Dormir tem função antioxidante, aponta estudo

 

Por que dormimos? Essa pergunta não encontra uma resposta muito clara na ciência pois, em termos evolutivos, parece um contrassenso um animal ficar em repouso por tanto tempo, à mercê de predadores. Além disso, quando dorme, um ser humano obviamente não obtém comida e acaba praticamente não interagindo com o meio ambiente.

Mas um novo estudo, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Columbia, de Nova York, e publicado nesta quinta-feira pela revista PLOS Biology, traz uma conclusão pertinente sobre a função do sono: dormir tem um efeito antioxidante no organismo.

Para chegar aos resultados, os cientistas utilizaram uma variedade mutante da drosófila, inseto mais conhecido como mosca-da-fruta, adaptada justamente para ter sono mais curto do que o normal – mantendo de modo intacto seus ritmos circadianos, no entanto. E encontraram novas evidências de como a falta de sono traz efeitos negativos para a saúde.

A conclusão principal foi que a privação do sono faz com que os animais tenham uma sensibilidade maior ao estresse oxidativo agudo – ou seja, uma noite bem dormida tem propriedades antioxidantes.

Para os pesquisadores, o entendimento da relação entre dormir e o estresse oxidativo pode ser um passo importante na compreensão de doenças humanas modernas – de distúrbios do sono a doenças neurodegenerativas.

“A maior parte dos animais dorme. Os seres humanos dormem quase um terço de suas vidas. E ainda hoje as funções fundamentais do sono permanecem desconhecidas”, afirma a pesquisadora Vanessa Hill, do Departamento de Genética da Universidade de Columbia, uma das autoras do estudo. “Utilizamos a drosófila de sono curto para descobrir o papel do sono na resistência ao estresse oxidativo. E observamos que quanto mais aumentávamos o tempo de sono das moscas, maior era essa resistência.”

Estresse prejudica o sono
Mas a análise não para por aí. Os pesquisadores descobriram que se trata de uma relação de mão dupla, ou seja, o estresse oxidativo também interfere no sono. “Quando reduzimos o estresse oxidativo em neurônios das drosófilas selvagens, observamos que elas reduziam seu tempo de sono”, explica Hill, indicando, portanto, que a necessidade do sono é decorrente do estresse oxidativo. “Isso sugere que o estresse oxidativo tem um papel regulador do sono.”

É uma relação intrigante: o estresse oxidativo desencandeia o sono, que então age como antioxidante tanto para o corpo como para o cérebro.

Estresse oxidativo é uma condição de quando o organismo apresenta um desequilíbrio entre a produção de reativos de oxigênio e sua remoção – por meio de sistemas enzimáticos ou não enzimáticos.

Em tese, todo organismo vivo precisa de um equilíbrio entre suas células. Perturbações desse sistema podem provocar a produção de peróxidos e radicais livres, o que acaba danificando os componentes celulares. De acordo com os pesquisadores de Columbia, esse estresse oxidativo, resultado do excesso de radicais livres, pode levar a uma disfunção orgânica. “Se a função do sono é defender-se do estresse oxidativo, o aumento do sono deve aumentar a resistência ao estresse oxidativo”, afirma Hill.

A atual pesquisa, portanto, mostra que sono tem propriedades antioxidantes, evitando justamente esses danos. Nos seres humanos, o estresse oxidativo é apontado como fator de predisposição a um espectro de doenças como Alzheimer, Parkinson, Huntington e aterosclerose.

Obesidade e falta de sono
Em linhas gerais, o estudo indica que, se há uma correlação entre os distúrbios do sono e tais doenças, a perda de sono pode tornar os indivíduos mais sensíveis ao estresse oxidativo e, consequentemente, às patologias. E o inverso também seria verdadeiro: o rompimento patológico da resposta antioxidante levaria à perda do sono. Um ciclo vicioso.

Privação de sono pode causar perturbações no organismo que levam à produção de peróxidos e radicais livres danosos às células

“Em geral, mudanças nos hábitos de sono estão sempre relacionadas a mudanças no comportamento metabólico do armazenamento de energia”, pontua Hill. “Em humanos e ratos, por exemplo, observamos que fatores como a obesidade estão relacionados com a perda de sono.”

As drosófilas utilizadas no estudo foram acondicionadas em tubos plásticos e monitoradas por computadores durante todo um ciclo de vida.

Sono ruim
De acordo com um levantamento realizado pela empresa Philips no início deste ano, 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionados ao sono. A mesma pesquisa foi realizados em outros 12 países – a média da América Latina é de 75%, com os mexicanos em pior situação (88%) e os argentinos, em melhor (64%).

Os principais problemas relatados são insônia, ronco, apneia (respiração que para e volta durante o sono) e a narcolepsia (sono súbito e inconsolável). Segundo a pesquisa, as causas apontadas para a dificuldade de dormir são preocupações financeiras, uso de tecnologias como o celular na cama e estresse decorrente de questões de trabalho.

De acordo com o Instituto do Sono, de São Paulo, ter horários regulares para dormir é um primeiro passo para conseguir ter uma boa noite de sono. Os médicos especialistas da instituição também aconselham que as pessoas se deitem somente na hora de dormir, justamente para não levar distrações para a cama. Álcool e café próximo ao horário de dormir são desaconselhados. Também é recomendável jantar moderadamente, e sempre no mesmo horário.

 

Fonte: BBC

Bedtime fadin, técnica para bebês pegarem no sono rápido

Um estudo australiano, publicado recentemente no periódico Sleep Medicine, acaba de mostrar um novo caminho para melhorar o sono dos pequenos.

O método, chamado de bedtime fading, consiste em adiar um pouco o horário de deitar para que a criança chegue na cama já bem sonolenta. A ideia é que, ao aumentar o tempo acordado e restringir um pouco a oportunidade de dormir, o sono venha mais fácil e o relógio biológico entre nos eixos.

Para testá-lo, os pesquisadores acompanharam durante dois anos 21 crianças com idades entre 1,5 e 4 anos e seus pais, que receberam instruções sobre os mecanismos do sono e instruções para aplicar a técnica em casa.

Depois de duas sessões de treinamento ao vivo e duas semanas de exercício em casa, melhoras imediatas foram observadas no descanso dos pequenos. Por exemplo, o tempo para pegar no sono, que ficava entre 23 e 11 minutos, caiu para uma faixa de 13 e 7 minutos. Já os episódios de birra semanais caíram de até 3 para menos de 1. Os benefícios se mantiveram por até dois anos depois do treino, período acompanhado pelos especialistas.

Como fazer o bedtime fading

Veja o passo-a-passo:

  1. Escolha um horário para seu filho acordar. Ele deve ser o mesmo em todos os dias da semana.
  2. Por algumas noites, atrase o horário de ir deitar em 15 minutos. Por exemplo, se ele vai para a cama às 20h, espere até 20h15.
  3. Nesse período, mantenha-o acordado com atividades leves, nada muito estimulante como TVs e jogos eletrônicos ou brincadeiras intensas demais.
  4. Se ele ainda demorar para pegar no sono, atrase mais um pouco a hora de dormir, de 20h15 para 20h30, em nosso exemplo.
  5. Faça isso até que ele adormeça mais facilmente e passe a noite toda dormindo. Depois, mantenha horários regulares para dormir e acordar.

Fonte:  Bebê.com.br

Efeitos do barulho no dia a dia

Quase todos nós evitamos os instantes de pausa. Os mais jovens, vítimas da ansiedade, fogem deles apavorados. O barulho, seja mental, visual ou acústico, só aumenta.

Enfrentar o silêncio não é fácil. Que dirá encontrá-lo. E ainda menos em meio a essa cacofonia em que a vida hiperconectada se transformou. Por isso a história de Erling Kagge, um homem em permanente procura pelo silêncio, nos deixa sem palavras. O editor, escritor, advogado e explorador norueguês, de 55 anos, decidiu em 1992 radicalizar sua exploração da quietude. Ele se mudou à Antártida, supostamente o local mais silencioso do planeta, para enfrentar o vazio. E rumou em direção ao sul. Durante 50 dias conviveu somente com o ruído de suas pisadas sobre o gelo. Abandonou no avião que o levou ao Polo Sul as pilhas do rádio que o recomendaram levar, queria ficar completamente só. Caminhou, um dia após o outro, em meio a uma paisagem branca e vazia, aparentemente plana. Ele se envolveu no (suposto) nada, enfrentou o (grande) silêncio.

Diz que a experiência teve seus momentos difíceis, que chegou a chorar de frio, mas que sentiu que se fundia com a natureza, que seu corpo passava a fazer parte do ar, do sol, do frio. Afirma que hoje em dia vivemos instalados em uma permanente fuga do silêncio. E o fazemos para fugir de nós mesmos. Fechamos tudo com barulho. Somente enfrentando o silêncio (e sem chegar a experiências tão extremas como a sua) conseguiremos nos conhecer. É a chave, afirma, a uma existência plena.

Existimos em meio ao barulho. Acústico, visual, mental. Muita informação fervendo simultaneamente e chegando por vários canais. Estamos permanentemente ocupados, sempre procurando algo a fazer. Com listas de coisas pendentes. Com o rádio ligado quando chega um pouquinho de silêncio. Com a música tocando, a tevê ligada, mesmo que ninguém esteja vendo; enfurnados em nosso celular, artefato que dá a incerta promessa de nos afastar do vazio. Tudo para não enfrentarmos a vertigem da ausência de som, a aversão produzida por uma interrupção, por menor que seja, desse zumbido constante que nos acompanha no dia a dia, o da vida moderna, o que existe e que, com entusiasmo e disposição irrefletida, alimentamos. Medo do silêncio.

O barulho que nos cerca aumenta. Cada vez somos mais e todos carregamos um celular no bolso. Já existem mais linhas de celular do que pessoas no planeta – 7,8 bilhões de cartões SIM para 7,6 bilhões de pessoas, de acordo com o relatório Mobile Economy da GSMA, a associação que organiza o Mobile World Congress de Barcelona. O catálogo de barulhinhos, silvos e melodias de baixa frequência se une à sinfonia das já consagradas linhas musicais dos comércios, os rugidos e buzinas do trânsito, os alarmes…

Em meio a essa paisagem dissonante emergem vozes suaves, pausadas, como a de Erling Kagge, que pedem um passo atrás, um reencontro com o silêncio. Livros como Solidão, de Michael Harris; análises como Ensaios sobre o Silêncio, de Marcela Labraña; filmes silenciosos e que prestam homenagem à quietude, como o recém-estreado 100 dias de Solidão.

Nossa aversão à falta de barulho não é coisa nova. Pascal já falava sobre isso no século XVII: “Tudo o que acontece de ruim aos homens vem de uma só coisa, a saber, não serem capazes de ficar quietos em um quarto”. O filósofo e matemático francês afirmou que todos nós vivemos, de certa forma, atormentados pelo momento presente. O desassossego é algo natural, procurar algo a fazer, apagar o silêncio da inatividade, evitar esse vazio, é humano. Mas nossa fuga à frente foi além com o passar do tempo; até alcançar limites que convidam a uma reflexão.

Kagge afirma que o caos é o estado natural do cérebro. E que através do silêncio é possível acalmá-lo. Em conversa por telefone dos escritórios de sua editora em Oslo, o editor norueguês relata que um dos motivos que o levou a escrever O Silêncio na Era do Barulho, livro em que conta suas experiências e reflexões, foi ver como suas três filhas, de 13, 16 e 19 anos, eram incapazes de suportá-lo. “Os adolescentes não sabem o que é o silêncio, precisam de barulho constante ao seu redor, distrações permanentes”.

Vivem em um carrossel de emoções carregadas de expectativas e frustrações, o tempo todo. “Muitos dos problemas de nossa sociedade têm sua origem no barulho”, afirma. “É só ver a indústria dos aplicativos: Snapchat, Instagram, Facebook, Twitter… Todo o barulho que causam só faz com que a vida das pessoas seja mais difícil; fazem com que as pessoas se sintam mais sozinhas, mais inquietas, mais frustradas, que pensem que sua vida é triste. E tudo isso é baseado nessa necessidade de barulho”.

Grande parte da experiência dos mais jovens, hoje em dia, é medida pela tecnologia. Eles convivem com a referência sistemática e instantânea do que os outros fazem. Esses dois fenômenos preocupam muito o professor David Harley, psicólogo que estuda o silêncio, especializado na interação entre humanos e computadores. “As pesquisas mostram que muitos jovens experimentam medo e ansiedade quando desconectam de suas redes; quando, por exemplo, seu telefone fica sem bateria e não há wi-fi”, explica da Universidade de Brighton, onde leciona.

Harley, que há seis anos organiza sessões silenciosas com os alunos para que descubram o poder do silêncio, considera que precisamos muito da calma e do silêncio. “A prova é o estado da saúde mental dos jovens, que obedece, em grande parte, às dinâmicas causadas pela tecnologia”, afirma. “Essas dinâmicas de competitividade, de produtividade são fonte de ansiedade”, diz. “A tecnologia introduz a produtividade e a eficiência nas relações sociais”. Não só entre os jovens, obviamente.

A possibilidade de se conectar com qualquer um, a qualquer momento, em qualquer lugar do mundo, e o fato de que tudo deve ocorrer imediatamente causou uma espécie de compressão da noção do tempo. “O silêncio”, diz Harley, “é o antídoto contra essa compressão do tempo”.

O escritor Pablo D’Ors possui uma linha de pensamento semelhante. Escreveu Biografia do Silêncio, livro que vendeu mais de 120.000 exemplares e no qual reflete sobre nosso “vertiginoso” modo de vida para oferecer a meditação como ferramenta paliativa. “O celular é o que causa mais barulho”, afirma em seu silencioso apartamento no bairro de Tetuán, Madri. “É o grande símbolo de nossa sociedade, a grande ficção de estarmos conectados, a forma de esconder nossa solidão”.

D’Ors, que além de escritor é um padre católico pouco convencional, admirador declarado de Buda, afirma que 99% das mensagens enviadas pelo WhatsApp não tem nenhum conteúdo (“são puros inputs de autoafirmação pessoal, por isso fazem tanto sucesso”). Puro barulho. Que é preciso somar ao das redes sociais, infladas de pretensos “amigos” – “a amizade não é outra coisa do que a intimidade com o outro”, diz D’Ors – que, de tanto compartilhar (o que?), não fazem (fazemos) outra coisa a não ser acrescentar decibéis à cacofonia.

O pensador e teólogo que medita todos os dias uma hora pela manhã e meia hora de noite estima que nosso medo ao silêncio se reflete no fato de que somos incapazes de estar atentos. “Pulamos de uma mensagem a outra, já não somos capazes de ler dois parágrafos seguidos, vivemos em uma total dispersão”. Para detê-la, precisamos do silêncio, poderoso instrumento que ajuda a deter o caos em que, cada vez mais, vivem nossos cérebros.

O silêncio é capaz de nos transformar, afirmam seus defensores. Somente quando se experimenta sua força a pessoa se dá conta dele. Serve para serenar a mente e é necessário para ser criativo: as melhores ideias vêm quando desconectamos, quando estamos em silêncio. Erling Kagge conta em seu livro o caso de Mark Juncosa, uma das mentes por trás do SpaceX, o megaprojeto aeroespacial do magnata Elon Musk. Juncosa confessa que, em seus extenuantes dias de trabalho, só consegue desconectar do barulho do mundo em quatro contextos: quando faz exercício, surf, na privada e no chuveiro. “É aí que aparecem as melhores soluções.

O editor norueguês descreve o próprio Elon Musk, com quem teve vários encontros, como um homem que venera o silêncio, que frequentemente o utiliza para estimular sua mente. O intrépido visionário gosta de ouvir. E costuma insertar silêncios na conversa. “Antes de falar, fica alguns segundos pensando”, explica Kagge. “É quando você vê que sua mente está trabalhando”. Em silêncio.

Frequentemente, as palavras sobram. O pensador francês David Le Breton define o silêncio por oposição ao barulho e ao excesso de falatório. E nisso concorda com Ludwig Wittgenstein, que começou a refletir sobre a questão como reação à conversa que escutava nos salões da burguesia decadente da Viena do começo do século XX. “Do que não se pode falar, é preciso calar”, escreveu o influente filósofo austríaco no Tractatus Logico-Philosophicus, a única obra que publicou em vida.

Le Breton argumenta em Silêncio: Aproximações que a dissolução e inflação mediática causaram um barulho insuportável diante do qual a reivindicação do silêncio se transforma em um ato de galhardia contracultural. Ele o defende como antídoto contra esse vazio conformista que se dissolve no barulho incessante de meios e redes.

Diante da proliferação de agressões externas as quais a pessoa hiperconectada se vê exposta, o silêncio, tão frequentemente retratado como incômodo, aparece como um fenômeno dotado de propriedades calmantes, curativas, até como algo, simplesmente, fascinante.

As sessões silenciosas que o professor Harley organiza na Universidade de Brighton começaram como parte de sua pesquisa. O fato de não existir uma grande tradição científica no campo do silêncio sempre chamou a atenção do psicólogo britânico, de 50 anos. A psicologia, ao que parece, com o perdão da boutade, também tem medo do silêncio.

Sua proposta inicial consistia em compartilhar semanalmente, em grupo, 20 minutos de silêncio em uma sala para, no final, conversar sobre a experiência. Após um ano, as pessoas já pediam só a sessões silenciosas, pulavam a conversa. Por volta de 50 pessoas continuam comparecendo, intermitentemente, ao encontro. Uns praticam meditação, outros mindfulness (atenção plena), alguns deitam no chão, outros olham pela janela… Harley conta que é curioso como as hierarquias entre colegas desaparecem quando se compartilha o silêncio.

“No âmbito pragmático, o silêncio me permite aterrissar, prestar atenção, me dá uma certa distância em relação aos imperativos da mente”, explica Harley. “Ainda que só por cinco ou dez minutos, ajuda a ver as coisas com maior perspectiva. E pode ser muito útil em um dia de trabalho. Frequentemente nos vemos arrastados por essa necessidade de ser produtivos e, possivelmente, não somos tão criativos, nos dedicando a perseguir objetivos que não são essenciais e frutíferos”. Perdidos no barulho.

David Harley afirma que essa necessidade de rumor contínuo que criamos responde a algo genético. Não é algo que nasce conosco, o aprendemos. “Esquecemos o valor do silêncio”.

Erling Kagge defende que podemos encontrá-lo a qualquer momento, em qualquer lugar, e que a questão é sermos conscientes e aproveitá-lo quando aparece diante de nossos narizes. O editor norueguês “cria” seus silêncios ao subir uma escada, ao arrumar um armário e concentrando-se na respiração. “A riqueza potencial de ser uma ilha para nós mesmos”, escreve, “devemos levá-la sempre dentro de nós”.

Talvez devêssemos tomar consciência da necessidade do silêncio para ajudar a construí-lo. É hora de dar o silêncio como resposta.

FUGIR DO BARULHO
JOSEBA ELOLA

O barulho, no sentido mais literal da questão, é um problema muito mais grave do que pensamos. É no que acredita Julio Díaz, pesquisador que publicou 40 trabalhos científicos que demonstram que a poluição sonora é tão prejudicial quanto a atmosférica. “O barulho é um autêntico agressor”, afirma o doutor em Física, chefe do Departamento de Epidemiologia da Escola Nacional de Saúde da Faculdade de Saúde Carlos III. “Quem o sofre sente que é atacado. E o organismo precisa repelir esse ataque”. De acordo com seus estudos, o barulho debilita o sistema imunológico. É um exacerbador de doenças como o Parkinson, a demência e a esclerose múltipla. Aumenta a mortalidade por “causas respiratórias, cardiovasculares e diabetes”. Em dias com picos de barulho na cidade, diz, os partos prematuros aumentam.

A necessidade de escapar do barulho é um fato. Alguns apostam nos retiros. Organizados ou pessoais. Outros, como José Díaz, transformam a experiência em uma aventura. Em 2015, decidiu se retirar a sua cabana no parque natural de Redes (Astúrias) durante 100 dias. Em completo isolamento. Relata sua vivência no documentário 100 Dias de Solidão.

Díaz confessa que há tempos precisa escapar de seu trabalho no setor da construção para descomprimir. Todas as semanas se refugia por dois dias na cabana, localizada próxima à nascente do rio Nalón. “Por ter mais contato com a natureza, sou muito sensível aos barulhos da cidade”, afirma em conversa por telefone, “me incomodam mais do que aos outros”.

O silêncio vai abrindo passagem, pouco a pouco. No Reino Unido são organizadas reuniões de leitura silenciosa, refeições silenciosas, encontros silenciosos. Cresce a oferta de destinos turísticos que vendem o silêncio como seu maior tesouro, como um luxo. Porque, de fato, o é. É muito mais difícil de se conseguir em uma casa à beira de uma avenida do que em um condomínio residencial fora da cidade. O silêncio, um luxo.

Fonte: El País

Ter bons relacionamentos é importante para a saúde física e mental

A ciência já sabe que chave da longevidade envolve uma combinação de bons genes com hábitos como exercício físico, alimentação saudável, zero tabagismo e consumo controlado de álcool. Mas um novo componente tem conquistado espaço nessa equação: o cultivo de laços sociais. Construir relacionamentos de qualidade é bom não só para a saúde mental, mas também física. É o chamado “efeito aldeia”: ter amigos, família e vizinhos por perto é, além de prazeroso, ótimo para a saúde.

O conceito foi proposto pela psicóloga canadense Susan Pinker no livro The Village Effect: How Face-to-Face Contact Can Make Us Healthier and Happier (O efeito aldeia: como o contato presencial pode nos deixar mais saudáveis e felizes, em tradução livre), publicado em 2014. A pesquisadora viajou a uma das cinco zonas azuis (comunidades com grande número de centenários) espalhadas pelo mundo — mais especificamente, na ilha da Sardenha, na Itália, onde há 10 vezes mais idosos com mais de cem anos do que a média da América do Norte. Ela descobriu que a população era extremamente unida e que os velhinhos desfrutavam de posição de prestígio. Hoje, ela advoga para que cultivemos mais intimidade com as pessoas.

— A interação protege mais a saúde do que perder peso ou parar de fumar. Há milhares de estudos mostrando a importância de fazer exercícios para a longevidade, mas é mais importante não estar sozinho — argumentou Susan, em entrevista por e-mail.

Para você colocar a teoria do “efeito aldeia” em prática, separamos oito dicas para você se conectar mais. Confira:

1 — Se sua rotina é atribulada, foque em almoços: o intervalo para comer é obrigatório mesmo, então, por que não fazê-lo com alguém que você não vê há um tempo?

2 — Não troque o encontro ao vivo pela interação digital.

3 — Faça uma lista de pessoas que você quer ver regularmente. O encontro não precisa exigir grande preparação nem durar horas a fio. Se você ficaria uma hora na rua esperando um compromisso, que tal aproveitar para um café com um amigo?

4 — Cultive relacionamentos no trabalho. Estudos mostram que quem tem amigos na empresa é mais realizado profissionalmente e, inclusive, rende mais. Invista no cafezinho na cozinha da firma.

5 — Deixe o celular no bolso enquanto você está com alguém. O cérebro presta menos atenção na conversa se existe a possibilidade de você mudar o foco para uma notificação de aplicativo. Com isso, o engajamento e a empatia são menores.

6 — Foque em atividades de lazer de acordo com seus interesses. Clubes de leitura, grupos de corrida, voluntariado e reuniões para debate são boas formas de conectar-se a um propósito comum ao lado de outros.

7 — Seja um bom ouvinte. Escute o problema do outro e não o compare com o seu. Cada um sente a dor de uma forma peculiar, que tem sua importância. Se o ouvinte diz que enfrenta um obstáculo, não responda “Pelo menos você tem…”. Invista em: “Como isso te incomoda?”. Às vezes, o importante não é ouvir uma resposta, só falar já ajuda.

8 — Foque em refeições em família. Para crianças, é um bom momento de incrementar o vocabulário.


Fontes: Mental Health America e Mayo Clinic

A linda falsa vida que muitos sentem a necessidade de mostrar

Há pessoas tão preocupadas em se mostrar bem e agradar, que acabam se perdendo de si mesmas. São tantos que vivem iludidos por espelhos de pequenas ilusões e escondidos atrás de cortinas de grandes mentiras, que com o passar do tempo, perdem a noção da realidade: já não conseguem viver sendo verdadeiros. E existe uma cobrança coletiva por baixo disso. Somos cobrados pelo sucesso alheio e incentivados a sermos iguais. Mal sabemos que, em algumas situações, por detrás de uma foto postada, quase sempre há máscaras. Quase sempre há pessoas com a alma ferida tentando se mostrar fortalecidas. Quando a pessoa se deixa seduzir pelas tentações de ego e de vaidade, acaba entregando a vida para uma viagem só de ida. Só na tela. Tentar competir com o mundo é a melhor e mais rápida maneira de ser derrotado.

Existe um enquadramento entre as redes sociais e sua fábrica de ilusões. Parece absurdo, mas, na maioria das vezes, só postamos aquilo que queremos que os outros vejam. Postamos aquilo que queremos ser (e muitas vezes não somos). A verdade nem sempre é mostrada. Poses e mais poses, filtros e mais filtros para se chegar na foto perfeita. Quantas são as vezes que, em busca de aprovação de outras pessoas, pintamos um quadro totalmente disforme da realidade. Nem sempre é o que parece, vemos pessoas que estão prestes a cair num precipício, mas querem que todos pensem o contrário. A busca doentia por “likes” transforma fulanos e fulanas em reféns de suas próprias mentiras. A postagem dos outros se torna uma provocação e é preciso se mostrar melhor. Mudar a aparência não é mais suficiente, é preciso fingir outra vida.

Na verdade, há casos em que a diferença de aparência entre a pessoa real e a pessoa mostrada na tela do computador é tão grande que, em grande parte das vezes, é algo inacreditável. São figuras distintas, quase que irreconhecíveis quando colocadas lado a lado. A sociedade se reconfigura quando se projeta uma imagem vitoriosa. Há uma aceitação maior. Há uma glorificação da figura do ser bonito, rico e perfeito. E não se enquadrar nisso é dolorido para pessoas (em sua maioria) com a autoestima abalada demais ou elevada demais. Umas de um lado, outras de outro. Paradoxos difíceis de compreender. Um sonho de consumo que faz muitos se sentirem inseguros e tristes. Um sonho de consumo que faz muitos se mostrarem alegres e bem-sucedidos. Um sonho de ser além do que as outras pessoas comuns aparentemente são. Os perfis são tão perfeitos, as pessoas tão alegres, as fotos tão bonitas, as comidas tão gostosas, as selfies mais incríveis, as festas mais chiques, os amigos tão sorridentes, as famílias tão impecáveis, empregos poderosos, romances maravilhosos, viagens inesquecíveis, as roupas mais caras: A melhor vida possível!Depois desse prazer dos diversos likes, essas ações viciam e tendem a se repetir. Quando tudo isso é verdadeiro e realmente vivemos e temos essa vida, é bom demais expor as conquistas, ostentar sucesso e trabalhar o marketing pessoal, pode fazer parte, saudavelmente, do dia a dia do vaidoso, quando é sem muitos exageros, melhor ainda. O perigo é quando muita parte do que é exibido não é real, é montado, disfarçado, é fake. Existe o risco de ser descoberto e o castelo cair. O prazer pode virar dor, a luxuria pode virar amargura, aplausos viram vaias, beleza vira vergonha e sorrisos viram choro.

É complicado pensar que atualmente os níveis de felicidade, realização e sucesso das pessoas são calculados pelo número de likes e coraçãozinhos em seu perfil. Cliques esses, muitas vezes feitos por pessoas que nem se conhecem. Fica mais difícil saber que isso também nos atinge. Essa falsa prosperidade que encontramos na vida dos outros, nós tentamos concretizar na vida da gente também e nem sempre conseguimos. A vida não nos cobra perfeição, mas a sociedade sim, os amigos sim, a família sim e, com isso, projetamos uma imagem de vencedor para agradar. Esse limite entre o real e o virtual, nos traz para uma reflexão sobre o que fazemos e o quanto ficamos invejosos sobre o que os outros fazem melhor do que nós. É como se a felicidade interior só tivesse alguma serventia se as outras pessoas vissem e curtissem. Como se a felicidade alheia fosse algo para incitar inveja.

Muitas vezes a gente se sente assim, não sendo suficiente. Sentimos inveja.Sentimos que não chegamos lá. Mas não queremos assumir e não pretendemos nos esconder. Mas, se você precisa mudar seu jeito e esconder suas verdades para caber no mundo, saiba que jamais nada disso o deixaria mais feliz. E nem mais aceito. E nem mais bonito ou bem-sucedido. Quando você se mostra grande em cima de algo que você não construiu, a queda é certa e sua pequenez será exposta algum dia. Não existe quem não precise de melhorias, sempre deve haver uma inspiração que nos guie aos acertos, mas é preciso repelir os erros, é preciso aceitar quem somos. Se a gente tiver um coração do bem, ele se abrirá e criará espaço para receber energia positiva. Somente um coração cheio de alegria e verdades pode fazer uma alma repleta de felicidade. A alma é que deve se mostrar feliz e não aquela foto maquiada da rede social. Só por isso já vale a pena a gente lutar para se mostrar como é. Não deixe que as vaidades te impeçam de andar somente pelos caminhos da verdade. Somente a verdade deve ser mostrada, mesmo que ela não te enobreça, mesmo que ela não te cresça, mesmo que ela não te coloque em palanques e palcos, não te traga prêmios e palmas. Mas, entenda que só ela importa. Só ela é nobre. Só ela interessa. A imagem verdadeira é a única coisa que a gente deve ter de melhor e mais belo a se mostrar.

Fonte: Contioutra

Nomofobia: quando o uso de tecnologias vira doença

Pequeno, funcional, companheiro durante o dia e, muitas vezes, a noite. Para alguns, quase uma parte do próprio corpo. “Competir” com o celular por atenção durante uma conversa é uma situação cada vez mais comum. O adversário é forte. É comum perceber que está falando sozinho enquanto a pessoa com quem você conversa mexe no celular, ou estar em casa ao lado da família, resolvendo questões do trabalho pelo whatsapp. Apesar dos benefícios da tecnologia, o uso exacerbado dos aparelhos de internet móvel pode resultar em problemas físicos, sociais e emocionais. Em casos extremos, a dependência digital é considerada uma patologia: a nomofobia.

“Esse termo vem do inglês, significa o medo de ficar sem o acesso a telefonia móvel, que vem preocupando sobremaneira todas as áreas de pesquisa clínica, médica, educacional. Porque o celular é um aparelho que está disponível 24 horas por dia e o acesso financeiro é bem maior agora”, explica Sylvia van Enck, psicóloga do Núcleo de Dependências Tecnológicas e de Internet do Programa Ambulatorial Integrado dos Transtornos do Impulso (PRO-AMITI) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Quando uma pessoa tem prejuízos nos relacionamentos e na saúde, além de deixar de atender aos compromissos do dia a dia para ficar conectado, de acordo com os especialistas, é sinal de que o uso abusivo dos meios digitais chegou a um “nível exagerado”.

“Há uma preocupação em manter o aparelho disponível o tempo todo. A pessoa começa a ficar muito preocupada com o nível da bateria, se está ou não sem o carregador, se está em lugar sem o sinal do wifi… Outro aspecto é quando ela começa a sentir que está recebendo mensagens, pensa que curtiram algo dela ou postaram algo e precisa verificar o tempo tudo. Muitas vezes, não é”, descreve, sobre a “vibração fantasma”.

Marina Simas de Lima, mestre em psicologia clínica e terapeuta de casal e família, analisa a mudança “na forma de estar na vida” com a utilização exacerbada dos meios digitais. “Algumas pessoas que usam muito o celular não vivem mais. Tudo está no celular. Quando mandam consertar ou algo do tipo parece que tira um pedaço da pessoa. Uma sensação de descontrole, de que está perdendo coisas, de que não tem controle do que tá acontecendo no mundo. Tem gente que passa mal, sua frio. A tecnologia mudou demais a forma de existir”, considera uma das fundadoras do Instituto do Casal, com sede em São Paulo.

Pela convivência saudável

EFEITOS. Fique atento às consequências físicas (privação de sono, dores na coluna, no punho ou no braço, problemas de visão) e psicológicas (ansiedade, angústia, depressão) devido ao uso das tecnologias PRODUTIVIDADE. Verifique se o desempenho acadêmico ou profissional e as relações com família e amigos estão sendo prejudicados pelo uso de redes sociais, jogos e outras atividades digitais ENCONTROS. Prefira uma vida social real à virtual. Esteja realmente presente nos momentos com família, amigos e colegas de trabalho em detrimento do celular. Nessas ocasiões, coloque o celular no silencioso e dê atenção às pessoas CRÍTICAS. Esteja atento ao que família e amigos comentam a respeito da rotina de uso do aparelho OCUPAÇÃO. Dedique tempo para outras coisas, fazer atividades físicas, hobbies, família, amigos, outras atividades que não sejam na internet. Pratique exercícios físicos regularmente. PAUSA. Crie intervalos regulares durante o uso das tecnologias para fazer alongamentos no corpo. Fonte: Sites Instituto Delete e Dependência de Internet e entrevistas com os especialistas citados nas matérias

Fonte: O Povo Online

Tem insônia? Saiba o que comer quando o sono não vem

Já adiantamos que chocolate, café, refrigerante e chá-verde têm substâncias excitantes e devem ser consumidos com cautela.

Quando o assunto é dificuldade para dormir, o que não comer às vezes importa mais do que o que comer. Chocolate, café, refrigerante e chá-verde, por terem substâncias excitantes, deixam você contando carneirinhos, e eles completam uma maratona na sua mente sem que você pregue o olho.

“Dietas muitos restritivas em carboidrato também favorecem noites em claro”, avisa Laís Murta. Mas existe uma lista de alimentos que dão day off para os bichinhos e garantem um bom descanso. Saiba quais são eles:

Soja orgânica
Se você passou dos 40, talvez tenha percebido algumas mudanças no sono. A isoflavona do grão é uma aliada das mulheres no climatério (pré-menopausa), que, por causa da queda nos níveis dos hormônios, não dormem muito bem.

Vários estudos já comprovaram esse poder – o mais recente, publicado na revista Nutrition, mostrou: as voluntárias que consumiam duas ou mais porções diárias de soja apresentavam uma probabilidade duas vezes maior de dormir as tão sonhadas oito horas por noite do que as que rejeitavam o grão.

Kiwi, cereja, ameixa
Fonte de melatonina, são frutas que funcionam como um sedativo natural – reserve-as especialmente para a noite. Laís sugere bater 1/2 kiwi com 1 punhado de cerejas congeladas.

Leguminosas
São facilmente digeridas, além de ótimas opções de proteína vegetal e, por isso, perfeitas para substituir a carne no jantar. Consuma grão-de-bico, lentilha ou ervilha (1 concha média) ou, ainda, tofu orgânico (1 fatia fina) e cogumelos (1 xícara/chá).

Fonte: Boaforma

Distúrbios do sono podem ser provocados por diversas causas

Estresse e a preocupação são os maiores inimigos de uma boa noite de descanso. Problema afeta a saúde e prejudica a qualidade de vida

A rotina estressante e o ritmo frenético das grandes metrópoles provocam noites de insônia em muitas pessoas. A insônia é considerada uma epidemia global que ameaça a saúde e a qualidade de vida de até 45% da população, conforme pesquisa da Associação Mundial de Medicina do Sono. A instituição alerta que o mundo vive uma epidemia de restrição ao sono e os distúrbios são um fator de risco para transtornos mentais, como depressão e ansiedade. Atualmente, já foram identificados mais de 100 tipos de transtornos que comprometem o sono. Os mais comuns são insônia, os distúrbios respiratórios e de movimento.

A estimativa é de que quatro em cada 10 pessoas não dormem bem e o pior é que, na maioria dos casos, não é identificada como uma doença tratável, pois menos de 10% das pessoas que apresentam esses sintomas reconhecem isso como um problema de saúde que requer tratamento. Para muitos, dormir mal faz parte do cotidiano. Os distúrbios do sono podem ser causados por diversas causas, sendo o estresse e a preocupação os maiores inimigos, além do estímulo provocado pelos smartphone e tablets. A luz das telas de aparelhos eletrônicos é considerada um dos grandes vilões do sono atualmente. É que a luminosidade alta prejudica na hora de dormir, por comprometer a produção do hormônio responsável pelo sono. Segundo especialistas, a melatonina é que avisa ao cérebro que é hora de dormir, mas a luminosidade afeta a sua produção. Por isso, a recomendação de que o uso desses equipamentos seja interrompido uma hora antes de ir para a cama.

As olheiras expressivas, a aparência de cansaço, o mau humor, a baixa imunidade, a falta de concentração e a queda na produtividade são apenas algumas das consequências da insônia. O tecnólogo em rede de computadores Wesley Pereira Martins, de 25 anos, sofre com os transtornos de sono desde os 5. “Quando criança, tive alguns episódios de sonambulismo, de acordo com meus pais, e, por várias vezes, andei pela casa durante a noite. Depois de adulto, passei a ter insônia decorrente do transtorno de ansiedade,” conta.

Os transtornos comprometem, consideravelmente, o cotidiano das pessoas, afetando, principalmente, o trabalho, deixando o insone mais preocupado e estressado. Wesley Martins afirma que procurou ajuda médica quando observou que a insônia estava interferindo na sua produtividade profissional. “Fiquei bastante improdutivo, pois chegava para trabalhar extremamente exausto, não tinha paciência com as pessoas, sentindo muitas dores de cabeça”, relata.

Caso atípico, o artista plástico Aluizio Figueiredo tem muitas dificuldades para dormir. “É um problema comum em toda a minha família.” Seu sono é interrompido várias vezes durante a noite, período em que ele aproveita para ficar ligado nas redes sociais, o que, segundo especialistas, é um grande erro porque o estímulo provocado pela luminosidade da tela do computador e do smartphone afeta o sono. Apesar de dormir pouco, Aluizio considera que essa privação em nada afeta seu dia a dia. Ele sofre de bruxismo e reconhece que esse pode ser um dos problemas. “Meus dentes estão gastos, mas não consigo usar a placa recomendada para evitar danos dentários.” Por não afetar seu humor e sua produtividade, Aluizio não procurou ajuda médica. “Não me atrapalha em nada, acordo cedo, sou muito bem-humorado”, pontua.

Interrupção do sono prejudica a saúde
Os quatro estágios ao dormir devem ser cumpridos, sendo cada um deles responsável por uma atividade diferente. Criar rotina para que cada um desses ciclos se complete é fundamental

Para identificar e tratar distúrbios do sono, é preciso primeiro entender o que é sono e sua função no organismo humano. É um período de restauração da capacidade física e mental. Existem reações hormonais e neurológicas que só ocorrem durante esse período. São quatro estágios de profundidade do sono, denominadas no meio médico como fases não REM, e a REM, cada qual com sua função específica. Todos devem ser exercidos em sua devida proporção.

Felipe Sales, neurologista do Hospital Vera Cruz, de Belo Horizonte, explica que o sono tem quatro fases, sendo cada uma delas responsável por uma atividade diferente. “Durante as três primeiras fases do sono, o corpo economiza energia, promove a restauração de tecidos, o aumento da massa muscular e libera o hormônio de crescimento. Na última fase do sono, conhecida como fase REM, ocorre a consolidação da memória e do aprendizado“, explica. Quando alguém está dormindo e é acordado, volta, imediatamente, à fase um do sono, comprometendo o processo, e qualquer interrupção gera prejuízo a curto e longo prazos.

A primeira etapa do sono (N1) é mais superficial, como um cochilo. Depois vem a N2, intermediária, quando se aprofunda, e a N3 é o sono mais profundo, que é o mais reparador. A fase REM é considerada o momento de sonho. Esse ciclo se repete entre quatro e cinco vezes durante a noite, conforme Drusus Perez Marques, neurologista do Hospital Vera Cruz.

De acordo com José Mól, psiquiatra da Clínica de Psiquiatria e Medicina do Sono, dormir tem que vir na quantidade certa e com boa qualidade. “Em nossa sociedade, isso está cada vez mais em débito”, afirma. O padrão, segundo o especialista, é que recém-nascidos durmam entre 14 e 18 horas, crianças entre 12 e 14 horas, adolescentes entre nove e 11 horas, adultos de sete a nove horas, e idosos entre seis e sete. “Dormir menos que seis horas por noite pode levar a pessoa a desenvolver doenças graves, como diabetes, hipertensão e outras enfermidades físicas”, alerta. Algumas substâncias hormonais somente são produzidas pelo organismo durante o período do sono, e a má produção deles pode influenciar o metabolismo durante o dia.

DIFICULDADES

A produtora cultural Adriana Soares Pinheiro começou a sentir dificuldades em dormir aos 14 anos. “Demoro muito para dormir, preciso descansar antes de pegar no sono. Quando me deito, começo a pensar sistematicamente no que fiz e o que tenho que fazer no dia seguinte e demoro a relaxar. Depois, acordo duas a três vezes durante a noite”, conta. A cada despertar, o retorno ao processo de dormir é demorado. “No período da tarde sinto um cansaço incontrolável, mas não consigo dormir.”

Adriana procurou um clínico geral, que sugeriu a ela praticar atividades físicas. Ela conta que passou a fazer caminhada e natação, mas de nada adiantou. Passou a tomar um medicamento indicado pelo médico. “Foram três dias e apenas dormia por três horas e acordava com enjoo”, lembra-se. Adriana buscou um outro especialista que lhe receitou gotas de Rivotril: “Comecei com três gotas por dia e fui evoluindo até 26 e de nada adiantou”. Decidiu abandonar o tratamento, mas reconhece que a falta de sono a incomoda. Adriana bebe socialmente e não fuma, mas se diz “muito agitada”.

Afetar a qualidade do sono por períodos longos pode levar a consequências mais graves, como hipertensão, doenças coronárias, infarto, AVC e alterações do humor: “As pessoas apresentam irritabilidade intensa por coisas banais, sem condições de resolver pequenos problemas familiares, pessoais ou profissionais”, explica Regina Lopes. A longo prazo pode levar à depressão, alterações da libido e impotência sexual. Outras enfermidades ocorrem durante o sono, como o bruxismo (ranger de dentes), sonambulismo – quando a pessoa anda pela casa, conversa dormindo –, e a paralisia, que ocorre normalmente na fase REM.

TRATAMENTO

Para tratar esses distúrbios do sono, é necessário um diagnóstico feito por especialistas. Cada caso precisa ser estudado. Em algumas ocasiões, é necessário fazer a polissonografia, exame realizado para detecção de possíveis alterações no sono. Segundo Regina Magalhães Lopes, médica do Hospital Mater Dei, pneumologista e especializada em sono pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, no caso de insônia, a primeira recomendação são os tratamentos higienistas. “As pessoas precisam valorizar mais o sono.” O ambiente deve ser escuro, silencioso, ter uma temperatura agradável, evitar o uso aparelhos eletrônicos como celular, computador ou TV na hora de dormir. Não fazer exercícios físicos à noite ou ingerir comida de difícil digestão no período noturno também são medidas que podem contribuir para evitar a insônia, além da ioga, fazer acupuntura e sonoterapia. E em outros casos são indicadas ações medicamentosas de indução ao sono.

Para Regina Lopes, a insônia, em muitos casos, pode ser consequência de algum evento marcante que deu início ao processo: “O fim de um casamento, um filho que saiu de casa, uma perda familiar de qualquer natureza. É preciso identificar pontualmente o que desencadeou o processo e buscar uma forma de relaxamento”. Para distúrbios respiratórios é utilizado o BiPAP, aparelho adaptado a uma máscara, ligada à eletricidade, que mantém desobstruídas as vias aéreas.

A técnica de estimulação magnética transcraniana, indicada para tratamento de depressão, tem resultados significativos na melhora do sono, explica José Mól: “É a primeira manifestação positiva. São sessões diárias de 20 minutos, no córtex frontal esquerdo, área do cérebro que tem função diminuída durante o quadro depressivo. A estimulação provoca os neurônios a voltarem ao ritmo normal, sem qualquer contraindicação ou efeitos colaterais”. São de 10 a 20 sessões e recomendáveis também para grávidas, idosos e cardíacos.

Você sabia?

» Insônia engorda: alguns estudos apontam que não dormir normalmente faz com que algumas substâncias, como a grelina (hormônio produzido pelo estômago e que dispara a sensação de fome), aumentem, enquanto outras, como a leptina (que inibe o apetite e estimula o gasto de energia), diminuam.

» Mulheres sofrem mais: para cada homem insone, há três mulheres que também não conseguem dormir. Não se sabe exatamente os motivos, mas acredita-se que elas sejam mais propensas ao estresse do que os homens, o que impacta a qualidade do sono.

» A insônia é mais frequente em idosos do que em adultos jovens: pessoas mais velhas têm 1,5 mais dificuldade de dormir do que adultos com menos de 65 anos. Segundo a Associação Brasileira do Sono (ABS), a prevalência de insônia no idoso varia de 19% a 38%.

» Quanto mais doenças, mais insônia: tanto homens quanto mulheres que sofrem de doenças cardiovasculares, artrite, obesidade, enfisema pulmonar, asma, diabetes, doença renal ou câncer têm muito mais chances de se tornar insones.

» Somente 30% dos adultos com dificuldade de dormir procuram ajuda profissional para resolver o problema: dos que procuraram tratamento, apenas 19% foram ao consultório não especificamente para discutir as dificuldades para dormir, mas sim as consequências disso, como queda no rendimento e queixas sobre a saúde de modo geral.

Tipos de insônia

» Insônia ocasional: dura apenas alguns dias, mas pode aparecer novamente de tempos em tempos. É causada por estresse agudo ou mudanças ambientais, como mudanças no fuso horário ou hospitalização.

» Insônia aguda ou transitória: pode durar de uma a três semanas. A frequência está associada a fatores estressantes mais sérios, como perdas pessoais agudas, traumas emocionais, problemas prolongados no trabalho/família ou doenças graves.

» Insônia crônica: dura mais do que três semanas. A frequência é causada por doenças clínicas ou psiquiátricas (como insuficiência cardiovascular, hipertireoidismo, asma ou depressão). Pode estar ligada ao uso de certos medicamentos, ao uso abusivo ou dependência de drogas ilícitas e de álcool ou transtorno primário do sono.

Impactos

» Sonolência diurna
» Fadiga
» Falta de energia
» Irritabilidade
» Ansiedade
» Falta de concentração e de memória
» Dores musculares
» Depressão
» Acidentes de trabalho
» Diminuição da libido
» Risco de depressão

Tipos de tratamentos

» Não farmacológico: sem uso de remédios. Os médicos usam a terapia comportamental cognitiva (TCC) para analisar pontos importantes do cotidiano do paciente. Após uma avaliação psicossocial, o TCC é feito em seis a oito sessões em grupos de até 10 pessoas. Além de informações sobre o problema, os insones são apresentados a técnicas para adaptar alguns comportamentos que podem estar atrapalhando o sono. De modo geral, o tratamento demora até quatro meses.

» Farmacológico: podem ser hipnóticos, antidepressivos ou tranquilizantes. O problema são alguns efeitos adversos, como dor de cabeça, náuseas, tonturas e, em alguns casos, dependência. Basicamente, os remédios atuam em receptores ou sub-receptores cerebrais que estimulam o sono. A escolha do medicamento, contudo, deve ser feita apenas pelo médico, uma vez que a insônia pode estar associada a outras doenças, como depressão. Nesses casos, a insônia é um sintoma, e não a doença propriamente dita.

Fonte: Associação Brasileira do Sono

Ajudar os outros é um ótimo antídoto contra a depressão

O trabalho voluntário melhora a saúde mental, reduz a depressão e confere bem-estar, de acordo com investigadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido, que revisaram 40 estudos feitos ao longo de 20 anos.

 

A depressão é uma doença que atinge uma em cada cinco pessoas no mundo; 11,5 milhões de brasileiros, duas vezes mais mulheres do que homens.

A Organização Mundial da Saúde havia anunciado que em 2020 a depressão seria a primeira causa de adoecimento e de afastamento do trabalho, superando as complicações cardiovasculares. O prognóstico foi antecipado; isso vai acontecer em 2018. A razão é simples. “Muitos permanecem sem diagnóstico, com culpa ou medo do estigma e, pior, sob risco de suicídio”, afirma a psiquiatra Giuliana Cividanes, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Ela aponta a conturbada rotina e os hábitos contemporâneos como responsáveis pelo crescimento do número de casos. “As pessoas estão adoecendo menos pelos fatores genéticos e mais pelo jeito de viver”, explica a psiquiatra. Alimentação rica em produtos industrializados, sedentarismo, obesidade e stress desgastam as células, que liberam toxinas inflamatórias capazes de prejudicar várias partes do corpo, inclusive o cérebro.

Quanto mais cedo a depressão for detectada, mais rápida é a recuperação. Giuliana ressalta que nem sempre o deprimido consegue dar um passo sozinho para buscar tratamento. “Não adianta dizer a ele para ir ao médico. Um amigo ou familiar precisa marcar a consulta e levá-lo quando ele não tem forças para fazer isso.”

A mesma recomendação se estende às outras estratégias não convencionais. “Vá junto a uma aula de ginástica, por exemplo. Não espere a pessoa ter vontade”, sugere. A psiquiatra acredita que, se ela for levada a romper a dificuldade, a vontade aparece depois. “A repetição e o condicionamento ativam o cérebro, criando novas vias de comunicação entre os neurônios, o que pode ser transformador para quem se vê no fundo do poço.”

A ciência tem demonstrado que as atividades que põem o corpo em movimento e colocam a alma em conexão com o bem-estar, aberta para ajudar o outro, podem funcionar como remédio auxiliar. Evidentemente, só podem ser obtidos bons resultados quando esse tipo de ação está associado à prescrição correta de medicamentos, que corrigem a química cerebral, e à psicoterapia, que atua no sentido de modificar a forma de agir.É preciso recorrer a todos esses recursos para combater a doença.

Assim como meditar, o trabalho voluntário melhora a saúde mental, reduz a depressão e confere bem-estar, de acordo com investigadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido, que revisaram 40 estudos feitos ao longo de 20 anos. Maria José Bebiano, 55 anos, de São Paulo, foi beneficiada por incorporar o voluntariado no seu tratamento.

Formada em comércio exterior, ela parou de trabalhar quando nasceu a primeira filha. Notou que a criança não se desenvolvia no mesmo ritmo que as outras que conhecia. Quando esperava o segundo filho, veio o diagnóstico: a menina tinha paralisia cerebral. A terceira filha, que nasceu dez anos após a primeira, apresentou o mesmo problema.

“Não me deixei abater. Eu me achava a supermulher. As duas faziam acompanhamento na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), e Maria José via com bons olhos a ação das voluntárias. Algumas vezes até colaborou com elas. Toda a sobrecarga de cuidar dos filhos – o que ela fingia não ver – a derrubou na mudança que fez. O marido havida sido convidado para trabalhar no México. Lá foram eles. “Os meus familiares me ajudavam muito e, de repente, eu perdera esse apoio. Acabei entrando em parafuso”, recorda.

O primeiro sinal que o corpo deu foi a oscilação brusca da pressão arterial. Ela perdeu a vontade de sair de casa. Um médico diagnosticou depressão. A reação de negação fez Maria José responder ao profissional: “Não tenho tempo pra isso. É frescura”. Teria que procurar um especialista, mas resistiu.

Para ela, psiquiatras eram médicos de louco. Como o quadro só piorava, não lhe restou opção e acabou concordando. O profissional receitou antidepressivo e psicoterapia. “Fiz o tratamento, mas em alguns dias a tristeza me dominava”, conta. Parecia que algo estava faltando para enfrentar aquele período difícil, que se estendeu pelos nove anos em que morou fora.

Quando voltaram, assumiu de vez o trabalho voluntário. Sua função era receber quem chegava à AACD pela primeira vez. “Acolher e cuidar de pessoas fragilizadas me obrigou a sair de mim e olhar o outro. Fui revertendo a dor e a tristeza com alegria e gratidão”, afirma.

As filhas dela estão bem; a deficiência não as impede de ter uma vida normal. “Eu comando hoje 200 voluntários e não me imagino fazendo outra coisa. Essa é a minha terapia. Sou boa no que faço porque faço com amor.” O que aconteceu com Maria José pode ser entendido com a leitura daquele trabalho da Universidade de Exeter. Os resultados dele foram publicados em 2013 no periódico BMC Public Health. Segundo a psiquiatra Giuliana, o contato social levou Maria José a produzir mais neurotransmissores, como a serotonina, e a ativar os fatores neuroprotetores que diminuem a degeneração celular. “Somos seres sociáveis, não há nada mais eficaz para estimular o cérebro do que a interação com outro humano”, ressalta a médica.

Fonte: Cláudia

Dormir bem melhora a memória e o desempenho do cérebro; veja dicas

Você já acordou e colocou o despertador para tocar a cada 5 ou 10 minutos depois, achando que ficaria mais disposto e descansado?

A neurologista Andrea Bacelar explicou que esses minutinhos a mais pela manhã podem não ser eficientes para melhorar o descanso e a disposição – o ideal é, se for o caso, adiar o despertador apenas uma vez para um período maior de tempo, como 20 ou 30 minutos, e logo após acordar de uma vez.

Para uma noite de sono ser considerada boa, no entanto, é preciso quantidade e qualidade – em média, os adultos que não têm problemas de sono dormem cerca de 7 horas ou 7 horas e meia por noite, mas alguns podem precisar de mais tempo do que outros. Uma dica da neurologista é planejar o sono, ou seja, ter horários regulares para dormir e acordar, inclusive aos finais de semana.

A pediatra Ana Escobar destaca que dormir bem é importante porque melhora a memória e o funcionamento do cérebro – isso porque, nesse momento, ocorre uma restauração do sistema nervoso central, quando os neurônios conseguem passar informações entre eles adequadamente.

Com isso, no dia seguinte, o cérebro consegue armazenar mais informações e a mente fica mais atenta e concentrada. Por outro lado, quem dorme pouco pode começar a ter sintomas como irritabilidade, redução do desempenho, alteração da memória, alteração da concentração, alteração do humor e fadiga, por exemplo. Além de deixar o adulto sonolento, a privação do sono pode levar até mesmo à depressão.

No caso das crianças, a falta de sono pode prejudicar o rendimento no dia a dia, o apetite, o humor e até o ciclo do crescimento.

Segundo especialistas, os pequenos estão dormindo em média duas horas a menos do que deveriam dormir por dia, mas muitos pais ainda têm dificuldade e sofrem para colocá-los para dormir, como mostrou a reportagem da Danielle Borba, de Sorocaba, no interior de São Paulo.

Até os 2 anos, o ideal é que os bebês durmam 14 horas por dia; dos 2 aos 5 anos, 12 horas; dos 5 aos 10 anos, 12 horas somente durante a noite; e dos 11 aos 16 anos, de 10 a 11 horas também apenas à noite. O problema, segundo a neurologista Andrea Bacelar, é que os pais costumam ser flexíveis com os horários de dormir dos filhos porque chegam tarde em casa e acabam deixando a criança ficar acordada até mais tarde.

Uma das causas mais comuns da falta de sono nos pequenos é o abuso de cafeína e o uso excesso de aparelhos eletrônicos e, para piorar, alguns pais começam a colocá-los para dormir com eles, deixam a televisão ligada e incentivam outros hábitos que são ruins.

A dica, portanto, é ajustar o ritmo do sono da criança à rotina da família – no momento que ela adota um hábito regular de acordar e dormir, fica mais fácil para ela crescer e se tornar uma adulta com esse mesmo ritmo. É preciso ainda retirar os aparelhos eletrônicos durante a noite, reduzir o consumo de alimentos com cafeína durante a tarde, apagar as luzes da casa para a criança identificar que é hora de dormir, colocá-la na cama sempre no mesmo horário e tentar manter essas regras também nos finais de semana.

Parkinson e Alzheimer
Parkinson e Alzheimer são doenças crônicas, irreversíveis, de aparecimento lento e progressivo, que afetam o sistema nervoso central em pessoas, em média, com mais de 60 anos. Elas causam uma perda progressiva de neurônios específicos, o que compromete a produção e a função de certos neurotransmissores.

As duas doenças alteram o sono e podem ser alteradas também pela falta de sono – é uma via dupla, como explicou a neurologista Andrea Bacelar. Por isso, é importante melhorar a qualidade do sono dos pacientes para reduzir as doses dos medicamentos usados nos tratamentos.

No caso do Alzheimer, a primeira e principal queixa é o esquecimento gradual, principalmente para fatos recentes, e também a mudança de comportamento. Muitas vezes, alterações do humor também já podem indicar o início da doença. Com o tempo, esse esquecimento passa a ser global e outras funções mentais também se comprometem, como a fala, escrita, habilidade para cálculos e orientação – até que o paciente não consiga mais realizar funções simples do cotidiano. A personalidade também se modifica, podendo haver agressividade, apatia, confusão mental, depressão e alucinações.

Já no Parkinson, o primeiro marcador da doença é um distúrbio chamado Transtorno Comportamental do Sono Rem, quando o paciente grita, bate e cai da cama, reagindo a um sonho. De acordo com as médicas, 50% das pessoas que têm Mal de Parkinson tem apneia do sono e mais de 50% têm insônia.

 

Fonte: Bem Estar