Hoje vivemos o que chamamos de pós-modernidade em que as tecnologias ocupam um lugar considerável na vida dos indivíduos e essa era mudou a forma das pessoas se relacionarem; a Internet tem um grande peso nisso, pois se deslocou o foco dos relacionamentos reais para os virtuais. Nessa perspectiva, a Internet assume um papel importante na vida das pessoas, sobretudo dos adultos jovens, adolescentes (a chamada geração “Y”, nascida na década de 80 e com o ‘boom’ da tecnologia da Internet no início dos anos 90) e crianças. Vivemos na
contemporaneidade a sociedade do espetáculo na qual não há mais um sentido no limite entre o público e o privado; as pessoas sentem a necessidade de exposição, como se estivem num palco com plateia. Os amigos virtuais nas redes sociais compõe essa plateia e esse desejo de se sentir num palco é uma maneira que as pessoas têm de se reconhecer como indivíduos, de se sentirem confirmados/validados.
Em linhas gerais, os cuidados que se tem ou se deve ter na educação dos filhos é o de esclarecer sobre o uso da Internet, impor limites, horários de acesso à internet, saber a senha das redes sociais, o conteúdo das conversas, com quem conversa. Enfim supervisionar o uso da Internet pelos filhos. É preciso estar próximo deles, dar abertura para conversar e que eles possam confiar nos pais, contar intimidades…
Vejo como vantagem a facilidade de acesso a Internet e a informação, mas se a pessoa não tem limites e não sabe dosar o uso disso se torna desvantagem, porque corre o risco de viver on line, mas não ter uma vida real rica e saudável em seus relacionamentos.
Entre os pontos positivos está o fato de que o ambiente da Internet é um espaço democrático e há lugar para as mais diversas expressões da subjetividade. É um espaço no qual se pode interagir com amigos também da vida real, encontrar antigas amizades que o tempo e o rumo da vida de cada um separaram. Por outro lado, é necessário discernimento para entender que o mundo virtual tem uma dinâmica diferente da vida real, há perigos de perfis falsos, pedofilia, golpes financeiros e amorosos, é um mundo de ‘fantasia/fake’ no sentido de que muito do que está exposto não corresponde à realidade. Pare para pensar o que as pessoas, via de
regra, expõem nas redes sócias: só o lado bom da vida, como fotos de carrões, viagens, compras, baladas, etc. Parece não existir lugar para a expressão da vida real, na qual as pessoas se sentem tristes, têm problemas. Vejo como uma espécie de negação do real, da expressão de uma necessidade desenfreada de aprovação/admiração pelo outro, através da exposição do lado da aparência da vida. É o ter no lugar do ser. Se analisarmos mais a fundo ainda percebemos que existe no mundo virtual uma lógica capitalista e da indústria cultural que dita ou ao menos intermedia o modo de se vestir, de se relacionar, o modo de ser, de se divertir. Em suma, esse novo modo de se relacionar cria também novas necessidades e influencia na construção das individualidades, cria novos modos de viver.
O convívio virtual tem dificultado/atrapalhado ou ajudado no diálogo real dentro de casa, com os amigos ou nos relacionamentos sociais? Por quê?
Não tenho dados para uma análise dessa questão, pois a necessidade de espetacularização do cotidiano relacionar ainda é um fenômeno muito novo. É difícil precisar, mas suponho que pode dificultar quando a pessoa passa a viver mais virtualmente, pois pode até parar de dialogar com a família e amigos reais, o que se constitui em um problema sério, que traz desconforte emocional/psíquico inclusive. O importante é não haver exageros como, por exemplo, estar em um show ou em bar com amigos e preferir estar no celular interagindo virtualmente em vez de aproveitar a companhia ao lado. Entretanto, se o convívio virtual é sem excessos acredito que não há interferências significativas.
Fazer escolhas do que é importante. É preciso eleger prioridades e relaxar em relação ao restante. Caso não façamos isso nos sentiremos estressados.
Como na educação convencional, dar limites, dialogar, e só dar acesso às crianças ao mundo virtual conforme sua fase de desenvolvimento, como um jogo para ela aprender a resolver problemas. Pergunto-me qual a necessidade de uma criança de três anos ter um celular com tecnologia de ponta ou a um tablet de última geração? Essa necessidade é do pai/mãe de exibir-se ou da criança? Creio que respondendo a essas questões os pais saberão o que fazer.