Exercício pode proteger de depressão, aponta estudo

06Exercício pode proteger de depressão, aponta estudo

Pesquisa comprovou o potencial da atividade física para prevenir o transtorno. Mais de 300 milhões sofrem de depressão.

Desordem que atinge cerca de 300 milhões de pessoas de todas as idades no mundo, a depressão não é de hoje alvo de pesquisas que buscam possíveis formas de preveni-la. E uma das linhas de investigação é o impacto que podem ter as atividades físicas. Um novo trabalho publicado agora em janeiro, reforça a estratégia.

A pesquisa teve como premissa uma abordagem genética para avaliar o potencial de proteção que fazer algum tipo de exercício pode ter contra o risco de desenvolver depressão.

Para fazer a análise, os pesquisadores, liderados por Karmel Choi, da Unidade de Psiquiatria e Genética do Neurodesenvolvimento do Hospital Geral de Massachusetts, nos Estados Unidos, identificaram e cruzaram variantes genéticas de resultados de estudos de larga escala feitos para atividade física no Reino Unido e para depressão em um consórcio global.

No caso dos exercícios, foram considerados dois levantamentos: um com 377 mil pessoas, que preencheram relatórios sobre seu nível de atividade; e um outro com 91 mil pessoas que usaram sensores de movimento no pulso, conhecidos como acelerômetros. O banco de dados de depressão incluía informações de 143 mil pessoas com e sem a doença.

Os resultados do trabalho, publicado na revista Jama Psychiatry, indicaram que a atividade física registrada no acelerômetro – mas não a atividade autorreferida – parece exercer uma potencial proteção contra o risco de desenvolver depressão.

Para os autores, as diferenças nos efeitos entre os dois métodos de mensuração da atividade física podem ser resultado não apenas de imprecisões nas memórias dos participantes – ou do desejo de se apresentarem de forma positiva. Mas também do fato de que leituras objetivas captam outros aspectos além do exercício planejado – como caminhar até o trabalho, subir escadas, cortar grama, por exemplo – que os participantes podem não reconhecer como atividade física.

Proteção

“Em média fazer mais atividade física parece proteger contra o desenvolvimento da depressão”, comentou Choi em comunicado à imprensa. E qualquer atividade física, explica o pesquisador, parece ser melhor que nenhuma.

“Nossos cálculos aproximados sugerem que substituir um tempo sentado por 15 minutos de uma atividade de bombear o coração, como correr, por exemplo, ou fazer uma hora de atividade moderadamente vigorosa, é suficiente para produzir um aumento médio nos dados do acelerômetro que estava ligado a um menor risco de depressão”, complementou.

Ele explica, porém, que uma coisa é saber que a atividade física poderia ser benéfica para prevenir a depressão, outra é realmente fazer com que as pessoas se tornem mais ativas. O autor diz que mais estudos precisam ser feitos para descobrir quais são as melhores recomendações para os diferentes tipos de pessoas com diferentes perfis de risco à doença.

Fonte: UOL (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo)
Edição: C.S.

Está difícil decidir? Use a razão e a intuição, mas nunca o impulso

A PRIMEIRA LIÇÃO QUE PRECISA SER ASSIMILADA É QUE TODOS NÓS SOMOS MUITO MENOS RACIONAIS DO QUE IMAGINAMOS.

Escolher uma profissão, mudar de emprego, casar-se ou não e escolher um sócio são apenas alguns exemplos de decisões que podem mudar a vida de alguém de forma definitiva. Nessas horas, há quem defenda a precisão científica, que envolve fazer pesquisa e analisar tudo nos mínimos detalhes. Outros acreditam no poder da intuição ou até do sexto sentido.

Para sorte de quem está num impasse, e principalmente para milhares de profissionais que precisam fazer escolhas importantes todos os dias, hoje existe um campo multidisciplinar de estudos dedicados a essa arte. Conheça algumas conclusões e veja se elas podem facilitar sua escolha:

Entenda como você funciona

A primeira lição que precisa ser assimilada é que todos nós somos muito menos racionais do que imaginamos, como bem ensina o psicólogo Daniel Kahneman, Nobel de Economia, no livro “Rápido e Devagar: duas formas de pensar”. O primeiro modo, que ele chama de “Sistema 1”, é o automático ou intuitivo, que surge em menos de um segundo. Quando você lê a frase “1 + 1 = 3”, você na hora percebe que a resposta está errada. “Tudo que repetimos por uma vida, se torna um caminho entre os neurônios que se fortalece, tornando-se um processo automático”, explica a psicóloga Ines Cozzo, consultora especialista em processos de neuroaprendizagem e neurobusiness.

Já se alguém perguntar quanto é 14 x 32, você terá que acessar o “Sistema 2”, que envolve um tempo maior, um cálculo ou análise aprofundada. Você já deve ter pensado rápido que usar o Sistema 2 é a única maneira de evitar erros numa decisão importante. Mas apesar de nos gabarmos do uso da razão, somos muito mais dominados pelo Sistema 1. Isso acontece por causa do viés: todos nós tendemos a pensar ou agir de determinada maneira, dependendo da nossa história, nossa criação e nossas experiências diárias.

Lista de prós e contras sempre
Fazer anotações sobre as vantagens e desvantagens de fazer uma mudança ou contratar determinada pessoa é uma forma de colocar a razão para funcionar. “O exercício da escrita exige que você elabore melhor o conteúdo mental e faça conexões entre as informações”, concorda a psicóloga clínica Nina Taboada, especialista em psicologia cognitivo-comportamental. Mas não esqueça de incluir o peso que cada item pode ter para você.

Não confunda “feeling” com impulso

A tal da intuição, ou “feeling”, até pode ter uma explicação sobrenatural para alguns, mas, segundo os psicólogos, ela nada mais é que um conjunto de pensamentos acessados de maneira inconsciente. É como um caminho não racional para o conhecimento que você acumulou ao longo das suas experiências de vida. “Mas é preciso diferenciar a intuição do comportamento impulsivo”, alerta Taboada. Como fazer isso? A psicóloga tem duas dicas: a primeira é que você precisa estar com a cabeça no momento presente, um estado que é chamado de atenção plena (ou “mindfulness”). Se você tomou a decisão só para se livrar daquilo logo, porque tinha vários outros problemas para resolver, é possível que tenha decidido por impulso. O segundo e principal conselho dela: “A intuição é serena”. É uma certeza que gera tranquilidade.

Ouça os outros e busque o diferente
A psicóloga social Emily Pronin, da Universidade de Princeton (EUA), em parceria com os colegas Daniel Lin e Lee Ross, cunhou o termo “viés de ponto cego” para se referir à dificuldade que todos temos de perceber quando somos tendenciosos, o que já foi verificado em diversos experimentos. De acordo com ela, apesar de não sermos sempre capazes de identificar essa característica em nós mesmos, somos rápidos para apontar um viés nos outros. Por isso, ouvir outras pessoas sempre é uma boa ideia. Mas é importante contar com vozes diferentes e levar em conta os olhares enviesados. […] Tome cuidado, no entanto, com o efeito manada, também chamado de “viés de convergência”. Kahneman ensina, em seu livro, que, em reuniões de trabalho, é comum as pessoas concordarem com o que a maioria diz. Por isso ele sugere que cada um escreva um breve resumo de sua posição num papel antes de cada discussão começar, para manter a diversidade das opiniões.

Post-mortem ou pro-mortem
Quando uma pessoa morre de causa desconhecida, o corpo vai para autópsia e o legista tenta descobrir qual foi a cascata de eventos que levou àquele fim. O psicólogo norte-americano Gary Klein, autor de vários livros sobre tomada de decisão, como “The Power of Intuition” (O Poder da Intuição), é conhecido por um método de avaliação de risco bastante utilizado em empresas chamado “post-mortem”. Ele propõe que, após decidir por um projeto ou uma ação, os envolvidos façam um exercício mental de visualização, como se estivessem diante de uma bola de cristal. Eles devem imaginar que estão vendo o futuro e a decisão deu errado. Então a equipe precisa investigar, como um legista, possíveis causas por trás da falha. O objetivo prever possíveis riscos que não foram levados em consideração antes, quando todos estavam empolgados com a ideia. Mais recentemente, o psicólogo escreveu um artigo sobre um possível complemento para o exercício: incluir uma “viagem ao futuro” para analisar as causas de um suposto sucesso do plano.

2 + 2 nem sempre será 4
Assim como a intuição não é garantia de um final feliz, usar muito a razão, ou seja, pensar e ter dados demais pode atrapalhar, ainda mais quem é perfeccionista. Por isso é bom ter sempre em mente que, na vida, nada é 100% seguro. “É importante procurar mudar a aprendizagem (uma cadeia neural), reforçada pelo modelo escolar, de que para um dado problema só existe uma opção correta, dentre quatro ou mais”, adverte Ines Cozzo. “O segredo do sucesso não está em desvendar o futuro; está em preparar-se para lidar com qualquer futuro, da melhor forma possível, a partir da decisão tomada”, pondera.

Fonte: UOL (Viva Bem)

Conversar faz bem para a saúde?

A consequência do diálogo virtual vazio e sem o componente humano faz com que sentimentos como empatia, compaixão ou solidariedade fiquem mais difíceis de ser vividos e, por conseguinte, tornam-se menos intuídos ou aprendidos.

 

Uma cena corriqueira nos dias de hoje é encontrarmos pessoas juntas e ao mesmo tempo separadas, com os olhos fixos nos seus respectivos celulares. De tão comum, esta cena não chama mais a atenção de ninguém. Virou rotina nos restaurantes, bares e cafés. Resultado: há menos conversa presencial, “olhos no olhos”. Muitos podem argumentar que não veem nenhum problema nisto, posto que se o objetivo for conversar com outra pessoa, tanto faz se este diálogo acontecer na forma real ou virtual.

Mas não é tão simples assim, basicamente por duas razões principais:

– A primeira delas reside no fato de que conversar virtualmente, por meio de mensagens nas plataformas digitais, nos tira a oportunidade de ouro de reconhecer o outro pelas expressões corporais que, muitas e muitas vezes, espelham de uma maneira muito mais realística a verdadeira essência das ideias que aquela pessoa quer exprimir. Em outras palavras, a expressão facial não mente. Ao contrário, é capaz de revelar o verdadeiro conteúdo que, por qualquer razão, se deseja omitir. Quantas vezes já ouvimos algo do tipo: “esta roupa está linda em você” e entendemos que, no fundo, o interlocutor a considera um verdadeiro horror. Digitar “seu cabelo está maravilhoso”, seguido por um coração vermelho é muito diferente de encarar uma pessoa que está com o cabelo que você considera muito feio e dizer “seu cabelo está maravilhoso”, olhando-a nos olhos. A conversa presencial, portanto, nos torna capazes de aprender a intuir a essencial linguagem corporal dos sentimentos.

– A segunda razão baseia-se no fato de que conversar com alguém nas redes sociais, principalmente, ou no WhatsApp pode significar conversar com um personagem criado pela pessoa, e não com a pessoa real, cheia de defeitos e imperfeições. Alguém conhece alguém que, em seu perfil pessoal, não seja a pessoa mais maravilhosa, cercada dos melhores amigos, que come os pratos mais incríveis, que faz as viagens mais maravilhosas? É difícil encontrar, no mundo virtual, um humano com problemas reais com os quais nós todos nos identificamos.

A consequência deste diálogo virtual vazio e sem o componente humano faz com que sentimentos como empatia, compaixão ou solidariedade fiquem mais difíceis de ser vividos e, por conseguinte, tornam-se menos intuídos ou aprendidos.

O sentimento de solidão presencial pode ser uma das razões pelas quais algumas morbidades estejam crescentes nos dias de hoje. Não espanta, portanto, que o distúrbio de ansiedade atinja hoje, segundo estudos, mais ou menos 300 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, estima-se que haja 19 milhões de pessoas, de todas as idades, com distúrbio de ansiedade. As causas para a crescente ansiedade contemporânea são, sem dúvida, multifatoriais. Mas a sensação de solidão certamente compõe a gama de fatores desencadeantes.

Conversar presencialmente, portanto, faz bem para a saúde. Aprendemos a nos conhecer melhor com os outros, nos identificamos com seus problemas, exercitamos a capacidade de expressar nossos sentimentos de uma forma mais sincera e, principalmente, somos quase que “forçados” a ouvir pensamentos e ideias divergentes das nossas. Este aprendizado nos faz melhores pessoas quando entendemos que respeitar divergências pode engradecer o espírito.

A sabedoria popular nos diz que “quem canta seus males espanta”. Quem conversa certamente também consegue “espantar” muitos e muitos males.

Ana Escobar – Médica pediatra e professora na Faculdade de Medicina da USP
Fonte: G1

Diminuição do uso de redes sociais reduz depressão e solidão, diz novo estudo

No primeiro estudo experimental sobre Facebook, Snapchat e Instagram, pesquisadora americana mostrou um nexo causal entre o tempo gasto nas plataformas e a diminuição do bem-estar.

A ligação entre o uso de redes sociais e depressão tem sido discutida há anos, mas uma conexão causal nunca foi provada. Pela primeira vez, uma pesquisa da Universidade da Pensilvânia, baseada em dados experimentais, conecta o Facebook, Snapchat e o uso do Instagram à diminuição do bem-estar.

A psicóloga Melissa G. Hunt publicou suas descobertas no “Journal of Social and Clinical Psychology” divulgado na quinta-feira (8).

Poucos estudos anteriores tentaram mostrar que o uso das redes sociais prejudica o bem-estar dos usuários, e aqueles que tentaram colocaram os participantes em situações irreais ou tinham escopo limitado, pedindo que os participantes abandonassem completamente o Facebook ou confiando em dados de autorrelato, por exemplo.

“Nós nos propusemos a fazer um estudo muito mais abrangente e rigoroso, que fosse também mais ecologicamente válido”, diz Hunt, diretora de treinamento clínico do Departamento de Psicologia da Universidade da Pensilvânia.

Para esse fim, a equipe de pesquisa projetou sua experiência para incluir as três plataformas mais populares entre alunos de graduação e coletou dados de uso automaticamente rastreados pelos iPhones através aplicativos ativos, não aqueles que trabalham plano de fundo.

O estudo
Cada um dos 143 participantes completou uma pesquisa para determinar o humor e o bem-estar no início do estudo, além de fotos compartilhadas de suas telas de bateria do iPhone para oferecer uma semana de dados de redes sociais básicos. Os participantes foram então aleatoriamente designados para um grupo de controle, no qual os usuários mantiveram seu comportamento típico de uso de redes sociais, ou um grupo experimental que limitou o tempo no Facebook, Snapchat e Instagram para 10 minutos por plataforma por dia.

Durante as três semanas seguintes, os participantes compartilharam capturas de tela da bateria do iPhone para dar aos pesquisadores as estatísticas semanais de cada indivíduo. Com esses dados em mãos, Hunt analisou sete medidas de desfecho, incluindo medo de estar perdendo algo, ansiedade, depressão e solidão.

Hunt salienta que as descobertas não sugerem que os jovens de 18 a 22 anos parem completamente de usar as redes sociais. Na verdade, ela construiu o estudo justamente para evitar o que considera uma meta irrealista. O trabalho, no entanto, fala com a ideia de que limitar o tempo de tela nesses aplicativos não prejudica.

“É um pouco irônico que reduzir seu uso de redes sociais na verdade faça você se sentir menos solitário”, diz ela. Mas quando ela se aprofundou um pouco mais, percebeu que as descobertas fazem sentido.

Como esse trabalho em particular apenas analisou o Facebook, o Instagram e o Snapchat, não está claro se ele se aplica amplamente a outras plataformas de rede social. Hunt também hesita em dizer que essas descobertas se repetem para outros grupos etários ou em contextos diferentes. Essas são perguntas que ela ainda espera responder, incluindo um estudo sobre o uso de aplicativos de namoro por estudantes universitários.

Apesar dessas ressalvas, e embora o estudo não tenha determinado o tempo ideal que os usuários devem gastar nessas plataformas ou a melhor maneira de usá-los, Hunt diz que as conclusões oferecem duas conclusões relacionadas que não poderiam prejudicar nenhum usuário de rede social.

Por um lado, reduzir as oportunidades de comparação social, diz ela. “Quando você não está ocupado sendo sugado pelas redes sociais do clickbait, você está gastando mais tempo em coisas que são mais propensas a fazer com que você se sinta melhor sobre sua vida.”

Fonte: Bem Estar

Dorme menos de 6 horas por noite? Estudo indica que você tem mais chances de ter problemas de saúde

Quem dorme menos de 6 horas tem maior risco de aterosclerose, afirma pesquisa.

Um estudo divulgado nesta segunda-feira (14) pode tirar ainda mais o sono de quem já dorme pouco. De acordo com os pesquisadores, quem dorme menos de seis horas por noite tem maior risco de aterosclerose – um acúmulo de placas nas artérias por todo o corpo – em comparação com aqueles que têm sono considerado normal, ou seja, de sete a oito horas por noite.

A pesquisa foi publicada no “Journal of American College of Cardiology”. Doença vascular crônica e progressiva, que geralmente aparece em adultos e idosos, a aterosclerose é uma inflamação da camada mais interna das artérias, também chamada de túnica íntima – justamente a parte que fica em contato direto com o sangue. Essa inflamação ocorre como consequência do acúmulo e oxidação de lipoproteínas nas paredes arteriais.

“Este é o primeiro estudo a mostrar que o sono objetivamente medido é independentemente associado à aterosclerose em todo o corpo, não apenas no coração”, afirma o professor e nutricionista José Ordovás, pesquisador do Centro Nacional de Investigações Cardiovasculares Carlos III, de Madri, e diretor de nutrição do Centro de Pesquisa de Nutrição Humana Jean Mayer USDA Envelhecimento na Universidade Tufts, em Massachussetts.

Ele lembra que estudos anteriores já mostraram que a falta de sono aumenta o risco de doenças cardiovasculares, bem como favorecem os fatores de risco para problemas cardíacos – como alterações nos níveis de glicose, pressão arterial, inflamações e obesidade.

Considerados os fatores de risco tradicionais para doenças cardíacas, o estudo mostrou que os que dormem menos de seis horas têm 27% mais chance de ter aterosclerose em todo o corpo do que aqueles que dormem de sete a oito horas. E aqueles que têm um sono de má qualidade estão 34% mais propensos a ter a doença em comparação aos que dormem bem – o estudo avaliou a qualidade do sono considerando quantas vezes por noite a pessoa acordou e a frequência de movimentos enquanto estava dormindo.

“É importante destacar isso: um sono mais curto, porém de boa qualidade, pode superar os efeitos prejudiciais de sua menor extensão”, comenta o cardiologista Valentin Fuster, diretor-geral do Centro Nacional de Investigações Cardiovasculares Carlos III e editor-chefe do “Journal of American College of Cardiology”.

Metodologia
Os pesquisadores monitoraram a rotina de 3.974 adultos espanhóis, todos empregados em uma mesma instituição bancária – ou seja, com rotinas profissionais semelhantes. O cardiologista Fuster realizou exames de imagem para detectar a prevalência e as taxas de progressão de lesões vasculares.

Os participantes da pesquisa tinham idade média de 46 anos e todos nunca haviam sido diagnosticados com problemas cardíacos. Dois terços eram homens. Todos utilizaram um aparelhinho para monitoramento constante de atividades e movimentos, durante sete dias. Este dispositivo mediu a rotina de sono deles de uma maneira objetiva e precisa – ao contrário de pesquisas que se baseiam em questionários declaratórios.

Eles foram divididos em quatro grupos: os que dormiam menos de seis horas, os que dormiam de seis a sete horas, os que dormiam de sete a oito horas e os que dormiam mais de oito horas. Todos os participantes realizaram um check-up do coração: ultrassonografia cardíaca 3D e tomografia computadorizada cardíaca.

Segundo os pesquisadores, a maneira como foram determinados os participantes deste estudo é o grande diferencial em relação a outras pesquisas relacionando sono e saúde do coração. Primeiramente, pelo tamanho da amostragem, maior do que o usual. Outra característica interessante foi o fato de que este estudo focou uma população originalmente saudável, enquanto pesquisas assim costumam selecionar pessoas com apneia do sono ou outros problemas.

Outras conclusões
Se dormir pouco pode ser ruim, exagerar também não é um bom hábito. Embora entre os participantes fosse pequeno o número daqueles que dormem mais de oito horas, os pesquisadores concluíram que esse comportamento também estaria associado ao aumento na aterosclerose, sobretudo no caso das mulheres.

O estudo também concluiu que consumo de álcool e cafeína está ligado a um sono de má qualidade. “Muitas pessoas acham que o álcool é um bom indutor de sono, mas há um efeito que precisa ser levado em conta”, afirma Ordovás. “Se uma pessoa toma bebidas alcoólicas, ela pode acordar depois de um curto período de sono e ter dificuldade em voltar a dormir. E, quando consegue, geralmente é um sono de má qualidade.”

O café, por sua vez, é daquelas substâncias que ora aparecem como vilãs, ora como benéficas para a saúde. De acordo com Ordovás, mesmo que algumas pesquisas mostrem que ingerir a bebida pode trazer efeitos positivos ao coração, tudo depende da maneira como a pessoa o metaboliza. “Dependendo da genética, se você metabolizar o café mais rapidamente, isso certamente não afetará seu sono”, comenta. “Mas se você metabolizá-lo lentamente, a cafeína pode afetar o sono e aumentar as chances de doenças cardiovasculares.”

“A medicina está entrando em uma fase fascinante. Se até agora tentávamos entender as doenças cardiovasculares, estudos como este nos ajuda a começar a entender a saúde cardiovascular”, compara Fuster.

 

Fonte: g1.co

Dormir mal pode aumentar o risco de ter depressão

Segundo especialistas, quem dorme pouco engorda, fica mais doente, além de deixar de liberar hormônios importantes para o corpo, como a melatonina, a testosterona e o GH, o hormônio do crescimento.

A insônia é um problema enfrentado por muitas pessoas e os efeitos refletem na qualidade de vida, saúde e bem estar. Segundo especialistas, quem dorme pouco engorda, fica mais doente e pode aumentar o risco de ter depressão. A pessoa que não chega em fases de sono importantes, deixa de liberar hormônios como o GH ( hormônio do crescimento), a melatonina e a testosterona. Para falar sobre o assunto, o Bem Estar desta terça-feira (20), recebeu o endocrinologista Bruno Halpern e a professora do sono da Unifesp, Mônica Levy Andersen.

Higiene do sono
Se preparar para dormir pode contribuir muito para a produção da melatonina e a melhoria da qualidade do sono. Dormir bem significa reordenar o organismo para a melhora das funções do corpo, ajudando em vários processos. Cuidados simples, como deixar as luzes de casa mais baixas, evitar usar equipamentos que refletem muita luz como celulares, tablets e TV, podem ajudar. Deve-se também evitar discussões ou atividades estressantes e realizar atividades prazerosas, que proporcionem relaxamento ao corpo e da mente.

Dicas para a higiene do sono:
Desligar as luzes da casa
Evitar usar equipamentos como tablets e TV
Evitar discussões
Realizar atividades prazerosas

Melatonina

A função principal desse hormônio é mandar o recado para o cérebro de que já é noite. A melatonina também tem funções antioxidantes e anti-inflamatórias já que interfere em todo o metabolismo. Por melhorar o sono, a melatonina influencia na desaceleração do envelhecimento, na capacidade cognitiva e na manutenção da memória.
Pouca melatonina pode reduzir o gasto energético, que contribui para o aumento de peso e aumenta problemas relacionados à obesidade, além de aumentar o risco de diabetes. Mas esse hormônio não deve ser usado sem a orientação médica e não é indicado para crianças.

Fonte: Bem Estar

A felicidade mora nas relações

Isolamento social é mais perigoso que fumar,  ser hipertenso ou nunca praticar atividade física. Conversar olho no olho é fundamental.

Encontrar os amigos com regularidade, estar perto da família ou mesmo cultivar breves conversas com o vizinho enquanto levamos o cachorro para passear pode nos trazer mais alegria e mais saúde do que a gente imagina.

Na conversa com a psicóloga canadense Susan Pinker sobre o poder que as conexões sociais têm de nos trazer pertencimento e qualidade de vida não há como não se impressionar; isolamento social, ela me diz, é mais perigoso que fumar, ser hipertenso ou nunca praticar atividade física.

Em época de tanta conectividade — afinal, o WhatsApp apita a todo instante, no Instagram curtimos e seguimos a vida de tanta gente —, ela diz que uma conversa olho no olho ainda é essencial. Um abraço, insubstituível. Depois de anos de pesquisa, inclusive nos vilarejos da Sardenha, cheios de pessoas centenárias, Susan colocou no papel todas essas descobertas e publicou The Village Effect: Why Face to Face Contact Matters, ainda sem tradução no Brasil. Ela esteve por aqui para divulgar essas ideias a convite do Fronteiras do Pensamento e também tem viajado o mundo para falar que o que mais importa são mesmo as relações.

Você diz que isolamento social é um problema de saúde. Desde quando isso tem acontecido?

Isolamento social sempre foi um problema porque homens são animais feitos para se desenvolverem e conviverem juntos. Há 10 mil anos vivemos em grupos, e a pior punição possível é excluir um dos membros. Ainda hoje, quando uma turma quer fazer alguém sofrer, ela o exclui. Nas escolas, não sentam na mesma mesa. Então a exclusão afeta nosso corpo, nosso cérebro, e, agora, vivemos um momento em que as pessoas estão vivendo muito mais sozinhas que 40 anos atrás. Seja por trabalho, seja por estudo, mais gente tem se visto só. E isso influencia nosso risco de estresse e até de ter depressão.

Viver só faz mal à saúde em muitos aspectos?

Sim. Ao longo dos anos essa solidão traz um impacto à saúde. Por exemplo, se você se sente sozinha ou vive sozinha, ou passa muito tempo só, você tem 30% mais chances de morrer em comparação com pessoas com uma vida social ativa. É mais perigoso estar isolado e se sentir sozinho que fumar diariamente um maço de cigarros, ou nunca praticar atividade física. Ou mesmo que ter hipertensão e não tomar remédios. Pessoas que se comprometem a estar com outras aumentam sua expectativa de vida.

De que tipo de relações estamos falando: vizinhos, família, amigos…?

Dois tipos diferentes: seus amigos próximos e família, e pessoas da comunidade. É preciso ter ao menos três pessoas com as quais podemos contar em momentos difíceis, pessoas para quem você pode ligar pedindo ajuda. Essa era a média nos anos 1980, por exemplo; hoje, são duas ou menos. Estamos nos tornando mais solitários. Uma coisa que me surpreendeu é que precisamos de pessoas que achamos não precisar. Conversas com a vizinhança enquanto leva seu cachorro para passear, ou com colegas da igreja, do trabalho voluntário, do time de futebol também são muito importantes. Ter contato com uma diversidade de pessoas é muito benéfico.

Vivemos um momento em que as pessoas estão vivendo muito mais sozinhas que 40 anos atrás.

Inclusive pequenas conversas com gente desconhecida, por exemplo?

Sim! Eu nunca estive no Brasil antes, estou aqui há quase uma semana. E o que eu já percebi é que aqui não se tem receio em falar com estranhos. Então, se você está em um restaurante, no ponto de ônibus, no avião, essas conversas acontecem. E elas são muito importantes! Mesmo que você nem veja essas pessoas novamente. São importantes porque nos ajudam a relaxar, e porque essa variedade de visões diferentes, idades, classes sociais, referências culturais também faz a diferença. Em um momento em que as pessoas estão cada vez mais polarizadas, ter esse contato é muito valioso. Ajuda a proteger o nosso sistema biológico. E tem o benefício da interação, de se sentir de certa maneira aceito. Eu estava no avião indo de Porto Alegre para o Rio de Janeiro. E sentei entre duas pessoas. Minha intenção era aproveitar aquela hora para trabalhar, mas não foi o que aconteceu. Essas pessoas queriam conversar. E, no final do voo, nós estávamos amigas. É revigorante. Mas acho também que a violência tem deixado as pessoas com receio de manter esse contato. Sair nas ruas e falar com estranhos é algo que não fazemos nem tanto por falta de interesse, mas por não sentirmos que é seguro.

É preciso ter ao menos três pessoas com as quais podemos contar em momentos difíceis.

Você diz que o contato olho no olho é muito importante. Por quê?

Porque os olhos expressam emoção e também interesse. Então estamos conversando e sou olhada nos olhos, inconscientemente sinto que você está interessada em mim, no que estou falando. E não é só o olhar, mas o jeito que responde a mim fisicamente, a entonação. São sinais que dizem que o falante é importante. Então isso nos traz o sentimento de sermos valorizados e as relações se aprofundam. E, quando alguém te olha nos olhos, isso também traz o sentimento de que você pode confiar nessa pessoa. Imagine que você está conversando comigo, mas eu estou olhando para o lado. O senso de que pode confiar em mim fica abalado. Somos capazes de ler as emoções através dos olhos, nem precisamos do rosto todo. Em ligações por Skype ou Facetime, isso é um problema, porque não há contato visual. A câmera está no topo. Então você olha para a pessoa na tela, mas ela não está olhando para você, vocês não estão se olhando. Não há contato olho no olho. A tecnologia nos ajuda a falar, mas a comunicação não é só sobre o conteúdo, existem outros aspectos implícitos em uma conversa.

E quando a internet é a única forma de comunicação entre amigos que moram longe? Ela não é importante?

Ela é bem importante, e é um jeito de manter o relacionamento vivo até que se possa ver a pessoa novamente. Então você tem essas pessoas, você as conhece. Você não está conversando com estranhos. Vocês já tem um relacionamento à parte  disso. Então a internet ajuda a sustentar isso. Mas é importante que vocês se vejam em um determinado tempo, senão a amizade pode morrer. É como uma planta, que precisa de água, senão morre. Contato é necessário para que as coisas continuem. O legal da internet é que ela faz essa intermediação, só que não serve para repor certas coisas. Se você não pode ver, é uma boa ajuda. Mas não substitui o contato pessoal. Porque a relação não é só sobre o conteúdo do que se diz, também tem o aspecto da presença. É muito mais difícil de transmitir confiança, empatia e solidariedade através da internet. Se alguém está sofrendo de depressão, uma conversa pela internet muitas vezes não vai ser suficiente, mais eficaz que um abraço, por exemplo. O contato físico é essencial, a mensagem que eu transmito face a face, a presença, a sensação de ter alguém ali por você.

Quais efeitos negativos, por exemplo, de manter só relações virtuais?

Acho que há um certo abuso, por exemplo, por parte de pessoas sem habilidades sociais. Elas preferem se comunicar pela internet porque não precisam olhar nos olhos, demonstrar empatia, não precisam ler emoções. É mais fácil porque só precisam digitar. Então é muito comum, ao conhecer uma pessoa depois de teclar com ela, notar que ela é totalmente diferente. E de maneira geral a internet nos dá outra sensação. Por exemplo, eu não sou alta, e já encontrei pessoas que me conheciam pela internet e ficaram surpresas ao verem que sou baixinha. Disseram “Nunca pensei que você fosse tão pequena”. Por quê? Provavelmente porque elas veem minhas opiniões tão fortes, meus posicionamentos, e imaginam alguém  fisicamente assim também. Temos diferentes expectativas através das redes. E é por isso, por exemplo, que aplicativos de paquera podem trazer boas surpresas, mas também podem ser bem mentirosos. Outro desafio é expressar emoções, e sermos lidos da mesma forma com que escrevemos. Nossas próprias emoções influenciam o jeito com que certo conteúdo nos afeta. Às vezes você nem está sendo rude, mas, se quem lê interpreta a partir desse sentimento, a comunicação tem um conflito.

Ao trocar ideias com mais gente, coisas boas acontecem.

Ainda em relação a doenças, você diz que até mesmo um tratamento contra o câncer pode ser afetado pelas nossas conexões.

Sim, o câncer e outras doenças. As relações são importantes durante o tratamento porque o que aprendemos recentemente é que contato social afeta os hormônios, a química que circula no cérebro, no sangue, e isso influencia a imunidade, o sistema imunológico. Quando eu vejo você, eu toco você, coisas acontecem em meu corpo, em meu sistema. Então isso afeta até o jeito que um tumor cresce. Se mais rápido ou menos rápido. Uma rede de apoio, de fato, ajuda a passar por situações assim.

E como você observa isso na medicina, nos cuidados médicos?

Hoje em dia é muito comum que os médicos tenham na tela do computador todos os dados sobre o paciente, mas não saibam olhar para ele. Perguntam algo, mas continuam olhando para a tela enquanto você fala. Se estou depressivo, ou tenho marcas de abuso no meu rosto porque apanhei do meu marido… o médico não vai perceber se não me olhar verdadeiramente. Ele perde parte da comunicação que é feita através da minha presença, do meu corpo. Há médicos que fazem diagnósticos errados porque estão olhando só para uma parte do corpo, ou porque escutam o que o paciente diz, mas não investigam, não fazem as perguntas certas.

Como podemos começar a mudar o nosso entorno, a valorizar mais as relações?

É uma questão que envolve toda a sociedade, mas precisamos começar de alguma forma, e há coisas básicas que podem ser feitas. Se você está procurando por uma nova casa ou escritório, por exemplo. Muita gente se preocupa com o tamanho do lugar, a quantidade de quartos, se os armários da cozinha são novos ou velhos, quantos carros comporta a garagem. Nós nos apegamos a coisas muito concretas, mas que tal saber se a vizinhança é gentil, se vizinhos costumam conversar entre si, se tem um lugar próximo no qual possamos nos juntar a mais gente, como um parque, uma praça? Isso afeta nossa qualidade de vida mais do que a gente imagina. Então podemos repensar, por exemplo, qual é o lugar mais desejável para viver. Existem áreas que são como bolhas. Isoladas, sem café, sem mercadinhos, sem vizinhança. Completamente escuras e desertas durante a noite. Você acaba vivendo em seu pequeno espaço privado. E eu entendo isso, moramos em grandes cidades, queremos mais privacidade, mas é preciso pensar que contratos sociais também são importantes para meu dia. Ao trocar ideias com mais gente, coisas boas acontecem.

Fonte: Revista Vida Simples
Texto: Débora Zanelato

Quem eu quero ser

Questionar-se sobre quem somos é o primeiro passo para sabermos quem queremos ser.

Eu tinha dúvidas sobre quem eu queria me tornar. Eu já quis ter muito poder e por isso quis ser presidente. Já quis ter milhões de pessoas me amando e, por isso, quis ser vocalista de banda de rock. Já quis viver em muita paz, e desejei ser um guru espiritual.

Cada vez que tomava uma decisão de quem eu seria, eu me fechava para as outras possibilidades. E cada um desses caminhos era muito tentador para mim, porque eu queria ser todos eles.

Compreender isso me ajudou a ter clareza do caminho que quero percorrer. Penso o tempo todo, com essa mente que não gosta de descansar, e tento encontrar minhas respostas para entender o que significa estar vivo aqui e quem realmente sou. E, nessa busca, cheguei a um caminho que me ajudou a ficar em paz.

Quero me tornar o melhor que posso ser nessa vida. E, para isso, preciso desenvolver virtudes. Preciso aperfeiçoar as que já tenho e ativar aquelas que não aprendi. São as virtudes que me permitem fazer o que quero e ficar em paz em cada situação. Se sei que me alimentar de forma saudável é bom para mim, por que não consigo fazer? Porque me falta aperfeiçoar a virtude da disciplina. Se gosto de música, por que não aprendo um novo instrumento? Porque me falta a virtude da paciência e da perseverança. Por que me irrito com certas pessoas? Porque me falta a virtude da compaixão. E, assim, eu tenho me conhecido melhor.

Sei hoje quais são as minhas virtudes. Sei com quem aprendi e assim consigo reconhecer quem me ensinou, desenvolvendo a virtude da honra. E sei quais são as que ainda não tenho. Quanto mais virtudes desenvolvo, maior a capacidade de realização.

Quanto mais sabedoria tenho, mais disciplina consigo. Quanto mais disciplina, mais liberdade alcanço. Quanto mais liberdade, mais alegria. Quanto mais alegria, mais prosperidade. Quanto mais prosperidade, mais generosidade. E assim entro num círculo virtuoso.

Leonardo da Vinci era pintor, arquiteto, biólogo, escultor… Talvez eu também possa ser virtuoso o suficiente para ser quem eu quero ser. Ou ter coragem para ser quem já sou.

Fonte: Vida Simples
Texto: Gustavo Tanaka

Depressão em idosos: quais os sinais?

Ficar solitário é realmente um gatilho para a depressão. Por isso, é importante construir uma rede de relacionamentos reais.

Em que momento da vida a solidão se transforma em depressão? É um processo lento, quase imperceptível. “Acho que é uma coisa que vai nos pegando devagarzinho, quando os filhos crescem, casam, constituem suas famílias. A gente vai pensando: nossa, o que eu faço? Agora não sirvo para mais nada?”, relata a aposentada de 80 anos Cezanil Di Giacomo.

Ficar solitário é realmente um gatilho para a depressão. Por isso, é importante construir uma rede de relacionamentos reais. Além disso, o contato humano estimula o cérebro e o autocuidado, como realizar atividade física, dar mais atenção à alimentação, e também garante amparo em momentos de necessidade.

Sinais de depressão nos idosos

Os sinais são diferentes nos idosos. Eles podem não relatar tristeza, desânimo, mas podem apresentar ansiedade, queixas físicas, pessimismo. É preciso atenção! A depressão também pode piorar o controle da diabetes, hipertensão.

Tratamento

Tratar a depressão do idoso também é diferente. Ele exige mais cuidados do que um adolescente ou um adulto. É preciso saber com detalhes como estão órgãos como fígado, rim. Isso porque eles podem ser afetados pelos antidepressivos. “Tem que tomar cuidado com a dose, porque o metabolismo do idoso é mais lento e essas drogas são metabolizadas no fígado. Se a gente der uma dose excessiva, esse remédio vai ficar muito tempo circulando, o que não é bom”, explica o psiquiatra Carlos Galduróz.

As condições do cérebro também influenciam o tratamento. “O cérebro do idoso está numa fase degenerativa. O número de neurônios vai diminuindo com o passar dos anos. Interfere até no prognóstico e talvez a pessoa com bastante idade não consiga ficar sem o remédio, por falta de neurônios”, completa Galduróz.

Cartilha da solidão

Uma cartilha para combater a solidão, principalmente entre idosos. Essa é a ideia do governo inglês, que criou o ‘Ministério da Solidão’. A solidão atinge um em cada sete britânicos.
A primeira-ministra anunciou uma verba equivalente a R$ 9 bilhões para projetos comunitários nos próximos cinco anos. O dinheiro vai para construção de espaços de artes, jardins, aula de culinária, clubes de caminhada. Qualquer projeto que promova encontros.

O risco de morte entre solitários aumenta em 26% – mais ou menos o mesmo que a obesidade e tão prejudicial quanto fumar 15 cigarros por dia. Solidão é um problema de saúde pública.

Cetamina

A revista britânica de saúde Nature definiu a cetamina como a maior descoberta dos últimos 50 anos na área da psiquiatria. Ela é usada tradicionalmente como anestésico, mas uma série de estudos pelo mundo já comprovou que, em doses menores, a cetamina também combate a depressão.
“Ela realmente revolucionou o tratamento. Não só por funcionar muito bem em casos refratários da depressão, mas pelo fato dela ter um efeito que a gente chama ultrarrápido”, explica o psiquiatra Acioly Lacerta. A cetamina tira a pessoa do estado deprimido em uma ou duas horas.

Ela age nos receptores dos neurônios e faz com que eles se expandam e assim formem novas conexões. Melhora a transmissão cerebral, a formação de novos neurônios e restaura circuitos cerebrais que estão funcionando de forma precária na depressão ou que estão até atrofiados.

Para depressão, a cetamina é um tratamento off label, ou seja, é utilizada para uma finalidade diferente daquela que está indicada na bula. O produto é aplicado na veia, mas pesquisadores brasileiros já testaram a aplicação subcutânea no abdômen.

Os pesquisadores esperam que a cetamina subcutânea seja aprovada pela Anvisa até o ano que vem. Mas fica o alerta: tomar cetamina não significa largar os remédios.

Fonte: Bem Estar

As vantagens de cada idade para aprender um novo idioma

Todos nós nascemos com um dom natural para línguas. No primeiro ano de vida, nossos cérebros começam a se especializar, sintonizando os sons que ouvimos com mais frequência. Os bebês já balbuciam em sua língua materna.

É mais uma manhã de outono movimentada na Spanish Nursery, uma creche bilíngue no norte de Londres. Pais ajudam os filhos a descer da bicicleta, professores cumprimentam as crianças com um abraço e um entusiasmado Buenos dias! No parquinho, uma garotinha pede para fazer uma coleta (maria-chiquinha, em espanhol), brinca com uma bola e grita: Catch! (pega, em inglês). “Nessa idade, as crianças não aprendem um idioma – elas o adquirem”, diz Carmen Rampersad, diretora da escola. A declaração parece resumir a invejável naturalidade dos pequenos poliglotas ao seu redor. Para muitas crianças, o espanhol é o terceiro ou quarto idioma. Entre suas línguas maternas, estão o croata, hebraico, coreano e holandês. Ao comparar a desenvoltura deles com a dificuldade de um adulto em cursos de idiomas, seria simples concluir que o melhor é começar a aprender uma nova língua na infância. Mas a ciência oferece uma visão muito mais complexa de como nossa relação com os idiomas evolui ao longo da vida – e pode encorajar quem começa a estudar mais tarde.

De um modo geral, cada fase da vida nos oferece diferentes vantagens no aprendizado de línguas. Os bebês têm um ouvido melhor para sons diferentes; as crianças conseguem assimilar sotaques nativos com uma velocidade surpreendente. Já os adultos têm uma capacidade de atenção maior e habilidades cruciais, como o grau de instrução, que permitem expandir continuamente o vocabulário. Uma série de fatores além da idade – como circunstâncias sociais, métodos de ensino e mesmo sentimentos – podem afetar o número de idiomas que falamos e com que desenvoltura.
“Nem tudo vai ladeira abaixo com a idade”, diz Antonella Sorace, professora de linguística do desenvolvimento e diretora do Centro de Assuntos Bilíngues da Universidade de Edimburgo, na Escócia. É o caso do chamado “aprendizado explícito”: processo de estudo que se dá em uma sala de aula com um professor explicando as regras do idioma. “As crianças pequenas são muito ruins no aprendizado explícito porque não têm controle cognitivo, capacidade de atenção e memória”, diz Sorace.
Um estudo realizado em Israel descobriu, por exemplo, que os adultos eram melhores em compreender uma regra de linguagem artificial e aplicá-la a novas palavras.

Os cientistas compararam três grupos distintos: crianças de 8 anos, de 12 anos e adultos jovens. Os adultos apresentaram uma pontuação mais alta do que os mais novos, enquanto os de 12 anos também se saíram melhor do que os de 8 anos. O resultado da pesquisa coincide com o de um estudo de longo prazo realizado com quase 2.000 estudantes bilíngues catalães-espanhóis de inglês: os que começaram mais tarde aprenderam a nova língua mais rápido do que aqueles que iniciaram mais jovens.

Em Israel, os pesquisadores sugeriram que os participantes mais velhos podem ter se beneficiado de habilidades que chegam com a maturidade, como estratégias mais avançadas de solução de problemas e maior experiência linguística.
Em outras palavras, os alunos mais velhos tendem a saber muito sobre si mesmos e sobre o mundo ao seu redor e podem usar esse conhecimento para processar novas informações. As crianças mais novas se destacam, no entanto, em aprender implicitamente: ouvir nativos falando e imitá-los. Mas esse tipo de aprendizado requer muito convívio com nativos.
Em 2016, o Centro de Assuntos Bilíngues da Universidade de Edimburgo preparou um relatório interno sobre cursos de mandarim nas escolas primárias para o governo escocês. E descobriu que uma hora por semana de aula não fazia uma diferença significativa para crianças de cinco anos. Mas apenas meia hora com a presença de um professor nativo as ajudava a compreender elementos do mandarim que são mais difíceis para os adultos, como os tons.

Fácil assimilação
Todos nós nascemos com um dom natural para línguas. Quando bebês, conseguimos ouvir todos os 600 sons de consoantes e 200 de vogais que compõem as línguas do mundo. No primeiro ano de vida, nossos cérebros começam a se especializar, sintonizando os sons que ouvimos com mais frequência. Os bebês já balbuciam em sua língua materna. Até mesmo os recém-nascidos choram com um sotaque, imitando o que ouviam enquanto estavam dentro do útero.
Essa especialização também significa eliminar as habilidades de que não precisamos. Os bebês japoneses podem distinguir facilmente entre os sons de “l” e “r”. Já os adultos japoneses costumam ter dificuldade.
Não há dúvida, diz Sorace, da Universidade de Edimburgo, de que os primeiros anos são cruciais para incorporar nosso próprio idioma. Estudos com crianças abandonadas ou isoladas mostraram que, se não aprendemos a linguagem humana desde cedo, não conseguimos compensar isso facilmente mais tarde. Eis que surge a surpresa: esse corte não é o mesmo para o aprendizado de línguas estrangeiras.
“O importante é entender que a idade varia em compasso com muitos outros fatores”, diz Danijela Trenkic, psicóloga da Universidade de York, na Inglaterra.

Aprendizado no estrangeiro
A vida das crianças é completamente diferente da dos adultos. Então, quando comparamos suas habilidades linguísticas, “não estamos comparando realidades equivalentes”, acrescenta Trenkic. Ela dá o exemplo de uma família que se muda para outro país. Normalmente, as crianças aprendem a língua muito mais rápido do que os pais. Mas isso pode ser porque elas ouvem o idioma constantemente na escola, enquanto os pais podem estar trabalhando por conta própria.
As crianças também podem sentir um senso maior de urgência, já que dominar a língua é crucial para sua sobrevivência social: fazer amigos, ser aceito, se enturmar. Os pais, por outro lado, são mais propensos a socializar com pessoas que os entendem, como colegas imigrantes. “Criar o vínculo emocional é o que faz você se aperfeiçoar no aprendizado de idiomas, na minha opinião”, diz Trenkic, da Universidade de York.

Os adultos também podem criar esse laço afetivo, e não apenas por meio de relações amorosas ou de amizade com um nativo. Um estudo de 2013 realizado com adultos britânicos matriculados em um curso de italiano para iniciantes descobriu que aqueles que tiveram dificuldade com o idioma foram ajudados pelo relacionamento com outros alunos e o professor.
“Se você encontrar pessoas que pensam como você, é mais provável que você leve adiante o aprendizado do idioma e persevere”, explica Trenkic. “Esse é o segredo. Você precisa passar anos aprendendo. Então a menos que haja uma motivação social para isso, é realmente difícil prosseguir.”

No início deste ano, uma pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) com 670 mil pessoas mostrou que, para obter um conhecimento nativo da gramática inglesa, é melhor começar por volta de dez anos. Após essa idade, a capacidade diminuiria. Mas o estudo feito por meio de questionário online também revelou que podemos aprimorar os idiomas, incluindo o nosso próprio, ao longo do tempo.

Nós, por exemplo, só dominamos completamente a gramática da nossa própria língua por volta dos 30 anos. E um estudo online, realizado anteriormente, mostra que até mesmo os nativos aprendem quase uma palavra nova por dia em seu próprio idioma até os 50 anos. Trenkic destaca que o estudo do MIT analisou algo extremamente específico – a capacidade de passar por um nativo em termos de precisão gramatical. Para o estudante de idiomas em geral, isso pode não ser tão relevante.
“As pessoas às vezes me perguntam qual é a maior vantagem das línguas estrangeiras. Vou ganhar mais dinheiro? Vou ser mais inteligente? Vou ficar mais saudável? Mas, na verdade, a maior vantagem de aprender idiomas estrangeiros é poder se comunicar com mais gente”, diz ela. Trenkic, por exemplo, é da Sérvia. E só se tornou fluente em inglês por volta dos 20 anos, após se mudar para o Reino Unido. Ela diz que ainda comete erros gramaticais, especialmente quando está cansada ou estressada.

“Ainda assim, apesar de tudo – e isso é crucial – posso fazer coisas incríveis em inglês. Posso apreciar grandes obras literárias e escrever textos relevantes e coerentes com qualidade para publicação”, escreveu ela em um e-mail. De fato, o questionário do MIT classificou o inglês dela como nativo.

Na creche espanhola de Londres, em que os professores cantam Cumpleanos feliz (feliz aniversário, em espanhol) e há um exemplar de O Grúfalo em hebraico na estante, a própria diretora aprendeu o idioma local mais tarde.

Carmen Rampersad cresceu na Romênia e só dominou o inglês ao se mudar para o exterior, por volta dos 20 anos. Seus filhos aprenderam espanhol na creche. Mas talvez o mais aventureiro em termos linguisticos seja o marido dela. Nativo de Trinidad e Tobago, onde a língua oficial é o inglês, ele aprendeu romeno com a família dela, que mora perto da fronteira com a Moldávia. “O romeno dele é excelente”, diz ela. “Ele fala com um sotaque da Moldávia. É hilário.”

Fonte: BBC