O primeiro amor de seu filho chegou. E agora?

A psicoterapeuta  de crianças, adolescentes e adultos Kislley Sá fala sobre o assunto.

 

O primeiro amor dos adolescentes é tema de interesse para pais e filhos. Alguns pais se preocupam com o assunto, sentem ciúmes e de outro lado os filhos experimentam novas emoções afetivas. O que fazer? Foi essa a pergunta que a psicóloga Kislley Sá Urtiga respondeu em recente entrevista na TV Clube.
Para a psicoterapeuta o diálogo é o caminho para enfrentar a situação a começar pelo tema sexualidade, que vem implícito quando chega o primeiro namoro. Ela pontua que o assunto ainda é tratado com desconforto e os pais preferem deixar para a escolha, o que na sua visão não é papel dela, e sim dos pais.
“A educação sexual é ainda desconfortável para se tratar dentro da família, a escola tem um papel importante, abre janelas para discutir o tema, mas não é dela a responsabilidade, temos que trazê-lo para dentro da família fazendo com que a iniciação sexual seja muito bem partilhada”, frisa.
Ela cita um exemplo dos dias atuais em que não se dá ênfase a alguns avanços no campo da sexualidade, isso por ainda ser tema tabu. A psicóloga cita a vacina contra o HPV (indicada para adolescentes) e que não se comemora ou fala mais sobre isso. “A preocupação não é a de estar oferecendo isso (a vacina), mas a de estar colocando na cabeça das adolescentes o assunto,” frisa.
E como os pais devem se portar diante do momento que o filho começa a namora? Kislley Sá sugere que é se aproximar do filho, conhecê-lo, estar próximo para tentar identificar as dificuldades, saber com quem anda, quem são suas amizades. Isso favorece a aproximação. “Eu preciso ouvi-lo. Se eu escuto eu proporciono o diálogo”.
Quando o diálogo não existe entre os pais e o adolescente, aqueles acabam invadindo o espaço dos filhos. Isto acontece através da invasão de contas de e-mail e de redes sociais, por exemplo. Mas na apreciação da psicóloga, não é o caminho correto. Existe uma individualidade, um sujeito ali. “O namoro serve até como impulso para melhorar a autoestima e o amadurecimento desse adolescente”, diz.
Com relação ao namoro dos dias atuais, ela diz que não há como comparar com o do passado do tempo dos nossos pais e avós. “Hoje os adolescentes têm uma ideia de compartilhamento bem diferente.  É importante frisar, que os pais chegam aos consultórios tratando o tema como um problema gigantesco quando um adolescente de 12/15 anos quer se envolver com um colega na escola. Nem sempre essas relações estão voltadas para o sexo. Eles querem ali compartilhar afetos, provar para si mesmo e para os outros que ele é bonito, é capaz e está no grupo dos que ficam”.
Em suma, o mais importante é aproximação sadia dos filhos, o diálogo, a orientação e compartilhamento das vivências, visando o crescimento saudável dos filhos.

 

 

Por Adriana Lemos – Jornalista e psicóloga

Da equipe Cuidarte