Estresse interfere nas relações interpessoais

Tempo de trabalho invade a vida privada e estresse permeia essa relação

Uma pesquisa recente do IPEA com 3.796 pessoas residentes em áreas urbanas, das cinco regiões do país, aponta que cada vez mais as pessoas levam trabalho para casa, o que tem entre suas consequências o prejuízo nos relacionamentos com familiares, cônjuge e amigos. Em outras palavras cada vez mais o tempo de trabalho invade a vida privada e o estresse permeia essa relação.

De acordo com a análise feita pelo instituto, para um grupo dos entrevistados – entre 30% e 50% deles – há uma percepção comum da relação entre o tempo de trabalho e o tempo livre: a de que o tempo de trabalho remunerado afeta de modo significativo, crescente e negativo o tempo livre.

O estresse advindo do trabalho é reconhecido no mundo todo como um dos principais fatores de redução de qualidade de vida e vivenciado pelos trabalhadores como um estado desagradável e ameaçador ao bem-estar, segurança e estima.

Segundo o autor da área organizacional Álvaro Tamayo, as exigências do trabalho na modernidade, o excesso de tarefas, a redução de funcionários, a necessidade de manter-se empregado, a deteriorização das relações de trabalho são alguns dos fatores que contribuem para o aparecimento do estresse.

A degradação da capacidade de se relacionar é justamente um dos sintomas do estresse, por isso o reflexo imediato nas relações familiares e de amizade, pois a pessoa estressada sofre uma redução da capacidade de comunicação. Em alguns o estresse pode se manifestar com cansaço, dores pelo corpo, má qualidade do sono, dificuldade de concentração.

Mas se de um lado há a necessidade de manter-se empregado e ter como se sustentar, como não deixar o estresse tomar conta da vida de cada um? É certo que o gerenciamento do estresse é um desafio tanto para o trabalhador individualmente como também para as empresas.

Para o também escritor da área organizacional Gilberto Ururahy, gerenciar o estresse consiste em traçar perspectivas, antes de tudo, através dos nossos próprios pensamentos. Uma das dicas é não negligenciar os sintomas do problema, como fadiga, cansaço súbito, perturbação do sono.

Segundo ele, os sintomas e hábitos como recorrer a excitantes como o café ou o cigarro, revelam um estresse mal gerenciado. Ele alerta que tais sinais podem ser indícios de uma estafa. Procurar ajuda profissional de um médico e de um psicólogo é um dos caminhos para se cuidar, bem como fazer atividade física e manter uma alimentação saudável.

A psicóloga organizacional e da equipe Cuidarte Terapias Integradas, Laís Forte, dá dicas para melhorar o relacionamento interpessoal. Ela sugere aos casais que estejam vivenciando o que IPEA apontou, procurar um tempo só para a relação. Delimitar o tempo para o trabalho e o da relação, fazer programas a dois e sem as crianças.

Por Adriana Lemos
Jornalista e psicóloga
*Da equipe Cuidarte

Maria Antônia do Nascimento dos Santos

Maria Antônia do Nascimento. CRP 21/01630 – Psicóloga Clínica e especialista em Libras. Atende a crianças, adolescentes, adultos e casais na perspectiva  humanista da abordagem  centrada na pessoa .

Anorexia pode acontecer com crianças

Anorexia infantil se manifesta no primeiro ano de vida até os 12 anos.

Anorexia é um transtorno alimentar no qual as pessoas desenvolvem um comportamento de tornar o seu peso abaixo dos níveis esperados, associando a uma percepção de que está muito gordo. É a partir da adolescência que se percebe essa definição. Já a anorexia infantil não teria a mesma definição, esta se manifesta no primeiro ano de vida até os 12 anos.

Nesse caso não deixa de se classificar como transtorno alimentar causado pela recusa de alimentos, e tende a se agravar quando os pais insistem que a criança coma.

Definimos a anorexia infantil em dois tipos: o primeiro, de forma rara, a criança apresenta-se com recusa e apavoramento diante da comida o que ocasiona um isolamento dessa criança com o meio. O segundo apresenta-se mais frequentemente na nossa cultura, chama-se anorexia de oposição, essa caracterizada como uma verdadeira guerra entre a mãe e a criança e tem como causa a insistência dos pais para que a criança coma, podendo ter como reflexo o vômito.

A insistência e a importância que os pais dão a finalização de uma refeição levam esses pais a desenvolverem métodos para alcançar o seu objetivo, tais como colocar a criança na frente da TV para distrair, deixar sentado na mesa de castigo só podendo levantar quando terminar, oferecendo uma colher para a criança e outra para a boneca, entre outros.

Com esses atos os pais acreditam estar favorecendo uma dinâmica saudável, e na verdade estão provocando na criança uma tortura na hora da alimentação. É importante colocar que crianças perdem o apetite muito fácil e por diversos fatores, como viroses, crescimento da dentição e até mesmo a introdução de novos alimentos na dieta. A cada método reinventado pelos pais ou cuidadores se reafirma um ciclo que vai se agravando a cada nova rejeição da refeição, transformando-se em um hábito.

A criança anoréxica de oposição é geralmente muito ágil, estando à frente de outras crianças no desenvolvimento motor. Os bebês muitas vezes apresentam-se agitados e nervosos.

É importante pontuar que anorexia infantil muitas vezes é passageira, os pais necessitam buscar orientação com um psicólogo e com o pediatra de acordo com a vivência do momento. Havendo um trauma o psicólogo conseguirá identificá-lo e trabalhá-lo.  É necessário deixar claro que a anorexia infantil tem solução e muitas vezes é resolvida com boa distração (passeios em seus lugares preferidos), mudança nos hábitos alimentares e uma maior disponibilidade de atenção por parte dos pais a criança, demonstrar interesse, conversar sobre o assunto, elogiar boa conduta, mas na maioria das vezes a criança quer sentir-se segura e amada esse é o primeiro passo para a cura.

Por Kislley Sá Urtiga
Psicóloga clínica e gestalt-terapeuta infantil
*Da equipe Cuidarte