A era do espetáculo e a exposição na Internet

Vivemos numa era midiática em que o ser é mostrar.

Recente episódio envolvendo a exposição de cenas íntimas de adolescentes nas redes sociais, em Teresina, traz o assunto para o campo das discussões mais uma vez. E a pergunta que se faz é até que ponto é saudável a exposição da ‘vida privada’ na Internet e cadê o controle dos pais?

É fato que cada vez mais os jovens, e também os adultos, estão usando a Internet e as redes sociais, como twitter, instagram, facebook e whats app. Isto tanto pela facilidade cada vez maior de acesso à Web através dos smartphones e tablets, quanto pelo fato de hoje vivermos a chamada era do espetáculo, na qual o ser é ou pode ser igual a mostrar. E aí mostra-se de tudo um pouco nas redes sociais: os sapatos novos,  a recente conquista amorosa, a viagem das férias, o embarque no avião…

E acrescenta-se a isso o fato da adolescência ser uma fase na qual há uma disposição à onipotência e ao pensamento mágico. Seria como pensar mais ou menos assim: “eu posso fazer tudo, que não vai acontecer nada”. Essas características podem levar a mostra-se, inclusive nu o seminu, e o jovem ter como pensamento que a tela e a distância relativiza o perigo de expor-se, o que não é verdade. O perigo é real.

Há quem veja as redes sociais como um problema socio-educacional em si. A realidade, como já falado, é que vivemos em uma sociedade midiática e as redes sociais são fruto dessa era atual, como eram os cadernos e agendas do tempo da adolescência dos nossos pais e de quem tem na casa de 40 anos.

Se formos analisar existia naquele tempo um embrião das redes sociais de hoje: os questionários que passavam na escola entre as meninas, onde se respondiam perguntas pessoais. O fim podia ser o mesmo das redes de hoje: mostrar a vida e bisbilhotar à alheia também. E a garota que tinha sua agenda/caderno com mais perguntas do questionário respondidas era também uma das mais populares da turma.

Os meios de comunicação e interação da modernidade por si só não são culpados pela exposição excessiva que vemos hoje em meios como o instagram e o facebook, que a meu ver são os mais populares. Repito que vivemos  na era do espetáculo, na qual o ser é/ou pode ser exibir-se/mostra-se e há as pessoas que gostam de ver e as que gostam de mostrar. É por isso que as fotos do instagram fazem tanto sucesso, bem como as postadas no facebook.

Temos que pensar no fato de que cada um é responsável pelo que publica nessas redes. Então é importante filtrar o que publicar para preservar sua intimidade e até mesmo manter sua segurança.

No caso dos adolescentes, é necessário que os pais sejam vigilantes e, sobretudo conversem com seus filhos, acompanhem o que eles fazem na Rede, quem são seus ‘amigos’, e não apenas deem computadores e telefones de última geração em substituição à presença qualitativa na vida deles. O diálogo e a presença são pontos fundamentais.

Por Adriana Lemos  – Psicóloga e Jornalista
*Da equipe Cuidarte

 

Dia pela conscientização do autismo

Hoje, 02 de abril, transcorre o Dia Mundial pela conscientização do Autismo. Em Teresina acontece programação alusiva a data promovida por associações ligadas ao tema. A AMA vai realizar, a partir das 17h,  a Caminhada Azul e o percurso será do balão da ponte da Primavera até a ponte Estaiada, na avenida Raul Lopes.

O Cisne Negro e a automutilação

O ato de cortar-se é uma forma de por para fora uma dor emocional não falada

 

Quem já assistiu a obra cinematográfica Cisne Negro vê não só belas imagens, maquiagem perfeita, mas também pode acompanhar uma história rica em conteúdo sobre o ser humano. Em linhas gerais, o filme trata do drama vivido pela personagem interpretada pela atriz Natalie Portman, dos polos de sua personalidade frágil/forte, do mundo de competição do balé e, fala ainda, do transtorno de automutilação ou cutting (cortar/cortando).

Em momentos de angústia e ansiedade a personagem costuma se ferir, promovendo o alívio daquele momento de dor emocional. Esse transtorno, na vida real, é mais comum que se imagina, e pode ser desencadeado por distúrbios psicológicos.

Segundo os especialistas, a prática estaria ligada à culpa e é comum entre os adolescentes, podendo ainda ocorrer em casos de ciúme, por exemplo, quando a pessoa se fere para atingir o outro. A depressão também é um dos casos que leva a automutilação devido à necessidade de deixar de sentir tristeza, bem como os transtornos alimentares podem estar presentes em comorbidade com o cutting.

A automutilação pode ser olhada como a externação de algo não dito, o não falado. Assim, a automutilação seria um ‘grito’, ‘um pedido de socorro’, o ‘externar o silêncio’ e ainda o meio encontrado para liberar a ansiedade.

Ainda segundo os estudiosos da área, a automutilação é feita de forma consciente e não está ligada a ideação suicida. Os ferimentos são realizados geralmente em locais que não podem ser vistos por familiares e amigos. Mas por outro lado, as lesões podem ser feitas em área visíveis para chamar a atenção ou se obter os chamados ganhos secundários.

Para a psicóloga de base psicanalítica, Polliana Melo, a automutilação é um comportamento agressivo, mesmo que algumas pessoas fiquem se machucando, muitas vezes até “sem perceber” o que estavam fazendo.

Ela pontua que geralmente que tem a prática do cutting, afirma automutilar-se com a intenção de interromper uma dor emocional muito forte. É como se fosse uma troca da dor emocional pela dor física.

“Mas logo após uma crise de automutilação é comum sentirem culpa e uma sensação de fracasso ainda maior. Também existe a possibilidade de que a pessoa que mutila seu próprio corpo está tentando sentir algo. Esta pessoa tem tamanha dificuldade em entrar em contato com seus sentimentos que não percebe qualquer sensibilidade em si mesmo, e na tentativa desesperada de sentir, machuca seu corpo”, acrescenta.

Para o tratamento deste transtorno se faz necessário acompanhamento interdisciplinar de médico psiquiatra e de um profissional de psicologia. De modo que o sujeito possa ser acolhido em sua singularidade e, a partir do encontro entre humanidades propiciado pela psicoterapia, possa elaborar seus sentimentos, emoções e atos.

Aos pais e familiares a orientação é fomentar o diálogo nas suas relações, já que a automutilação, como já falado é uma forma de gritar, de comunicar sobre a dor emocional que se sente e não se fala. Em suma,  o encontro genuíno entre as pessoas se faz pelo diálogo, onde cada um pode comunicar e se sentir aceito em sua singularidade, sobretudo aceito por si mesmo e ter a confirmação da aceitação do outro.

 

Por Adriana Lemos – Jornalista e psicóloga
*Da equipe Cuidarte
*Colaborou a psicóloga Polliana Melo 

Psicóloga dá dicas de como diminuir a dependência da tecnologia

Janua Janson diz que é comum ver amigos interagindo no mundo virtual em vez de no real

A tecnologia do telefone celular, sobretudo dos smartphones é fantástica, diminui distância, gera comodidade e mobilidade, mas por outro lado, o fato de estar sempre conectado à tecnologia pode gerar problemas, entre eles prejuízo nos relacionamentos interpessoais, no trabalho, e junto à família.

Foi sobre este tema que a psicóloga Janua Janson falou em entrevista recente no podcast do site Medplan, onde pontuou que adição ao uso do aparelho tem se tornado comum. “A pessoa deixa de viver no mundo real para viver o virtual. E este não é real”, frisa Janua.

“O hábito de estar sempre conectado tem causado dificuldade nos relacionamento. Não é incomum ver num local público grupo de amigos que em vez das pessoas estarem interagindo entre si estão mexendo em seus telefones, nas redes sociais, como facebook e twitter”, observa.

A psicóloga explica que o uso excessivo do celular compromete a sociabilidade, fazendo os usuários substituírem o contato pessoal, com amigos e parentes, pelo virtual. Além disso, a pessoa se sente desprotegida e ansiosa quando percebe que está sem o aparelho. Se ela esquece o aparelho em casa, por exemplo, passa o dia desatenta, tendo queda na produtividade.

“Hoje nos temos a tecnologia para facilitar a vida da gente e não para nos prender, todavia não é isso que temos observado. Isso causa dificuldade no relacionamento, porque as pessoas não interagem mais, vivendo assim, apenas no mundo virtual”, diz Janua Janson.

Entre as dicas que a profissional dá para os que não consegue viver sem mexer no telefone, é tentar diminuir a frequência do uso, desabilitando as notificações, deixando-o desligado em alguns momentos, a fim de amenizar a dependência da tecnologia.

*Por Adriana Lemos

Com informações do site Medplan

Marilu Rodrigues Bezerra

Marilu Rodrigues Bezerra – CRP 21/01580 – PI. Atende a crianças, adolescentes, adultos e casais na abordagem Humanista. Psicóloga Clínica, especializanda em Gestalt-Terapia com ênfase em psicoterapia, formação em saúde mental.