Estamos programados para a preguiça

Exercício é saúde, mas as campanhas que nos encorajam ao movimento não têm resultados espetaculares. Por que nos custa tanto estar fisicamente ativos mesmo quando temos a intenção de fazê-lo?

Se você tem dificuldades para se levantar do sofá e realizar uma atividade física, não se preocupe, não é o único. Há décadas, vemos campanhas de comunicação que nos encorajam a fazer exercício. Por volta de 30% dos adultos, entretanto, não realizam atividade física suficiente. E a porcentagem só aumenta em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 3,2 milhões de óbitos são atribuídos à falta de atividade física todos os anos, o que significa uma morte a cada 10 segundos. Esse fato coloca uma pergunta: por que somos incapazes de ser fisicamente ativos mesmo tendo a intenção de fazê-lo?

O conflito entre a razão e as emoções

Para explicar essa luta que ocorre entre nossas intenções saudáveis e os impulsos contrários, foram criadas teorias científicas como os modelos de processos duplos. Nesses modelos, os mecanismos que explicam nosso comportamento se dividem em duas categorias: os mecanismos racionais, geridos pelo sistema reflexivo, e os mecanismos emocionais, regidos pelo sistema impulsivo. Esse último sistema organiza a parte automática e instintiva de nossos comportamentos. Pode facilitar, ou, pelo contrário, impedir o sistema reflexivo de colocar em prática nossas intenções.

Essa segunda suposição é ilustrada claramente com um estudo que realizamos e cuja finalidade é compreender a eficácia das mensagens que fomentam a atividade física. Dito de outra maneira, tentamos determinar se a reflexão pode vencer nossos impulsos quando se trata de motivar-se para ser mais ativo fisicamente.

Em primeiro lugar, os participantes viram uma apresentação em que eram feitas recomendações em relação a atividades físicas saudáveis (30 minutos de exercício diário, divididos em sequências de no mínimo 10 minutos, a maioria dos dias da semana). Para medir sua tendência impulsiva a se aproximar dos comportamentos sedentários, na sequência, realizaram uma tarefa experimental: o jogo do manequim.

Tal tarefa consiste em movimentar um avatar em uma tela de computador através do teclado. Em uma das partes da experiência, o participante deve aproximar o avatar o mais rapidamente possível de imagens que representam uma atividade física (correr, andar de bicicleta, natação…) e afastá-lo de imagens que representam uma atividade sedentária (televisão, rede, escada rolante…). Em outra parte, se realiza o contrário: o avatar deve se aproximar das imagens que evocam sedentarismo e se afastar das imagens que representam exercício. Quanto mais rápido o participante se aproximar das imagens sedentárias em vez de se afastar delas, se considera que sua tendência impulsiva ao sedentarismo é mais forte.

Após essa tarefa, os participantes receberam um acelerômetro para registrar sua atividade física diária e foram para casa. Uma semana depois, os resultados foram recolhidos e comentados.

Tais resultados revelam que as mensagens sobre saúde bem formuladas podem ser eficazes para suscitar uma intenção. Efetivamente, os participantes que receberam a mensagem que fomentava a atividade física tiveram intenção mais forte de praticar exercício do que aqueles que receberam a mensagem que promovia uma alimentação saudável. Mas a intenção de fazer exercício físico não significa realmente que iremos realizá-lo e nem todos os participantes conseguem transformar a intenção em comportamento.

Somente aqueles com uma baixa tendência impulsiva a se aproximar a comportamentos sedentários conseguiram fazê-lo. E o inverso: os participantes com uma forte tendência a esses comportamentos não foram capazes de transformar a intenção em atos. Dito de outra maneira, a intenção consciente de ser ativo perdia a luta contra uma tendência automática de procurar comportamentos sedentários.

Por que esses comportamentos sedentários são tão atrativos se são prejudicais à nossa saúde?

A lei do menor esforço, uma herança incômoda da evolução.

Ainda que essa atração ao sedentarismo pareça paradoxal atualmente, é lógica quando se examina do ponto de vista da evolução. Quando era difícil conseguir alimentos, com os comportamentos sedentários era possível economizar energia, algo fundamental à sobrevivência.

Essa tendência a reduzir ao mínimo os esforços inúteis pode explicar a pandemia da falta de atividade física atual, já que os genes que permitem sobreviver aos indivíduos são mais suscetíveis de estar presentes nas próximas gerações.

Em um estudo recente, tentamos avaliar se nossa atração automática aos comportamentos sedentários estava registrada em nosso cérebro. Os participantes desse estudo também tinham que realizar o jogo do manequim, mas, dessa vez, eletrodos registravam a atividade cerebral.

Os resultados dessa experiência demonstram que, para se afastar das imagens de sedentarismo, o cérebro deve utilizar recursos mais importantes do que para se afastar das imagens de atividade física. Consequentemente, na vida diária, para se afastar das oportunidades de sedentarismo onipresentes em nosso entorno moderno (escadas rolantes, elevadores, carros…) é preciso superar uma atração sedentária que está muito arraigada em nosso cérebro.

Eficientes, não preguiçosos

Não devemos, entretanto, acreditar que evoluímos unicamente para reduzir ao mínimo os esforços inúteis, e sim que o fizemos também para ser fisicamente ativos. Há aproximadamente 2.000.000 de anos, quando nossos ancestrais passaram a um modo de vida de caçadores-coletores, a atividade física se transformou em uma parte inerente de sua vida diária, já que à época percorriam em média 14 quilômetros por dia.

A seleção natural, portanto, favoreceu aos indivíduos capazes de acumular uma grande quantidade de atividade física, ao mesmo tempo que dosificavam a energia. Nesses indivíduos, a atividade física estava ligada à secreção de hormônios que combatiam a dor, ansiolíticos e até mesmo euforizantes.

A boa notícia é que esses processos hormonais continuam estando presentes em nosso corpo e estão somente à espera de que recorramos a eles. O primeiro passo a um modo de vida ativo é sermos conscientes dessa força que nos impulsiona à minimização dos esforços. Com essa conscientização, poderemos resistir melhor às inúmeras oportunidades de sedentarismo que nos cercam.

Por outro lado, e uma vez que, da mesma forma que nossos ancestrais, a grande maioria de nós não pratica uma atividade física a menos que seja divertida e necessária, o melhor modo de fomentá-la é torná-la agradável. Consequentemente, é necessário (re)estruturar nossos entornos para favorecê-la, especialmente durante nossos deslocamentos diários.

As políticas públicas, por exemplo, deveriam desenvolver infraestruturas e espaços públicos abertos, seguros e bem mantidos para favorecer o acesso a entornos adequados para correr, andar de bicicleta e realizar qualquer outra atividade física. A arquitetura dos novos edifícios também deveria fomentar nossa atividade física ao longo do dia, dando prioridade ao acesso às escadas, aos locais de trabalho a pé etc.

Depois seremos nós os responsáveis por saber aproveitar essas oportunidades para reduzir nosso sedentarismo. Dessa forma, anime-se e coloque os tênis esportivos!

Fonte: ElPais

Adotar um cachorro faz bem para a saúde

Adotar um cachorro é muito mais do que conquistar um amigo leal, trazendo responsabilidade, alegria e amor para a sua vida. Já é comprovado cientificamente que o ato faz bem fisicamente para o corpo. Aliás, pesquisas já registraram melhora em pacientes cardíacos

Além disso, estudos apontam que pessoas que adoraram um animal de estimação reduziram o colesterol com mais facilidade, assim como o nível dos triglicérides. Dessa forma, as chances de ataques cardíacos diminuem.

Atividade física

O simples fato de levar o cachorro para passear todos os dias já ajuda a eliminar o sedentarismo. Aliás, o ato elimina a desculpa da falta de motivação para a prática de atividade física, pois se transforma em uma atividade prazerosa.

O fato de passar mais tempo com o amigo também ajuda a tratar sintomas de ansiedade e depressão. Isso porque aumentam os níveis de serotonina, responsável pela sensação de prazer. Além disso, as pessoas costumam adquirir mais paciência, evitando assim perder o equilíbrio emocional em situações estressantes do dia a dia.

Felicidade

O ato de possuir um companheiro de quatro patas em casa também é responsável por promover a felicidade, arrancando sorrisos diariamente com mais facilidade. Imagine a cena: ao chegar em casa, após um dia estressante de trabalho, o seu cachorro te recepciona na porta transbordando felicidade. Essa troca combina fatores que deixam os seres humanos mais amorosos.

Por falar nisso, um animal de estimação traz benefícios também para quem mora sozinho. Afinal, não tem nada melhor para sua saúde do que saber que aquele amigo estará ao seu lado em todos os momentos sempre oferecendo muito amor.

 

Fonte: Estadão Conteúdo

Idosos estão cada vez mais vulneráveis à depressão

A depressão pode atingir pessoas de qualquer idade. Entretanto, estudos mostram que cada vez mais os idosos sofrem da doença. No Brasil, essa é a faixa etária que mais atingida, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São 11,5 milhões de brasileiros. Desse total, 11,1% são idosos.

Desde 2005, a Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que os casos tenham aumentado mais de 18% no mundo. Atualmente, 322 milhões de pessoas no planeta estão depressivas.

A facilidade com que os idosos desenvolvem a doença acontece por diversas causas. Entre elas, o próprio fato de deixar de trabalhar e “ter uma função”, na cabeça dos mais velhos. Não sentir útil é um dos principais fatores que levam a desenvolver a doença.

Em situações assim, o mais importante é a rede de relações. A família pode ajudá-lo a desenvolver hobbies, como manter coleções e praticar esportes. Tudo isso auxilia no combate contra a doença. Atividades ao ar livre e em grupo também são essenciais para que a pessoa não fique sozinha, construindo até mesmo novas amizades.

Sintomas

É preciso ficar atento. A família pode perceber alguns sinais do idoso, como a diminuição drástica do interesse em atividades que antes eram prazerosas. Falta ou aumento do apetite também é um sinal, assim como a insônia ou sono excessivo.

Outro fator é o complexo de perseguição ou medo exagerado de doenças graves. Além disso, outros sinais são a redução na capacidade de concentração e a fadiga, agitação ou retardo psicomotor (capacidade cognitiva mais lenta).

 

Fonte: Estadão Conteúdo

Kyslley Urtiga ministra palestra sobre a morte

“Vamos tomar café e falar sobre a morte?” Foi através deste convite que os funcionários da Superintendência do Banco do Brasil em Teresina levaram à mesa um tema universal que as pessoas geralmente não tem estímulo ou oportunidade de abordar.

A diretora da Clínica Cuidarte, psicóloga Kyslley Urtiga, foi a facilitadora do Café, e destacou que
falar sobre a morte, sobre o luto por alguém querido, ou sobre a nossa própria finitude é a única forma possível de tornar essa realidade ou perspectiva menos assustadora e ao mesmo tempo tranquilizadora e inspiradora.

‘Bate-papo esclarecedor. Tomamos café e falamos sobre morte. Agradeço a Superintendência do BB pelo convite e confiança. Lisonjeada com os depoimentos pós encontro. Sensação de dever cumprido. Aceitar a finitude, falar sobre anseios, medos, expectativas e desejos, passamos a viver melhor e nos preparar para nossa morte e a partida de entes queridos com mais tranquilidade”, disse Urtiga.

 
Apesar de ter como tema a morte, a conversa no café também falou sobre a vida, sobre como as pessoas desejam viver mais plenamente, e como podem compartilhar seus desejos, medos e escolhas com as pessoas que amam.

Sono insuficiente: 58% das crianças e 78% dos adolescentes dormem menos do que deveriam

17Seis dicas para evitar o problema, que está relacionado com a obesidade nessas fases da vida.

Já é sabido que uma duração mais curta do sono está associada a vários problemas de saúde, entre eles diabetes, hipertensão arterial e sobrepeso nos adultos. No entanto, novos estudos mostram que o sono insuficiente também nas crianças e adolescentes está relacionado com uma maior taxa de obesidade. E, infelizmente, a obesidade na adolescência é altamente prevalente. Cerca de 58% das crianças em idade escolar e 78% dos os adolescentes em idade escolar tem sono insuficiente.

Além disso, foi observada uma diferença entre os sexos: dormir mais tarde, especialmente nos finais de semana, foi associado a maior massa gorda nas meninas. Esses resultados indicam que o tempo de sono precisa ser considerado para a prevenção e tratamento da obesidade em adolescentes, principalmente entre as mulheres.

Esse estudo mostra também que a modificação do sono pode ser fator independente para o sobrepeso e, portanto, alvo de tratamento e atenção dos pais e profissionais da saúde. Quanto menor a duração do sono em crianças, maior a probabilidade do sobrepeso. No entanto, ainda é dúvida para muita gente se o sono pode ser alterado. Os estudos existentes são focados na redução dos problemas do sono, ao invés de melhorar a duração do sono.

Como então melhorar o sono da criança e prevenir as alterações metabólicas?

1. Evite uso de telas após determinado horário (celulares, tablets, televisões e computadores);
2. Evite alimentos estimulantes após as 18h (ex: bebidas com cafeína, açúcar, erva mate, chocolate e outros estimulantes);
3. Invista na prática de exercícios diariamente no período da manhã (exercícios físicos no período da noite podem elevar o cortisol e prejudicar o sono);
4. Evitar as sonecas diurnas pode ser uma aliada importante;
5. Tenha uma “rotina do sono”, com horários certos para dormir;
6. Use aromaterapia para ajudar na latência do sono (ex: lavanda, manjericão, sândalo…).

Fonte: G1

Como as relações sociais afetam a imunidade?

Tom Jobim já dizia, em sua famosa canção “Wave”, que “é impossível ser feliz sozinho”. E a ciência está aí para assinar embaixo dos seus versos. Um estudo das universidades da Califórnia e de Chicago, nos Estados Unidos, comprovou que as relações sociais impactam, sim, na imunidade.

Foram avaliadas 141 pessoas por uma década – um quarto delas se declarava socialmente isolado. Os experts coletaram amostras de sangue e urina dos participantes no quinto e no décimo ano da pesquisa para medir diversos parâmetros relacionados às células de defesa.

Os solitários apresentavam maior atividade de genes promotores de inflamação, enquanto certas proteínas antivirais se encontravam escassas. “Na solidão, predomina a tristeza. Por isso, a falta de proximidade com os outros alavanca as taxas de cortisol e rebaixa as de dopamina, hormônio do humor e do bem-estar”, analisa Esdras Vasconcellos, professor do Instituto de Psicologia da USP.

Fonte: M de Mulher

Música e meditação pelo bem do cérebro

Estudo afirma que essa dupla é capaz de combater o declínio de funções cognitivas, relacionado a demências

Assim como os músculos, o cérebro precisa de treino para se manter saudável ao longo dos anos e, assim, retardar o chamado comprometimento cognitivo leve (CCL), uma forma branda de demência que pode evoluir para o Alzheimer. E o que estimularia a memória, a atenção e outras habilidades cognitivas? A epidemiologista Kim Innes e seus colegas da Universidade de West Virginia, nos Estados Unidos, apostaram na meditação e na música.

Eles recrutaram 60 voluntários e testaram o raciocínio e a capacidade de guardar recordações de cada um. Em seguida, durante três meses, essa turma foi incentivada a dedicar 12 minutos por dia à musicoterapia (canções ou melodias relaxantes utilizadas em contexto clínico) ou à Kirtan Kriya (meditação que envolve exercícios de respiração, mantras, movimentos com os dedos e visualização). Os participantes ainda poderiam dobrar o período destinado a essas práticas, totalizando um semestre antes de passar por outra avalição, se desejassem.

Ao fim da experiência, as duas técnicas proporcionaram melhoras significativas quanto ao desempenho de funções cognitivas e da memória operacional (ligada à percepção e a coordenação motora). Vale ressaltar que essas duas habilidades mentais são prejudicadas já nos primeiros estágios de uma demência.

O artigo, publicado no Journal of Alzheimer’s Disease, também ressalta que tanto a musicoterapia quanto a meditação reduzem o estresse e favorecem o humor e a qualidade do sono, o que é benéfico até para casos de Alzheimer em estágio avançado. A primeira, inclusive, pode ser empregada para auxiliar os pacientes a relacionarem o que ouvem nas sessões com acontecimentos importantes, ativando mecanismos da memória de longo prazo. E o melhor: ambas são muito prazerosas.

Fonte: Saúde Abril

Dicas para crianças exercitarem a mente brincando de diversas formas

É comprovado cientificamente que crianças que se exercitam, brincam e correm têm sua capacidade cognitiva melhorada, como se o “pensar” fosse mais desenvolvido. Entre os 8 e 9 anos é que essa característica fica mais em evidência. Ou seja: é quando mais eles precisam exercitar o cérebro. Aliás, a prática ajuda também a conquistar amigos, criando mais laços comportamentais e evitando isolamento.

Palavras cruzadas

Não é só os mais velhos que precisam fazer as tradicionais palavras cruzadas. Ainda vendidas em revistas, hoje também estão disponíveis na internet. Estimule os pequenos a cruzar as informações e brincar nesse passatempo, que tem versões exclusivas para crianças. Com um pouco de tempo, também dá para criar o próprio jogo, estimulando assuntos recorrentes da criança.

Caminhos diferentes

Estimule e use caminhos variados na hora de ir aos lugares (sempre com segurança, é claro). Isso faz com que o cérebro exercite mais a memória, melhorando a capacidade cognitiva dos pequenos.

Contas no papel

Sim, faça os cálculos à moda antiga Não deixe que a tecnologia tome conta dessa prática com seus filhos. Assim, estimule-os a também realizar as contas usando o jeito original, com papel e caneta.

Jogue stop

Nome, carro, cidade… Brinque de stop com seu filho. Além do jogo tradicional, você pode adaptar e usar as coisas que estão mais no mundo dele, como desenhos ou personagens infantis.

Xadrez

Já pensou em ensinar seu filho a jogar xadrez? Você não sabe? Então, tá na hora de aprender. E passar pra ele!

Brinquedos

De vez em quando, mude os brinquedos de lugar. Não os deixe sempre nas mesmas caixas ou espaços. Isso faz com que a criança faça o exercício de buscar alternativas para encontrar os objetos desejados, estimulando assim o cérebro.

Aplicativos

Existe uma lista interminável na internet de aplicativos que ajudam a exercitar o cérebro dos pequenos Basta pesquisar e encontrar as opções mais apropriadas para a idade.

 

Fonte: Estadão Conteúdo

Filme brasiliense sobre Transtorno de Personalidade Borderline estreia em 20 cidades

Longa ‘Eu sinto muito’, de Cristiano Vieira, expõe sintomas da doença. Considerada uma das mais comuns entre transtornos de personalidade, Borderline é difícil de ser identificada.

Você já ouviu falar no Transtorno de Personalidade Borderline? Caracterizado por intensa instabilidade emocional, ele está entre as cerca de 100 doenças mentais classificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e entre os transtornos de personalidade mais comuns no mundo.

No entanto, o diagnóstico é impreciso e tornam a identificação e o tratamento difíceis de alcançar, dizem médicos e pesquisadores (veja detalhes ao final da reportagem).

Em referência ao Dia Mundial da Saúde Mental, comemorado nesta quinta-feira (10), o filme brasiliense “Eu sinto muito” tenta aproximar a população dos sintomas considerados mais comuns.

A estreia do longa-metragem de Cristiano Vieira e Antônio Balbino estava prevista para quinta, mas foi adiada para esta sexta (11). O filme será exibido em Brasília e em outras 19 cidades, e ficará em cartaz por duas semanas.

Na trama, o cineasta Júlio – interpretado por Rocco Pitanga – tenta gravar um documentário sobre o transtorno e acaba por enfrentar marés conturbadas nas tratativas com os entrevistados. Quando ele não está por perto, as câmeras evidenciam as complexidades de quem vive com Borderline.

A história é uma versão ficcional do que poderia ter sido o próprio filme, segundo Vieira. “O Balbino chegou com essa ideia de tema e propôs um documentário, mas os potenciais personagens mudavam muito de humor e preferimos não arriscar, com medo de perder o controle”, explicou o diretor ao G1.

Assim, eles partiram de pesquisas e experiências pessoais para elaborar um roteiro que fosse o mais fiel possível à realidade. “Eu mesmo tive um relacionamento com uma pessoa ‘border’, mas ela não era diagnosticada”, disse Vieira.

Diagnóstico difícil
Segundo o médico e professor da Universidade de Brasília (UnB) Raphael Boechat Barros, “nada é preciso” no diagnóstico da doença e, em grande parte dos casos, as pessoas que têm o transtorno “passam a vida acreditando que os sintomas são apenas traços de personalidade”.

O professor disse que, normalmente, as pessoas procuram ajuda quando já tomaram uma série de decisões erradas ou se percebem em situações drásticas, como o fim de um casamento, por exemplo.

De acordo com Barros, as principais características do Transtorno de Personalidade Borderline são:

Mudança repentina de humor
Reações exageradas e impulsivas
Pouca preocupação com as consequências dos atos
Alta irritabilidade diante de respostas negativas
Idealização extrema
Agressividade (às vezes)

Da vida para a tela
São comportamentos como os descritos pelo médico e professor da UnB, Raphael Boechat Barros, que o filme “Eu sinto muito” expõe nas grandes telas. Ao adentrar a vida dos entrevistados para o documentário, o cineasta Júlio busca entender os processos de cada um.

“Fica claro, desde o começo do filme que estamos falando de pessoas que têm alguma anomalia na psique. Com a reflexão do próprio documentarista e o processo dele, você começa a entender os caminhos dos personagens”, explica Cristiano Vieira.

Do ponto de vista médico, embora a Personalidade Borderline seja de difícil detecção, ela é significativamente distinta do Transtorno Afetivo Bipolar.

“A pessoa bipolar tem, necessariamente, períodos bem definidos de euforia e de depressão. O borderline nunca vai estar com sintomas de depressão, a não ser que ele tenha as duas doenças, mas isso é raro”, explica o professor Raphael Boechat Barros.

Transtornos mentais
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), fatores como genética, estresse, nutrição, infecções perinatais e exposição a perigos ambientais podem contribuir para o surgimento de transtornos mentais.

Ainda de acordo com a OMS, metade de todas as condições de saúde mental começam aos 14 anos de idade, mas a maioria dos casos não é detectada nem tratada.

Em países de baixa e média renda, entre 76% e 85% das pessoas com estes tipos de transtornos não recebem tratamento. Em países de alta renda, o percentual varia de 35% a 50%.

Onde buscar atendimento
No Distrito Federal, foram realizados 52.538 atendimentos psicossociais de emergência entre janeiro e julho deste ano. A rede pública de saúde da capital dispõe das seguintes frentes de recepção e tratamento de pessoas com transtornos mentais:

Atenção básica em saúde: Unidades Básicas de Saúde, Consultórios na Rua, NASF-AB e Centros de Convivência e Cultura
Atenção psicossocial: Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)
Atenção de Urgência e Emergência: SAMU 192, Sala de Estabilização, UPA 24 horas, Portas hospitalares de atenção à urgência/pronto socorro em Hospital Geral
Atenção Hospitalar: Leitos de psiquiatria em hospital geral, Serviço Hospitalar de Referência para Atenção às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas (Leitos de Saúde Mental em Hospital Geral)

O longa “Eu sinto muito” foi produzido e dirigido por Cristiano Vieira, e roteirizado por ele, Antônio Balbino e Tui Segall. Fazem parte do elenco os atores Rocco Pitanga, Juliana Schalch, Carolina Monte Rosa, Wellington Abreu e Marcelo Peluccio.

Agora, Vieira está em processo de gravação do próximo longa, “Cisterna”. O filme aborda o sensacionalismo, as fake news e os impactos dessa relação entre a mídia e a população.

 

Fonte: G1

Pesquisa mostra como casais felizes discutem

Terapeutas lançam livro propondo oito encontros para tratar de questões cruciais do relacionamento

Em qualquer casamento, conflitos são inevitáveis, e mesmo as duplas felizes brigam. Aliás, os tópicos não diferem, nos relacionamentos bons e ruins: filhos, dinheiro, parentes, intimidade. Então, o que faz a diferença? Esse foi o fio condutor da pesquisa “Quais são os problemas conjugais dos casais felizes?” (“What are the marital problems of happy couples?”), realizada por estudiosos de quatro universidades norte-americanas. O resultado do levantamento apontou para a forma como as discussões eram conduzidas.

“Quando surge um conflito, a abordagem dos casais felizes é voltada para buscar uma solução, e isso fica claro inclusive nos tópicos que são discutidos”, explicou Amy Rauer, professora da University of Tennessee, que assina o estudo ao lado de mais três colegas: Allen Sabey (Northwestern University), Christine Proulx (University of Missouri) e Brenda Volling (University of Michigan). O quarteto acompanhou dois grupos de casais que se descreviam como felizes: 57 pares se situavam na faixa dos 30 anos e suas relações tinham cerca de nove anos; e 64 estavam juntos há quatro décadas, com idades em torno de 70 anos.

Todos listaram os temas sobre os quais discutiam. Os mais sérios eram intimidade sexual, lazer, dinheiro, comunicação e tarefas domésticas – para os idosos, saúde entrava nessa lista. Entre os assuntos mais fáceis de lidar estavam ciúmes, religião e família. Os pesquisadores observaram que as pessoas sempre concentravam sua energia nos pontos de fácil solução. Segundo Amy Rauer, tratava-se de uma decisão estratégica. “Focar continuamente nos problemas difíceis de serem solucionados pode minar o relacionamento, enquanto buscar logo a solução dos mais simples alimenta o senso de segurança dos dois parceiros. Se o casal sente que pode trabalhar em conjunto, tem confiança para enfrentar questões mais sensíveis”, avaliou a professora.

Saúde e sexo mostraram-se os quesitos espinhosos: são aqueles que afetam o sentimento de competência do outro, fazendo-o sentir-se vulnerável e embaraçado. Se uma base de confiança ainda não foi construída e sedimentada, as chances de impasse aumentam. Os casais longevos relataram um número menor de “arestas” e também de brigas, o que reforça trabalhos anteriores: “normalmente, eles decidem que alguns assuntos não valem uma discussão e priorizam o casamento. É como se escolhessem apenas as batalhas mais relevantes”, completou a pesquisadora.

Para quem tem dúvidas sobre a qualidade da vida a dois e gostaria de experimentar um caminho para o equilíbrio, o casal de terapeutas de família John e Julie Gottman acabou de lançar o livro “Eight dates: essential conversations for a lifetime of love” (em tradução livre, “Oito encontros: conversas essenciais para o amor de toda uma vida”). Na obra, eles propõem oito encontros para tratar de questões cruciais, como confiança, sexo, dinheiro, diversão e sonhos. Cada item tem um questionário que vai funcionar como um exercício de reflexão antes do “encontro”. Por exemplo, na categoria dinheiro, cada um é encorajado a pensar e falar sobre seu histórico familiar e escrever sobre os medos e expectativas que o tema suscita.

Casados há 32 anos, John e Julie têm um instituto batizado com seu nome que realiza pesquisa e treina terapeutas. Ambos são autores de diversas obras, em parceria ou separadamente. Em entrevista ao “The Guardian”, ele lamentou que os casais que estão juntos há algum tempo deixem de cuidar da própria relação: “é como se a curiosidade que tinham um pelo outro tivesse morrido”.

Fonte: BemEstar