A psicóloga humanista Adriana Lemos, que faz parte da equipe Cuidarte, foi fonte na matéria “Cachorro atrapalha ou ajuda no relacionamento?” do portal feminino Vila Mulher, abrigado no portal Terra. A matéria é assinada pela repórter Juliany Bernardo (MBPress) e traz entre outras discussões os pontos positivos e negativos de casais terem um cão no lugar de um filho. A psicóloga pontua que nas novas configurações familiares a presença de um animal de estimação no lar não é incomum e , muitas vezes, eles fazem o papel simbólico de um filho. “Ter o cão como um filho é, de certa forma, um hábito comum em grandes centros onde a vida é mais atribulada. Também por isso muitas vezes adia-se o momento de ter herdeiros”, comenta.
Foto: Arquivo pessoal – A psicóloga é cachorreira e tem treinamento em Terapia Assistida por Animais ( TAA)
A matéria completa pode ser lida AQUI.
Abaixo leia a entrevista na íntegra:
Muitos casais optam por ter um cãozinho ao invés de filhos, mas como isso pode ser bom ou ruim para a relação?
Esse comportamento de possuir um cão, atribuindo a ele a função simbólica de um filho, faz parte das novas configurações familiares na modernidade, na qual os animais foram domesticados e passaram para o lado de dentro de casa como um membro da família. Os animais domésticos são considerados fontes de amizade, amor incondicional e eles ganharam (simbolicamente) atributos humanos ao longo do tempo de domesticação. Ter o cão como um filho é, de certa forma, um hábito comum em grandes centros onde a vida é mais atribulada e, por isso, muitas vezes adia-se o momento de ter filhos humanos. Para o cãozinho, o casal dispensa atenção, cuidados, amor, mas sabemos que, apesar da responsabilidade e tempo dispensado, não é a mesma coisa que cuidar de um bebê humano. Podemos deixar o cão sozinho por um período do dia, coisa impossível de fazer com uma criança, por exemplo. Vejo a presença do cão como um ponto positivo na relação. De um modo geral, os cães são catalisadores das relações humanas. Eles servem como ponto de convergência para se iniciar um contato, uma conversa, discutir sobre gostos, cuidados; são também companhias que aceitam as pessoas como elas são, dão atenção e amor de modo incondicional e sem julgamentos. Geralmente ter um cão é um consenso do casal e dificilmente ele será ponto de brigas.
Quais os principais pontos positivos?
Como falei anteriormente, o cão é um catalisador da relação entre as pessoas. Então pode servir, por exemplo, como desculpa para a aproximação na tentativa de um diálogo no caso de uma briguinha de casal.
Quais os pontos negativos mais frequentes?
Entre os pontos negativos vejo o fato de ter o animal quando só um gosta de bichos, pois nesse caso o cão será motivo de atritos. Para criar um animal é preciso ter a clareza de posse responsável; ele é um ser vivo, e não um enfeite. Então o casal vai ter gastos, precisa levar para passear, ao veterinário, dispensar atenção. Outro ponto negativo é extrapolar a questão afetiva em relação ao animal. Em outras palavras, substituir os relacionamentos interpessoais pelo relacionamento só com o animal. Apesar de pontuar isto nunca tive o conhecimento desse fato.
O afeto pode aumentar com a presença do animal?
Sim, como já falei anteriormente o cão é um ponto de convergência para as relações entre as pessoas. Nesse contexto ele pode sim despertar mais afeto.
Pode existir o ciúme por parte de um dos cônjuges?
Sinceramente não tenho conhecimento disso, mas se acontecer a questão está no emocional/afetivo de quem sente ciúmes e a pessoa precisa trabalhar isso em terapia.
Como dividir as tarefas sem estresse?
Como se faria com uma criança. É indicado que o casal se programe para ter o cão, divida tarefas e despesas. Negociar essas responsabilidades. Uma semana um leva para passear e ao banho, e na seguinte a responsabilidade é do outro.
Qual a raça mais indicada para casais?
Não existe uma raça para casais. A escolha da raça está ligada a gostos, tamanho e temperamento do animal, disponibilidade de espaço em casa, tempo para cuidar do bicho. Um casal que mora em apartamento não pode escolher ter um cão de grande porte ou que necessite se exercitar diariamente por longo período, por exemplo.
Se o apartamento for pequeno, como se deve adaptá-lo para a chegada do amigão?
É interessante adaptar. É importante lembrar que cão é bebê até oito meses um ano e nessa fase eles são bem danados, curiosos e brincalhões: rasgam, cavam, destroem. Delimitar áreas para ele circular boa parte do dia (sobretudo quando estiverem sós) é uma boa saída. Neste caso pode-se comprar um cercadinho para delimitar a área que ele vai ficar.