TPM e TDPM: entenda as diferenças

A semelhança entre TPM e TDPM é que acontecem e terminam no mesmo período. A diferença é a intensidade dos sintomas e a natureza mais psíquica dos sintomas de TDPM e mais físicas na TPM.

TPM, a famosa tensão pré-menstrual, assombra a vida de muitas mulheres. Mas por que algumas tem a TPM mais atacada que as outras? Estudos revelam que elas têm uma letra a mais neste período – a D! Nesta quarta (24), o Bem Estar explicou as diferenças entre a TPM e TDPM (transtorno disfórico pré-menstrual).

A semelhança entre TPM e TDPM é que acontecem e terminam no mesmo período. A diferença é a intensidade dos sintomas e a natureza mais psíquica dos sintomas de TDPM e mais físicas na TPM. No TDPM os sintomas são intensos e afetam os relacionamentos.

Diagnosticar TDPM não é fácil. Há muitos critérios para avaliar e não há exames laboratoriais para isso. O diagnóstico é feito através de uma anamnese onde a paciente relata seus sintomas mais importantes. Eles devem estar presentes durante a maioria dos ciclos menstruais no último ano e devem ser severos ao ponto de impactar negativamente na vida da paciente.

TPM

  • Apresenta sintomas que se manifestam dias antes da menstruação
    Alguns deles: cólicas, inchaço, dores de cabeça, nas mamas, fome em excesso, acne, vontade de chorar, insônia, ansiedade
    Os sintomas incomodam, mas não incapacitam. Desaparecem no início do fluxo
    A principal causa é a alteração hormonal
    É possível amenizar com atividade física, alimentação e redução de sal

TDPM

  • Afeta de 3% a 8% das mulheres
    Sintomas são muito severos a ponto de deixar a paciente incapacidade para exercer atividade, seja doméstica ou profissional
    Alguns sintomas: depressão, melancolia, irritabilidade, desânimo, descontrole emocional, choro, ira, distúrbio de apetite e insônia
    Eles cessam no início do fluxo menstrual
    No tratamento, a disciplina é fundamental. Tomar a medicação de forma correta garante melhora dos sintomas e estabilidade do humor
    Exercícios físicos diários são recomendados, além de alimentação saudável e equilibrada. Consulte também um médico.

Fonte: Bem Estar

Dormir bem melhora a memória e o desempenho do cérebro; veja dicas

Você já acordou e colocou o despertador para tocar a cada 5 ou 10 minutos depois, achando que ficaria mais disposto e descansado?

A neurologista Andrea Bacelar explicou que esses minutinhos a mais pela manhã podem não ser eficientes para melhorar o descanso e a disposição – o ideal é, se for o caso, adiar o despertador apenas uma vez para um período maior de tempo, como 20 ou 30 minutos, e logo após acordar de uma vez.

Para uma noite de sono ser considerada boa, no entanto, é preciso quantidade e qualidade – em média, os adultos que não têm problemas de sono dormem cerca de 7 horas ou 7 horas e meia por noite, mas alguns podem precisar de mais tempo do que outros. Uma dica da neurologista é planejar o sono, ou seja, ter horários regulares para dormir e acordar, inclusive aos finais de semana.

A pediatra Ana Escobar destaca que dormir bem é importante porque melhora a memória e o funcionamento do cérebro – isso porque, nesse momento, ocorre uma restauração do sistema nervoso central, quando os neurônios conseguem passar informações entre eles adequadamente.

Com isso, no dia seguinte, o cérebro consegue armazenar mais informações e a mente fica mais atenta e concentrada. Por outro lado, quem dorme pouco pode começar a ter sintomas como irritabilidade, redução do desempenho, alteração da memória, alteração da concentração, alteração do humor e fadiga, por exemplo. Além de deixar o adulto sonolento, a privação do sono pode levar até mesmo à depressão.

No caso das crianças, a falta de sono pode prejudicar o rendimento no dia a dia, o apetite, o humor e até o ciclo do crescimento.

Segundo especialistas, os pequenos estão dormindo em média duas horas a menos do que deveriam dormir por dia, mas muitos pais ainda têm dificuldade e sofrem para colocá-los para dormir, como mostrou a reportagem da Danielle Borba, de Sorocaba, no interior de São Paulo.

Até os 2 anos, o ideal é que os bebês durmam 14 horas por dia; dos 2 aos 5 anos, 12 horas; dos 5 aos 10 anos, 12 horas somente durante a noite; e dos 11 aos 16 anos, de 10 a 11 horas também apenas à noite. O problema, segundo a neurologista Andrea Bacelar, é que os pais costumam ser flexíveis com os horários de dormir dos filhos porque chegam tarde em casa e acabam deixando a criança ficar acordada até mais tarde.

Uma das causas mais comuns da falta de sono nos pequenos é o abuso de cafeína e o uso excesso de aparelhos eletrônicos e, para piorar, alguns pais começam a colocá-los para dormir com eles, deixam a televisão ligada e incentivam outros hábitos que são ruins.

A dica, portanto, é ajustar o ritmo do sono da criança à rotina da família – no momento que ela adota um hábito regular de acordar e dormir, fica mais fácil para ela crescer e se tornar uma adulta com esse mesmo ritmo. É preciso ainda retirar os aparelhos eletrônicos durante a noite, reduzir o consumo de alimentos com cafeína durante a tarde, apagar as luzes da casa para a criança identificar que é hora de dormir, colocá-la na cama sempre no mesmo horário e tentar manter essas regras também nos finais de semana.

Parkinson e Alzheimer
Parkinson e Alzheimer são doenças crônicas, irreversíveis, de aparecimento lento e progressivo, que afetam o sistema nervoso central em pessoas, em média, com mais de 60 anos. Elas causam uma perda progressiva de neurônios específicos, o que compromete a produção e a função de certos neurotransmissores.

As duas doenças alteram o sono e podem ser alteradas também pela falta de sono – é uma via dupla, como explicou a neurologista Andrea Bacelar. Por isso, é importante melhorar a qualidade do sono dos pacientes para reduzir as doses dos medicamentos usados nos tratamentos.

No caso do Alzheimer, a primeira e principal queixa é o esquecimento gradual, principalmente para fatos recentes, e também a mudança de comportamento. Muitas vezes, alterações do humor também já podem indicar o início da doença. Com o tempo, esse esquecimento passa a ser global e outras funções mentais também se comprometem, como a fala, escrita, habilidade para cálculos e orientação – até que o paciente não consiga mais realizar funções simples do cotidiano. A personalidade também se modifica, podendo haver agressividade, apatia, confusão mental, depressão e alucinações.

Já no Parkinson, o primeiro marcador da doença é um distúrbio chamado Transtorno Comportamental do Sono Rem, quando o paciente grita, bate e cai da cama, reagindo a um sonho. De acordo com as médicas, 50% das pessoas que têm Mal de Parkinson tem apneia do sono e mais de 50% têm insônia.

 

Fonte: Bem Estar

OMS alerta para importância de prevenção ao suicídio

A depressão tem tratamento e o primeiro passo é conversar sobre o assunto. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente mais de 120 milhões de pessoas sofrem com a doença no mundo; no Brasil, o número chega a 17 milhões. E cerca de 850 mil pessoas morrem, todos os anos, em decorrência de problemas mentais graves.

A doença afeta pessoas de todas as idades e estilos de vida, causa angústia e interfere na capacidade de o paciente fazer até mesmo as tarefas mais simples do dia a dia. No pior dos casos, a depressão pode levar ao suicídio, segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, segundo o relatório da OMS. Ainda assim, a depressão pode ser prevenida e tratada. Uma melhor compreensão sobre o que é a doença e como ela deve ser prevenida e tratada pode ajudar a reduzir o estigma associado à condição, além de levar mais pessoas a procurar ajuda.

Se diagnósticada precocemente a doença é possível evitar seu agravamento e casos crônicos da depressão. Falar sobe depressão, conforme recomenda fortemente a própria OMS, deve ser o primeiro e mais importante passo não apenas para que fique claro que há tratamento para a doença – figura também como uma estratégia essencial para garantir o diagnóstico precoce, evitar o agravamento do quadro e, consequentemente, reduzir o número de casos crônicos do transtorno.

Como identificar um possível suicida?

Existem alguns comportamentos e características que podem auxiliar na identificação de um suicida em potencial. São eles:
Falar sobre morte – Qualquer menção sobre morrer, desaparecer ou causar danos a si mesmo pode ser sinal de pensamentos suicidas.

Perdas recentes – Essas podem ocorrer através de eventos como mortes, fins de relacionamentos ou perda de emprego. Também pode ocorrer com a diminuição do interesse por amigos, hobbies ou outras atividades que antes eram prazerosas.

Mudanças na personalidade – Podem se manifestar com traços de tristeza contínua, apatia, irritabilidade e ansiedade.

Mudanças de comportamento – Dificuldade de se concentrar na escola, no trabalho, em casa ou em outras atividades rotineiras.

Sono – Dificuldades para dormir, pesadelos ou sono em excesso.

Alimentação – Mudanças no padrão de alimentação podem ser manifestar por perda de apetite ou fome em excesso

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Baixa Autoestima – Sentimento de falta de amor-próprio, desvalia, culpa, vergonha.

Sentimentos contínuos de desesperança, desespero e desamparo – Falta de perspectiva para a vida e de expectativa de que as coisas podem melhorar.

 

Artigo: Transtornos do Exagero

Esse tipo de distúrbio pode ser entendido dentro do espectro do cenário dos adictivos, nos quais se observam conflitos entre o prazer na efetivação das ações exageradas e as consequências negativas em função do seu descontrole.

Uma área muito desafiadora para o psicólogo clínico trabalhar é a que se refere aos transtornos do exagero. Fazem parte dos transtornos do exagero a dependência química, o jogo patológico, a dependência de internet, o sexo compulsivo, o comprar compulsivo e a tricotilomania, transtornos estes que têm um curso crônico e altas taxas de recaída. É preciso destacar que é necessário  que seja feito um diagnóstico diferencial entre os transtornos do exagero e outros diagnósticos  em que, por um período de tempo, há um descontrole de impulsos, como é o caso dos pacientes que apresentam o transtorno afetivo bipolar durante o episódio maníaco ou hipomaníaco. Os indivíduos com transtorno bipolar podem ter um aumento da atividade sexual ou do comportamento de comprar, mas isso, além de ocorrer em fases específicas, vem acompanhado de uma diminuição na sua capacidade crítica e de avaliação dos prejuízos decorrentes desses atos exagerados (American PsychiatricAssociation, 2014).

Em função da relevância desse tema para os profissionais de saúde mental, o objetivo do artigo é apresentar os mecanismos psicológicos que estão associados aos transtornos do exagero e as formas de abordar esse tipo de patologia na prática clínica.

Crenças exageradas

Todas as pessoas, independetemente de já terem ou não apresentado um comportamento exagerado, possuem expectativas de resultado quanto às consequências do mesmo. Com relação a uma droga, como a maconha, por exemplo, pode-se acreditar que ela tem o poder de causar relaxamento, e quanto ao ato de comprar, pode-se pensar que é um jeito de esquecer os problemas. Essa mesma lógica pode ser utilizada para compreendermos as expectativas de resultado quanto a qualquer comportamento exagerado que possamos imaginar.

Apesar do termo expectativas de resultado ser bastante utilizado na literatura científica e na prática clínica, quem tem um transtorno do exagero apresenta o que Beck et al. (1999) denominaram “crenças adictivas” ou, segundo Araújo (2016), “crenças exageradas”. Não se usa, nesses casos, o termo expectativas de resultado, pois as ideias que a pessoa com transtorno do exagero tem a respeito do seu comportamento são mais rígidas e difíceis de serem modificadas (Beck et al., 1999), em “crenças antecipatórias” (que antecipam o prazer associado ao comportamento exagerado – “Exagerando, vou me divertir mais”).

As crenças adctivas ou exageradas se conectam com as crenças centrais do individuo – as quais são ideias rígidas e hipergeneralizáveis que ele tem a respeito de si mesmo, do mundo e do futuro – de modo a se tornarem formas de lidar com essas crenças centrais (Araújo et al., 2013; Beck et al., 1999). Se alguém tem uma crença central “Sou frágil” e uma crença exagerada antecipatória “Vou me sentir mais forte” (ao exagerar), isso pode gerar euforia e fissura (desejo por exagerar) e levar à conduta adictiva – como usar uma droga. Esse mecanismo demonstra que ter o comportamento exagerado (nesse caso, usar uma droga) é uma estratégia compensatória utilizada para que a crença central “Sou frágil” não se ative. Existe um pressuposto, por trás “devo usar drogas”, que indica que, se o individuo “usar drogas, não será frágil”, mas que, do contrário, “não as utilizando, será frágil”. Obviamente, esses pressupostos e regras mantêm “vivo” o comportamento exagerado, pois eles indicam que cometer o exagero será um jeito efetivo de defender o indivíduo da ativação de sua crença central.

Identificação

Para a identificação das crenças dos pacientes utiliza-se um instrumento denominado Registro da Fissura (Beck et al., 1999), no qual será apresentada uma situação indutora de fissura para ter o comportamento exagerado e ficará explicito o que o paciente pensou antes de sentir a fissura.

Oniomania, quando as compras viram doença

Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas em Saúde, em Taiwan, compararam indivíduos que iam ao shopping com outros sem esse costume e observaram, no final, que os amantes das vitrines não só viviam mais como tinham uma maior capacidade cognitiva.

“Atitudes como saber o que está na moda, negociar e sociabilizar com outras pessoas estimulam o cérebro”, explica a psicóloga Tatiana Filomensky, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Mas é importante não deixar o hábito de ir às compras passar do ponto – do contrário, você pode acabar caindo na oniomania.

Oi? Oniomania é o nome dado pelos especialistas ao impulso incontrolável e constante de adquirir produtos e mais produtos. “A pessoa às vezes até percebe que está exagerando, porém não consegue parar. Essa situação a deixa ansiosa e, em certos casos, depressiva“, relata Tatiana. Para não chegar a esse ponto, o jeito é ficar atento a indicativos como os colocados abaixo.

Sinais de que é melhor fechar a carteira:

• Comprar itens desnecessários sem ter dinheiro sobrando;

• Frequentar – e esvaziar – lojas desacompanhado;

• Possuir familiares com histórico de compulsão, seja ela qual for.

Não há um levantamento no Brasil, mas, nos Estados Unidos, 5,5% da população tem oniomania. Ou seja, a compulsão por compras está longe de ser uma raridade. E pode provocar estragos enormes, tanto nas finanças quanto na saúde mental. Se sentir que está perdendo o controle, não deixe de consultar um profissional.

Este texto foi publicado originalmente no site de SAÚDE.

Por que é importante manter a rotina do sono mesmo durante as férias?

A médica especialista em sono, Aliciane Mota, explica que manter uma rotina regular de sono, até mesmo durante as férias,  é importante para o descanso e para garantir um melhor desempenho das crianças e jovens.

“Para que a rotina não fique totalmente diferente do habitual em período de aulas é preciso que os pais tenham uma posição ativa com relação às atividades dos filhos. Os hábitos de meses podem ser pedidos facilmente em poucos dias ou semanas de um recesso sem regras”, ressalta.

De acordo com a especialista, a boa rotina de sono garante um bom funcionamento do organismo que, consequentemente, vai garantir uma capacidade melhor de aprendizado da criança e a manutenção dos níveis de secreção hormonal. A criança que não dorme bem fica agitada e com dificuldades de concentração.

No sono, vários hormônios estão envolvidos, como as endorfinas, serotoninas, leptina, e, principalmente, o hormônio do conhecimento, conhecido como GH e que é extremamente importante nesta fase da vida. “Esses hormônios são secretados principalmente quando se tem uma boa qualidade de sono, e se isso é alterado, toda a produção hormonal também sofre mudança”, considera Aliciane.

O tempo de sono varia de acordo com a idade da criança. Quanto mais velha, menor a quantidade de horas necessárias de repouso. Em geral, as crianças com idade pré-escolar, entre 3 e 5 anos, precisam de 13 horas de sono por dia. Enquanto as de idade entre 6 e 12 anos devem dormir ao menos 10 horas.

O exagero de atividades estimulantes como jogar vídeo game e correr, por exemplo, comuns no período de férias, podem estar entre os fatores que colaboram para uma má noite de sono para crianças. “Algumas brincadeiras estimulam demais a função cerebral e, além de atrasarem o horário de dormir, acabam causando interrupções no sono durante a noite”, acrescenta a médica.

O recomendado é procurar não permitir que a criança saia tanto da rotina durante este período do ano.

Fonte:Jornal Cruzeiro

Remédios para dormir provocam dependência e devem ser prescritos com bastante cautela

Nenhum medicamento consegue reproduzir perfeitamente o sono fisiológico, os médicos chamam esse sono de farmacológico. Os medicamentos para dormir causam dependência, perdem o efeito com o tempo e precisam ser prescritos com bastante cautela.

Sedativos, hipnóticos, antidepressivos, relaxantes. A lista de medicamentos para dormir é imensa e a de efeitos colaterais também. Mas tem gente que realmente precisa!

Onze milhões de brasileiros tomam remédios para dormir! Será que vicia? O pneumologista do sono Dr. Geraldo Lorenzi tira essa dúvida. E o que acontece com as pessoas que trocam o dia pela noite? Dr. José Cipolla Neto, endocrinologista, explica.

Saiba mais

Melatonina – A melatonina é um hormônio e, entre outras funções, regula o sono. À noite, quando começa a ser produzida, ela sinaliza para o sistema nervoso central que é hora de acabar com o período de atividade e começar o período de repouso. Para isso, alguns mecanismos fisiológicos são acionados e o principal é o sono. Enquanto a melatonina é produzida normalmente, ela garante um sono saudável.

Alguns fatores podem interferir e até bloquear a produção da melatonina: a luz (principalmente a azul, proveniente dos celulares, tablets e televisão), remédios e a idade, pois a produção de melatonina cai com o passar dos anos. Aos 70/80 anos, a gente produz 20% menos melatonina que quando jovem.

No Brasil, a melatonina é vendida em farmácias de manipulação e a sua ingestão deve ser orientada por um médico. É preciso saber a dose correta, formulação adequada e o horário certo para tomar. Se tomado de maneira errada, o hormônio desregula todo o organismo: metabolismo, sono e vigília, sistema cardiovascular e imunológico.

Relógio biológico – Dr. José Cipolla explica que é a partir da informação do tempo, se é dia ou noite, que o nosso relógio biológico prepara o corpo para um dos períodos. DIA: a gente acorda, ficamos ativos, nos alimentamos, interagimos, o metabolismo está ativo e aproveita o que comemos, a pressão e a temperatura do corpo estão mais altas. NOITE: dormimos, estamos em repouso, o metabolismo garante o jejum, o sistema nervoso se recupera, os músculos se recuperam, a pressão e a temperatura do corpo permenecem mais baixas.

De acordo com o Dr. Geraldo, cada um tem um relógio biológico diferente, são os cronotipos. Algumas pessoas são vespertinas, outras matutinas e outras noturnas. Por conta disso, há muita confusão entre privação de sono e insônia. Por exemplo: uma pessoa que é vespertina, tem problemas para conseguir dormir cedo e acorda com muito sono. Essa pessoa vai ao médico e diz que tem insônia, mas na verdade, ela só não está respeitando o relógio biológico interno e tem privação de sono. Com o tempo, é possível flexibilizar esse relógio biológico, mas algumas pessoas têm mais dificuldade.

Remédios – Existem dois tipos de insônia: a inicial e a dificuldade de manutenção de sono. Os remédios agem dependendo da insônia de cada um, mas todos eles agem no sistema nervoso central com diferentes mecanismos.

Segundo Dr. José Cipolla, nenhum dos medicamentos consegue reproduzir perfeitamente o sono fisiológico, os médicos chamam esse sono de farmacológico. Apenas a melatonina é capaz de induzir ao sono naturalmente.

Dr. Geraldo alerta que os medicamentos para dormir causam dependência, perdem o efeito com o tempo e precisam ser prescritos com bastante cautela.

Tratamentos não-medicamentosos – O tratamento mais difundido é a terapia cognitivo-comportamental, que envolve a higiene do sono: horários regulares para dormir, evitar cafeína, evitar ir para cama sem sono, não ficar na cama após acordar.

Uma das peças-chave é diminuir o tempo de cama: pessoas vão para a cama às 21h e ficam até 9h. Mas quando você pergunta quanto tempo ela dormiu, foram só 4h ou porque enrolou para dormir ou porque enrolou depois de acordar, isso não é saudável.

Além da higiene do sono, tratar a causa da insônia é o recomendado, principalmente no caso de distúrbios como a apneia. Quando descoberta a causa, os remédios serão menos necessários.

Privação de sono e o álcool – Um estudo publicado na Nature mostrou que não dormir o suficiente tem um impacto no cérebro semelhante ao do abuso do álcool. Dr. José Cipolla explica que a privação de sono afeta o sistema nervoso central de forma a diminuir o desempenho durante a vigília. É um princípio diferente do álcool, mas os efeitos são semelhantes: diminuição dos reflexos, aumento no tempo de resposta a um estímulo, dificuldade de compreensão, lapsos de memória.

Fonte: Bem Estar

Artigo: Compulsão por compra, um mal que custa caro

Comportamento amplamente disseminado no âmbito capitalista, adquirir bens está relacionado a diversos tipos de expressões emocionais: alegria, tranquilidade, satisfação e orgulho.

Quem não gosta de fazer compras? Porém, da mesma forma que podemos nos beneficiar com a aquisição de diversos produtos, também é possível entrar em um grupo patológico que gera profundo desconforto e sofrimento a esses compradores: o transtorno do comprar compulsivo.

Será que o hábito de comprar é novo? De acordo com Tavares et al. (2008), o ato de comprar desenvolveu-se na Grécia Antiga, onde a emergência do dinheiro alterou os valores culturais e morais. O poder era determinado não pelo nome de família, mas pelo comércio, que aumentou muito pela adoção dos sistemas monetários. Contemporaneamente existe um distinto contexto para a realização das compras, porém, como visto, parte desta população pode estar adoecida com essa prática. Dessa forma, tem-se considerado o comportamento exagerado como uma patologia de dependência, agrupado com os transtornos de uso de álcool e drogas. Outros estudiosos consideram-no como parte do espectro dos transtornos obsessivo-compulsivos, ou do humor. Essa é uma categoria que foi proposta e que combina dependências comportamentais e inclui o jogo patológico, a cleptomania, a piromania, a dependência de internet e o comportamento sexual compulsivo.

Um estudo desenvolvido por Trotzke et al. (2015) investigou os diferentes fatores de vulnerabilidade para o transtorno do comprar compulsivo e determinou se a compra patológica on-line estava relacionada a algum tipo de dependência de internet específico. De acordo com o modelo de dependência de internet, fatores de vulnerabilidade podem consistir em uma predisposição à excitabilidade para comprar. Além disso, a experiência de fissura também deve ser um fator para as compras on-line de forma patológica. Os pesquisadores testaram, em uma mostra de 240 mulheres, o nível de excitabilidade para comprar através da exposição de imagens relacionadas a compras. Os resultados do estudo demonstraram que o uso inadequado de internet e a alta expectativa de comprar estão relacionados a um comportamento desadaptativo de compras. O estudo sugere que sujeitos que utilizam excessivamente a internet e apresentam o comportamento de comprar fora da internet podem também comprar excessivamente on-line.

Em relação ao perfil desse compradores, Tavares et al. (2008) mencionaram que a experiência de comprar é quase sempre solitária e, embora as compras sejam geralmente para eles mesmos, os compradores compulsivos podem gastar excessivamente em compras para seus parceiros ou cônjuges, filhos ou amigos. O transtorno pode ocorrer em qualquer tipo de estabelecimento comercial, desde lojas de departamentos luxuosas a brechós ou pequenas lojas. Compras pela internet e por catálogos são também populares entre os compradores compulsivos. Rose e Dhandayudham (2014) relatam que a literatura em relação ao comportamento problemático e compras on-line é limitada e ainda é discutida dentro do contexto de dependência de internet de outras dependências (alguns pesquisadores reforçam a relação dessa problemática como sendo essencialmente circunscrita á dependência de internet). Apesar dessas diferenças de posicionamentos, há um ponto em comum: a instabilidade emocional e o materialismo apresentam efeitos positivos nesse tipo de comportamento inadequado. A dificuldade de controle comportamental torna-se um forte elemento determinante no comprar compulsivo.

Segundo Tavares et al. (2008), não há tratamento padrão para esse tipo de transtorno e muito do que tem sido descrito reflete a orientação teórica do autor. Há vários estudos de caso com relação ao tratamento de compradores compulsivos, cada um deles enfatizando a importância das experiências iniciais da vida. Apenas mais recentemente foram desenvolvidos modelos cognitivo-comportamentais para o transtorno. Ainda de acordo com pesquisadores, outras abordagens também têm sido descritas. Livros de autoajuda estão disponíveis e podem ser úteis. Os Devedores Anônimos, criado sob o padrão dos Alcoólicos Anônimos, podem ser também úteis. É um grupo voluntário, dirigido por leigos, que proporciona uma atmosfera de apoio e encorajamento mútuos para aqueles que têm dívidas substanciais.

Em suma, trata-se de um problema contemporâneo que deve ser visto de forma singular e que tratamentos cada vez mais eficazes sejam desenvolvidos para uma população que adoece com frequência cada vez maior na era da cibercultura.

Fonte: Revista Psique Ciência e Vida

Autor do Artigo: Igor Lins Lemos é doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental Avançada pela Universidade de Pernambuco (UPE). É psicoterapeuta cognitivo-comportamental, palestrante e pesquisador das dependências tecnológicas.

Celular antes de dormir afeta sono, hormônios e desenvolvimento infantil

Crianças que têm acesso a eletrônicos, como celulares e tablets, na hora de dormir, estão sujeitas a desenvolver uma série de problemas de comportamento e de saúde.

Crianças que têm acesso a eletrônicos, como celulares e tablets, na hora de dormir, estão sujeitas a desenvolver uma série de problemas de comportamento e de saúde. Uma pesquisa do King’s College, de Londres, reuniu dados de 125.198 crianças e adolescentes entre 6 e 19 anos de idade, em diversos países, e detectou efeitos negativos do uso do aparelho no período de descanso em diferentes graus de gravidade. Os pesquisadores verificaram de má qualidade do sono a doenças como obesidade e depressão infantil.

E não são só pesquisadores e pais que têm se preocupado com o assunto. Neste fim de semana, dois grandes grupos de investidores com US$ 2 bilhões em ações da Apple pediram, em carta aberta, que a empresa desenvolva softwares que limitem o uso de smartphones por crianças. Os acionistas citam justamente estudos mostrando o impacto negativo do celular e das redes sociais em excesso na saúde física e mental dos jovensa para justificar o apelo. A Apple ainda não respondeu a eles.

Impactos
O modo como os jovens têm usado a tecnologia têm sido diversos e cada vez mais intenso, segundo o estudo do King’s College. E, para cada uso, há variados impactos gerados na vida deles. A médica Roberta Magalhães, no Rio de Janeiro, quase todos os dias precisa chamar a atenção da filha Roberta, de 9 anos, para desligar o celular na hora de dormir.

“Com certeza atrapalha. Ela fica horas navegando na internet, no Instagram, WhatsApp, Musical.ly, assistindo vídeos no YouTube. Depois demora a dormir. Fica rolando na cama”, conta. Roberta diz ainda não ter observado impactos negativos na rotina, mas observa atentamente: “Se interferir, tiramos o celular na hora.”
Na casa da professora carioca Rovana Machado, a situação na hora de dormir não é diferente com o filho Theo, de 14 anos. “Ele fica fissurado olhando a tela. Acho que atrapalha bastante e, quando vejo, mando desligar, mas adolescente é fogo. Fazem as coisas escondidos e temos que repetir mil vezes.”

Além dos efeitos sobre o sono e a propensão a desenvolver doenças, os pesquisadores mostraram que deixar o celular ou o tablet no quarto das crianças, mesmo que eles não os utilizem, também afeta o período de descanso. A mera expectativa de receber mensagens nas mídias sociais deixava as crianças e adolescentes em estado de alerta.

“Esse tipo de estudo endossa o que as pessoas de bom senso já sabiam. Os eletrônicos dão uma sossegada nas crianças por um tempinho mas, no médio e longo prazo, são muito ruins para o organismo”, observa o neurologista Leonardo Ierardi Goulart, médico especialista em doença do sono do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde também recebe crianças e adolescentes com problemas de sono e relatos de uso de eletrônicos à noite.

O estudo do King’s College observa que o distúrbio do sono na infância é conhecido por causar danos à saúde mental e física. Isso incluiria obesidade, queda do sistema imunológico, crescimento atrofiado e problemas mentais como depressão e tendência suicida. Em 2016, um estudo da Sociedade Real para Saúde Pública (RSPH, na sigla em inglês), na Grã-Bretanha, foi além e alertou que dormir pouco ou mal é um dos fatores que levariam a doenças graves como câncer e ataques cardíacos.

A importância do sono
Para a neurologista Anna Karla Smith, do Instituto do Sono, de São Paulo, o descanso é tão importante para o desenvolvimento e bem-estar da criança quanto a nutrição e a atividade física. “O sono é um estado em que há uma série de processamentos, onde há a fabricação de alguns hormônios muito importantes para o corpo”, comenta a médica. “Nas crianças existe o GH, o hormônio do crescimento, essencial para o desenvolvimento do corpo. Esse hormônio é liberado durante o sono profundo que a criança entra poucos minutos depois de adormecer. Nessa fase há o pico de sua fabricação.”

A neurologista explica que se a criança vai dormir tarde, por exemplo, os hormônios ainda serão liberados, mas de maneira antifisiológica. “Ela está indo contra a sua natureza. A quantidade de hormônio do crescimento produzida pode ser pouca ou até inexistente em casos extremos se houver patologia. A própria distribuição do hormônio do crescimento estará alterada ao longo do dia”, explica a especialista.

A liberação de outros hormônios também é prejudicada, segundo a médica, já que em diferentes etapas do sono há a produção da leptina (hormônio da saciedade), do cortisol (que ajuda a manter estabilidade emocional, controla inflamações e alergias) e do TSH (estimulador da tireóide).

Como o uso de eletrônicos atrapalha?
O simples fato de ligar o celular ou tablet para brincar com um jogo faz com que a criança, por exemplo, atrase sua hora de ir para cama e durma menos. Em segundo lugar, diz o estudo da King´s College, o conteúdo pode ser muito estimulante – e gerar uma excitação que atrase o início do relaxamento. Em terceiro lugar, a forte luz emitida pelas telas dos dispositivos gera um impacto no corpo, afetando o relógio biológico e a percepção do cérebro do que é noite ou dia.

A chamada “luz azul” já foi alvo de diversos estudos nos últimos anos. O mais recente, da Universidade de Haifa, em Israel, constatou que a luz azul, presente nas telas de celulares, tablets e computadores, inibe a secreção da melatonina, o hormônio que avisa o nosso corpo que está na hora de dormir. O organismo também não ativa seu mecanismo natural que reduz a temperatura corporal. O normal é que a temperatura do corpo caia durante a madrugada e volte a subir quando estamos prestes a despertar. Isso, contudo, não ocorre se o cérebro recebe a mensagem que ainda estamos em estado de vigília.

Prejuízos
De acordo com a neurologista, no curto prazo, os “prejuízos, às vezes, não são perceptíveis”. Mas a falta de sono “pode interferir no rendimento cognitivo porque o processamento de memória, que ocorre na segunda metade da noite, provavelmente não aconteceu ou não aconteceu de maneira satisfatória”. “Em curto prazo, pode afetar a consolidação de informações recém-aprendidas porque vai ter um sono mais superficial, mais fragmentado e não reparador”, afirma Leonardo Ierardi Goulart, médico especialista em doença do sono do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ele explica que as atividades cerebrais que assimilam os conhecimentos adquiridos durante uma aula, por exemplo, ocorrem durante o sono profundo. É nesse momento que o cérebro processa, revisa e armazena a memória.

Em longo prazo, porém, os riscos são maiores. “Não é uma insônia, de dois, três, seis meses”, destaca Anna.
No longo prazo, ela explica, há uma “bagunça de hormônios” que controlam, por exemplo, a saciedade. Se não produz esse hormônio, a leptina, cuja liberação ocorre ao longo da noite e no início da manhã, o indivíduo vai comer mais, podendo ficar obeso e diabético.

 

Fonte: BBC

Artigo: Exercícios combatem transtornos de humor

Aumento progressivo desses distúrbios, chegando a 20% da população mundial, pode ser evitado pelos efeitos benéficos que as atividades físicas exercem sobre o sistema nervoso central.

Nas últimas décadas observou-se um progressivo aumento da prevalência de transtornos de humor na população adulta mundial. As últimas estimativas mundiais para a preponderância desses transtornos são significativamente altas cerca de 20%. Isso significa que um grande número de pessoas experimentará algum tipo de transtorno de humor ou ansiedade em algum período da vida, de maneira contínua ou recorrente. Algumas condições como estresse, ansiedade, depressão, fobias, transtornos compulsivos e pânico compreendem uma boa parte dos transtornos mentais observados.

O estresse e a ansiedade excessiva são os componentes-chave ou sintomas comuns em quase todas essas condições. O estresse é frequente em adultos relativamente saudáveis e tem sido associado a consequências negativas na saúde, absenteísmo e redução na produtividade profissional. Uma compreensão mais ampla da etiologia dos problemas relacionados ao estresse inclui uma multiplicidade de fatores: biológicos, psicológicos e sociais; todos mediados por fatores de risco e proteção.

O tratamento atual para transtornos de humor inclui intervenções terapêuticas e farmacológicas, ambas embasadas por grande quantidade de evidências empíricas através de estudos controlados. No entanto, muitos indivíduos acometidos por esses transtornos acabam não procurando ajuda profissional, o que indica a necessidade de criação de autoestratégias complementares apropriadas e confiáveis.

Além disso, tanto pacientes quanto pesquisadores concordam em dois pontos: não é satisfatório passar uma vida inteira fazendo uso de medicamentos e as estratégias terapêuticas tradicionais podem ser extremamente custosas, se realizadas durante longo período. Ensaios clínicos vêm demonstrando que tanto drogas ansiolíticas quanto antidepressivos têm eficácia limitada em longo prazo, causam dependência e sonolência, afetam cognição e memória e produzem disfunção sexual.

Existe uma diversidade de abordagens terapêuticas tradicionais para o tratamento de transtornos mentais, mas muitas vezes os pacientes preferem procurar intervenções complementares por diversos motivos, tais como efeitos adversos da medicação, falta de resposta ao tratamento, alto custo das psicoterapias ou simplesmente preferência por alguma intervenção complementar específica.

As últimas duas décadas de estudos vêm demonstrando que os resultados neuroquímicos observados podem ser traduzidos em melhorias nas funções cognitivas e na saúde mental, tanto de indivíduos saudáveis quanto de pacientes acometidos por transtornos mentais. O efeito significativamente benéfico do exercício no sistema nervoso central e o fato deste representar uma completa reformulação do estilo de vida, e uma ação efetiva de promoção de saúde e prevenção de doenças, fazem do exercício a estratégia terapêutica mais promissora no tratamento de transtornos mentais.

Depressão

A depressão é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. Sua incidência é estimada em aproximadamente 20% da população mundial. Além disso, somente 30% a 35% dos pacientes depressivos respondem ao tratamento com psicofármacos. Estudos mostram que o tratamento farmacológico reduz em cerca de somente 50% os sintomas relacionados, e que o exercício pode ser considerado eficaz no tratamento da depressão.

Estudos que utilizaram o exercício como intervenção terapêutico na depressão concluíram que o grupo que pratica exercício apresenta maior recuperação e menor recaída do que os outros, e quanto maior for o tempo gasto com exercícios, menores serão os níveis de depressão. Embora apresentem resultados significativos no tratamento da depressão os mecanismos pelos quais a atividade física proporciona efeitos antidepressivos são ainda especulativos. Os benefícios são similares àqueles alcançados com antidepressivos e são dependentes da “dose”, ou seja, melhorias mais significativas estão associadas a maiores níveis (frequência) de exercício.

Pessoas com depressão apresentam alterações no fluxo sanguíneo e no metabolismo do córtex pré-frontal, aumento do metabolismo de glicose na amígdala (aprendizado emocional/ medo e ansiedade), secreção aumentada de cortisol e alterações cognitivas como comprometimento na atenção, memória, velocidade de processamento, função executiva e emoção. Um dos fatores que podem explicar o déficit de memória na depressão é a alteração na atividade hipocampal, em consequência do excesso do excesso de cortisol, da redução de fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) e da neurogênese.

O exercício físico contribui para o desenvolvimento da neurogênese no hipocampo através do aumento na produção de BDNF, IGF-1 e VEGF e da potencialização de longa duração (consolidação de memórias). Além disso, também está comprovadamente relacionado ao aumento na liberação de endorfinas, serotonina, dopamina e noradrenalina. Todos esses fatores contribuem para a manutenção e reparação de saúde mental. De modo geral, e tendo em vista os benefícios físicos e psicológicos do exercício, é possível concluir que sua prática por indivíduos depressivos é capaz de prevenir e reduzir significativamente os sintomas de depressão.

O efeito do exercício na saúde mental e nas funções cognitivas fez com que os pesquisadores voltassem a atenção ao possível impacto da atividade física no cérebro de pacientes acometidos por doenças neurodegenerativas. O Alzheimer hoje é a forma mais comum de demência em idosos, acometendo cerca de 50% dos nonagenários. As alterações fisiopatológicas, como acúmulo de placas senis e emaranhados neurofibrilares , estão relacionados à diminuição do volume cerebral, do número de neurônios, do número de sinapse e da extensão das ramificações dendríticas.

Estudos em animais verificaram que o exercício aumenta a expressão de BNDF, IGF1 E VEGF. Como já mencionado, o BNDF é um importante regulador de plasticidade neural, e níveis reduzidos dessa substância causam redução da plasticidade sináptica em área do cérebro afetadas pelo processo de envelhecimento. Uma redução nos níveis de IGF-1 no cérebro também pode contribuir para o declínio das funções cognitivas durante o envelhecimento.

Regulação

Por outro lado, o exercício é capaz de regular para cima as concentrações de IGF-1 e BNDF no cérebro. Estudos sugerem também que o aumento do fluxo sanguíneo cerebral e maior metabolismo cerebral da glicose, em consequência do exercício , tenham relação com a degradação da proteína-amilóide, cujo acúmulo é responsável pela morte de neurônios colinérgicos no Alzheimer. Indivíduos com Alzheimer mostram melhoras em escalas de atividades cotidianas, em testes cognitivos, sintomas depressivos e funções físicas, comparados aos que não se exercitam, cujas funções continuam a declinar. Além disso, o exercício influencia fatores de risco associados à demência , tais como a resistência á insulina, já que este em idosos está relacionado à redução do metabolismo de glicose no lobo temporal medial. Assim, o exercício é capaz de melhorar a sensibilidade à insulina e contribuir potencialmente para a melhora da memória na doença.

A doença de Parkinson é considerada a segunda doença neurodegenerativa mais comum atualmente, afetando cerca de 0,3% da população em geral. Caracteriza-se pela perda dos neurônios dopaminérgicos da substancia negra, provocando desordem dos movimentos, tremores em repouso, rigidez e bradicinesia. A degeneração dopaminérgica nigroestrital é um dos principais mecanismos da doença, cujos déficits atingem principalmente mecanismos motores. Além do circuito dopaminérgico, noradrenérgico e colinérgico também são afetados na doença de Parkinson, e podem contribuir para as disfunções cognitivas observadas no decorrer da doença.

O conhecimento atual sobre os mecanismos envolvidos no efeito neuroprotetor contra o Parkinson baseia-se em resultados obtidos em modelos animais. Tem sido demonstrado que o exercício tem efeito significativo na função dopaminérgica, de modo a estimular a expressão de fatores neurotróficos e angiogênese. Em resposta ao exercício, observa-se um aumento na concentração de dopamina, o que contribui para a reconstituição da função dos núcleos de base, envolvidos no comando dos movimentos e neurotransmissãoglutamatérgica. Tal aumento parece estar relacionado também ao aumento da concentração de BDNF.

Estudos epidemiológicos sugerem ainda que a prática de atividade física pode impedir o desenvolvimento da doença. Pesquisadores do Instituto Nacional de Ciências Ambientais da Saúde, nos Estados Unidos, coordenados pelo dr. Xu Q. (2010), verificaram que o risco de desenvolver Parkinson parece ser inversamente proporcional à quantidade de atividade física praticada ao longo da vida.

 

Fonte: Psique Ciência e Vida