doenças neurodegenerativas. O Alzheimer hoje é a forma mais comum de demência em idosos, acometendo cerca de 50% dos nonagenários. As alterações fisiopatológicas, como acúmulo de placas senis e emaranhados neurofibrilares , estão relacionados à diminuição do volume cerebral, do número de neurônios, do número de sinapse e da extensão das ramificações dendríticas.

Estudos em animais verificaram que o exercício aumenta a expressão de BNDF, IGF1 E VEGF. Como já mencionado, o BNDF é um importante regulador de plasticidade neural, e níveis reduzidos dessa substância causam redução da plasticidade sináptica em área do cérebro afetadas pelo processo de envelhecimento. Uma redução nos níveis de IGF-1 no cérebro também pode contribuir para o declínio das funções cognitivas durante o envelhecimento.

Regulação

Por outro lado, o exercício é capaz de regular para cima as concentrações de IGF-1 e BNDF no cérebro. Estudos sugerem também que o aumento do fluxo sanguíneo cerebral e maior metabolismo cerebral da glicose, em consequência do exercício , tenham relação com a degradação da proteína-amilóide, cujo acúmulo é responsável pela morte de neurônios colinérgicos no Alzheimer. Indivíduos com Alzheimer mostram melhoras em escalas de atividades cotidianas, em testes cognitivos, sintomas depressivos e funções físicas, comparados aos que não se exercitam, cujas funções continuam a declinar. Além disso, o exercício influencia fatores de risco associados à demência , tais como a resistência á insulina, já que este em idosos está relacionado à redução do metabolismo de glicose no lobo temporal medial. Assim, o exercício é capaz de melhorar a sensibilidade à insulina e contribuir potencialmente para a melhora da memória na doença.

A doença de Parkinson é considerada a segunda doença neurodegenerativa mais comum atualmente, afetando cerca de 0,3% da população em geral. Caracteriza-se pela perda dos neurônios dopaminérgicos da substancia negra, provocando desordem dos movimentos, tremores em repouso, rigidez e bradicinesia. A degeneração dopaminérgica nigroestrital é um dos principais mecanismos da doença, cujos déficits atingem principalmente mecanismos motores. Além do circuito dopaminérgico, noradrenérgico e colinérgico também são afetados na doença de Parkinson, e podem contribuir para as disfunções cognitivas observadas no decorrer da doença.

O conhecimento atual sobre os mecanismos envolvidos no efeito neuroprotetor contra o Parkinson baseia-se em resultados obtidos em modelos animais. Tem sido demonstrado que o exercício tem efeito significativo na função dopaminérgica, de modo a estimular a expressão de fatores neurotróficos e angiogênese. Em resposta ao exercício, observa-se um aumento na concentração de dopamina, o que contribui para a reconstituição da função dos núcleos de base, envolvidos no comando dos movimentos e neurotransmissãoglutamatérgica. Tal aumento parece estar relacionado também ao aumento da concentração de BDNF.

Estudos epidemiológicos sugerem ainda que a prática de atividade física pode impedir o desenvolvimento da doença. Pesquisadores do Instituto Nacional de Ciências Ambientais da Saúde, nos Estados Unidos, coordenados pelo dr. Xu Q. (2010), verificaram que o risco de desenvolver Parkinson parece ser inversamente proporcional à quantidade de atividade física praticada ao longo da vida.

 

Fonte: Psique Ciência e Vida

               

Insônia pode ser causa (e não sintoma) da depressão

Segundo um novo estudo, pessoas que receberam tratamento contra a insônia tiveram 20% menos chances de desenvolver depressão e ansiedade

Acredita-se que a falta de sono prejudique a saúde mental porque não permite que o cérebro processe as novas memórias adquiridas e organize as mais antigas – o que pode colocar a pessoa em um ciclo vicioso de pensamentos negativos e repetitivos. (//iStock)

Quem tem dificuldade para dormir à noite pode estar em maior risco de desenvolver depressão e ansiedade. De acordo com um novo estudo publicado no periódico científico The Lancet Psychiatry, a insônia, que antes era vista como sintoma, pode ser, na verdade, a causa dessas doenças.

O estudo
No estudo, cerca de 3.890 pessoas que enfrentavam problemas para dormir foram divididas em dois grupos. O primeiro, depois de passar pela terapia cognitivo-comportamental, que visa reduzir fatores comportamentais que levam à insônia, apresentou 20% menos risco de sofrer de ansiedade e depressão, além de noites de sono 50% melhores, em relação ao outro grupo que não recebeu nenhum tipo de tratamento.

Como estratégia da terapia, os participantes foram aconselhados a manter diários, para registrar a progressão do sono ao acordar, ouvir fitas de relaxamento e não utilizar a cama para outras tarefas além de dormir, por exemplo.

Causa, não sintoma
“Os problemas de sono são muito comuns em pessoas com distúrbios mentais, mas por muito tempo a insônia foi banalizada como um simples sintoma. Esse estudo transforma essa velha ideia, mostrando que a insônia pode contribuir para o surgimento de problemas da saúde mental”, disse Daniel Freeman, principal autor do estudo, em nota.

Fonte: Veja.com

Autonomia: aprendizado complexo

Vivenciar as frustrações desde a fase inicial da existência é importante para o desenvolvimento. Crianças superprotegidas tornam-se jovens que entram na vida adulta fragilizadas para enfrentar os desafios.

Criar um filho bem-sucedido, seguro de si mesmo, um líder admirado por todos é o desejo de qualquer pai. Mas uma longa construção, que começa no berço, é necessária para se atingir esse objetivo e muitos entraves estão no caminho.
A proteção excessiva é um dos maiores empecilhos e nem sempre é necessária uma dose exagerada de mimos, elogios ou amparo desmensurado para colocar tudo a perder. Amor, atenção, cuidados na dose certa, acompanhados de normas, hábitos sadios e responsabilidade, são o mapa do tesouro em educação. Como conseguir encontrar essa medida para cada filho é o desafio.

O pensamento mais comum entre as famílias condiz com a premissa de que poupar as crianças de vivenciarem problemas desde cedo, evitar dissabores, decepções, vai lhes proporcionar uma infância muito boa, memorável e sem “traumas”, palavra essa usada da forma mais popular e errônea possível. Julga-se que dar aos pequenos a chance de passarem por uma fase inicial da existência sem frustrações antes da chegada da vida adulta, quando certamente os problemas e responsabilidades virão por si mesmos, lhes deixará, além das lembranças, uma base afetiva que fará com que se sintam mais felizes e seguros.

Infelizmente, ocorre o contrário: como atletas sem treinos as crianças superprotegidas tornam-se jovens que entram na vida adulta fragilizados, despreparados para enfrentar desafios, derrotas e vitórias com responsabilidade. Ou seja, acontece que esse modo de levar a educação comprovadamente não resulta nos desejos familiares tão bem-intencionados, mas deságua em um mar de frustrações, pessoas inseguras, imaturas, insatisfeitas, pois não são gradativamente preparadas para os embates da vida nem para a concorrência normal que há no mundo profissional, onde as pessoas mais resistentes ás perdas mais assertivas e motivadas quase sempre ocupam os postos de liderança.

Tudo que é “super” merece, ao menos em educação, um olhar crítico em relação principalmente às consequências futuras. Superproteção é desnecessária e contraindicada porque prejudica, debilita. Superproteger não é sinônimo de amar e cuidar: está mais para desvitalizar, desmotivar, infantilizar e incapacitar. As consequências ultrapassam a própria vítima e atingem toda a família.

Outro ponto importante é que alguns pais tendem a enaltecer desmesuradamente qualquer coisa que os filhos façam com mínimo esforço, assim como satisfazem todos os desejos infantis, dando-lhes uma falsa ideia de poder, inadequado para o crescimento mentalmente saudável da criança.

Muitos pais confundem inteligência e extroversão com capacidade de ser responsável pelos próprios atos. Mesmo inteligente e sagaz, a criança tem limites próprios de sua etapa de desenvolvimento. Crianças só se sentem seguras quando têm um adulto que as oriente e as motive, impulsione, ensine a tomar conta de si mesmas, a serem responsáveis, terem confiança nos seus atos e decisões.

Adultos são responsáveis pelos filhos até que esses sejam maiores de idade, e dizer o contrário não muda a realidade das coisas: a negligencia, tão grave quanto a superproteção, é punida por lei; então, deixar os filhos fazerem o que desejam poderia ser enquadrado dessa forma.

As crianças precisam sentir que há alguém no comando, que cuida e que sabe o que é melhor para elas, mesmo que isso represente a perda de algum privilegio momentâneo. Ao tomarem decisões como adultos, estão na verdade tornando-se pequenos tiranos, coisa que não tem nada de positivo, e, pior, sentindo-se infelizes, pois percebem que seus pais não têm tempo nem dão valor e atenção a eles.

Crianças devem, na verdade, gradativamente aprender a decidir, na medida em que se tornem amadurecidas e capazes de responder pelas consequências de seus atos. Isso pode e deve acontecer desde muito cedo, pois o desenvolvimento da verdadeira autonomia é um processo longo que depende de vivências e experiências de várias ordens, mas necessariamente envolve responsabilidade pelos atos.

Autonomia é um aprendizado complexo, um processo que exige maturidade neurológica, emocional, treino social e apoio familiar. Incentivar, supervisionar, parabenizar são importantes para essa aquisição, pois geram autoestima, segurança e motivação.

Ser autônomo depende da capacidade de prescindir da dependência excessiva dos pais, assim com o do seu incentivo permanente para que se responsabilizem por pequenas tarefas que aos poucos vão se ampliando em complexidade: guardar os brinquedos, amarrar os tênis, escovar os dentes sozinho, arrumar o material escolar, fazer as lições, cuidar de algumas tarefas de casa, gerenciar mesada, escolher entre as opções dadas por seus pais, e principalmente responder por suas (pequenas) decisões etc.

Tornar-se mais flexível, capaz de se relacionar, se comunicar com as outras pessoas e fazer escolhas, desenvolve a sua autoestima, fator decisivo para o sucesso pessoal e profissional.

Só o desenvolvimento gradativo da autonomia na infância permite a construção de uma personalidade saudável e possibilitará o fortalecimento da capacidade de resolver conflitos ao longo da vida e alcançar sucesso pessoal, social e profissional.

Artigo Maria Irene Maluf, Extraído da Revista Psique.

 

Site da Cuidarte lança novo layout

Moderno, funcional e adaptável aos dispositivos moveis são algumas características da página.

A Clínica Cuidarte renovou a sua homepage na internet. Com design que traz os conceitos de modernidade, funcionalidade e adaptável aos dispositivos móveis, os usuários vão encontrar um espaço virtual totalmente reformulado e navegação mais fácil.
No novo site da Cuidarte, além de conteúdo informativo, que abrange notícias e artigos sobre saúde de temas variados como bem estar e qualidade do sono e, novidades sobre a empresa – atualizado diariamente, o internauta terá uma visão mais ampla sobre as secções e serviços, encontrando mais rapidamente o que procura.

Uma novidade do site é a apresentação do novo serviço da Clínica, PsiSono – a Terapia do Sono. A Cuidarte, por meio da diretora da clínica e psicóloga, Kyslley Urtiga, é a pioneira no Piauí no tratamento não farmacológico dos distúrbios do sono. A terapia é considerada hoje no Brasil Padrão Ouro no tratamento de distúrbios do sono, em especial da insônia.

Outro diferencial da página é sua adaptabilidade para diferentes dispositivos móveis, como celulares e tablets, plataformas cada vez mais utilizadas pelos internautas para acessar páginas virtuais. Além dos links diretos que levam aos perfis da clínica nas redes sociais facebook e instagram.

O usuário também poderá conhecer a estrutura completa do Clínica, os diferenciais, a história, tradição e qualidade na prestação de serviços. Uma área específica foi criada para apresentar o Espaço e Memorial Urtiga. A página de convênios e fale conosco foram reformuladas para atender as necessidades do público. Esta nova fase digital evidencia a preocupação da Clínica Cuidarte com a qualidade de serviços e atendimento.