Reflexões sobre solidariedade e trabalho voluntário

No texto abordo as motivações que levam algumas pessoas a se dedicarem ao trabalho voluntário.

Outro dia fui solicitada por uma emissora de televisão a falar sobre o tema solidariedade e o trabalho voluntário, e fiquei pensando que é um bom tema para expor aqui no site da clínica também. Então resolvi discorrer sobre o assunto, que afinal desperta simpatia, curiosidade e indagações, entre elas o que leva uma pessoa a trabalhar como voluntário?

Para início de conversa a solidariedade é própria das relações humanas. Por outro lado existem motivações para esse tipo de relação. É sabido que um dos princípios para o voluntariado é a não compensação financeira, mas ele implica em recompensas que são simbólicas.

Há a formação de um vínculo entre os pares envolvidos e a aproximação das pessoas no serviço voluntário se dá de um lado por um que oferta ajuda e o de outro um que tem uma carência. No espaço do vínculo circulam desejos, ideais e sentimentos.

Alguns afirmam que a recompensa simbólica sustenta o voluntariado, como por exemplo, perceber que seu trabalho produz um efeito positivo no outro.

Entretanto há o oposto que pode dissolver essa relação, como o medo do fracasso do voluntário, bem como a percepção deste do pouco esforço por parte de quem recebe ação.

Voltando para o aspecto que motiva a solidariedade e o trabalho voluntário podemos citar “n” motivos a impulsionar o ser humano. Um deles é o fato de a pessoa se sentir útil.

Por meio do voluntariado ela pode desejar resignificar experiências ruins da sua própria vida, preencher vazios e até colocar simbolicamente no outro o sofrimento pessoal e, com isso, se sentir melhor, pois através da condição de quem é cuidado possibilita a ele ver sua vida mais leve.

Então não é incomum ouvir alguém que é voluntário em alguma causa dizer “vejo tanto sofrimento, que volto para casa achando minha vida uma maravilha”.

Tem ainda o fato de o altruísmo e a solidariedade serem e admirados na nossa sociedade. Por fim, mesmo que não seja consciente, o voluntário espera ser investido afetivamente nessa relação de cuidado, ser reconhecido, admirado.

Perguntaram-me se o trabalho voluntário traz qualidade de vida para quem dele faz sua bandeira. Eu respondi que sim, na medida em que o voluntário tem a oportunidade de ser importante para alguém, e se faz esse trabalho de modo espontâneo e qualquer que seja a motivação se de cunho emocional, cultural, política ou religiosa.

Se te faz bem, mãos a obra!

Por Adriana Lemos – Jornalista e Psicóloga
*Da equipe Cuidarte
**Texto originalmente publicado na revista + Saúde