Saiba mais sobre esse tema e as estratégias de enfretamento para a alienação parental.
A alienação parental é hoje uma das mais graves formas de violência psicológica contra as crianças e adolescentes. É muito comum chegarem aos profissionais crianças com queixa de mudança de comportamento, tristeza, desanimo e agressividade. Tudo isso em decorrência da criança estar sendo vítima da Síndrome da Alienação Parental.
A Alienação parental acontece quando pai, mãe ou quem é responsável tenta, de forma abusiva, afastar a criança do outro genitor e sua família. Ou seja, quando um dos pais tenta destruir ou impedir a relação da criança com o outro. Muitas vezes a SAP se dá quando um dos pais, privados do convívio com a criança, passa então por vingança, mágoa ou até mesmo inconformismo com o fim do relacionamento, a usar a criança como um objeto para atingir o outro. O mesmo passa a desmoralizar, desqualificar o outro para o filho e, muitas vezes até criando histórias a seu respeito. A partir do momento que a criança começa a ouvir tudo isso, a fazer parte de problemas que não são seus, passa acreditar nisso e, consequentemente afasta-se do outro genitor.
É a partir daí que a criança começa a mostrar mudanças de hábitos no seu dia-a-dia:
De forma geral a criança apresenta:
– Baixa autoestima
– Comportamento autodestrutivo
– Irritabilidade
– Agressividade
– Crueldade
– Depressão
– Ansiedade
– Estresse pós-traumático
Em relação ao genitor que está sendo alienado:
– Sentimento constante de raiva e ódio
– Recusa a dar atenção, visitar ou até mesmo se comunicar com o genitor.
– Guarda sentimentos negativos em relação ao outro, como lhe é narrado pelo alienador.
É importante ressaltar que nem sempre quando houver separação dos pais a criança vai reagir desta forma. No entanto, os efeitos do divórcio sobre a criança dependerão muito das circunstâncias em que se dá esta separação. Se o divórcio é feito de uma maneira em que há respeito mútuo entre os pais, o desenvolvimento psicológico da criança não estará necessariamente prejudicado. Se ela percebe que apesar das dificuldades inerentes a um processo de separação, há um clima de cooperação e convivência mínima, será mais fácil para a criança assimilar e elaborar a nova configuração familiar. Por outro lado, o que se constata é que quanto mais grave e intensa for a “guerra” entre os ex-cônjuges, incluindo aí a proibição de visitas, maior será o sofrimento psíquico dos filhos envolvidos. Neste caso, as crianças podem vir a desenvolver sintomas os mais variados como uma resposta emocional ao seu sofrimento. Podem apresentar sintomas de depressão, alterações no comportamento, diminuição do rendimento escolar, ansiedade de separação, ou podem ainda desenvolver fobias ou retraimento social.
È preciso que fiquemos atentos a todas essas situações, pois toda separação é difícil e, cabe a todos nós, principalmente à família dar o suporte necessário à criança para que isso não ocorra e que a criança passe por isso de forma menos conflitante. Os pais separados devem compreender os filhos. È muito importante também que estes pais estejam disponíveis e sensíveis à necessidade da criança, mesmo que à distância, e tentar pensar como estes eles enquanto pais poderiam se fazer presentes de outras formas, enquanto a presença física ainda não é possível ou é limitada. E, além disso, buscar uma ajuda profissional para lidar com esta ausência poderia ser muito benéfica também.
Entretanto vemos crianças e adolescentes, além do genitor alienado, sofrendo as consequências desta doença familiar, sem que providências urgentes sejam tomadas em sua defesa.
Pensar nas consequências para uma criança ou adolescente que passa tanto tempo excluído da presença do genitor, sendo alienados na sua percepção deste, sem que ele, mesmo repleto de provas seja ouvido pela justiça, preocupa. Os transtornos ocasionados a este sistema familiar são muito grandes, e muitas vezes sem possibilidade de resgate para estes.
Diante disso, é importante estarmos sempre alertas. Precisamos ver a SAP como um grito de socorro por parte do genitor, que em seu comportamento alienado e alienador, não consegue enxergar além de si próprio, provocando um grande sofrimento em todo o seu círculo familiar, principalmente aos filhos envolvidos e, cabe a todos nós colocar o limite necessário quando isso está acontecendo.
Polliana Melo – Psicóloga
Da equipe Cuidarte