A dança do ventre desperta a consciência corporal.
Já diz o ditado “quem dança (ou canta) os males espanta”. Essa máxima popular tem mais razão de ser se o ritmo for dança árabe, mais conhecida como dança do ventre. Além de proporcionar um “up grade” na autoestima, ela mexe com a energia corporal. É aqui a ligação dessa arte com a psicoterapia corporal, que teve como precursor o médico e psicanalista Wilheim Reich.
Em linhas gerais, essa abordagem traz que no corpo estão instalados traços da personalidade por meio da própria história de vida de cada um. No artigo “A Dança do Ventre como instrumento de psicoterapia corporal para mulheres”, a psicóloga Elizabeth Moro diz que ‘na dança o corpo evidencia as dificuldades que as pessoas têm de entrar em contato com certas partes de si mesmo’.
Para Reich o ser humano é constituído por uma energia vital chamada libido e no desenvolvimento do indivíduo ela é reprimida de alguma forma e em alguma fase do desenvolvimento, trazendo problemas em alguns setores da vida adulta. Foi também Reich que desenvolveu a teoria do orgasmo, uma função que o organismo tem de carga e descarga, em outras palavras de autorregulação.
Em seu artigo, Elizabeth Moro fala que ao aprofundar suas pesquisas Reich percebeu que a energia vital pode se apresentar fragmentada, sem fluir por todo o corpo, formando bloqueios musculares e estes são as chamadas couraças. Estas, segundo o psicanalista, são uma forma de proteção em relação a situações ameaçadoras e dolorosas encontradas pelo indivíduo para sua sobrevivência.
As couraças (ou bloqueios da energia vital) são sete e Reich as nomeou nos seguintes segmentos: ocular, oral, cervical, torácico, diafragmático, abdominal e pélvico.
A partir dessa base, outros estudiosos do assunto desenvolveram técnicas que permitem alcançar a consciência do funcionamento do próprio mundo (personalidade/corpo), fazendo a energia vital fluir.
Assim surgiu a psicoterapia corporal, como a bioenergética que usa ‘exercícios’ para desbloquear as couraças. E a dança do ventre tem o seu ‘pé’ na terapia nesse ponto, pois através dos seus movimentos sinuosos, trabalha os pontos de bloqueio pontuados pela psicoterapia corporal.
Em suma, a dança do ventre é também uma forma de retomar o contato com o próprio corpo. Como lembra Elisabeth Moro, nossas emoções não existem apenas na mente, elas deixam marcas profundas nos músculos, articulações e em toda a estrutura do ser humano.
A educadora física e bailarina piauiense de dança árabe Laywilsa Nogueira comenta que não existe mulher que pratique a dança do ventre e não desenvolva uma autoestima forte. Ela enumera também outros benefícios da prática, como melhora da postura, diminuição de cólicas menstruais, bem como o despertar da consciência corporal.
Por Adriana Lemos – Psicóloga e jornalista
Da equipe Cuidarte